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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

E agora, Gabeira?

Seja como guerrilheiro, exilado, militante dos direitos humanos, ambientalista, deputado, jornalista ou escritor, Fernando Gabeira se dedica à vida política brasileira há praticamente meio século.


Gabeira foi filiado ao PT até 2003, quando se deu um rompimento rumoroso com Lula e seu séquito. Foi também colega de Jair Bolsonaro por 16 anos, na Câmara dos Deputados.  Ele, autor do clássico “O que é isso, companheiro?”, que entre tantas revolucionou os costumes com a icônica tanga de crochê rosa, no começo dos 80, e mais recentemente recebeu um ‘abraço hetero’ de Bolsonaro, com o ex-capitão dizendo-se apaixonado, em entrevista na GloboNews, há dois meses.

Gabeira construiu uma trajetória original e de respeito, e em suas palavras talvez estejam algumas chaves para se entender o tempo de hoje.   “Eu acho que a sobrevivência da democracia não está ameaçada, mas a qualidade dela, sim. A situação brasileira pode ser um pouco mais aproximada com a situação dos Estados Unidos, onde a regressão autoritária acontece de uma certa maneira contrabalanceada pelas instituições, pela justiça, mídia, parlamento”.
“As circunstâncias eleitorais que levam o Bolsonaro e essa vitória são circunstâncias que não podem ser muito reduzidas à visão de que é só a direita que está chegando ao governo. Existem não somente várias visões de direita, como muita gente que é basicamente contra a corrupção.
Não significa que todo o eleitorado que vota no Bolsonaro pensa como ele. É muito comum você ouvir: “eu voto no Bolsonaro apesar das coisas que ele pensa”. É um raciocínio, um cálculo que as pessoas fizeram julgando muito com a presença do PT do outro lado. E ele, muito sabiamente, explorou isso desde o princípio”.

Eu não posso tomar o Haddad como candidato. Na verdade, ele é a pessoa determinada por um grupo que se recusa a fazer uma autocrítica de toda a roubalheira que houve no país, e que está propondo à sociedade – de uma forma que considero inadequada –, que ela dê um cheque em branco para voltarem e fazerem a mesma coisa. Se você não faz uma autocrítica sobre aquilo tudo que aconteceu e há uma montanha de provas –, e se dispõe a ganhar de novo o governo, é porque você quer continuar fazendo o mesmo”.

“Eu acho que vamos ter uma possibilidade – quem sabe num horizonte próximo –, de todas aquelas pessoas que estavam separadas começarem a se unir um pouco em torno de uma possibilidade de uma frente democrática que não seja essa caricatura que o PT propôs.  Uma frente democrática com pessoas, sem partidos querendo hegemonia; sem essa perspectiva eleitoral imediata. Uma frente democrática que pudesse temperar o caminho, moderar o caminho. E as próximas eleições fariam seu ajuste”.
A ditadura é algo fora do horizonte. As Forças Armadas vão manter uma relação de autonomia em relação a Bolsonaro. Eu acho até que potencialmente, como elemento moderador. Existe no pensamento militar uma visão mais moderada do que do Bolsonaro. Ele é a versão mais popular, com uma série de impurezas que nem sempre os militares consideram uma coisa sensata”.

“Collor veio num contexto ainda de uma eleição analógica. O Bolsonaro veio num contexto de uma eleição digital. Ele tem muitos admiradores que o apoiam, e existe também um corpo de militantes na internet que defendem suas posições. Algo que o Collor não tinha. Ele não tinha ninguém. E o Bolsonaro tem, progressivamente, alguns setores intelectuais que começam de alguma maneira a aparecer em sua defesa. Então, ele tem, no meu entender, uma base mais enraizada que a do Collor”.

Os elementos do programa do PT que se parecem com o projeto venezuelano foram amplamente discutidos. Este programa surgiu de uma análise do impeachment baseada na presunção de que o partido não procurou tomar o poder, mas apenas vencer as eleições. Uma proposta de Assembleia Constituinte, controle social da mídia e conselhos populares acaba parecendo com o que se passa na Venezuela. E finalmente as entrevistas de José Dirceu sobre o tema, falando em controlar o Judiciário e tomar realmente o poder. Tenho a impressão de que, se o PT vencer as eleições com esse programa, a oposição teria que ser um pouco mais enérgica”.

