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terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Sleeping Giants: sabotagem econômica, chantagem e intimidação - Gazeta do Povo

Vozes - J. R. Guzzo

Sleeping Giants: sabotagem econômica, chantagem e intimidação - Foto:

Uma organização copiada de algo semelhante que existe na militância política extremista dos Estados Unidos, e da qual importou até o nome em inglês, está agredindo de maneira flagrante, sistemática e sem qualquer controle das autoridades públicas um dos mandamentos mais elementares da Constituição Federal do Brasila liberdade de expressão
O grupo se dá o nome de “Sleeping Giants”, ou “Gigantes Adormecidos”, e a sua atividade central é fazer chantagem e ameaças contra empresas privadas que anunciam seus produtos e serviços nos veículos brasileiros de comunicação. Funciona como uma polícia da mídia: eles intimam as empresas a deixarem de anunciar neste ou naquele órgão de imprensa que entrou em sua lista negra, sob pena de sofrerem ataques difamatórios nas redes sociais. Os veículos perseguidos pela organização são, sem nenhuma exceção, publicações que não fazem parte da confederação nacional das redações “de esquerda”; são, portanto, “de direita” e na visão do SG devem ser fechadas. 
Sua arma é a sabotagem econômica. Imaginam que eliminando receitas dos órgãos que perseguem vão levar todos ao fechamento.

A Gazeta do Povo já foi agredida pela organização; não admitem, lá, que este jornal tenha um conteúdo independente, e não aceite se submeter ao consórcio pró-esquerda e pró-Lula que administra hoje o que foram, no passado, os meios de comunicação deste país. Não deu certo, pois a Gazeta continua viva e atuante, mas o SG é um deboche aberto às instituições brasileiras.

 As mais supremas autoridades do Brasil insistem o tempo todo que é proibido pregar contra os princípios democráticos ninguém pode, por exemplo, propor a “desmonetização” das eleições, ou do Congresso e muito menos do STF, com o propósito de fechar tudo por falta de dinheiro; aliás, corre o risco de ir para a cadeia se fizer isso. 
 O SG propõe, diretamente, a eliminação de um preceito constitucional, a liberdade de expressão, que tem tanto valor quando a realização de eleições e o funcionamento dos Poderes Legislativo e Judiciário. É como pregar a volta do Ato 5 e da sua censura algo que o STF garante que está proibido.

    Sua arma é a sabotagem econômica. Imaginam que eliminando receitas dos órgãos que perseguem vão levar todos ao fechamento

A Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão soltou uma nota em que acusa o SG de praticar intimidação contra empresas e veículos de imprensa, e denuncia as suas ações destrutivas em relação ao direito constitucional do pensamento e da palavra livres
É disso, precisamente, que se trata: intimidação, apesar de toda a hipocrisia utilizada pelo SG para justificar suas atividades.
 Empresas fracas, conduzidas por dirigentes medrosos, entram em pânico quando o SG bate à sua porta exigindo que suspendam anúncios no veículo “A” ou “B” – chamam os advogados, convocam os gerentes de “imagem”, abrem mão do seu direito de anunciarem livremente e obedecem correndo as ordens que recebem.  
É uma desgraça a mais, na escalada cada vez mais intolerante contra a diversidade de ideias no Brasil.

Veja Também:

    A lei penal no Brasil privilegia o criminoso e Moro faz bem em tentar mudá-la


     Lula não sabe lidar com os problemas reais do Brasil, por isso inventa inimigos


Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima

J.R. Guzzo,  colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


sábado, 27 de agosto de 2022

Perseguições e censura escancaram tirania da toga e os reais ataques à democracia - Cristina Graeml

Ataques à democracia

Ataques à democracia, daqueles imaginários, que tentam atribuir ao presidente da República ou a seus apoiadores, até hoje não se viu. Já ataques ao Legislativo, ao Executivo ou à instituição do Judiciário, e também ao povo, de onde emana todo o poder, viraram rotina.

