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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

A investigação sobre pagamentos do PCC a um advogado do PT - VEJA

Por Edoardo Ghirotto

Prisão de responsável pela contabilidade da facção revela indício de que dinheiro do tráfico foi usado para patrocinar ação no STF contra Sergio Moro


 
 WHATSAPP – Décio Gouveia Luiz, preso em agosto: mensagem para bancar ações jurídicas contra portaria de Moro, e a mansão na cidade de Búzios, no Rio de Janeiro, comprada com dinheiro do tráfico
 

Lucas de Sousa Oliveira se apresentava como empresário e dizia às pessoas com quem tinha contato em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, que estava trabalhando para transformar em pousada sua mansão em Búzios, outra cidade do litoral fluminense, a uma hora de distância de carro dali. Ele dirigia uma caminhonete prata Mitsubishi Triton L200, modelo avaliado em cerca de 170 000 reais, quando foi cercado por policiais no dia 14 de agosto. “Vim para este fim de mundo e vocês me pegaram aqui”, reclamou, depois de soltar um palavrão. Lucas era a identidade falsa usada por Décio Gouveia Luiz, uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital nas ruas brasileiras. Décio Português, como ele é conhecido, gozava da plena confiança de Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção, que cumpre pena hoje no presídio federal de Brasília. Uma das funções principais de Décio Português envolvia cuidar da contabilidade do PCC, lavando e ocultando bens e valores. Era a ele também que os chefões repassavam as missões mais importantes. No curso das investigações realizadas nos últimos meses, foram descobertas uma carta com planos para assassinar três policiais e uma mensagem no celular de Décio Português com indícios perturba­dores de ligações entre o PCC e um advo­gado do PT, o que gerou até um pedido de quebra do sigilo fiscal e bancário do defensor do partido.

Descrito pelos policiais como um bandido inteligente, articulado e equilibrado, Décio Português dividiu durante nove anos a cela com Marcola no presídio de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Ganhou ali a cumplicidade do chefão e, de volta às ruas, virou um dos cérebros encarregados de lavar e investir o dinheiro ganho pelo PCC com o tráfico. A ida de Marcola e de outros 21 integrantes da facção para presídios federais, que ocorreu em 13 de fevereiro deste ano e teve o objetivo de aumentar o isolamento dos bandidos, em uma ação comandada pelo governador de São Paulo, João Doria, com o apoio do ministro da Justiça, Sergio Moro, fez com que a facção enviasse ordens de reação a Décio Português. Em uma carta encontrada com um comparsa dele, havia a orien­tação de organizar um plano para assassinar o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, e outros dois investigadores em retaliação à transferência dos chefes. No fim do manuscrito, assinado pela Sintonia Geral (a cúpula do PCC), ficava claro que a determinação era para valer: “Se não for concluída cada missão, a cobrança com nossos irmãos será a altura pagando com a própria vida”, diz o texto, na transcrição literal.

Na ação realizada em Arraial do Cabo, os policiais apreenderam com Décio Português cinco celulares. Até o momento, os investigadores conseguiram desbloquear apenas um aparelho, mas as informações contidas ali levantaram suspeitas graves sobre uma possível relação entre o PCC e um advogado que atuou em nome do PT no Supremo Tribunal Federal (STF). Professor associado da UFRJ, Geraldo Luiz Mascarenhas Prado foi mencionado em uma prestação de contas encaminhada a Décio Português pelo aplicativo WhatsApp como destinatário de 1,5 milhão de reais da facção. O pagamento seria feito para que o advogado representasse o PT numa Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) contra uma portaria baixada por Sergio Moro em 12 de fevereiro, um dia antes da transferência dos líderes do PCC para presídios federais. Ela determinou regras bem mais rígidas de acesso de familiares aos detentos desses estabelecimentos e ratificou a proibição de visitas íntimas para chefes de organizações criminosas.