“Quando esse tema cultural, racial e sexual entrou na campanha, de uma certa maneira abriu um pouco a caixa de Pandora na sociedade, porque veio de cima pra baixo. Agora é necessário tapá-la. Mas, vamos fazer o gênio voltar de novo pra garrafa?
O ideal é começar a baixar o tom, porque grande parte da resistência, da animosidade que o Bolsonaro tem com os movimentos minoritáriosseja de gays, mulheres, negros é que ele os vê muito associados à esquerda e ao PT. Ele os vê como uma continuação do PT.
Na verdade esse é um problema brasileiro. Esses movimentos ficaram muito dependentes do poder do governo, às vezes até financeiramente. E se associaram com a esquerda.
Naturalmente, existe uma visão religiosa, missionária, que tende a se transportar para a política e deseja, de uma certa maneira, uniformizar o comportamento. Essa é a visão conservadora mais clássica, inclusive de alguns setores evangélicos.

É importante que não haja nem grandes vitoriosos, nem grandes derrotados. Mas, que se chegue a uma sociedade onde as pessoas compreendam que elas não são donas do único modo bom de viver. Precisam ter uma tolerância”.
“O que torna as questões mais difíceis, em primeiro lugar é que o momento é de crise econômica, de individualismo. A Europa está acossada por imigrantes, e lá surgiu um movimento de defesa dos postos de trabalho, enfim, um movimento anti-imigrante. O mesmo que mobilizou o Trump.
Portanto, podemos dizer que a crise que está acontecendo é resultado de uma situação econômica muito difícil, na qual as pessoas querem se proteger, mais do que pensar na solidariedade. Parece que nesse momento da História, as forças que dominam ou caminham para o poder, são forças que visam mais a proteção dos seus lugares”.

(...)


Morris Kachani,  O Estado de S. Paulo - Inconsciente Coletivo
 


sábado, 12 de maio de 2018

A ordem era matar [se e quando necessário para erradicar o covarde terrorismo da esquerda]

Por interesses próprios e da ditadura, Ernesto Geisel combateu os “porões” do regime. Mas autorizou a “execução sumária” de opositores como política de Estado [Geisel fez o necessário para impedir que subversivos e terroristas assassinassem covardemente PESSOAS DE BEM, explodissem bombas matando inocentes e tornassem o Brasil um satélite da URSS.]

Há tempo é sabido que os porões da ditadura militar mataram sob tortura opositores do regime durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979). Em São Paulo, por exemplo, na masmorra do DOI-Codi morreram o tenente José Ferreira de Almeida, em agosto de 1975, o jornalista Vladimir Herzog, dois meses depois, e o metalúrgico Manoel Fiel Filho, em janeiro do ano seguinte. Todos pertenciam ao Partido Comunista Brasileiro. Contra esses assassinatos Geisel se insurgiu, porque se tratava de uma estratégia de alas do Exército, Aeronáutica e Marinha para desestabilizá-lo — seria outro “golpe dentro do golpe de 1964”, visando a endurecer ainda mais o sistema autoritário. A discordância de Geisel ficou patente quando ele exonerou pessoalmente o general Ednardo D’Avila Mello, comandante do II Exército, em São Paulo. Isso está longe, no entanto, de transformá-lo em um militar de linha branda, como alguns historiadores o definem. Era pura tática de sobrevivência política.

O que ocorria, àquela altura do regime de exceção, era o seguinte: a ditadura já começava a cair de podre, no campo político, e era inevitável, portanto, dar início a uma fase de “abertura lenta, gradual e segura”, assim desenhada pelo general Golbery do Couto e Silva. Para que isso ocorresse, os porões tinham de parar de funcionar. Por outro lado, era necessário eliminar os adversários que, segundo a ditadura, eram perigosos”. Na semana passada, a divulgação de um inédito documento da CIA, elaborado a pedido do Departamento de Estado americano, mostra que Ernesto Geisel deu sequência a uma política de Estado fascista e criminosa: a “execução sumária” dos guerrilheiros que ainda restavam no País, após a barbárie promovida por seu antecessor, Emílio Garrastazu Médici, que comandou o período mais duro da repressão nos anos de chumbo. [as ações de combate ao terrorismo comandadas pelo general Médici  foram necessárias e felizmente antecedidas por decisão do marechal Costa e Silva com a promulgação do AI-5.
Seria ilógico e improdutivo iniciar o processo de abertura sem a necessária limpeza. Até mesmo um prédio quando vai ser aberto ao público precisa ser adequadamente limpo.
Não se pode olvidar que era uma guerra em que um lado lutava no 'estrito cumprimento do DEVER LEGAL', mostrando o rosto e usando farda, enquanto o outro lutava a margem das leis, agindo covardemente e privilegiando produzir vítimas inocentes e indefesas e tudo para entregar o Brasil - e a liberdade dos brasileiros - ao comunismo.] O memorando da CIA ainda mantém dois parágrafos tarjados e é assinado por William Colby, a sua mais alta autoridade na época. De acordo com tal documento, logo após a posse de Geisel na Presidência da República, em março de 1974, houve uma sombria e mórbida reunião.