Perseguição a empresários, médicos, advogados, cidadãos comuns, censura, intimidação, difamação. É longa a lista de abusos que temos visto no Brasil, sempre partindo de ordens judiciais para lá de descabidas.A semana foi pesada, mas ao menos fez emergir uma revolta que estava contida há muito tempo. 
É verdade que a maior parte daqueles artistas, banqueiros e intelectuais, afeitos a um teatro com cartinhas e atos escancaradamente ideológicos (a título de salvar a democracia), segue calada.

Mas após o episódio das buscas e apreensões em casas e escritórios de empresários que não fizeram nada de errado, apenas conversaram em tom de desabafo num grupo de WhatsApp, a sociedade se insurge contra a tirania da toga.  É gente que por um tempo fingiu não ver ou não se incomodar com inquéritos e prisões ilegais, avanço do Judiciário sobre outros poderes, desrespeito ao processo acusatório, censura seletiva.

Agora que um ministro do STF deu para encarar bisbilhotagem da vida alheia, exposta por um jornalista militante que vazou conversa privada de um grupo de amigos em aplicativo de mensagens, a coisa ficou feia.

Provocado pelos mesmos políticos de sempre, que esperam a imprensa plantar narrativas contra apoiadores do presidente para exigir investigações e fazer alarde, o ministro Alexandre de Moraes despachou a polícia federal para destruir a honra de pessoas honestas mais uma vez.

O diferente, agora, é que a gritaria em repúdio ao ato persecutório com claras intenções de desgastar a imagem do presidente e desarticular suposto grupo de apoiadores, não ficou restrita às redes sociais. Muitos, felizmente, decidiram sair do silêncio e falar mais alto em outras frentes.


Ataques à democracia

Aqueles oito empresários, chamados pejorativamente pela imprensa de "bolsonaristas", como se apoiar um governante fosse algo necessariamente errado, estão entre os maiores empresários do país. Geram empregos e riqueza, mas foram achincalhados com a visita de policiais federais em suas casas, empresas e escritórios, a mando do ministro do STF, Alexandre de Moraes, mesmo sem ter cometido um único ilícito ou infração a qualquer lei vigente no país.

Tiveram celulares apreendidos, perfis de redes sociais bloqueados, sofreram censura perante milhões de seguidores, foram difamados na imprensa e nas redes sociais, expostos à execração pública, tudo a troco de uma acusação leviana, sem qualquer amparo no Código Penal. Estariam planejando um golpe ou algo assim? Não. Nada disso. Na frase que vazou da tal conversa de whatsapp, um único empresário, dizia que "preferia um golpe à volta de Lula ao poder". Só isso. Apenas isso.

Outro reagiu com um emoji. Deu um "joinha" para a mensagem do colega e virou alvo de busca e apreensão! Os demais sequer falaram em golpe.
Para que o espetáculo da operação policial? 
Onde está escrito que não se pode opinar sobre política junto a amigos? Cadê o crime ou os ataques às instituições da República? 
Atacar a democracia não é desabafar com amigos, mas rasgar a Constituição e mandar polícia atrás de inocentes, ao seu bel prazer.
 
Há um agravante nessa operação desastrada.  
]Não foi a primeira vez que o ativismo político do STF avançou sobre a vida privada de gente que jamais teve foro privilegiado. 
A diferença é que, agora, a sociedade parece mesmo ter se insuflado contra tanto desmando.

Alguns dos que tinham embarcado na farsa da cartinha “pela democracia”, que enaltecia o ativismo político do Judiciário e tinha claro viés eleitoreiro, abandonaram o barco. Outros que estavam calados começaram a se manifestar. E quem já denunciava a tirania há anos, gritou ainda mais alto.

Reações à tirania da toga
Compilei em vídeo uma coletânea de reações à tirania da toga, ao ativismo político de juízes e ministros de cortes superiores e aos verdadeiros ataques à democracia, que esta semana chegaram ao seu grau máximo.

