Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Eliane Cantanhêde. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Eliane Cantanhêde. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Na antessala de Temer e Lula

Eliane Cantanhêde: Na antessala de Temer e Lula

Janot contra Temer e Loures; Moro mira em Lula e Palocci

Foram dois recados prévios. O procurador Rodrigo Janot pediu a manutenção da prisão do ex-deputado Rocha Loures para deixar clara a linha da primeira denúncia contra o presidente Michel Temer, horas depois. E o juiz Sérgio Moro condenou Antonio Palocci a mais de 12 anos, aparentemente, como preparativo para sua sentença contra o ex-presidente Lula.
Rocha Loures está na antessala de Temer, assim como Palocci está na de Lula. Loures foi filmado carregando uma mala de R$ 500 mil que a PGR diz que, na verdade, seria de Temer e parte de uma mesada da JBS. E Palocci era o gerente real das contas de Lula na Odebrecht, conforme delatou o próprio Marcelo Odebrecht.  Loures entrou mudo e saiu calado do seu depoimento às autoridades e o Planalto nem sequer conseguiu disfarçar o alívio. E Palocci está sendo duro na queda, mas a condenação de ontem, que inclui a devolução de US$ 10 milhões (!) reforça informações de bastidores de que ele está caminhando para fazer delação premiada.

O que significa delação premiada nesses dois casos? Na expectativa dos investigadores e no temor dos envolvidos, significa “entregar os chefes”. Loures era, literalmente, o carregador de pasta de Temer, aquele que sabe tudo. E Palocci é mais ainda, porque tem mais status.Em depoimento a Moro, Palocci foi premeditadamente confuso e contraditório, acenando com informações que pudessem dar um ano de trabalho à força-tarefa da Lava Jato. Para o juiz, foi “uma ameaça”. Pode ter sido para empresas, bancos, o PT. Mas, mais do que conhecer os esquemas, ele conhece o papel de Lula.
Líder nas pesquisas presidenciais, Lula luta nas bases, via militância e movimentos alinhados com o PT. Já Temer, três vezes presidente da Câmara e com aprovação abaixo do mínimo, guerreia nas cúpulas, com o Congresso e os partidos aliados.

Na avaliação do Planalto, a gravação de Joesley Batista com Temer é insuficiente para derrubar um presidente da República. “É o diálogo de um homem educado (Temer) tentando se livrar logo de um chato (Joesley)”, define um ministro. Mas a denúncia de Janot tem mais e é bem adjetivada, pode aumentar a perda de confiança e de apoio, principalmente no PSDB.  Há risco real de Temer ser afastado do cargo e de o País conviver com a situação inédita de um presidente processado pelo Supremo. Apesar disso, ontem a Bolsa subia, o dólar caía e a sociedade seguia normalmente. A crise política atinge seu pico, mas o País não está convulsionado, parece anestesiado. Mais uma jabuticaba, que só existe no Brasil.

Há protestos em Curitiba, por exemplo, mas eles não têm a ver diretamente com a denúncia contra Temer, mas sim contra o ajuste fiscal para corrigir a calamidade econômica deixada por Dilma Rousseff. Os Estados vão adotando ajustes e quem paga o pato são especialmente os funcionários públicos, que se revoltam. Ou seja: as manifestações são locais, pontuais, movidas por interesses diretos.

Temer é o presidente mais impopular desde a redemocratização, mas a crise não está nas ruas e as atenções estão nos poucos metros quadrados da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Intensa movimentação no Planalto, a PGR fatiando a denúncia contra Temer, a Câmara se preparando para autorizá-la ou não. Se autorizar, o Supremo vai julgar já com Temer afastado.

Tudo isso acontece ao mesmo tempo, sem que a sociedade e seus representantes se ocupem de traçar o day after”. Hipoteticamente: se Temer cai hoje, como o Brasil acorda amanhã? De pernas para o ar, com Rodrigo Maia no centro da história. E se Temer tiver 172, 180 ou 200 votos na Câmara para barrar o processo? Ele fica, mas isso lhe garante governabilidade até 2018? Há controvérsias.

Fonte: O Estado de S. Paulo -  Eliane Cantanhêde


Transcrito da Coluna de Augusto Nunes - VEJA

 

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Uma profusão de ‘Genis’ na ‘lista de Fachin’

Somados, os alvos da 'lista de Fachin' são mais do que suficientes para paralisar o Congresso

Com tantas e tão variadas “Genis” na “lista de Fachin”, é impossível o PSDB atirar pedras no PT, o PT atirar pedras no PSDB ou qualquer partido atirar qualquer coisa contra os outros. A lista atinge todo o mundo político, até mesmo o PMDB do presidente Michel Temer e o coração do seu governo.

Entre mortos e feridos, por enquanto, não se salva ninguém. Se os ex-presidentes do PT José Dirceu e José Genoino foram pegos desde o mensalão, agora os dois campeões, com cinco inquéritos cada um, são os presidentes do PSDB, Aécio Neves, e do PMDB, Romero Jucá.

Sem nomes inesperados, a surpresa é a proporção de senadores: 24, quase 30% do total de 81, contra 39 deputados, menos de 10% dos 513. Somados, esses alvos são mais do que suficientes para paralisar o Congresso, inclusive a votação da reforma da Previdência. Nem os presidentes do Senado, Eunício Oliveira, e da Câmara, Rodrigo Maia, escaparam.