Nela, os generais João Baptista Figueiredo, Milton Tavares e Confúcio Danton expuseram a necessidade de se continuar com a tática de “execução sumária” daqueles que eram considerados subversivos e informaram que cento e quatro pessoas haviam sido executadas no última ano da gestão de Médici. Geisel respondeu que “pensaria no final de semana sobre o assunto”. Pensou. Horror. Deu então o seu aval ao extermínio, acrescentando que era preciso “cuidado” para que fossem assassinados somente “os subversivos perigosos” (como se houvesse algum oponente que a ditadura, com argumentos absurdos  e tirânicos, não rotulasse como de alta periculosidade.) [certamente a aqui chamada ditadura considerava perigosos os subversivos que assassinavam inocentes, explodiam bombas (Aeroporto de Guararapes é um irrefutável exemplo da covardia e credulidade dos chamados subversivos.), sequestravam assaltavam e outros crimes mais.]  Mais: Geisel estabeleceu que Figueiredo (que seria o último ditador do regime) era quem teria de dar a sentença de morte.
“Trata-se do documento mais perturbador que já li em décadas de pesquisa”, diz Matias Spektor, professor da Fundação Getúlio Vargas e responsável pela divulgação do documento nas redes sociais (estava disponibilizado pelos EUA desde 2015 mas somente agora foi revelado).
“É chocante saber que a cúpula do governo não somente sabia das execuções como as transportou para dentro do Palácio do Planalto”. De fato é chocante. Mas serve de base para que os brasileiros que hoje defendem a volta de um regime autoritário e totalitário pensem mil vezes no assunto. E mudem de ideia. [o mais curioso é que só agora quando os militares devido ao estado de CAOS que o Brasil está atravessando - causado pelos dois últimos presidentes, ambos de esquerda - tem se manifestado, ainda que de forma discreta,  pelo restabelecimento da ordem e o fato que o deputado federal JAIR MESSIAS BOLSONARO, capitão do Exército Brasileiro, lidera as pesquisas para presidente da República.

A conjunção desses dois fatores traz assunto ultrapassado - devidamente anistiado,  inclusive os que explodiam bombas (entre eles Diógenes do PT), outro assassino confesso, Carlos Eugênio da Paz - veja vídeo -  além de anistiados foram indenizados e pensionados - e sem nenhuma finalidade prática (exceto tentar - tentativa fadada ao fracasso - impedir a vitória de Bolsonaro) tendo em conta que os crimes (óbvio que os havidos e provados) estão anistiados (o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra {HERÓI NACIONAL}e  o preferido pelos acusadores de supostos torturadores - qualquer boato de tortura e o Coronel Ustra era acusado (mesmo assim nunca foi condenado)  faleceu em 2015, portanto seus atos estão fora do alcance da Justiça terrena, sujeitos apenas à JUSTIÇA DIVINA, situação em que se encontra todos os presidentes do Brasil durante o Governo Militar) portanto, legalmente esquecidos e insuscetíveis de qualquer medida.

Restam dois um objetivo,  já citados: calar os militares desestimulando-os a como cidadãos brasileiros a se manifestarem sobre a bagunça generalizada que domina nossa Pátria e atrapalhar a candidatura vitoriosa de JAIR  BOLSONARO.
Um detalhe que tem sido esquecido é que a CIA por ser uma agência de informação é também de desinformação e o conteúdo de um documento dela originário não é necessariamente uma verdade.]


IstoÉ

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Há um Brasil doente que tem saudade das execuções de opositores na ditadura



O Brasil lida com o seu passado como se tivesse feito as pazes com o presente. Não, não fez. E o impacto de não resolvermos o que aconteceu durante a última ditadura militar (1964-1985) se faz sentir no dia a dia das periferias das grandes cidades e na porção profunda do interior, com parte do Estado e de seus agentes aterrorizando, reprimindo e torturando parte da população (normalmente mais pobre) com a anuência da outra parte (quase sempre mais rica). Sejam eles agentes em serviço ou fora dele, na forma de milícias urbanas e rurais. Em nome de uma suposta estabilidade institucional, o passado não resolvido e anistiado permanece como fantasma. 