De notas de repúdio de entidades de classe a declarações de juristas, há um pouco de tudo. O ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello, deu entrevistas criticando abertamente a perseguição sem sentido contra empresários por parte de seu ex-colega de corte, Alexandre de Moraes.

Outro ministro, do TSE, tribunal agora presidido por Alexandre de Moraes, pediu aposentadoria antecipadamente para não precisar dividir a Corte com quem, segundo disse, não vem sequer respeitando a Constituição.

No Conselho do Ministério Público de São Paulo houve um racha. O corregedor quis homenagear o novo presidente do TSE com voto de louvor e viu o colegiado se rebelar contra a bajulação a quem despreza a existência e a importância de promotores e procuradores de Justiça, golpeando de morte o processo acusatório.

Assista ao vídeo clicando no play da imagem que ilustra esta página e veja como os representantes do MP-SP reagiram à sugestão do voto de louvor tão anacrônico, inoportuno e descabido. Leia ainda aos corajosos editoriais da Gazeta do Povo desta semana, repudiando o avanço do autoritarismo do Supremo Tribunal Federal.


Perseguição a médicos
Veja também a nota pública da Dra. Mayra Pinheiro, ex-secretária do Ministério da Saúde em apoio a dois colegas médicos e pesquisadores, Dr. Flávio Cadegiani e Dr. Ricardo Zimermann, vítimas de mais perseguição e ativismo político de intergantes do Judiciário.

Os dois sofreram busca e apreensão em casa e nas clínicas onde trabalham, imposta por ordem de um juiz federal, em mais um claro processo de ativismo político-ideológico. Mayra, que também foi perseguida por senadores interessados em desgastar o governo durante a CPI da Covid, joga a realidade na cara dos ativistas.

"Nunca fomos terroristas. Nunca roubamos nosso país. Nunca praticamos corrupção. Nunca assassinamos alguém. Nunca recebemos doação ilegal de patrimônio, como sítios ou casas de praia. Nunca fizemos palestras superfaturadas para fazer lavagem de dinheiro. Nunca falamos mal da nossa pátria no exterior. Nunca assaltamos bancos. Nunca sequestramos pessoas. Nunca depredamos o patrimônio público. Nunca pisamos ou queimamos a bandeira brasileira. Nunca patrocinamos ou apoiamos líderes facínoras."

Mayra Pinheiro, médica e professora universitária

A médica segue: "E de que crimes somos acusados? Alguns, por defenderem a liberdade, a família, a vida. Outros, por apoiarem um presidente que trouxe prosperidade, que acabou com privilégios de uma casta que recebia favores ou patrocínios milionários dos cofres públicos."

"E muitos, nos quais incluo milhares de colegas médicos devotados à vida, por entenderem que a ciência não é feita de verdades absolutas. A mesma “ciência” que até hoje, lamentavelmente, é monopólio de grupos com interesses ideológicos ou financeiros."

Assista ao vídeo e depois deixe sua opinião. Devemos ou não nos manifestar contra a tirania da toga e os verdadeiros ataques à democracia?


terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Lewandowski pede investigação contra Bolsonaro por intimidação

Pedido foi feito por suposta intimidação de servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou à Procuradoria-Geral da União (PGR) um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado por suposta intimidação de servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Os técnicos do órgão relataram ameaças poucos dias após Bolsonaro afirmar que divulgaria os nomes dos responsáveis pela aprovação da vacinação infantil contra a covid-19. A solicitação atende a um pedido do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) que aponta o delito de incitação ao crime, previsto no Código Penal, por parte de Bolsonaro. "Quando o noticiado (Bolsonaro) afirma que irá divulgar os nomes dos servidores públicos, ele sabe, pois vem do ambiente político, que não se tratará de debate político e, sim, pessoal daqueles servidores. Deixa de ser a Anvisa a passar pelo escrutínio social e passam a ser seus servidores", disse o pedido do parlamentar.