O objetivo da medida é evitar que eles enviem, por meio dos encontros, ordens para membros da facção nas ruas. A emissão de bilhetes é o principal canal de comunicação dos chefes encarcerados com o mundo exterior. Em dezembro de 2018, duas mulheres foram presas com uma mensagem que trazia ordens para matar duas auto­ridades: Roberto Medina (não o do Rock in Rio, mas um dos coordenadores da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo) e o promotor Lincoln Gakiya. Elas fo­ram flagradas no papel de “pombo-­correio” após visitarem Marcola e seu ex-companheiro de cela Maurinho em Presidente Venceslau.

Em VEJA, EDIÇÃO 2656, leia MATÉRIA COMPLETA


domingo, 7 de julho de 2019

A privataria ameaça a UFRJ

Projeto imobiliário ganhou um nome de fantasia  - Viva UFRJ

Hospital em declínio é símbolo de uma época em que a universidade sonhava

O hospital Sírio-Libanês retifica: “Não está nos planos atuais da instituição abrir uma filial do hospital no Rio de Janeiro.” (Em 2015 esteve, com gente boa conseguindo promessas de doações, mas isso é passado.) A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) trabalha, com o BNDES e o banco Fator, na modelagem de uma licitação para conceder, por até 50 anos, 485 mil metros quadrados de terrenos na ilha do Fundão e na praia Vermelha (onde fica o falecido Canecão).

Quem desenhou a girafa foi Deus. Só Ele sabe o que sairá da modelagem que estão cozinhando. Felizmente, o BNDES e a UFRJ garantem que tudo será feito às claras, em processo licitatório, com o devido debate. Segundo a universidade, o cessionário disporá dos terrenos de acordo com seus interesses e a “vocação imobiliária” das áreas: “Provavelmente essas vocações estão associadas à ocupação para residências, comércio ou serviço. Há possibilidade de haver centros de compras ou de convenções, supermercados ou hotéis.”

O edital que licitou o pregão que contratou o banco Fator foi mais claro. Em duas ocasiões mencionou a possibilidade de uso dos terrenos para “condomínios corporativos, (...) redes de hotéis, redes de hospitais e redes de ensino”. O que se cozinha é um amplo projeto capaz de botar dinheiro nos magros cofres da universidade. Coisa de bilhão de reais. Começa pela cessão dos terrenos, por até 50 anos. Essa seria a parte fácil. Ela complica-se porque modela-se um projeto pelo qual o cessionário, ou seus parceiros, devem dar contrapartidas à UFRJ, construindo prédios, restaurantes e alojamentos.

Talvez fosse mais simples não misturar gravata com abacate, mas vá lá. Serão duas bolas no ar.Está na panela também a eventual criação de um “Fundo de Investimento Imobiliário” que ficaria encarregado de gerir o ervanário resultante das operações.
Assim, o malabar tem três bolas. (Esse fundo poderia ficar parecido com a Harvard Corporation, que cuida do patrimônio da universidade. Caso ele venha a ter investidores particulares, arrisca-se a misturar Boston com Borel.) O projeto imobiliário ganhou um nome de fantasia —”Viva UFRJ”— e na essência desenhará o futuro da universidade. Shoppings, redes de hotéis e de hospitais muita gente faz, universidades são coisa para gente grande. Quando ficar pronta a modelagem, tudo poderá ser discutido. Até agora, sem que o banco Fator tenha algo a ver com isso, saiu uma fumaça cinzenta do “Viva UFRJ”.

Apesar de se sonhar com recursos, redes de hotéis e de hospitais (privados), a universidade já esclareceu que “o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho não entrou nas contrapartidas pois estimativas preliminares indicaram que o custo da obra não cabe no projeto.” O Clementino Fraga é um grande hospital, público, símbolo de uma época em que a UFRJ sonhava grande. Hoje ele é o retrato de uma realidade ruinosa. O doutor Clementino, tio-avô de Armínio Fraga, foi um grande reitor da universidade no ano bicudo de 1968. Ele não merece que seu hospital público seja o que é, enquanto a centenas de metros do seu gabinete da Praia Vermelha reluza um grande hospital para endinheirados.


A nova morte do major
A Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) deu a uma de suas salas o nome do major alemão Otto von Westernhagen, assassinado com dez tiros por terroristas do Colina em julho de 1968, cinco meses antes da edição do Ato Institucional nº 5.

Da homenagem resultou uma barulheira. Teria sido festejado um nazista, condecorado por Hitler. Devagar com o andor, por três motivos. Primeiro porque Westernhagen era um jovem oficial do Exército. Combateu na França e foi ferido na tomada de Berlim, em 1945. Anos depois foi reintegrado à tropa, como capitão. Em 1966 veio para o Brasil, onde cursava a Eceme. Um alemão que combateu na Segunda Guerra não pode ser automaticamente classificado como nazista. Em 1941, aos 14 anos, o jovem Joseph Ratzinger estava na Juventude Hitlerista e dois anos depois, compulsoriamente, foi para a tropa. Em 2005 tornou-se o papa Bento XVI. [SAIBA MAIS SOBRE A HOMENAGEM, clicando aqui.]

O caso de Westernhagen tem um segundo aspecto. Ele foi morto por engano. Os terroristas campanaram e executaram um homem que supunham ser o capitão Gary Prado. Um ano antes, Prado participara da captura de Che Guevara. Os terroristas sabiam onde ele morava, mas só descobriram que não era o boliviano quando abriram sua pasta e acharam documentos em alemão. Percebido o engano, calaram-se. O crime só foi desvendado anos depois pelo historiador Jacob Gorender.

Westernhagen não era nazista nem boliviano e morreu numa rua da Gávea sem ter nada a ver com o pato. Nada mais natural que homenageá-lo dando o seu nome a uma sala de aula na escola militar onde estudava.

Num terceiro aspecto, a homenagem ao major repara um injusto esquecimento. Um dos integrantes do comando que o matou, o ex-sargento da FAB João Lucas Alves, é nome de rua em São Paulo e no Rio. [dar o nome de um dos covardes assassinos, e desertor,  a rua em São Paulo e Rio, pode; mas, dar o nome de um herói, condecorado por bravura, a uma sala de aula na escola militar onde estudava, não pode?] (Ele foi torturado e morto no DOPS de Belo Horizonte. Na versão da ditadura, suicidou-se). Em 1968 mataram Westernhagen por engano. Meio século depois, sua memória merece respeito.

Bola na rede
O ministro Abraham Weintraub, da Educação, acertou uma. Tirou do mundo das falsas promessas a ideia de fazer o exame do Enem por meio digital e anunciou que a novidade começará a funcionar no ano que vem. Inicialmente, o Enem digital será oferecido em 15 capitais, dando ao estudantes o direito de optar pela prova de papel. Se tudo correr bem, em 2026 o Enem será todo feito em computadores.

Não se trata de uma simples mudança de plataforma. A prova eletrônica criará uma facilidade logística e o exame poderá ser aplicado em até quatro ocasiões durante o mesmo ano. É assim que funciona o SAT americano. Quando isso acontecer, a garotada ficará livre do pesadelo de jogar um ano de vida em duas manhãs.

(...)


Elio Gaspari, jornalista - O Globo e o Estado de S. Paulo

domingo, 12 de maio de 2019

"A filosofia da fraude (sem cortes)"

"O fascismo contra a educação. Perfeito. Para os heróis da narrativa, esse foi o melhor bordão depois do rosa para meninas e azul para meninos. Não pense que é fácil viver como catador de lixo ideológico. É preciso ser sagaz, esperto como uma águia para ver a oportunidade – aquela xepa de panfleto dando sopa na sua frente. Aí você tem que agarrar a chance como quem agarra um cargo numa universidade pública oferecido por um padrinho do PSOL.

Contingenciamento de verbas públicas para todas as áreas (inclusive educação) cansaram de acontecer em todos os governos – especialmente em inícios de mandato. Mesmo Lula, o ídolo dos acadêmicos, e Dilma, a musa dos intelectuais, congelaram e eventualmente meteram a tesoura em corte raso nas áreas sociais – até porque roubaram tanto que precisavam compensar de alguma forma. E a resistência democrática e cultural sempre achou tudo lindo, para não estragar a narrativa que sustenta suas panelas – sempre cheias e imunes à crise.

Depois do impeachment já houve um primeiro ensaio desse teatro revolucionário. No que os parasitas do PT foram enxotados da máquina pública, começou o esforço para tapar o rombo deixado pela quadrilha do bem – e uma das medidas fiscais mais importantes foi acabar com a contabilidade criativa (que derrubou Dilma) e restabelecer um teto de gastos. A emenda que cessava a orgia foi batizada de PEC do Fim do Mundo por esses progressistas de butique – já ali anunciando um ataque malévolo (e falso) à educação. Até a ONU ajudou a espalhar essa fake news – embora isso não tenha muita importância, porque a ONU tem se prestado a papéis bem piores.

Entre os que integravam aquela claque apocalíptica estavam, curiosamente, personagens importantes para a instituição da responsabilidade fiscal no Brasil, como Fernando Henrique Cardoso. Como se sabe, o mais alto mandamento para certos homens públicos no Brasil é ficar bem na foto – e naquele momento transcorria a famosa conspiração Janoesley (criatura surgida da fusão entre um procurador-geral e um açougueiro biônico). Parte da grande imprensa infelizmente aderiu à armação e levou junto todos esses papagaios de pirata da sagrada luz midiática.

E aí está de novo a mesma claque, incluindo o mesmo FHC
(que pena, presidente), gritando que o obscurantismo chegou para acabar com a filosofia e a sociologia. É o tipo de fake news que os caçadores de fake news mais gostam de perpetrar, porque cola. E como você sabe, hoje em dia boa parte desse jornalismo de campanha que lamentavelmente se espalhou por aí não precisa nem de pretexto para fazer proselitismo.

Nos
Estados Unidos, por exemplo, segundo a cobertura de parte significativa da imprensa, o Obama que travou a economia com sua demagogia tributária e foi pego em grave espionagem política é o bonzinho; e o Trump que ia provocar a Terceira Guerra Mundial e está melhorando todos os indicadores sociais é o nazista. Fim de papo, não adianta discutir. Cartilha é cartilha, dogma é dogma.

A impostura se torna um pouco mais patética quando você lembra que a filosofia e a sociologia no Brasil – que segundo os arautos do apocalipse estão sob ataque letal – hoje abrigam, miseravelmente, uma fraude acadêmica. Parte considerável das verbas públicas destinadas a essas disciplinas viraram subsídio para contrabando político-partidário. A tragédia das ciências humanas no país já se deu com o sequestro do conhecimento pela panfletagem – e a transformação criminosa de salas de aula em assembleia do PSOL e do PT. Obscurantismo é isso – e o longo silêncio de vocês, bravos democratas de festim, diante desse massacre cultural é obsceno.

Assinaram embaixo dessa fraude acadêmica, e não mostraram a valentia de agora nem quando os cafetões partidários da UFRJ carbonizaram o Museu Nacional com sua incúria. Quando querem, vocês são os reis da tolerância. Não deram nem um gemido quando foi revelado que o Colégio Pedro II – que vocês agora fingem defender em nome da educação – tinha virado uma espécie de sucursal do PSOL, com comitê local e tudo. Sob o pretexto da resistência ao obscurantismo, vocês estão escrevendo a mais vergonhosa página de picaretagem intelectual da história."


Guilherme Fiuza - Gazeta do Povo

 

terça-feira, 22 de maio de 2018

A aula do golpe



Quatro semanas no curso que analisa o impeachment de Dilma Rousseff 

Uma centena de pessoas tentava se acomodar em uma das salas para assistir à primeira aula do curso “O golpe de 2016 no Brasil e o futuro da democracia” numa manhã de abril, na única universidade pública da Baixada Fluminense. A centenária Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) é uma das mais de 15 instituições acadêmicas em todo o país que abriram suas portas para discutir — de forma engajada — como o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff entrará para os livros de história.

O perfil dos ouvintes do “curso do golpe” grande parte negros e pardos, de origem socioeconômica das camadas mais baixas e simpáticos a partidos de esquerda — reflete a política de admissão de universitários da Rural, como é conhecida. A instituição oferece mais da metade das 2 mil vagas anuais a alunos cotistas, parcela crescente de seus 20 mil alunos. Sediada em Seropédica, um dos municípios mais pobres do Grande Rio, o campus principal da Rural tem 30.000 quilômetros quadrados cinco vezes o tamanho de Brasília. É o maior da América Latina. Desde o nome, a Rural zela pelo espírito bucólico em seu campus. Os alunos caminham tranquilos por espaços amplos, exibindo ritmo próprio, mais lento e despreocupado que a correria das grandes cidades. Nos dias normalmente ensolarados e quentes, calças compridas estão em extinção, substituídas por bermudas e chinelos, no caso dos homens, ou shorts jeans e vestidos acompanhados por rasteirinhas, no das mulheres.

O prédio principal é uma construção de estilo neocolonial de três andares, originalmente erguido como sede de uma fazenda imperial, adornado por um jardim interno florido e um lago artificial. A imponência do prédio contrasta com a dificuldade de manutenção do campus. Alunos dizem que alguns institutos estão sem aulas devido à má conservação dos prédios. Reclamam de paredes e vigas com rachaduras, aparelhos de ar condicionado sem funcionamento, caminhos mal iluminados e segurança falha dentro do campus.

Temas como educação pública, movimento negro, militarização e violência dominaram aulas do curso do golpe, com referências limitadas à queda da ex-presidente Dilma e à prisão de Lula, ocorrida em abril

Nesse ambiente decadente, com queixas frequentes de asfixia administrativa por parte da administração de Michel Temer, a existência do curso do golpe aglutinou opositores diversos do governo mais impopular da história. Foi inspirado no curso oferecido pela Universidade de Brasília (UnB) que provocou críticas exaltadas de Mendonça Filho (DEM-PE), então ministro da Educação. A reação desastrada do governo gerou uma onda de solidariedade, propagando a ideia para várias das mais importantes instituições acadêmicas do país — entre elas UFRJ, UFF, Uerj e Unicamp. 





 

domingo, 8 de outubro de 2017

Fidelidade a Temer afasta risco de denúncia da PGR ser aceita na Câmara

Levantamento sobre o alinhamento parlamentar com o Planalto nos últimos 14 meses mostra que o peemedebista deve ter poucas dificuldades de barrar a denúncia da PGR [não se trata só de fidelidade a Temer; há também  fidelidade à Verdade, à Justiça, que motiva os parlamentares a rejeitarem uma denúncia inepta, sem provas, baseadas em ilações e que tem como principais delatores dois bandidos que o próprio protetor - ex-procurador-geral 'enganot' - quer agora cancelar o acordo generoso que beneficiava aqueles  celerados.]

Denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República em menos de um ano, o presidente Michel Temer permanece forte no Congresso. Em média, 75% dos congressistas votaram alinhados com o Planalto ao longo dos últimos 14 meses, período em que o peemedebista está à frente da República. O levantamento foi feito pela Prospectiva Consultoria. Prestes a enfrentar uma comissão que definirá a validade da acusação de obstrução da Justiça e de participação em organização criminosa, em tese, o presidente deve passar com tranquilidade pelo episódio. Reflexo de muitas negociações, no entanto, a popularidade do presidente entre os parlamentares pode ser abalada por promessas não cumpridas.

Em setembro, segundo o estudo, a fidelidade ao governo na Câmara dos Deputados atingiu 79,64%. “Conseguimos formular esses dados a partir do cruzamento de informações que misturam o perfil do parlamentar em determinada matéria, traçando um panorama de acordo com seu histórico de votos”, explica o analista político Thiago Vidal, da Prospectiva Consultoria. Para embarreirar a segunda denúncia da PGR, que também envolve os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência da República), o Planalto precisa impedir que a oposição consiga os 342 votos que permitem a continuidade das investigações. Antes de ir para o plenário, no entanto, a peça será discutida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde, na próxima terça-feira, haverá apresentação das defesas.

Para o vice-líder do governo, Beto Mansur (PRB-SP), o clima na Casa é favorável ao presidente. “Falando com os parlamentares, eu vejo que o cenário mudou um pouco desde que ele (Michel Temer) assumiu o cargo. Existe resistência, claro, mas hoje ela é menor, até porque o Planalto tem feito um trabalho muito eficiente”, afirma. Embora a média da governabilidade seja boa, integrantes da oposição, aproximadamente 100 parlamentares, acompanharam a orientação do presidente em apenas 36,05% de suas proposições na Casa.

Reuniões
Conhecido por sua enérgica atuação nos bastidores, Temer marcou reuniões em Brasília e em São Paulo para tentar firmar alianças com o legislativo. Confirmada para uma delas, a deputada Shéridan de Oliveira (PSDB-RR) faltou e disse que não tinha “nada para falar com o presidente da República”. Dos encontros entre o Executivo e o Legislativo, surgiu a história de que Michel Temer teria “comprado” o apoio da Câmara na primeira vez em que foi denunciado — por corrupção passiva. Em troca de apoio, teria prometido facilitar a liberação de emendas e viabilizar a distribuição de cargos públicos. [perceberam a razão do comportamento da deputada Shéridan; ao faltar a um encontro com Temer e falar a asneira que não tinha nada para falar com ele, a ilustre parlamentar conseguiu ter seu nome veiculado em um jornal de circulação nacional.

O que ela não conseguiu em no mínimo três anos de mandato.]

Conseguiu enterrar a acusação, mas não pagou todos os credores, segundo os próprios aliados. Agora, dependendo mais uma vez das alianças na Casa, terá que encontrar uma saída viável e, se possível, rápida. De acordo com o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), a previsão é de que o colegiado encerre os trâmites até o fim deste mês.

“Comprando todo mundo é fácil conseguir apoio. O Planalto está se tornando um balcão de negócios, situação muito triste que eu, como constituinte, não imaginava presenciar nunca. Embora os números sejam favoráveis a ele dentro da Casa, nas ruas, você vê índices extremamente baixos sobre a aceitação dele (o presidente da República) perante a sociedade”, afirma a deputada Benedita da Silva (PT-SP). Ela fez referência às pesquisas recém-divulgadas e que apontam menos de 5% de aprovação para o governo de Michel Temer. “Então não há que se falar em um nome forte, e sim em compra de votos”, complementa. [Benedita da Silva é outra que não tem moral para malhar Temer; aproveitou que algum repórter para fechar a pauta fez uma pergunta e não sabendo o que responder optou por malhar Temer.

Temer não está preocupado com a opinião pública e sim em melhorar o estrago que o partido da Benedita fez com o Brasil.

Mesmo que Temer fosse desonesto - até agora nada foi provado contra ele, situação diferente da vivida do mentor da Benedita, o sentenciado Lula da Silva, que já foi condenado e no máximo até meados de novembro receberá mais duas sentenças e terá a primeira confirmada em segunda instância - ele tem competência para recuperar a economia do Brasil, minorar os efeitos da HERANÇA MALDITA que o partido de Lula, o maldito PT, passou para o Governo Temer e competência é algo que falta ao Lula.

Se for culpado, Temer ao terminar o mandato receberá a punição devida. Caso não seja, será absolvido a exemplo do Fernando Collor que foi acusado e depois absolvido pelo STF.]

Para o cientista político Antônio Celso Alves Pereira, “esse troca-troca, com um presidente disposto a fazer as vontades dos parlamentares, acaba contaminando não apenas a divisão dos poderes, mas a própria democracia”. “É justamente para evitar essas negociatas que um julga o outro”, acredita o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Benefício próprio
Em outra pesquisa envolvendo a fidelidade dos parlamentares ao governo, a conclusão é que muito do que foi proposto pelo executivo e aprovado pelo legislativo é direcionado à própria classe política. Sócio-diretor da empresa de monitoramento legislativo SigaLei, Ivan Ervolino explica que, mesmo com toda a pressão, o presidente tem apoio na Casa. “Boa parte disso se sustenta por uma herança partidária. O PMDB consegue jogar, mesmo diante de regras muito complexas. O presidente da República criou uma unidade, mesmo diante de um governo absolutamente fragmentado.”
“Boa parte da fidelidade a Temer se sustenta por uma herança partidária. O PMDB consegue jogar, apesar de regras muito complexas. O presidente da República criou uma unidade, mesmo diante de um governo absolutamente fragmentado”Ivan Ervolino, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Carlos (UFSCar)

 Fonte: Correio Braziliense