[Fato que não pode ser omitido: 
todas ocorrências na guerra sangrenta travada entre os militares - , que defendiam um Brasil Soberano, não comunista, independente, seu povo livre livre, próspero e feliz, que combatiam às claras-  usando uniforme que os identificava e ao mesmo tempo os tornava alvos fáceis para a covardia do inimigo e tinham suas instalações conhecidas e identificadas e os malditos subversivos, guerrilheiros e terroristas que buscavam acabar com a liberdade no Brasil, transformar nossa Pátria em uma nova Cuba, que se escondiam embaixo de disfarce, buscavam o anonimato, agiam às escondidas em covardes emboscadas,  viviam em esconderijos, foram devidamente anistiadas.

Não adianta os que simpatizam com a esquerda, sejam por serem inocentes inúteis, ou as vezes úteis, ou agirem de má fé tentarem trazer à tona o que foi devida e legalmente esquecido.

É público que estão apavorados porque os militares diante do CAOS CAÓTICO - por óbvio, a redundância é necessária, se impõe - que domina o Brasil começam, ainda que de forma discreta, a se manifestar, mostrando que estão vivos e alerta; 

Notório que o pavor os domina devido o líder nas pesquisas de intenção de voto - entre os candidatos que legalmente podem aspirar a Presidência da República  - é um Capitão do Exército Brasileiro.
Não importa o passado é passado e não voltará.]


Não são apenas as famílias dos mortos e desaparecidos políticos que vivem assombrados pelas verdades não contadas e os crimes não admitidos daquela época. Diariamente, os mais pobres sofrem nas mãos de uma banda podre da polícia que adota métodos refinados na dita dura a fim de garantir a ordem (nas periferias das grandes cidades) e o progresso (na região rural). Um documento secreto liberado pelo Departamento de Estados norte-americano mostrou que o general Ernesto Geisel aprovou a manutenção de uma política de execuções sumárias de adversários em 1974.

O ditador brasileiro, que governou entre aquele ano e 1979, teria orientado João Baptista Figueiredo – então chefe do Serviço Nacional de Informações e que seria seu sucessor – a seguir com os assassinatos que começaram no governo do general Médici. Ou seja, a autorização vinha da cúpula do governo. Quem percebeu a importância do documento, no qual o governo reconhece executar dissidentes, e o postou nas redes sociais foi Matias Spektor, colunista da Folha, e professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas. O memorando é assinado pelo diretor da CIA na época, William Colby, e relata uma reunião com Geisel. [esclarecendo: da qual Matias Spektor não participou, tudo indica sequer havia nascido.] É citada a execução sumária de, pelo menos, 104 pessoas. Contar histórias como a desse documento é fundamental.

(...)

Pois não adianta mostrar informações como essa para uma parcela da sociedade que defende o retorno da ditadura militar não pelo desconhecimento dos métodos utilizados, mas, pelo contrário, por saudade deles. Mesmo que não tenha nascido muito após aqueles acontecimentos. Em sites e redes de ultraconservadores, o memorando foi celebrado como um exemplo de algo que deve ser copiado para o futuro e de competência da ditadura em proteger o  país. Assim, sem pudor algum. Essa parcela tem apoiado a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro para a Presidência da República, sonhando que ele traga os ''bons tempos de volta'', botando ordem e acabando com a roubalheira.


[a ascensão de Bolsonaro e as sucessivas derrotas que a esquerda tem sofrido, está deixando toda a corja esquerdista, comunista, lulopetista, desesperada e tentam tudo.

Eventuais determinações dos presidentes militares foram consequência de que o Brasil vivia uma situação de guerra, na qual maus brasileiros buscavam a qualquer custo transformar o Brasil em satélite da União Soviética - URSS e para tanto não vacilavam em assassinar, sequestrar, 'justiçar', sendo a maior parte de suas vítimas inocentes (o ideário da esquerda naquela época, e ainda hoje, era e é o pregado por Marighela: ' “a única razão de ser de um guerrilheiro urbano” segundo reza a cartilha. "O que importa não é a identidade do cadáver, mas seu impacto sobre o público. )
Aos malditos subversivos não interessava a quem matavam e sim apenas matar.
Não era possível combatê-los com  flores.]


(...)

Vale lembrar que Bolsonaro foi ovacionado nas redes sociais por conta do conteúdo de seu voto pelo impeachment, em abril de 2016, por uma legião de pessoas que cabulava aula de história ou pouco se importa com a dignidade alheia. 


MATÉRIA COMPLETA, Blog do Sakamoto




segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Na onda da Lava Jato, policiais federais planejam se candidatar em 18 Estados

Pesquisa do Ibope apontou que entre 20 entidades, a PF foi apontada como a terceira mais confiável, atrás apenas da igreja e dos bombeiros. Por isso muitos candidatos usarão o título "delegado" antes do nome.