Na avaliação do advogado Philipe Benoni, especialista em direito penal, para que Bolsonaro seja investigado pelo crime, seria preciso ter evidenciado ainda mais a intenção de atingir os técnicos. "O que interessa para a tipificação do delito de incitação ao crime, previsto no art. 286 do Código Penal, é o dolo. Ou seja, para se caracterizar o crime, é necessário que a incitação seja dirigida à prática determinada conduta de certa de infração penal, não se configurando o delito quando ocorrer uma incitação vaga, imprecisa ou genérica", ressalta. [não nos surpreende o despacho do ministro Lewandowski, acionando um dos seus carimbos/despachos padrão; 
- o parlamentar petista efetuar a denúncia faz parte da sua tentativa de atrair algum holofote - eleições ano que vem, parlamentar esquecido por falta de atuação em prol dos eleitores, precisa atrair atenção e o meio infalível é acusar o presidente Bolsonaro; 
- o encrenqueiro senador do  AP,  parágrafo abaixo, denunciar alguém é o que ele sabe fazer.
O que surpreende é o temor dos servidores da Anvisa, que tomaram uma decisão que lhes compete e querem a proteção do   anonimato. O serviço público tem como característica (imposição constitucional) a publicidade, a transparência e o servidor público que  bem desempenha sua função não tem razão para se proteger no anonimato.  Vale o ditado: quem não deve, não teme.
Eventuais ameaças devidamente tipificadas devem ser apuradas e punidas.]

Assim que Bolsonaro defendeu a divulgação dos nomes dos diretores da Anvisa, a própria agência divulgou uma nota na qual se disse alvo de "ativismo político violento". Ainda há outro pedido de investigação, feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que está sob a relatoria do ministro do STF Alexandre de Moraes. Pela Constituição, cabe ao Ministério Público analisar pedidos de apuração de delitos e, se encontrar indícios de irregularidades, propor a abertura de inquérito.

E-mails ameaçadores
A Anvisa passou a ser alvo de ameaças e intimidações após anunciar a aprovação da vacina Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. Diretores e técnicos relataram e-mails ameaçadores, após o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar que divulgaria o nome dos responsáveis pela aprovação da imunização infantil.

Por conta do episódio, a Polícia Federal anunciou a abertura de inquérito para investigar as ameaças. O procurador-geral da República, Augusto Aras, também enviou um ofício ao presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmando que determinou a "adoção de providências" para "assegurar a proteção" dos servidores.

Não é a primeira vez que integrantes da Anvisa sofrem intimidação. Em novembro, logo no início da discussão sobre a vacinação de crianças, o diretor-presidente da agência, Antônio Barra Torres, relatou que os servidores e terceirizados receberam e-mails com ameaças de morte, caso a instituição aprovasse o uso do imunizante para a faixa etária. Ele pediu proteção das autoridades.

Política - Correio Braziliense


terça-feira, 29 de junho de 2021

Um tempo vagabundo = Renen e Randolfe ...

Renan e Randolfe já deixaram claro que a CPI é para atingir o governo federal, o resto é secundário e evitável

Cursei um ano de Psicologia, antes de ingressar na faculdade de Jornalismo. Não tenho saudade das aulas de Neuroanatomia, impregnadas de nomes estranhos e formol. A melhor lembrança que guardo daqueles dois semestres é do meu professor de Psicologia Social, Bernardo Jablonski. Ele era incrível, era ator, diretor teatral, roteirista. Suas aulas eram concorridíssimas, reuniam estudantes de todos os cursos da universidade, mesmo que não matriculados na matéria.

Estudar como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam umas com as outras é um desafio enorme, que Jablonski apresentava aos alunos com muito humor. Quando falou da dificuldade que temos de mudar a primeira opinião que formamos sobre alguém, os exemplos foram hilários... Se vemos alguém de quem não gostamos ajudando uma velhinha a atravessar a rua, a tendência é que pensemos: “Ele vai extorquir dinheiro da senhora...” E se vemos alguém de quem de cara gostamos socando uma velhinha, tendemos a pensar o seguinte: “A velhinha aprontou alguma”.