Assim, Michel Temer (que não pode ser citado por fatos anteriores ao mandato) é atingido triplamente: além do impacto sobre as reformas, ele vê o seu partido duramente envolvido e o núcleo duro do Planalto balançando.

Fonte: Eliane Cantanhêde -  O Estado de S. Paulo

 

domingo, 6 de novembro de 2016

O tsunami está chegando

É hora de delações da Odebrecht e de Lava Jato, não de brincar com fogo

Na superfície, o Congresso discute a PEC dos gastos e as eleições para as presidências de Câmara e Senado e para as lideranças de blocos e partidos. Nas profundezas, sofre, sem saber (e sem ter) o que fazer, diante do tsunami que começa nesta segunda-feira, 7 de novembro: a meia centena de delações da Odebrecht sobre as relações promíscuas com o mundo político.

Para agilizar os trabalhos e ir logo ao ponto, a sistemática mudou. Os 50 delatores vão apresentar amanhã suas revelações por escrito, depois serão chamados para confirmar o que escreveram e a força-tarefa da Lava Jato pretende ter a homologação das delações da Odebrecht em mãos até 20 de dezembro, quando o Judiciário entra em recesso. Aliás, o Congresso também, por volta da mesma data.

Pelo que foi vazado, serão listados de 150 a 300 políticos de praticamente todos os partidos. Isso abre uma nova era na Lava Jato, que não só deixa estressados deputados, senadores, governadores, prefeitos e seus antecessores, como também exige uma enorme responsabilidade da Justiça, MP e PF.  Se os investigados estarão alvoroçados, os investigadores – e a mídia – estarão entre duas pressões políticas e psicológicas: de um lado, a acusação de que a Lava Jato é uma armação demoníaca só para eliminar o PT; de outro, o pânico nos três Poderes de que todos os políticos e partidos sejam jogados na fogueira, arrastando o Congresso, pilar da democracia, para o quinto dos infernos.

Juízes, procuradores e policiais não raciocinam (ou não deveriam raciocinar) subjetivamente, com base em consequências políticas, mas sim objetivamente, atentos a fatos, crimes e criminosos. Mesmo assim, é preciso frieza e maturidade para se equilibrar entre essas duas pressões e com a opinião pública querendo sangue e linchamentos.

O ponto zero é uma pergunta: alguém neste País não sabia que a Odebrecht fazia doações para campanhas majoritárias (Presidência, governos e Senado) e muitas proporcionais (especialmente Câmara)? Isso é público, notório, parte da paisagem. Até aí, morreu Neves. O complicado é identificar quem é quem, o que é o quê. Quem usou dinheiro da Odebrecht (ou de que doadora for) para aumentar patrimônio e enriquecer contas particulares na Suíça e em paraísos fiscais; quem usou o pretexto da campanha para levar uma parte por fora; quem negociou doação à custa de corrupção em órgãos públicos e estatais; quem efetivamente usou o dinheiro em campanhas, mas com caixa dois; quem recebeu recursos para sua campanha conforme a lei em vigor.

Fazer carnaval, ou manchete, com o fato de fulano(a), beltrano(a) e sicrano(a) receberem financiamento da Odebrecht para concorrer a algum mandato não ajuda o processo, não clareia o mundo no mínimo nebuloso das campanhas e não educa a opinião pública para a importância da política limpa e para os perigos da corrupção. Logo, é um desafio e tanto, com a patrulha na cola e as estruturas do Congresso tremendo.

Um adendo: quem alardeia essas ideias pirotécnicas, ou piromaníacas, de derrubar Michel Temer para pôr Fernando Henrique no lugar já pensou em quem, como, onde e por quê? O colégio eleitoral seria o Congresso, onde, logo, logo, mais de uma centena de camaradas estarão na fila da Lava Jato. A reação automática seria que o PSDB tirou Dilma e pôs Temer para, aí, sim, dar um golpe. E a economia, a política, a imagem do País e a paciência da sociedade explodiriam de vez.

O Brasil passa por uma real faxina de métodos e costumes, tentando pavimentar uma política mais ética, um futuro mais digno e FHC, além de ter mais de 80 anos e um marca-passo, é um homem de bom senso e um sociólogo com responsabilidade histórica. Sabe que a hora é de Lava Jato, não de brincar com fogo.


Fonte: O Estado de S. Paulo - Eliane Cantanhêde 

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Pior do que está não fica

Mesmo com as levas de réus da Lava Jato, as prisões de figurões, a crise econômica e as eleições municipais, que estão bem aí, não se pode passar batido por um debate que não diz respeito (só) ao presente, mas projeta o futuro: a reforma do ensino médio. Essa é uma antiga reivindicação consensual dos educadores e está calcada na flexibilização e atratividade dos currículos escolares. Que, convenhamos, já vêm tarde.

O que importa é manter longe da contaminação partidária uma discussão que parte de duas premissas: o prestígio ao professor e o estímulo ao aluno. Aliás, o Plano Nacional de Educação (PNE) foi debatido entre 2010 e 2014 por entidades, municípios, Estados e fóruns do PT e foi aprovado pela então presidente Dilma Rousseff, que, inclusive, defendeu a flexibilização na campanha eleitoral, como comprovam vídeos na internet. Logo, a reforma não é do DEM do ministro Mendonça Filho nem do PSDB da secretária executiva Maria Helena Guimarães de Castro, como não era do PT de Dilma. É uma necessidade.

O que diz o PNE, na sua meta 3.1? Defende “currículos escolares que organizem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte...”. Ou seja, evoluir de currículos engessados para uma flexibilidade e diversificação que motivem professores e alunos. Em 2015, eram cerca de 13 milhões de alunos no primeiro ano do ensino médio, 1,75 milhão no segundo e 1,5 milhão no terceiro. Entre os motivos da evasão, o desencanto, a dificuldade. Imagine um jovem saído de um ensino básico precário e obrigado a estudar química e biologia, quando ele quer a área de humanas. É melhor criar condições para esse jovem traçar seu projeto de vida, inclusive no ensino profissionalizante. Ele sai com um diploma que lhe abre as portas para uma carreira e/ou a universidade.

Pelo Ideb, só 11% dos alunos têm desempenho adequado em matemática e só 27% em português, as duas disciplinas obrigatórias em currículos e na vida. “Foi tristíssimo”, diz Maria Helena, explicando que a prioridade original era mexer no ensino básico, mas, diante desse resultado, o MEC decidiu apressar a reforma do ensino médio – e por medida provisória, que também exige debate e consensos, mas tramita mais rápido, sem ficar tão a reboque de teto fiscal, reforma da Previdência...

Como sempre, o governo deu munição aos adversários ao deixar a impressão inicial de querer acabar com artes e educação física, quando se tratava de um detalhe técnico, jurídico, na redação da MP. Curiosidade: um filho de Maria Helena, Aluizio, hoje na área de marketing de um grupo de ensino, foi campeão brasileiro de triatlo e é formado em... Educação Física. Ai dela se ousasse acabar com a disciplina.

Segundo a secretária, o objetivo é “combater a fragmentação e superficialidade que fazem com que os alunos saiam do ensino médio sem saber nada de nada, porque o que a escola oferece é um picadinho, um pot-pourri de conteúdos que não se conectam entre si, não fazem sentido nem despertam o interesse do aluno”. Quem discorda?

O Cenpec, importante na área, é a favor da flexibilização curricular, mas teme que a reforma possa “acirrar as desigualdades escolares”, pois as escolhas dos jovens dependem de “sua condição social, das oportunidades que tiveram ao longo da vida”. É uma advertência válida, mas a secretária rebate: “É impossível aumentar mais a desigualdade que já existe. Não vai aumentar a desigualdade e sim as oportunidades”. O mais importante é acompanhar, compreender, prestigiar o professor e defender o estudante, para avançar. Como diria o “filósofo” Tiririca, “pior do que está não fica”. Que se debata o bom debate!


Fonte: Eliane Cantanhêde -  Estadão

 

domingo, 21 de agosto de 2016

Agenda paralela dos militares

O pau está quebrando na política, mas as Forças Armadas estão na sua

Digam o que disserem, o fato é que as Forças Armadas tiveram destaque nos governos Lula, ficaram no limbo durante os anos Dilma e agora recuperam espaço e voz. Foram ouvidas na escolha do ministro da Defesa, Raul Jungmann, conseguiram reativar o Gabinete de Segurança Institucional com o general Sérgio Etchegoyen e ocuparam papel relevante, apesar de discreto, na Olimpíada.

Generais, brigadeiros, almirantes e seus subordinados não têm do que reclamar, mas eles estão bastante desenvoltos e reivindicativos para manter seus programas estratégicos e, de quebra, alguns privilégios: preventivamente, reagem contra uma saudável unificação dos regimes civil e militar na reforma da Previdência.  Desde o início, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, marcou uma mudança de postura e não engoliu em seco quando o PT lamentou não ter aproveitado os anos de poder para mexer no currículo das academias militares e para promover oficiais comprometidos com a democracia. O general avisou que o Brasil não tem “bolivarianismo” e “assim, estão plantando um forte antipetismo no Exército”.
E o da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, já toca uma reformulação da Força Aérea para enxugar a estrutura e reduzir gastos (inclusive com pessoal), mas já se preparando para impedir que as verbas do setor saiam voando para outras plagas. Como? Via criação de estatais ligadas à FAB.  E há outros projetos que saem dos armários. O Comando Logístico do Exército, responsável pela autorização, fiscalização, importação e exportação de armas, apresentou em 30 de junho ao governo uma proposta para flexibilizar a proibição do uso de armas e as regras do setor. A sociedade em geral é contra as armas, mas atiradores, caçadores e colecionadores pressionam por mais facilidade para compra, venda e registro. Não seria o Exército que discordaria deles.

A questão embute uma questão prática: a Taurus, tradicional produtora de pistolas para as Forças Armadas e polícias civis e militares dos Estados, entrou em crise financeira e passou até por reclamações sobre a qualidade do produto. Agora, comprada pelo grupo CBC, é o centro da discussão sobre armas. A intenção é arejar as condições de funcionamento do setor e abrir o mercado, permitindo a entrada de empresas estrangeiras sem asfixiar a indústria nacional.  “Não há necessidade de reserva de mercado, que é coisa do passado e, quando tentada na área de informática, não deu certo”, diz o comandante de Logística do Exército, general Guilherme Theophilo, que defende a indústria nacional de defesa, mas sem fechar as portas a produtos modernos e sofisticados de países parceiros e a empresas que possam se instalar no Brasil, com limite mínimo de capital nacional.

A Defesa e o Exército estão preocupados também com uma novidade nas porosas fronteiras da Região Norte do País:
o fluxo de haitianos e agora de venezuelanos, que só faz aumentar. É por isso que o Exército pretende atrair experts de diferentes partes do mundo para o Amazonlog, um exercício militar de defesa das fronteiras previsto para 2017, em Tabatinga.

O general também está preocupado com a riqueza amazônica e é taxativo:Hoje, o estrangeiro conhece a Amazônia mais do que nós”. E cita: a castanha-do-pará tem 73 patentes nos EUA; a andiroba é patenteada na França, no Japão, na União Europeia e... nos EUA; a copaíba, na França e... nos EUA; o jaborandi, no Canadá, na Inglaterra, na Irlanda e... nos EUA; a ayahuasca... nos EUA.

O Brasil já tem o potente e disseminado Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), operado por uma rede de radares e satélites, mas a tecnologia é altamente dinâmica. Quem para no tempo perde o bonde. Os militares não se metem em política, mas estão muito ativos nos debates internos do governo Temer.


Fonte: Estadão - Eliane Cantanhêde 

 

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Togas e saias justas

Mesmo com a Olimpíada, a semana política foi “dura” (como já antecipara um dos investigadores da Lava Jato) e nem o Supremo Tribunal Federal passou ileso. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu um puxão de orelhas no ministro Dias Toffoli. E o ministro Luiz Edson Fachin reviu uma decisão do presidente Ricardo Lewandowski. Tenso, não é?

Janot – que deu uma perceptível guinada depois do vazamento da gravação de Lula reclamando de “ingratidão”apresentou um recurso crítico contra a decisão de Toffoli de relaxar, rapidinho, a prisão de Paulo Bernardo, ex-ministro de Lula e Dilma e envolvido na constrangedora Operação Custo Brasil, sobre desvios no crédito consignado de funcionários públicos endividados.

No recurso, o procurador diz que o relaxamento da prisão de Bernardo foi indevido porque: 1) ele teve participação “intensa e relevante” no esquema, tanto que continuou recebendo dinheiro depois de sair do Planejamento; 2) pode prosseguir cometendo crimes, pois há indícios de que ocultou patrimônio para driblar a Justiça; 3) tecnicamente, Toffoli não deveria acatar habeas corpus antes do Tribunal Regional Federal correspondente e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ficou feio. Toffoli agora pode manter Bernardo preso, rever sua decisão ou despachar o imbróglio para uma das turmas do Supremo ainda na semana que vem, com um novo dado: o ex-ministro virou réu ontem, dia seguinte ao recurso ou puxão de orelhas – de Janot.
Como pano de fundo, Toffoli foi advogado do PT e virou saco de pancadas nas redes sociais por ter soltado em apenas seis dias o petista Bernardo, que é casado com a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), da tropa de choque de Dilma Rousseff na comissão do impeachment no Senado.
De outro lado, colegas ministros de Toffoli andam lembrando que Janot também pisou na bola quando pediu a prisão dos peemedebistas José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá por gravações, consideradas vagas, obtidas pelo delator Sérgio Machado. Ou seja: o procurador critica ministros do Supremo, ministros do Supremo criticam o procurador e as redes sociais fazem a festa.

Não bastasse, Fachin, ministro mais novo do Supremo (entrou em 2015), reviu ontem uma decisão de Lewandowski, que é, nada mais nada menos, presidente da Corte. O tribunal tinha decidido por 7 a 4 que um réu condenado em segunda instância já poderia ser preso, mas Lewandowski pegou carona numa decisão em contrário do decano Celso de Mello, alegou que a decisão do plenário foi num habeas corpus – logo, sem efeito vinculante e mandou soltar um outro preso nessa circunstância. Ontem, Fachin ratificou a decisão do pleno e desconsiderou a do presidente. Mais uma saia-justa.

Para completar, a semana da abertura da Olimpíada flagrou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado autorizando um aumento dos salários dos ministros do Supremo, de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. Mas... já houve uma gritaria quando do aumento geral do Judiciário; o momento é de cortes, não de gastos, muito menos de aumento da folha de pagamento; e os salários dos ministros do STF servem de teto para todo o funcionalismo (federal, estadual e municipal) nos três Poderes (Judiciário, Executivo, Legislativo).

Quem paga o pato é o governo interino de Michel Temer,
pois os agentes econômicos começam a desconfiar que o ministro Henrique Meirelles está sendo leniente com gastos, aumentos de salários e benesses políticas, em detrimento do mais importante: tapar o rombo fiscal.  Por fim, como a presidência de Lewandowski acaba em 10 de setembro, uma sexta-feira, a tradição é antecipar a posse do substituto para a véspera, mas tudo indica que a afirmativa, mas discreta, Cármen Lúcia só vai assumir a vaga na semana seguinte. Até lá, como fica?


Fonte: O Estado de São Paulo - Eliane Cantanhêde
 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Demorou. Dilma e o PT não são mais os culpados pela crise fiscal, por o Brasil estar ferrado. Os culpados são os de sempre: os funcionários públicos

A crise fiscal e os culpados

Do jeito que vai, daqui a pouco as administrações públicas terão uma única função: pagar os salários de seus funcionários

‘A voz do Brasil’ da última segunda, no noticiário da Câmara e do Senado, foi praticamente um programa eleitoral em defesa dos salários e vantagens dos servidores federais, estaduais e municipais. Parlamentares se repetiram na defesa de um argumento básico: os funcionários não podem ser culpados pelo rombo dos cofres públicos, causado, dizem, por maus governos, de modo que não podem pagar essa conta. Ou seja, nada de restrições a reajustes e vantagens salariais; nada de tetos de gastos com a folha; nada de corte nas novas contratações.

Vamos falar francamente: isso não tem pé nem cabeça. A questão não é saber se os funcionários são ou não culpados. Ou, dito de outro modo, é uma falácia argumentar que os funcionários não têm culpa do déficit fiscal. Não se trata aqui de responsabilidades individuais, de um crime cuja pena precise ser paga. Trata-se de um fato: a crise fiscal dos estados decorre do explosivo aumento da folha salarial, consequência de reajustes gerais e da concessão generosa de benefícios e vantagens para várias categorias.

A crise fiscal da União é mais ampla, digamos assim. Tem as pedaladas, os enormes gastos com subsídios e desonerações, a corrupção maior e mais espalhada — mas também tem um forte componente de gasto com a folha, especialmente de alguns setores privilegiados.  E se é assim, o controle das contas públicas só será efetivo se impuser um forte limite aos gastos com pessoal.

Não decorre daí que a enfermeira, o policial, o auditor, o agente administrativo, o professor — que cada um seja o grande culpado. Aliás, quero me dirigir não à categoria, mas às pessoas empregadas no setor público. Não se trata de campanha ou de perseguição quando se trata destes temas. Mas de simples bom senso para justamente reequilibrar e salvar, isso mesmo, salvar o setor público, de modo que possa prestar serviços corretos ao cidadão que o financia. [será um Setor Público único no mundo: funcionários com salários defasados, tendo que abandonar as nobres funções de atendimento ao público para exercer o ofício de camelô e sobreviver.
O resultado será um Setor Público sem funcionários, gastos ZERO com salário.
A solução será contratar servidores públicos com salários dignos e justos para atender ao público.]

Do jeito que vai, daqui a pouco as administrações públicas terão uma única função: pagar os salários de seus funcionários.  Na “Voz do Brasil” da última segunda, nenhum parlamentar contestou a “tese da culpa”, mas não porque a maioria no Congresso a considere correta. Pelo que se conclui de conversas com deputados, senadores e pessoal do governo, a história é outra. Eles têm medo. Neste momento ao menos, ninguém quer enfrentar a força política do funcionalismo e de suas entidades sindicais.

Muito menos o presidente Michel Temer, que tem dado sinal verde a todos os projetos de aumentos salariais. Além disso, o governo recuou no projeto de lei que reduz e alonga a dívida dos governos estaduais com a União. A contrapartida desse enorme benefício seria a colocação de fortes limites à expansão da folha de pagamentos. Na mais recente negociação, essas restrições foram bastante amenizadas, de modo a permitir que mesmo estados quebrados continuem pagando salários e benefícios acima do permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

O que tanto temem?  No caso do Executivo, greves e outras perturbações aos serviços neste momento da Olimpíada. No caso dos políticos em geral, a influência eleitoral do movimento do funcionalismo que, de fato, é muito forte.  Vai daí que não há debate. As lideranças do funcionalismo e políticos ligados batem o dia todo. Nisso, sim, são responsáveis. Os outros silenciam e vão aprovando mais reajustes e concessões a diversas categorias.

Como querem que a sociedade civil, os trabalhadores do setor privado (que ganham menos e têm menos vantagens) e os investidores tenham confiança que haverá um ajuste fiscal?
Dizem: tudo muda depois do impeachment.
O pessoal quer acreditar nisso, mas está desconfiando.

NOVE APRESENTADORES
E por falar em gastos com pessoal: “A voz do Brasil” apresenta os noticiários do Executivo, Poder Judiciário, Câmara e Senado. Cada noticiário com dois locutores-apresentadores. No final, tem o “Um minuto com o TCU”, com seu locutor.
Para quem milita em redações há 46 anos, pareceu espantoso: nove jornalistas-apresentadores para uma hora de programa!

TAMBÉM NÃO SABE
O diário “La Tercera”, de Santiago, publicou ontem três páginas sobre a crise brasileira, incluindo entrevista com Dilma.

Lá pelas tantas, o jornalista pergunta sobre um braço do petrolão no Chile: um ex–diretor internacional da OAS, Augusto Uzeda, disse que em 2013 a empreiteira colocou um avião à disposição de Marco Enríquez-Ominami, então candidato à Presidência.
Dilma: “Não tenho a menor ideia”.
A entrevista, aliás, tem as perguntas corretas. Por exemplo: “O STF não teria barrado o impeachment se fosse inconstitucional?”
Dilma repete sempre que é tudo golpe.
“La Tercera” traz ainda uma reportagem bem equilibrada sobre o governo Temer e uma entrevista com a colunista política Eliane Cantanhêde.

Fonte: O Globo - Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

domingo, 26 de junho de 2016

O joio e o trigo

A Lava Jato está não só lavando contratos espúrios das empreiteiras e desvios de mil e uma utilidades para políticos como também alvejando presidenciáveis presentes, futuros e até pretéritos, como Eduardo Campos, morto aos 49 anos quando disputava a Presidência em 2014. É preciso, porém, distinguir quem é quem e o quê é o quê, sob risco de uma terra arrasada em que não teremos ninguém para acreditar daqui para frente, nem para votar em 2018.

As investigações já pegaram tesoureiros, marqueteiros e doadores da candidatura de Dilma Rousseff, atingiram a imagem pública de Aécio Neves com o tijolo Furnas, chegaram ao avião e a um suposto esquema milionário de lavagem de dinheiro na campanha de um morto e resvalam até para Marina Silva. O que foi dito e ventilado sobre a equipe dela é muito pouco para causar decepção, mas talvez o suficiente para massificar a versão de que “político é tudo igual” e que “a política não tem jeito”.

Se todos os quatro principais candidatos entraram na ciranda, quem sobra para o eleitor? Além dos representantes de nichos, à extrema esquerda e à extrema direita, há os candidatos de si próprios, que concorrem numa eleição atrás da outra só para tirar vantagem pessoal, e o risco dos mais variados tipos de aventureiros. Se tem gente que rouba até obturação de ouro de defunto, sempre haverá quem queira tirar uma casquinha do caos. E vai que dá certo?!

Até na inteligência das Forças Armadas há preocupação com o intenso desgaste dos políticos junto à opinião pública, porque o militar moderno (e escaldado) sabe que, sem a política, não há salvação. Sem o Congresso, sobra a ditadura. Alguém quer uma ditadura no Brasil? Se quiser, é uma meia dúzia, entre brucutus e simples lunáticos. Não se trata de ser contra a Lava Jato, a maior operação de depuração de práticas políticas, um orgulho nacional, que só atrai agradecimento e glória a juízes, procuradores, policiais federais e quadros da Receita Federal que trabalham contra a impunidade e por um País melhor. Eles vão continuar fazendo o trabalho deles, mas cabe aos próprios políticos, aos comunicadores e à opinião pública separar o joio do trigo.

As campanhas foram se sofisticando e encarecendo na mesma velocidade dos recursos tecnológicos.
Como dinheiro não nasce em árvore, alguém financia e não é pessoa física. Dizer que candidato a presidente não recebeu doação de grandes empresas, bancos e conglomerados é pura hipocrisia. Logo, não se pode tentar crucificar uma Marina Silva porque um delator disse que fulano foi ao escritório do sicrano pedir uma ajuda para a campanha...

Fora dos presidenciáveis, vale, por exemplo, distinguir a deputada Jandira Feghali (PC do B) de uns e outros entre os 20 políticos citados por Sérgio Machado, o ex-presidente da Transpetro. Segundo ele, Jandira pediu ajuda para sua campanha, uma empreiteira doou e registrou a doação oficialmente. Já esses uns e outros, particularmente do PMDB, recebiam até “mesadas” e fora do período eleitoral. Ela teve recursos legais para campanha. Eles desviaram dinheiro de uma subsidiária da Petrobrás para bolsos, bolsas e contas na Suíça.

É preciso analisar o ambiente, os fatos e as pessoas com os devidos pesos, medidas e doses de justiça e de bom senso. Também por elas, mas não só por elas. Muitos receberam dinheiro limpo, outros recorreram ao caixa dois, outros não sabiam que o dinheiro tinha origem suja, uns tantos usaram recursos para campanhas e outros tantos embolsaram dinheiro público sabendo que era sujo, depositaram em contas na Suíça, consumiram em jatos, lanchas e luxo e estão nadando não só em dinheiro, mas na lama. Que afundem, mas não levem junto boas opções de candidatos, a crença na política e a esperança dos brasileiros.


Fonte: O Estado de S. Paulo - Eliane Cantanhêde 

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Torcer contra só piora



De fato, o governo de Michel Temer é a solução constitucional para o impasse político criado pela incompetência de Dilma Rousseff. Mas está, inegavelmente, longe de ser a solução sonhada pela maioria dos brasileiros

O agravamento da crise política provocado pela queda de mais um ministro de Michel Temer por suspeita de conspirar contra a Operação Lava Jato coloca o país diante de uma questão vital: afinal, o que queremos? Não se trata, obviamente, de saber se os brasileiros estão convencidos de que a situação econômica é caótica e exige mudanças radicais.

  Tampouco se questiona o queexceto para quem tem o rabo presoé unanimidade nacional: o combate sem tréguas à praga da corrupção no trato da coisa pública. Mas permanece a questão que não deveria existir e que, existindo, é vital: afinal, quem tem a responsabilidade de governar o país neste momento crítico?

Afastada provisoriamente a presidente da República, está no exercício do cargo o vice-presidente Michel Temer. Isto é o que determina a Constituição. Mas a solução constitucional não pacifica o país, por duas razões principais. Primeiro, porque o grupo político afastado do poder não reconhece a constitucionalidade do processo de impeachment, que resolveu chamar de “golpe”, e simplesmente partiu para a retaliação, questionando tudo, não apenas a legitimidade do atual Poder Executivo, como também a do Judiciário e a do Legislativo. Em segundo lugar, porque o apoio da esmagadora maioria dos brasileiros ao impeachment não se transferiu automaticamente para o presidente em exercício, seja porque o partido interinamente no poder, o PMDB, foi o principal aliado do PT nos últimos 14 anos, seja porque o Ministério de Michel Temer tem negligenciado bandeiras relevantes para a opinião pública, em especial a questão da intocabilidade da Operação Lava Jato.

Embora não haja dúvida de que a maioria dos brasileiros não deseja a volta de Dilma Rousseff à Presidência, a opinião pública parece dividida quanto a dar o necessário apoio ao governo provisório. Na verdade, essa divisão é mais aparente do que quantitativamente significativa, uma vez que se manifesta nas ruas por meio da multiplicação bem orquestrada de pequenos grupos militantes de organizações sociais e entidades controladas pelo PT e pelos aliados que lhe sobraram. E também ecoa na mídia, a partir dos argumentos oferecidos de bandeja pelo governo provisório, pela voz de intelectuais, acadêmicos e artistas no mais das vezes historicamente apoiadores do lulopetismo.

Assim, se Temer não serve, quem vai governar o país? Dilma de volta? O próprio PT, Lula à frente, treme diante dessa hipótese, porque não quer correr o risco de acabar afundando de vez no repúdio dos brasileiros. Novas eleições presidenciais? Como? Isto sim seria um golpe contra a Constituição, a não ser na hipótese absolutamente improvável de que o Congresso aprove a tempo uma emenda constitucional, a partir de uma mais improvável ainda renúncia de ambos ou cassação simultânea dos mandatos de Dilma e Temer.  

E é bom ter sempre em mente que – a não ser que a tal emenda constitucional resolva isso –, se a vacância da Presidência da República se der a partir do próximo 1.º de janeiro, a eleição será indireta, por senadores e deputados federais. Como se vê, toda essa discussão é, no mínimo, esdrúxula. No entanto, ela serve às mil maravilhas para quem quer manter o Brasil em estado de constante instabilidade. E não faltam pessoas de bem, mas desinformadas, a alimentar essa situação que, no fundo, todos querem evitar.

Tem toda razão, portanto, Eliane Cantanhêde em sua coluna de terça-feira no Estadão: Ruim com ele, pior sem ele. De fato, o governo chefiado por Michel Temer é a solução constitucional para o impasse político criado pela incompetência e pelos crimes de responsabilidade praticados por Dilma Rousseff. Mas está, inegavelmente, longe de ser a solução sonhada pela maioria dos brasileiros para os graves problemas que herdamos do lulopetismo. Michel Temer, contudo, é o que temos para reverter o pessimismo que um PT revanchista tenta incutir nos brasileiros. 

É um grande desafio, mas a equipe econômica é reconhecidamente competente e parece saber o que fazer para tirar o Brasil do fundo do poço em que foi jogado pelo populismo irresponsável. Se o governo interino contar com o apoio do Congresso, brevemente o país poderá ter as primeiras boas notícias no longo e espinhoso caminho que tem pela frente. O que não resolve nada, só piora a situação, é torcer contra.

Fonte: Estadão – Editorial 

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O mundo pop do golpe - Exército de Stédile

O “exército do Stédile” estava perdendo a guerra da opinião pública e os que ainda insistem em falar em “golpe” trocaram os carimbados MST, CUT, UNE e MTST por uma tropa de elite: os artistas, que se misturam às mocinhas bonitas da classe média alta de Rio e São Paulo que ilustram as manifestações da Avenida Paulista e as capas dos jornais.

Como a turma do vermelho é a minoria da minoria, a estratégia petista é usar a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria como pretexto para mobilizar os aliados do ambiente artístico, que acham chiquérrimo ser “de esquerda” e, a partir disso, defendem qualquer coisa. Os “movimentos sociais” dividem, mas o PT acha que esse “mundo pop” soma. É assim que artistas e assemelhados invadem prédios da área de Cultura, para ganhar espaço nas TVs e atrair simpatias entre os que não entenderam nada das pedaladas fiscais e caem na história do “golpe”.

Se ainda há dúvidas sobre por que Dilma Rousseff foi afastada, basta olhar o rombo das contas públicas: o governo dela admitia que era mais de R$ 90 bilhões e Henrique Meirelles e equipealiás, excelente equipe – já trabalham com quase R$ 200 bilhões. R$ 200 bi!

As pedaladas foram exatamente isso: Dilma gastou o que tinha e o que não tinha e, mesmo depois de estourar o Orçamento, continuou contraindo mais dívida, inclusive sem permissão do Congresso. Ou seja: ela “pedalou” para esconder o rombo, para continuar gastando mais e mais em políticas populistas e para se reeleger. É ou não crime de responsabilidade?

Aliás, há quem diga, principalmente nas Forças Armadas e na diplomacia, que um outro crime de responsabilidade de Dilma foi, e é, insistir na história do “golpe” no exterior. Para parlamentares, isso configura calúnia e difamações contra as instituições brasileiras: o Supremo, a Câmara e o Senado. Sem falar nos ataques do PT ao MP, à PF e à mídia, pilares da democracia.

Se faltava cutucar os militares, não falta mais, depois da Resolução do Diretório Nacional sobre Conjuntura em que os petistas lamentam terem aproveitado os tempos de poder para modificar os currículos das academias militares e promover oficiais “com compromisso democrático e nacionalista”. Por em dúvida o compromisso democrático e até o nacionalismo de generais, almirantes e brigadeiros é um insulto às Forças Armadas.

Apesar de as três Forças terem mantido silêncio e distância da crise política, econômica e ética, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, não resistiu. Ontem, ele me disse que, com coisas assim, o PT está agindo como nas décadas de 1960 e 1970, aproximando-se do “bolivarianismo” de Cuba e Venezuela e “plantando o antipetismo no Exército”. Essa declaração de um comandante militar, convenhamos, não é trivial.

No próprio plano externo, a tese do golpe está ficando restrita aos próprios “bolivarianos”. Os Estados Unidos já se manifestaram em sentido contrário na Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Argentina e o Paraguai, entre outros, abortaram ameaças conjuntas contra o Brasil. Venezuela e seus seguidores podem ficar falando sozinhos.

Nicolás Maduro diz que há um golpe no Brasil, mas ele é que está na mira da OEA. O diretor-geral da organização, Luis Almagro, o chamou de “ditadorzinho”. Maduro reagiu dizendo que ele é “agente da Cia”. E, como Almagro foi chanceler do Uruguai, o ex-presidente Mujica tomou as dores: “Maduro está louco como uma cabra”.

Temos, pois, que Dilma anda mal de defensores. Os artistas farão manifestações inconsequentes internamente e Maduro tem de se preocupar mais com ele e com a OEA do que com o Brasil, enquanto Michel Temer toureia um Congresso rebelde e Henrique Meirelles tenta descobrir o tamanho do rombo e o fundo de um poço que parece não ter fim.

Fonte: Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo

terça-feira, 3 de maio de 2016

Tão iguais, tão desiguais

Desde o início, os investigadores da Lava Jato esfregavam as mãos ao falar do senador Delcídio do Amaral, ex-PSDB e agora também ex-PT e ex-líder do governo Dilma Rousseff, como o “delator dos delatores”. Simplesmente porque ele sabe como foi a evolução de todo esse esquemão que atingiu em cheio a maior e mais simbólica empresa brasileira, desde que havia uma relação de promiscuidade entre empreiteiras e diretores da Petrobrás até que o comando passasse aos partidos e tudo se tornasse tão gigantesco quanto ficou.

Pois é. A delação começa a produzir frutos maduros, com a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir inquéritos a torto e a direito contra políticos. Ou melhor, contra um ministro do governo Dilma, o petista Edinho Silva (Comunicação Social), contra o presidente do maior partido de oposição, Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República em 2014, e até contra um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo.

É uma decisão de amplo espectro, num momento em que o governo do PT faz água, afundando sob o peso do desastre Dilma, e o PSDB marcha, desunido como sempre, para dividir os bônus e sofrer o ônus do futuro governo que vem aí – um governo do PMDB. Aliás, a lista dos nomes no novo pedido de Janot inclui o maior arroz de festa do Congresso na Lava Jato. É o sexto torpedo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que continua se esquivando daqui, fugindo dali e escapando sempre – e inacreditavelmente – da implosão. [não podemos olvidar que até agora, pelo menos até o presente momento, nada foi provado contra Eduardo Cunha - acusações, denúncias existem muitas e as chances de que algumas procedam e no futuro sejam provadas são enormes. Sendo as denúncias provadas Cunha certamente será punido.]

Tudo somado, ou todos esses nomes somados, temos mais um dado para o descrédito e o temor de boa parte da sociedade que defende o impeachment de Dilma Rousseff pelo “conjunto da obra” pedaladas, economia, política, ética...–, mas consolidando cada vez mais a percepção de que “todos são iguais”. E, por isso, teme Temer. Ou melhor, teme o que o PMDB significa e o que Temer carrega com ele para o centro do poder.

O vice, portanto, tem uma responsabilidade abstrata que depende de vários gestos concretos. O abstrato é demonstrar capacidade de recuperar o ânimo da população e a confiança dos atores econômicos internos, dos investidores externos. E o concreto é escolher os aliados certos para as posições certas e tomar as medidas necessárias na área econômica, para que o governo pare de cavar o buraco em que o País se afunda. [retirando Dilma,  a escavadeira que torna o buraco mais fundo será imediatamente desativada e o primeiro passo está dado para o Brasil parar de afundar: o buraco não se tornará mais profundo e cessa o processo de afundamento do Brasil. Então é iniciar o de reerguer.] As condições não serão nada fáceis.

Enquanto o PT discute como calibrar a oposição a Temer com a responsabilidade com o País, seus aliados ameaçam botar fogo no circo. Queimam pneus em estradas, invadem fazendas, sacodem as universidades. E vem mais por aí, levantando, aliás, uma questão interessante: o financiamento disso tudo. Há quem desconfie de que, por trás do “pacote de bondades” de Dilma, haja novas “pedaladas”, agora para garantir as ações de CUT, UNE, MST contra Temer, além de blogueiros pagos não para defender Dilma, mas para atacar quem critica Dilma. A fonte está secando? [a fonte dos recursos que garantem as ações das quadrilhas CUT, UNE, MST e outras contra o Brasil secará no dia seguinte a saída de Dilma - assim, resta menos de dez dias.

Sem dinheiro esses bandidos e os blogueiros do mal que apoiam Dilma e  corja vão sumir.
Mas, se ocorrerem ações violentas as Forças Armadas em cumprimento da Constituição Federal intervirão desencadeando o processo de Intervenção Militar Constitucional.
Eles não venceram em 35, perderam em 64 e vão perder mais uma vez.]

 Fonte: O Estado de S. Paulo - Eliane Cantanhêde