Comento mais tarde. Vejam o que segue na Folha:

A fotografia do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) caminhando com o semblante preocupado em direção ao avião que o levaria para Curitiba, em 19 de outubro de 2016, pode ser o registro em imagem da morte da sua carreira política. Graças a uma decisão do juiz federal Sergio Moro, o ex-deputado trocaria naquele momento os gabinetes de Brasília por uma cela de cadeia do Paraná.

Um passo atrás aparece no retrato o agente da Polícia Federal Lucas Valença. A pinta de galã despertou curiosidade.  O coque amarrado no topo da cabeça, no estilo samurai, e a barba cerrada renderam os apelidos de Lenhador da Federal e Hipster da Federal –estrangeirismo inglês que define a pessoa que inventa moda. A cena no aeroporto da capital pode ser a certidão de nascimento da sua carreira política. O hipster pensa em ser deputado.

Assim como Valença, cerca de 30 agentes e delegados da PF pretendem se aventurar nas eleições de 2018. A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), que representa todas as carreiras da PF, já contabilizou 24 pré-candidatos ligados à instituição em 18 Estados. A Folha encontrou outros que não estão na lista da federação.
Curiosamente é o Paraná, berço da Lava Jato, o Estado que vai ter o maior número de concorrentes policiais federais. Até agora cinco delegados e agentes já manifestaram a intenção de concorrer. Se depender da federação, a lista ainda vai aumentar.

Os sindicalistas tentam convencer Newton Ishii, que ficou célebre como o “Japonês da Federal”, a competir por uma vaga na Câmara. Como Ishii foi condenado em última instância por facilitação ao contrabando, a entidade consultou dois escritórios especializados em legislação eleitoral para saber se ele seria enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Segundo os advogados, até o início da campanha ele já terá cumprido toda a pena e estaria livre para tentar carreira em Brasília. O agente, no entanto, resiste à ideia. [faz bem: os ilustres advogados consultados esqueceram que o STF decretou que a Lei da Ficha Limpa pode retroagir até o momento que os SUPREMOS MINISTROS estabelecerem - cada caso é um caso, impessoalidade é algo que fica bem no artigo 37 da CF - ajuda a formar o 'LIMPE'.] 

Sem o Japonês da Federal na disputa, nenhum outro candidato terá trabalhado diretamente na Lava Jato. Isso não quer dizer que a operação não vá ser tema de campanha. O delegado e deputado federal Fernando Francischini (SD-PR), pretende concorrer ao Senado. O mote de sua propaganda? “A minha defesa da PF e da Lava Jato no mandato é meu maior patrimônio”, diz Francischini.

O eleitor de 2018 terá passado quatro anos assistindo aos policiais da Lava Jato prendendo magnatas por corrupção. O efeito é duplo: fomenta o descrédito na classe política e turbina a reputação da polícia. Equação perfeita para os candidatos da PF. “As operações de combate à corrupção, principalmente a Lava Jato, deram visibilidade e prestígio para a Polícia Federal. É uma vantagem para um concorrente se associar a uma das instituições com maior credibilidade no país no momento”, diz o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas).

Pesquisa do Ibope apontou que entre 20 entidades, a PF foi apontada como a terceira mais confiável, atrás apenas da igreja e dos bombeiros.  Cientes disso, candidatos buscam explicitar a ligação com o órgão. Boa parte usará o cargo antes do nome. Nas urnas haverá Delegado Francischini, Delegado Gastão e Delegado Federal Mikalovski.

BANCADA DA BALA
O sucesso das candidaturas de policiais deve significar o aumento da bancada da bala no Congresso. A maior parte deles comunga da ideia de que é preciso facilitar o acesso do cidadão às armas de fogo.  Um expoente desse pensamento é o [delegado da PF] e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), filho do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro, que repete a exaustão que “bandido só respeita o cidadão armado”. A proposta de reduzir maioridade penal também anima a maioria dos policiais.

Apesar da afinidade com essas pautas, não há um partido que concentre esses candidatos. O leque das legendas escolhidas pelos policiais é amplo e inclui siglas atingidas em cheio pela Lava Jato. O agente André Salineiro elegeu-se vereador de Campo Grande (MS) e agora cogita tentar vaga na Assembleia. Nas redes sociais posa heroico, de braços cruzados, vestindo a camisa preta da PF. Na vida política, porém, a camisa que veste é a do PSDB, ainda presidido pelo mineiro Aécio Neves, conhecido alvo dos policiais da Lava Jato.