A CPI da Covid é assim, já tem opinião formada, relatório pronto e não se convencerá nem será convencida de que esse não é o jeito certo de fazer um inquérito. Os senadores de oposição não escolhem apenas as perguntas, decidem também as respostas. Ai de quem não responder do jeito que eles acham que deve ser. Coação, intimidação, ameaça... Não venha com churumelas, os senadores querem saber da cloroquina do Bolsonaro, não querem saber da cloroquina do médico David Uip, da cloroquina do governador do Pará, Helder Barbalho, do governador do Piauí, Wellington Dias.

Não venha com esse papo de que o Brasil está se tornando o quarto país que mais vacina em termos absolutos no mundo. Poderíamos ser os primeiros! Sério? Os espancadores de velhinhas têm certeza disso. Eles acreditam também que “somos o país que mais mata de Covid no planeta”, como afirmou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues. Lançou essa, enquanto tentava escapar de uma pergunta feita pela repórter Berenice Leite, do Jornal da Cidade On-line.

O que ela queria saber? 
Quando governadores e prefeitos serão convocados para depor na comissão? 
Quando se investigará o uso da bilionária verba federal enviada a estados e municípios para combate à Covid? 
Renan Calheiros, ao lado de Randolfe, disse que já há apurações sobre isso e que não vai fazer “uma dupla investigação”
Só que também já existe uma investigação pedida pela PGR e autorizada pelo STF sobre a conduta do ex-ministro Pazuello na crise em Manaus... Duplicidade, sim, se eles quiserem.

Veja Também: Longe da verdade

Berenice insistiu: “E as investigações sobre cinco governadores encaminhadas à CPI da Covid pelo procurador-geral da República?” Randolfe disse que “qualquer fato correlato, conexo será investigado”, deixando claro de novo que a CPI é para atingir o governo federal, o resto é secundário e evitável. Renan confirmou a estratégia, meio sem querer: “Vamos investigar tudo o que for necessário... dentro de um roteiro óbvio”. E minha primeira impressão permanece: nosso tempo e nossa energia são mesmo vagabundos.

 Luiz Ernesto Lacombe, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Chantagem chinesa? - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Xi Jinping tem intensificado a opressão doméstica e reforçado com muito mais virulência sua agenda de influência externa, com intimidação e ameaças

Fomos surpreendidos esta semana com a notícia de que insumos para a produção de vacinas estavam retidos na China. Especulou-se sobre os motivos, alguns falaram em problemas políticos com o governo Bolsonaro, outros em interesses comerciais, já que outros países poderiam pagar mais para “furar a fila” e obter antes de nós esses insumos.

Em uma entrevista, perguntei ao assessor internacional da Presidência, Filipe G. Martins, justamente sobre a situação com a China, e ele respondeu que era uma polêmica fabricada, que a China está encontrando dificuldades internas para atender a toda a demanda. O embaixador brasileiro no país esteve reunido com o chanceler e escutou dele que não havia nenhum obstáculo político segurando o envio do material.

Não se sabe onde está a verdade, mas o fato é que o Brasil parece ter acordado para o risco de depender de um regime como o chinês. E isso é positivo. Afinal, a China, dominada há décadas pelo Partido Comunista Chinês, representa hoje a maior ameaça ao mundo livre ocidental, e cada vez mais gente se dá conta disso, especialmente após a pandemia que se originou em Wuhan.

Como membros do governo Bolsonaro, como o chanceler Ernesto Araújo, e também um filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, costumam adotar um discurso duro contra as pretensões chinesas, a oposição encontrou no episódio mais um pretexto para desgastar o governo. Não teríamos nossas vacinas por culpa da desnecessária beligerância dos bolsonaristas, que se recusam a adotar uma linha mais pragmática e amena com nosso maior parceiro comercial.