Blog do Reinaldo Azevedo


sábado, 4 de novembro de 2017

As “fake news” nas eleições

O fenômeno não é novo. Muito menos exclusivo do Brasil. Ao contrário. As chamadas “fake news”, ou notícias falsas, que inundaram as mídias digitais já polarizaram as eleições tanto aqui como nos EUA

O fenômeno não é novo. Muito menos exclusivo do Brasil. Ao contrário. As chamadas “fake news”, ou notícias falsas, que inundaram as mídias digitais já polarizaram as eleições tanto aqui como nos EUA, onde Donald Trump surfou a onda e saiu vencedor movido a uma bateria de desinformações que favoreceram a sua candidatura.  Os assessores de Trump espalharam na rede, por exemplo, que o Papa Francisco apoiava o republicano para a presidência e os fiéis conservadores do partido, que ainda acalentavam alguma desconfiança em relação ao empresário fanfarrão, viram naquela “benção” um selo de garantia para definir o voto.

O Vaticano levou uma semana até desmentir a “notícia” que corria solta e aí o impacto da “fake news” já havia surtido o efeito desejado. No Brasil, a Fundação Getúlio Vargas acaba de concluir um levantamento no qual aponta que os robôs – também conhecidos como contas automatizadas, que ficam clicando e massificando certas postagens para criar no meio da sociedade uma falsa sensação de apoio majoritário a uma determinada ideia ou pessoa – foram responsáveis por 10% do engajamento no debate de conteúdo político nas redes em 2014.

Levando-se em conta que as eleições naquele ano foram decididas por uma estreitíssima margem de votos a favor da petista Dilma Rousseff, é possível ter a exata dimensão do papel importante que essa ferramenta desempenhou na escolha. Para 2018, em plena era da pós-verdade, é de se imaginar que os recursos com o objetivo de engabelar massas de eleitores por meios digitais terão ainda maior destaque. Muitos chegam a apontar que as “fake news” vão polarizar a disputa. A tal ponto que a corte eleitoral do TSE já discute estratégias para evitar a proliferação dessas notícias falsas durante o período de campanha. O assunto também despertou o interesse do Exército, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Polícia Federal. A ideia é criar uma força tarefa que funcione policiando a atuação dos robôs na internet.

O ministro do STF, Alexandre Moraes, também defendeu dias atrás a aprovação imediata de uma regulamentação da propaganda eleitoral na internet como alternativa de freio à proliferação dos boatos. O impacto negativo de mentiras disseminadas especialmente nas redes não é pequeno. Estudo da Universidade de São Paulo (USP) apontou que mais de 12 milhões de pessoas – número equivalente a 6% da população brasileira – difundem as tais notícias falsas dentro do ambiente digital. Considerando que cada uma delas possui, em média, ao menos 200 conexões, o universo de impactados abrange praticamente todo o leque de eleitores. Nesse contexto, as chamadas “mídias ninjas”, de forte ativismo e engajamento, voltadas para a chamada informação combatente e partidária, exercem influência capital. Alguns candidatos, mais familiarizados e antenados com o poder da ferramenta, já a usam de várias formas e em diversos meios.

O ex-presidente Lula e o seu partido PT dedicam boa parte de sua força-tarefa para esse trabalho na rede e difundem informações ou fatos “adaptados” às conveniências mesmo em programas de TV, palanques ou entrevistas. Lula é decerto um fenômeno da era da pós-verdade. Alegou recentemente que vai combater a criação dos chamados “campeões nacionais”, grupos empresariais que ganharam gordos subsídios federais para crescer, como foram os casos da JBS, Odebrecht e EBX. Deixa de informar que foi justamente ele, Lula, quem bolou e executou a tal política de benefícios diferenciados. Do mesmo modo o petista, numa tentativa de se descolar dos erros de sua pupila Dilma, passou a criticar medidas adotadas por ela que antes contavam também com o seu aval.

Nos meios digitais, essas mensagens subliminares se espalham como pólvora, fazendo crer que o Lula candidato não guarda qualquer ligação com o Lula das práticas equivocadas. A dissimulação faz parte do jogo. Não foi de outra maneira que surgiu o conceito do “Lulinha paz e amor” para vencer a disputa de 2002 ou da “Dilma mãe do PAC”, que falava em luz barata enquanto quebrava o País.