Querem, além de atacar Bolsonaro, uma linha de subserviência perante o regime chinês. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, resolveu bancar o salvador da pátria e, já de saída do cargo, achou adequado marcar uma reunião virtual com o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming. Maia, então, “tranquilizou” o país ao dizer que o embaixador garantiu não haver nenhum obstáculo político, mas sim técnico, na demora para o envio dos insumos. Agora podemos dormir tranquilos!

Maia atua como uma espécie de despachante da ditadura chinesa. Quando o mesmo embaixador enviou cartas a deputados brasileiros “pedindo” que não reconhecessem o resultado das eleições em Taiwan, Maia nada disse sobre esse absurdo. Quando o embaixador trocou farpas com Eduardo Bolsonaro, Maia achou adequado sair em defesa do embaixador, não do deputado mais votado em 2018, que tem todo o direito de criticar o regime chinês.

Pragmatismo não significa subserviência ao regime chinês ou falta de clareza moral sobre os riscos que ele representa

O empresário e ex-secretário de Desestatização Salim Mattar desabafou: “Democracia jabuticaba brasileira. Onde já se viu presidente da Câmara negociar insumos para a saúde? Muito triste isso!”. Podemos apenas imaginar se fosse o contrário, se o Poder Executivo estivesse se intrometendo numa função que cabe ao Legislativo. Qual seria a reação da imprensa, ou do próprio Maia? Mas Maia não liga para esses “detalhes”, pois ele é o grande estadista iluminado lutando contra o obscurantismo tosco de Bolsonaro — ou ao menos nisso ele finge acreditar quando tenta enganar os demais.

A China é nosso maior parceiro comercial, fato. É preciso adotar uma boa dose de pragmatismo, sem dúvida. Nosso agronegócio depende disso, certamente. Mas isso não pode significar subserviência ao regime chinês ou falta de clareza moral sobre os riscos que ele representa. E vários países ocidentais já perceberam isso, subindo o tom contra a China e pensando em estratégias para reduzir a dependência. A postura mais agressiva do regime desde que Xi Jinping chegou ao poder tem produzido uma reação geral, ampliada após a covid-19.

É o que mostra a chinesa naturalizada americana Helen Raleigh, no livro Backlash: How China’s Aggression Has Backfired. Raleigh é uma financista que nasceu na China e obteve cidadania norte-americana. Ela escreve para veículos conservadores e é autora do livro Confucio Never Said, um esforço para tirar da sonolência os norte-americanos que passaram a flertar com o socialismo. No livro, ela conta a história de sua família, torcendo para que as dificuldades vividas na China e a sobrevivência precária sob o regime socialista, reveladas na obra, convençam os norte-americanos de que devem abandonar qualquer tentativa de importar essa ideologia maligna para seu país.

No livro novo, Raleigh traz à tona o intuito imperialista da China. Desde que Xi Jinping assumiu o PCC, o regime tem intensificado a opressão doméstica e também reforçado com muito mais virulência sua agenda de influência externa, o que envolve intimidação, chantagem ou ameaça, quando não é possível simplesmente comprar apoio. A atuação do embaixador chinês antes de assumir seu cargo no Brasil atesta bem isso: ele adotou métodos nefastos durante sua permanência na Argentina. E assim tem sido em quase todas as embaixadas mundo afora.

A relação entre China e Estados Unidos vem se deteriorando bastante diante de nossos olhos, e Trump adotou uma linha mais dura contra o avanço chinês. Vivemos uma Guerra Fria 2.0, com a China no lugar dos soviéticos. O enriquecimento chinês por meio de um capitalismo de Estado agressivo não deve gerar confusão acerca de seu modelo político, que segue sendo o comunismo. Basta ver como bilionários que ousam questionar o regime são tratados no país para se ter ideia de que uma coisa é a conta bancária recheada, e outra, bem diferente, é ter liberdade de fato.

Para Raleigh, o PCC tem um plano abrangente para sua dominância global e o estabelecimento de uma nova ordem mundial. O Ocidente só acordou para essa ambição chinesa recentemente, e está adotando respostas inconsistentes e incoerentes. O primeiro passo para consertar os rumos é admitir a ameaça; o segundo é adotar uma postura de clareza moral, ou seja, ter em mente que praticar comércio com empresas chinesas é algo desejável, mas que há muito mais em jogo aqui, e que nossas liberdades e nossa própria democracia não estão à venda.

A China não brinca em serviço quando o assunto é o controle da hegemonia internacional. Com todos os seus defeitos, os Estados Unidos ainda representam a liderança do mundo livre, contra essa pretensão globalista encabeçada pelos chineses. Defender a soberania nacional se faz necessário. Enfrentar com inteligência o dragão chinês será o grande desafio nos próximos anos. E todo o cuidado é pouco, pois não vai faltar político e jornalista pregando que devemos abrir as pernas e fazer o que a China mandar, em nome do tal pragmatismo e dos interesses comerciais.

No que depender dessa turma, o Brasil será uma província chinesa. Os envolvidos no projeto podem até ficar ricos, mesmo bilionários. Mas cabe lembrar do destino de outros bilionários chineses: uma vez feito o pacto com o Diabo, ele é eterno. Quem paga uma vez ao chantagista nunca mais se livra dele.

Leia também: “Uma nova guerra fria”, artigo de Selma Santa Cruz

Rodrigo Constantino, jornalista - Revista Oeste


sábado, 31 de março de 2018

Intimidação

Juntos, Lula e Bolsonaro triunfaram na Batalha do Sul. Sujeitaram o discurso tucano à sua lógica política

[o artigo é excelente, fazendo honras merecidas ao autor;

apenas parte de uma premissa errada: que Lula continua existindo politicamente.

Lula está queimando, só que ele é um monturo e fogo de monturo demora a extinguir-se, só quando o monturo se extingue e por natureza o lixo é de combustão lenta.

mas o incêndio, e, consequentemente, o que está queimando se extingue antes de outubro próximo.]

“O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!”, gritavam os partidários de Bolsonaro no Paraná, plagiando o antigo bordão dos fiéis lulistas para expressar sua repulsa ao jornalismo, em geral, e à Globo, em especial. Mais surpreendente, talvez, foi outro paralelismo registrado em meio aos ataques à caravana de Lula no Sul. “Lula quis transformar o Brasil num galinheiro; agora está colhendo os ovos”, declarou Bolsonaro. “Estão colhendo o que plantaram”, declarou Alckmin. Por que eles não articulam uma chapa única —a coligação “Pau, Pedra, Ovo e Tiro”?
 
Nas emboscadas à caravana eleitoral lulista, queimaram-se pneus. Quantas vezes os movimentos que orbitam ao redor do PT incendiaram pneus para atingir objetivos partidários simulando protestar em nome de reivindicações sociais? Enquanto, no Sul, a baderna envolvia os militantes lulistas, no Nordeste o MST invadia uma fábrica de Flávio Rocha, recém-declarado candidato presidencial. As milícias que se coordenaram contra a caravana evidenciam a força da pedagogia da intimidação. “Petistas da direita”, eis uma alcunha apropriada para os arruaceiros que perseguiram Lula. Quando Alckmin pronuncia seu elogio implícito da violência política, está dizendo que, ganhando ou perdendo as eleições, o PT venceu —isto é, que não há mais espaço para a divergência democrática no Brasil.
 
A política da intimidação nasce da pulsão totalitária. “As ruas são nossas” —a ideia de expulsar os rivais da praça pública sempre foi um traço comum aos partidos fascistas e comunistas. O PT não é uma coisa nem a outra, mas assimilou as práticas do castrismo, fonte mítica de inspiração para suas principais correntes. Daí, os “atos de repúdio” contra “inimigos do povo”, a vandalização de debates acadêmicos ou eventos de lançamento de livros, as invasões políticas de propriedades patrocinadas pelo MST (o “exército do Stédile”, que opera como milícia de Lula), as agressões a concorrentes em atos eleitorais. O Alckmin que justifica os petistas da direita está, de fato, celebrando os petistas do PT.67
 
O pilar central da democracia é o princípio do pluralismo: a crença compartilhada de que nenhum partido singular tem o monopólio da verdade. A política da intimidação equivale a uma insurreição contra a democracia. É essa a chave para interpretar o cerco dos milicianos à caravana de Lula. Na hora do impeachment, um clamor pela cassação do registro do PT escorreu dos arautos de uma “nova direita” avessa ao pluralismo. [deve ser considerada a existência de dois tipos de pluralismo:
- o que expressa o pluralismo de ideias e que é sempre bem-vindo; e,
- o que pretende eliminar ideias, aceitando como válidas apenas as que defende.
PT e outras coisas da esquerda usam o gancho debate de ideias, desde que o resultado seja a prevalência do que defendem; divergiu passa a ser contrário ao maldito 'politicamente correto'.] A causa da abolição do PT fracassou, assim como se desvaneceram as esperanças na simples desaparição do partido. O projeto liberticida mudou de alvo: trilhando um longo desvio para atingir a mesma meta, eles empenham-se em forçar a prisão de Lula. Os ovos, pedras, paus e tiros desferidos contra a caravana devem ser entendidos como instrumentos de persuasão dos ministros do STF. No Sul, mirava-se o julgamento de 4 de abril.
 
João Doria entendeu isso, explicitando a demanda dos milicianos. Depois de repetir Alckmin (“o PT sempre utilizou da violência; agora sofreu da própria violência”), Doria esclareceu o que se pretende: “Não recomendo ovos, e sim prisão para ele”. As lideranças petistas habituaram-se a ameaçar juízes com o espectro da convulsão social, na hipótese da prisão de Lula. O porta-voz voluntário dos petistas da direita produziu uma ameaça simétrica: a convulsão social seria o fruto do habeas corpus para Lula. A política da intimidação eleva-se a um patamar inédito quando aderem a ela os candidatos tucanos ao Planalto e ao Bandeirantes.
 
Fogueiras de pneus pertencem ao universo dos petistas —os de esquerda ou os de direita. Lula e Bolsonaro triunfaram, juntos, na Batalha do Sul. Eles configuraram o noticiário e sujeitaram o discurso tucano à sua lógica política. Aos vencedores, irmãos-inimigos, uma chuva de ovos.
 
 

domingo, 13 de novembro de 2016

Enterrando a Lava Jato: o Congresso contra-ataca

VEJA desta semana mostra como Congresso, sob as bênçãos do Planalto e dos partidos, tem reagido politicamente ao cerco da Operação Lava Jato

A edição de VEJA desta semana mostra como Congresso, sob as bênçãos do Planalto e dos partidos, tem reagido politicamente ao cerco da Operação Lava Jato. Alvo de oito inquéritos no âmbito do petrolão, o presidente do Senado, Renan Calheiros, convida o juiz federal Sergio Moro e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dellagnol, para debater o polêmico projeto de lei sobre abuso de autoridade. 

Na teoria, intenções democráticas do peemedebista. Na prática, como interpretam Moro e os procuradores, intimidação dissimulada. Enquanto isso, o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), indicado ao posto pelo encarcerado Eduardo Cunha, costura com um assessor do presidente Michel Temer um projeto de lei que altera os acordos de leniência. A medida, dizem generais da Lava Jato, “aniquilaria” a operação. 

Ainda na Câmara, enquanto alguns deputados tentam anistiar a prática do caixa dois buscando, malandramente, uma brecha no relatório que o criminaliza, outras excelências, ainda menos decorosas, defendem a aprovação de uma emenda que conceda o perdão generalizado à prática.

Para ler a reportagem na íntegra, compre a edição desta semana de VEJA no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no iba clube.