Em vários casos, a mensagem cenográfica dos candidatos – que na TV, nos outdoors e nos discursos são “maquiados” com promessas que não cumprem e ideias nas quais na verdade não acreditam – ganhou agora um elemento a mais: as versões virtuais de mentiras e desinformações que eles espalham na rede, seja com o objetivo de turbinar suas candidaturas ou de enxovalhar a reputação de adversários, numa manobra que confunde o público, engana internautas e desvirtua os fatos de maneira criminosa. É essa a onda que precisa ser combatida.

Fonte:  Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três - Revista Isto É



domingo, 23 de abril de 2017

Os efeitos da demagogia

Governos do PT entenderam que justiça social é ato de vontade. O resultado da insanidade está aí

Dos perversos efeitos da irresponsabilidade fiscal dos governos lulopetistas, os mais significativos foram a reversão da queda da desigualdade e a estagnação do desenvolvimento humano, constatadas por estudos recém-publicados. Tal cenário indica o grau de deterioração do bem-estar da atual geração de brasileiros e, especialmente, as perspectivas sombrias para as próximas, algo que não pode ser modificado por medidas triviais. Se era preciso alguma prova de que a promessa demagógica de felicidade instantânea e sem sacrifícios pereniza a mediocridade e compromete o futuro do País, a prova aí está.

O mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostrou que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, com dados de 2015, ficou estagnado pela primeira vez desde 2004. Isso significa que as políticas de Lula da Silva e, principalmente, de Dilma Rousseff, a título de fazer “justiça social” e “incluir o pobre no Orçamento”, como gostam de alardear os ex-presidentes petistas, na verdade tiveram o efeito exatamente oposto ao pretendido – isto é, em vez de ajudar os mais pobres, interromperam o processo de melhoria da qualidade de vida do conjunto da sociedade.

O IDH leva em conta renda, educação e saúde. Vai de 0 a 1 quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento. Em 2015, o Brasil obteve IDH de 0,754, o mesmo de 2014. Entre 188 países, o Brasil ficou estacionado em 79.º lugar, ao lado de Granada. Continua entre os países considerados de “alto desenvolvimento humano”, mas encontra-se abaixo de Cuba (68.º) e Venezuela (71.º).

Quando o índice é ajustado se levando em conta a desigualdade – de renda, de saúde e de educação –, o Brasil cai 19 posições. Pelo Coeficiente de Gini, que mede especificamente a desigualdade de renda, o Brasil aparece como o 10.º mais desigual entre 143 países. Esse aspecto aparece em outro estudo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), segundo o qual em 2016 houve o primeiro aumento da disparidade de renda domiciliar per capita em 22 anos. Isso significa que o ganho proporcionado pela estabilização da economia com o Plano Real, implementado há 23 anos, foi comprometido pelos governos de Lula e Dilma.

A façanha da dupla é espantosa. A partir de meados dos anos 1990 o Brasil começou a caminhar para reduzir a afrontosa desigualdade de renda que marca sua sociedade desde sempre. O controle da inflação deu o primeiro impulso para isso, pois permitiu que os mais pobres parassem de pagar, na forma do chamado “imposto inflacionário”, o custo do endividamento inconsequente do governo. Foi necessário ainda um grande esforço para levar escolaridade às classes mais baixas, aumentando suas possibilidades no mercado de trabalho. Além disso, os programas de transferência condicionada de renda foram importantes para ajudar a mitigar a miséria. Tudo somado, esperava-se que, no ritmo verificado a partir do início dos anos 2000, o Brasil já tivesse erradicado a pobreza extrema por volta de 2016. Mas isso não ocorreu. Ao contrário, em 2015 voltou a crescer o número de famílias com rendimento per capita inferior a 25% do salário mínimo, chegando a 9,2% da população, contra 8% em 2014, de acordo com dados do IBGE. Um ano depois, em 2016, a desigualdade cresceu 1,6% em relação a 2015, conforme o estudo da FGV, anulando os ganhos dos anos anteriores.

Os indicadores de desigualdade são especialmente significativos porque refletem os efeitos de longo prazo das políticas econômicas. A redução da renda dos mais pobres e o consequente aumento do abismo destes em relação aos mais ricos, depois de um período em que essa diferença parecia fadada a diminuir em razão da maturidade econômica e institucional do País, não resultam de erros pontuais, mas sim de decisões que respeitaram uma visão totalmente equivocada do papel do Estado no desenvolvimento. Mas os governos petistas entenderam que justiça social não é o resultado de um processo econômico de longo prazo, e sim um ato de vontade. O resultado dessa insanidade está aí.

Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo 

 

 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Suspensão do mandato de Cunha: Estou contente com a decisão, a exemplo da maioria, mas não tem amparo constitucional

Decisão de Teori desarmou palanque no qual Marco Aurélio, Lewandowski e, quem sabe?, Roberto Barroso pretendiam discursar

[o grande risco é que agora a porta está aberta para qualquer ministro SUPREMO  do Supremo ao analisar um processo, especialmente exercendo a relatoria ao entender ser cabível determinada decisão, para a qual não existe previsão legal, simplesmente exara um despacho materializando aquela decisão, mandando executar e quando seus pares SUPREMOS forem examinar aprovam por unanimidade.
O Brasil passa a viver sob a mais completa INSEGURANÇA JURÍDICA, já que qualquer absurdo, desde que emanado de um ministro SUPREMO tem mais força que uma disposição constitucional.]
Vamos lá. Estou contente que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenha sido afastado de seu mandato e que não esteja mais na Presidência da Câmara. Já escrevi aqui algumas dezenas de vezes: acho que ele tem de ser cassado. Mais ainda: penso que o afastamento é positivo para o governo Michel Temer porque não é segredo pra ninguém que, para qualquer presidente da República, mesmo um aliado, é melhor um Cunha fraco do que um forte.

Mas não escrevo pensando apenas em amanhã e depois de amanhã. Não abro mão de um princípio: na democracia, melhor uma solução ruim amparada na Constituição do que uma boa amparada no arbítrio. A boa decisão contra a Carta acabará fatalmente virando um erro; a má decisão a favor da Carta acabará fatalmente sendo um acerto.

Quase todos os ministros que tinham ciência do peso do que estavam votando o próprio Teori, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mellochamaram a atenção para o caráter excepcional da medida. Tanto é assim, meus caros, que estamos diante de um fato inédito.

Que fique claro: não existe amparo na Constituição para a decisão que foi tomada. O fato de eu estar contente com o afastamento de Cunha não me deixa contente com o horizonte que se abre com essa decisão. Como esquecer? Delcídio do Amaral foi flagrado tentando obstruir a Justiça e a investigação da Lava Jato. Nem importa saber se seu plano era ou não mirabolante e inexequível. De tal sorte foi considerado grave o que fez que teve a prisão decretada pelo Supremo. E, no entanto, conservou o seu mandato. Como suspender o mandato de quem não foi preso?

Notem: um político pode, sim, ir para a cadeia, mas permanece com o seu mandato. Vimos isso acontecer nas condenações do mensalão.  Não estou sozinho no meu estranhamento. Em entrevista à Folha, Eloísa Machado, professora do curso de direito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e Coordenadora do projeto “Supremo em Pauta”, que estuda o tribunal, também expressa certa perplexidade e vai ao ponto: “É evidente que uma decisão dessas tem um impacto enorme no sistema político. Imagine o seguinte: todos os deputados que são réus serão afastados? Ou isso só vale para o Cunha?”

É uma boa pergunta. Os ministros, em seus respectivos votos, tentaram, de algum modo, tranquilizar a todos: “Olhem, isso não vai virar um hábito…” Pois é. Por que não?
Faço minhas as palavras da professora Eloísa Machado: “Essa decisão me dói porque o Cunha não deveria estar na presidência da Câmara, mas, ao mesmo tempo, fica uma sensação de insegurança porque a decisão está fora dos parâmetros constitucionais.”

Bastidores É claro que, a isso tudo, faltam bastidores, não é? Parece que Teori Zavascki, com efeito, vinha evitando tratar da Ação Cautelar movida pela Procuradoria Geral da República porque sabia do risco que ela trazia. Mas aí surgiu a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) da Rede, que caiu nas mãos de Marco Aurélio. Serelepe, ele conseguiu pautar a matéria com Ricardo Lewandowski. Já tratei do assunto aqui. Tratava-se de um ADPF preventiva, argumentando que a permanência de Cunha na Câmara feria preceitos fundamentais e que ele não poderia estar na linha sucessória, uma vez que é réu. Nota: nada disso está na Constituição.

Armava-se um palco para Marco Aurélio questionar as decisões do presidente da Câmara, incluindo o primeiro ato de aceitação da denúncia que resultou no impeachment. Teori houve por bem conceder, então, a sua liminar. Cuidou menos da questão da linha sucessória do que dos atos que, entendeu ele, Cunha tomou para obstruir a investigação.

O palanque no qual Marco Aurélio, Lewandowski e, quem sabe?, Roberto Barroso poderiam discursar foi desfeito. Isso pode explicar essa quinta-feira estranha. Mas não deve tranquilizar ninguém. Cunha está afastado da Câmara e não preside mais a Casa. Isso, em si, é bom. Mas, do ponto de vista institucional, estamos um pouco mais enrolados, acreditem.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo