Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador encruzilhada. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador encruzilhada. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Campos Neto fez o que Lula queria e o deixou numa encruzilhada

É incomum um presidente se referir a um funcionário com insinuações públicas sobre supostos delitos éticos no comando da autoridade monetária

“Esse rapaz…” — é a forma como Lula se refere em público a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. O tom e a sequência das frases não indicam tratamento cortês, distanciado, de uma pessoa 23 anos mais velha a alguém nascido em 1969, ano em que celebrava o primeiro mês de casamento com a mineira Maria de Lourdes da Silva, irmã do amigo Lambari, Jacinto Ribeiro dos Santos na carteira de identidade. Ela morreu dois anos depois, vítima de hepatite e grávida — o filho também não sobreviveu.

Lula não gosta de Campos Neto. Faz questão de deixar isso muito claro todo o tempo. Nesta quarta-feira (2/8), por exemplo, em entrevista a correspondentes estrangeiros, horas antes do Banco Central cortar a taxa de juros (0,5%), pela primeira vez em um ano: “Esse rapaz que está no Banco Central, me parece que ele… Não sei do que ele entende, mas ele não entende de Brasil e não entende de povo.” [convenhamos que Campos Neto estaria se rebaixando ao nível de  um 'lula da silva' caso  perdesse tempo pensando sobre o que atual presidente do Brasil expele verbalmente,  sobre economia e outros temas atuais.]

Continuou: ” Então, tem uma lógica… Eu não sei a quem ele está servindo, não sei, sinceramente eu não sei. Aos interesses do Brasil, não é…”

Não é só pelos juros, dos mais altos do planeta, ou pela camisa amarela, apropriada pelo bolsonarismo como símbolo eleitoral, que Campos Neto vestiu, foi à rua e se deixou fotografar na eleição de outubro passado. Lula sempre escolheu adversários por instinto. Alguns demonizou temporariamente, caso de Geraldo Alckmin, seu vice-presidente. Transformou outros em inimigos permanentes. O desprezo contido (“Esse rapaz…”) sugere ter decidido enquadrar Campos Neto numa transição de molduras — de adversário para inimigo.

É incomum um presidente se referir a um funcionário dessa forma, ainda mais com insinuações públicas sobre supostos delitos éticos no comando da instituição que é a autoridade monetária (“Não sei a quem ele está servindo”; “aos interesses do Brasil, não é…”)

Lula viu em Campos Neto algo que não gostou, e não significa que esteja certo. Em seis meses de governo, nunca recebeu o presidente do Banco Central, mas também não se conhece registro de pedido de audiência. [tem mais: se o apedeuta que preside o Brasil convocasse Campos Neto para uma audiência, muito provavelmente,o presidente do BCB encontraria uma forma de ser representado por algum subalterno.]

É um duelo entre desconhecidos. Por opção de Lula, que aparenta ter esquecido na cela de Curitiba, onde amargou 580 dias preso, sua antiga e peculiar leveza nas relações.

Getulio Vargas, a quem elegeu como referência, fazia inimigos por instinto utilitário. “O senhor tem inimigos?”, provocou o biógrafo Emil Ludwig numa conversa citada em “Getulio”, de Lira Neto. “Devo ter; mas não tão fortes que não possa torná-los amigos”, ele rebateu. “E amigos?”, ironizou Ludwig, que ouviu: “Claro que os tenho; mas não tão firmes que não venham a se tornar inimigos.”

Campos Neto, provavelmente, surpreendeu Lula com o voto decisivo para a redução da taxa de juros. Não há razão para se imaginar que tenha sido motivado pela armação patrocinada pelo Planalto no Senado para submetê-lo a julgamento — até porque, nessa hipótese, o governo se lançaria num abismo político com consequências econômicas imponderáveis.

A despeito da motivação, o presidente do BC fez o que Lula desejava há meses, mas o deixou numa encruzilhada.

Como as contas nacionais de 2023 estão praticamente liquidadas, e em Brasília raros são aqueles que acreditam num déficit de apenas 1% do Produto Interno Bruto,  o problema, agora, está nas contas públicas do ano eleitoral de 2024.

Para fechar o próximo ano com déficit zero, como anunciado, Lula precisa acelerar a atividade econômica desde já, num ritmo há tempos perdido nos livros de história, sem os meios necessários para tanto — precisa jogar com a sorte. A alternativa é aumentar impostos, a carga tributária, numa derrama de curto prazo. O risco é vitaminar a oposição. [cabe registrar que 0,25% de redução, pode facilmente ser compensado com 1% de elevação no próximo mês - basta que se torne necessário = ou alguém acha que  Campos Neto leva em conta o que Lula pensa a seu respeito.]

José Casado, colunista - Revista VEJA

 

domingo, 12 de março de 2023

A economia, a política e os candidatos a amigos - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os dados da inflação não vieram bons nesta semana, especialmente o que os economistas chamam de núcleo do índice, não tão vulnerável aos choques de um ou outro item. A taxa parece resiliente. Nuvens carregadas, que prenunciam turbulências econômicas e políticas. Mantidas as atuais metas inflacionárias, o Banco Central dificilmente afrouxará os juros, se é que não vai apertar. E é pule de dez que, nesse caso, o governo não ficará só reclamando pela imprensa. [pergunta: o que o desgoverno do petista pode fazer além de vociferar, expelir bobagens? 
Usar a maioria no CMN para afrouxar medidas necessárias ao combate a inflação, certamente,  não vai melhorar o conceito do atual governo. FATO: o desgoverno acabou - aliás, o boquirroto que declararam presidente e que sempre fala demais, e bobagens, se vangloriava de que começou a governar antes da posse; só que, estupidamente, parou de governar imediatamente antes da posse. Que fez a trupe que ocupa o Poder Executivo da União de útil para o Brasil e os brasileiros - especialmente os mais pobres? do dia 1º janeiro até hoje? (72 dias corridos). Citando uma realização: aumentou o salário mínimo em R$ 18. CLIQUE AQUI PARA OUTRAS.
Em tempo: em nossa opinião, pensada com o cérebro, não com o intestino,  lamentavelmente, os juros precisam de mais um ou dois ajustes.]

A tática governamental, por enquanto, tem sido dar sinais de que vai caminhar com alguma responsabilidade fiscal, na expectativa de sensibilizar o mercado e influenciar positivamente as expectativas, criando assim as condições para o BC não ter outro caminho a não ser desapertar a corda no pescoço da economia. Na teoria, pode funcionar. O problema talvez sejam os fatos, sempre teimosos. Os últimos números da inflação enquadram-se nessa categoria.

Um fato é o juro real do Brasil ser líder no mundo. Outro fato é a inflação estar num patamar desconfortável para a autoridade da moeda, pois mesmo com o juro obeso as taxas caminham longe do atingimento da meta. [em outubro/22, mês em que o risco do petista ser eleito aumentou, a inflação iniciou um discreto viés de alta, intensificado  em janeiro/2023 e continua crescente.] Onde está o nó? 
A tarefa legal do BC é buscar a meta, mas o governo acha o alvo atual irrealista. 
Na teoria, não seria complicado resolver: o governo tem dois dos três votos do Conselho Monetário Nacional, pode subir a meta.

É possível que o Planalto esteja preparando terreno para fazer isso. E vem aí o projeto de uma nova âncora fiscal, [projeto próximo, em inutilidade, ao da criação da moeda única.] para substituir o falecido teto de gastos. Por enquanto, revogou-se parcialmente a desoneração dos combustíveis e taxaram-se as exportações de petróleo, num esforço para aumentar as receitas e ajudar o resultado primário. Um sinal bem claro de que o governo não economizará esforços para arrecadar. [arrecadar, não podemos esquecer, via AUMENTO DE IMPOSTOS.]

Ao mesmo tempo, não dá sinal de nenhum esforço para cortar gastos. O que tampouco deve provocar surpresa. A linha econômica em execução segue as convicções dos eleitos. É verdade que havia alguma fé em que a frente ampla para eleger Luiz Inácio Lula da Silva produziria, talvez por geração espontânea, um governo algo liberal e austero na economia. Neste caso a fé não parece, por enquanto, capaz de mover montanhas.

Tivesse maioria parlamentar confortável, o governo certamente partiria para uma reforma mais estrutural, acabando com a autonomia do BC. Sem isso, precisará ater-se ao seu próprio cercadinho, e é bom, portanto, ficar de olho numa eventual elevação da meta de inflação.  
O que traz o risco de mais deterioração de expectativas, e daí mais aperto vindo do BC. 
Só que, na prática, é o caminho hoje disponível para o governo agir sem depender do Parlamento.

Onde aliás o Executivo vive uma encruzilhada. Não tem uma maioria firme, nem goza de um potencial alinhamento programático, algo que sempre reduz o custo de manter uma base funcional. 
O governo é de esquerda e o Congresso inclina-se à direita. 
Na teoria, este poderia ser disciplinado com verbas e cargos, mas nem todo o estímulo material transformará bancadas eleitas em alinhamento com Jair Bolsonaro numa cidadela em defesa do programa do PT.

Lula, experiente, sabe que corre o risco de concessões maximalistas que produzam, no máximo, apoio congressual minimalista. E resiste. O risco para ele está em a desaceleração econômica, agravada pelo esforço do BC para conter a inflação, trazer uma corrosão de popularidade que empodere os hoje candidatos a amigos, inimigos até outro dia e que não teriam nenhuma dificuldade para voltar a ser. [afinal, os interesses do Brasil e dos brasileiros estarão sempre acima dos desejos da malta esquerdista.]

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 Discurso misterioso de Bolsonaro trouxe um recado a Moraes

O discurso enigmático, dúbio e golpista de Bolsonaro na sexta-feira, 9, também trouxe um recado velado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

É claro que o presidente não perderia a chance de expor mais uma vez suas ideias infundadas diante de seus seguidores fanáticos. “Nós estamos lutando – quando eu falo nós – sou eu e vocês – pela liberdade até daqueles que nos criticam. O Brasil não precisa de mais leis, o Brasil precisa que suas leis sejam efetivamente cumpridas. Nós temos assistido, dia após dia, absurdos acontecerem aqui em nossa pátria”, afirmou.

Bolsonaro volta a falar de liberdade. Para ele, Moraes é um dos principais “inimigos” dessa liberdade que ele jura defender. Além disso, ao dizer que ele e o povo tem assistido “absurdos acontecerem aqui em nossa pátria”, estava se referindo às decisões de Moraes que, segundo os bolsonaristas, são absurdas.

É o que a coluna apurou com interlocutores do presidente. [até que estávamos levando em conta a possibilidade de pelo menos nesta matéria, o jornalista militante estar sendo leal ao seu compromisso com a verdade = ao que entendemos DEVER PRIMEIRO E MAIOR dos jornalistas que honram a profissão; 
mas, a partir do momento que ele se valeu do termo  = interlocutores do presidente = para explicar a origem do que a matéria narra, passamos a ter a certeza de estar o jornalista apresentando uma narrativa para justificar o uso de inverdades das quais se valeu para cumprir a pauta. 
Aliás muitas jornalistas se valem de frases do tipo para expressarem desejos pessoais como fatos.
De qualquer modo,  vamos transcrever o que o jornalista escreveu, mas reduzindo apreciavelmente o nível de credibilidade.]

Há meses, o ministro Alexandre de Moras tem travado uma batalha incansável para defender a Constituição. [Em nossa opinião o autor da matéria parece ter a convicção de que não fosse o esforço do ministro Moraes a Constituição já teria sido destruída.] Temos a convicção de que  Bolsonaro tem razão. As leis do país precisam ser efetivamente cumpridas e é isso que Moraes está tentando fazer.

O ministro tem atingido o bolsonarismo em cheio, como no pedido de afastamento de um prefeito e na determinação da prisão de um empresário ligado aos movimentos antidemocráticos em frente aos quartéis. [Sugerimos ler: O novo superpoder do Supremo: afastar prefeitos - Alexandre Garcia. Outra também do Garcia: Depois de ser Câmara de Vereadores, Alexandre de Moraes agora quer ser Detran.]

O presidente também lembrou a facada que levou em 2018, em mais um discurso que tem repetido há anos. “Estou há praticamente 40 dias calado. Dói, dói na alma. Sempre fui uma pessoa feliz, no meio de vocês, mesmo arriscando a minha vida no meio do povo, como arrisquei em Juiz de Fora, em setembro de 2018”, disse.

De frente para os seus apoiadores, que compram todas as suas teorias estapafúrdias, Bolsonaro ainda falou que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo. O mandatário disse que “hoje estamos vivendo um momento crucial, uma encruzilhada” e chamou os dias após a eleição de “provação”.

O discurso de sexta mostra, mais uma vez, o despreparo de Bolsonaro para o cargo de presidente da República. Mesmo tendo sentado na cadeira por 4 anos, a postura ainda é distante do que deveria.  O presidente falou a alguns poucos apoiadores e o restante do país continua sem uma satisfação de seu líder. Triste forma de encerrar um governo que será lembrado pela ineficiência e descaso com o povo. [qualquer análise séria e imparcial mostrará que apesar de uma pandemia, dos boicotes, até mesmo sabotagens, que seu Governo sofreu, o Brasil sob Bolsonaro está bem melhor do que o que ele recebeu = e notem  que o Temer conseguiu fazer alguns ajustes na área econômica que tornaram menos maldita a herança que ele recebeu da 'engarrafadora de vento', Dilma Rousseff.] 

Matheus Leitão - Coluna em VEJA


sábado, 9 de abril de 2022

Por que o conservadorismo é melhor que a esquerda ? Sérgio Alves de Oliveira

Conservador se redime pela roubalheira da esquerda

Uma explicação muito mais completa do que qualquer tratado de política poderia fazer  em relação à  realidade política brasileira - considerando conservadorismo, direita, esquerda, progressismo, capitalismo, comunismo, esquerdismo, e outros tantos “ismos”- está  num pequeno trecho da canção intitulada “Homem com H”,magistralmente interpretada por Nei Matogrosso,que resumidamente bem define a política brasileira. Ei-lo:

“Se correr o bicho pega; se ficar o bicho  come”.

Mas as experiência políticas enfrentadas pelos brasileiros em toda a sua história demonstram claramente  que os governos de esquerda foram muito piores  que os de “direita”. Apesar de algumas  falhas “sanáveis”, a direita “perde”, de longe,para a esquerda,tanto no aspecto da corrupção governamental,quanto na  abordagem  “desenvolvimentista”. Na “direita”, enquanto governou, se viu bastante progresso; na esquerda,somente
atraso,demagogia e corrupção
. É só colocar lado a lado os dois “tempos”.


Ora,nessa nefasta alternância de poder que existe no Brasil,através da prática da sua deturpada democracia,o “normal” deveria ser que os novos fossem sempre melhores que os “antigos”. Aí sim aconteceria de fato e de direito uma boa alternância de poder e a verdadeira “evolução” da política ,que seria o objetivo final. A chamada “alternância do poder” estaria plenamente justificada e validada.

Por conseguinte,a “alternância” de poder na prática da democracia mediante eleições centradas em valores “democráticos” pervertidos geralmente não consiste em qualquer melhoria na política,antes,porém, na manutenção,no “estacionamento”da mesma situação,embora com atores diferentes,ou até a “pioria” do “status quo ante”.

O desastre político que se estabeleceu com a tomada [sic] do poder pela esquerda, que sucedeu o Regime Militar, a partir de 1985, agravando-se consideravelmente no período de governança do Partido dos Trabalhadores,de 2003 a 2016,com Lula da Silva, e Dilma Rousseff,demonstra de forma inequívoca a correção da tese de que a “alternância” do poder nem sempre configura uma mudança para melhor, mas pode ,também, significar uma mudança para “pior”, no que tange à satisfação dos legítimos interesses do povo, à paz social,à segurança,ao desenvolvimento econômico,à mais justa distribuição de renda ,e à administração da Justiça.

As experiências esquerdistas que marcaram presença no Brasil ocorreram principalmente a partir do Governo João Goulart (de 08.09.l961 a 01.04.1964), que era “vice” de Jânio Quadros , que renunciou à Presidência em 25 de agosto de 1961,após poucos meses de governo,e que acabou sendo apeado do poder pelo movimento cívico-militar de 31 de março de 1964.

Mas a esquerda retornou ao poder,
após uma “interrupção” de 21 anos, devido ao encerramento espontâneo do Regime Militar,em 1985,com a eleição indireta de Tancredo Neves,que morreu antes da posse,dando lugar ao Vice-Presidente , José Ribamar Sarney, tendo início aí o império “vermelho” ,cujo apogeu se deu de 2003 a 2016/18,com Lula e Dilma.

Sentindo-se “dona” da situação,no Governo Sarney, a esquerda começou a planejar a edição de uma nova constituição,que melhor atendesse aos seus interesses e ideologia. Com efeito,em 1987 instalou-se a respectiva Assembléia Nacional Constituinte,que aprovou a nova Constituição,que entrou em vigor em 1988,”descaradamente” defendendo princípios de esquerda,com uma infinidade de “direitos” para quase “nada” de obrigações e deveres,resultando numa “conta”absolutamente impagável,principalmente nos dispositivos referentes às “garantias e direitos fundamentais”

E o paradoxo de toda essa situação é que a “tal” constituição de 1988 foi escrita para acabar com qualquer resquício do Poder Mlitar,ao passo que nos dias de hoje são justamente os militares que marcham ao lado da “esquerdalha” para defender essa constituição que foi feita “contra” eles ,e a favor dos princípios totalitários da esquerda.

Antes do Governo Goulart,nenhum governo mereceu ser tachado de “direita”,ou de “esquerda”.  Também não de “Centro”.

Mas a relativa “neutralidade ideológica” antes de Jango somente acabou com o surgimento da esquerda,muito prestigiada nesse governo.. A partir desse marco,todos aqueles que não eram de “esquerda’ passaram a ser tachados de “direita”,ou de“centro”.

Mas a escancarada derrota da esquerda para a direita não é “coisa” só de Brasil. Olhe-se o mundo. A conclusão será a mesma. Nenhum país socialista prosperou mais que os países capitalistas e democráticos, inclusive,e principalmente,no aspecto social,que é alvo exclusivamente de “discursos” da esquerda,que mantém os povos mais miseráveis e os governos mais corruptos do mundo.

Essa é a encruzilhada a ser definida pelo povo brasileiro em outubro de 2022 !!!

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e sociólogo

 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

A oportunidade - William Waack

O Estado de S.Paulo

Uma onda política sem precedentes abriu uma janela histórica

A década foi curta, parafraseando título famoso de livro de Eric Hobsbawm. Começou com a vitória do “dedaço” de Lula em 2010 (a primeira eleição de Dilma) e terminou com a onda disruptiva de 2018. Destaco essa onda, e seu resultado eleitoral, como o principal fato do período, sabendo muito bem que é impossível tomá-lo de forma isolada (mas nosso editor de Política, o Eduardo Kattah, disse que os colunistas só poderiam destacar um fato).

Ela alterou os rumos da política, destruiu figuras consolidadas, encerrou um período de capitalismo de Estado que produziu resultados catastróficos do ponto de vista econômico – mas, sobretudo, moral , destruiu por período ainda imprevisível o chamado “centro” do eleitorado político, alterou o funcionamento do sistema de governo (com o Legislativo encurtando as prerrogativas do Executivo). Por último, expôs à sociedade o severo desafio que uma geração (a partir de 1988) não conseguiu enfrentar de forma satisfatória: o de diminuir a desigualdade, aumentar a prosperidade e encurtar a diferença que separa o País das economias mais avançadas.

A natureza da onda é disruptiva, pois afetou a credibilidade de instituições centrais para o funcionamento da política nacional, e não foram só lideranças ou partidos estabelecidos. A onda disruptiva mexeu com fundamentos do estado de direito, como está demonstrado no embate entre setores do STF e a Lava Jato. Colocou o País diante de uma encruzilhada complexa, que é definir quem, no fim das contas, estabelece o controle sobre a esfera da política. Jogou suas elites econômicas que se dizem “liberais” nas ideias diante da tarefa de que modelo adotar de funcionamento do Estado e suas decisões.

A onda arrasou a credibilidade de setores importantes da mídia, especialmente grandes grupos de comunicações. Acentuou pelas redes sociais o comportamento “tribal” de vastos segmentos da sociedade, demonstrando que a moderna tecnologia de informação não é sinônimo automático de “avanço” ou “progresso”. As redes, ao mesmo tempo causa e efeito, tornaram ainda mais fechadas e excludentes as “tribos” políticas ou culturais que hoje nem sequer conseguem concordar sobre fatos, ou se dispõem a admitir fatos que não combinem com o que já pensam.

Ela tem menos o caráter de “revolução conservadora” do que alguns de seus principais beneficiados (começando por Jair Bolsonaro) gostariam. Na sua essência, ela traduziu uma enorme indignação e insatisfação populares com um “sistema” entendido como contrário a qualquer um que é honesto, trabalha e se esforça. Partes integrantes do “sistema”, nessa percepção bastante disseminada, são imprensa, políticos, partidos, Legislativo, impostos exagerados e incompreensíveis, um conjunto sufocante de leis e regulamentos.

A mesma onda expôs a difícil encruzilhada a que chegou o Brasil, país que se tornou velho antes de ficar rico. Falhou nossa tentativa de construir um Estado de bem-estar social apoiado em crescentes gastos públicos, que nem sequer uma carga tributária inédita entre economias de países comparáveis consegue sustentar. E expôs a necessidade de as elites pensantes encararem outra questão desagradável: qual a razão da nossa produtividade permanecer tão baixa durante tanto tempo?

Essa onda ocorreu também por causa de um fenômeno positivo de engajamento político de vastas camadas da sociedade. Há não só um interesse inédito do público por política, mas uma crescente percepção de que a dedicação à política traz resultados e mudanças, ainda que seja notória a frustração com a velocidade com que as transformações ocorrem. A onda disruptiva abriu uma janela histórica de oportunidade. Quem sabe ela também reforçará a noção de que a realização dessa oportunidade não é automática, e só depende de nós.
William Waack, colunista - O Estado de S. Paulo
 
 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A traição original

Lula da Silva poderia ter conduzido o País rumo ao benfazejo destino que antes era apenas sonhado. Mas, na encruzilhada da História, fez sua opção. Traiu o Brasil e os brasileiros


Uma característica bastante lembrada do sr. Lula da Silva - que muitos ingênuos chegam a considerar um “talento político” do ex-presidente - é a desfaçatez com que ele procura se desvencilhar de membros de seu mais íntimo círculo relacional sempre que, por imposição das circunstâncias, eles venham a representar um embaraço às suas pretensões de poder, estas postas sempre à frente de quaisquer laços que venham a ser estabelecidos com o ex-presidente, sejam pessoais ou políticos. O caso mais recente desse esquecimento seletivo de Lula envolve a presidente cassada Dilma Rousseff, alguém que simplesmente não existiria na vida político-eleitoral não fosse a ação direta de seu inventor.

Diante do desastre que foi a passagem de Dilma Rousseff pelo Palácio do Planalto, cuja irresponsabilidade no trato das contas públicas, a frouxidão no combate à inflação, a profunda recessão econômica e o desemprego representam um legado indefensável até mesmo para os padrões do Partido dos Trabalhadores (PT), a presidente cassada vem sendo sistematicamente tratada como um estorvo pelo chefão e pelo partido que com ele se confunde. Em recente entrevista ao jornal espanhol El Mundo, Lula da Silva disse que os eleitores de Dilma Rousseff “sentiram-se traídos” em virtude da agenda econômica adotada por ela após a vitória na eleição presidencial de 2014, agenda esta diametralmente oposta ao discurso da candidata durante aquela campanha. “Houve uma decisão do governo de fazer o ajuste (fiscal). Quando o governo anunciou o ajuste, no final de dezembro (de 2014), o governo jogou fora a base social que tinha eleito o governo. As pessoas se sentiram traídas”, disse o ex-presidente.

Ora, é o caso de indagar por que “as pessoas se sentiram traídas”. O descalabro econômico que marcou o primeiro mandato de Dilma Rousseff, cassada por ter cometido crime de responsabilidade, impunha a adoção de uma dura política de ajuste fiscal a partir de seu segundo mandato, sob pena de paralisar o País e, assim, arruinar o plano engendrado por Lula da Silva para manter seu partido no poder durante décadas.  É importante lembrar que o próprio ex-presidente Lula, o mesmo que agora critica a tentativa de ajuste em jornais estrangeiros, fez enfáticas gestões com Dilma Rousseff para que esta substituísse a sua equipe econômica, nomeando para cargos-chave do governo profissionais de mercado que são publicamente conhecidos por suas posições em defesa da austeridade fiscal, o que contrastava com a política de gastos descontrolados que marcou as gestões lulopetistas e levou àquele estado de absoluto descontrole que uma campanha eleitoral mentirosa escondeu dos brasileiros.

Longe de qualquer sinal de contrição, as críticas de Lula da Silva à sua antecessora são movidas tão somente por seus interesses eleitorais, se não como o candidato do PT à Presidência na eleição de 2018 - o que hoje depende de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) -, como um possível cabo eleitoral em defesa do “legado” petista. Por mais que tente, Lula da Silva não pode se desvencilhar de seu verdadeiro legado desde a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder central, em 2003: uma profunda recessão econômica e a instalação de um sistema de corrupção sem precedentes na História do País, engendrado para submeter o Estado ao serviço do partido e de seu projeto de poder, além, é claro, de garantir uma próspera existência a seus próceres à custa do dinheiro público.

Tido como o primeiro operário a chegar à Presidência da República, favorecido por uma base de apoio popular e congressual sem precedentes, além de ter a seu favor a conjuntura internacional, Lula da Silva, caso inspirado por bons desígnios, poderia ter conduzido o País rumo ao benfazejo destino que antes era apenas sonhado. Mas, na encruzilhada da História, fez sua opção. Traiu o Brasil e os brasileiros. 
 
Fonte: O Estado de S. Paulo - Editorial

 

domingo, 18 de dezembro de 2016

O ano da encruzilhada

E se nunca pudermos sair de 2016?

E se nunca pudermos sair de 2016? Esta pergunta me impressionou, embora fosse apenas uma piada. O ano foi tão intenso que parece um longo pesadelo. Talvez tenha sido intenso para todos, mas aqui no Brasil, com a profunda crise econômica e um toque de realismo fantástico, 2016 foi mais assustador. Às vezes penso que toda essa intensidade não se deve apenas ao ano que termina. Num mundo conectado, muitos de nós consultam a internet de 15 em 15 minutos e ficam desapontados quando não acontece nada.

Nossa demanda por fatos novos parece ter aumentado. O Brasil tem sido generoso, embora os fatos sejam quase sempre negativos e não nos levem, necessariamente, a lugar nenhum. Ferreira Gullar dizia que a vida não basta, daí a importância da arte. Goethe, por sua vez, dizia que a arte é um esforço dos vivos para criar um sistema de ilusões que nos protege da realidade cruel. Dentro de um universo mais amplo, a política também deveria ser um sistema de ilusões que nos ampara da brutalidade do real. Carmem Lúcia, de uma certa maneira, expressou isto quando disse ou democracia ou guerra, referindo-se a uma possível falência do estado, o que nos jogaria numa batalha de todos contra todos.

Navegamos em águas tempestuosas. O processo político que era destinado a melhorar nossa convivência tornou-se, ele mesmo, uma expressão da realidade mais tosca e brutal. Renan Calheiros foi para a cama com sua amante e até hoje estamos tentando tirá-lo do cargo, não por suas aventuras amorosas, mas por um enlace mais perigoso entre empreiteiros e políticos. 


Ele não cai por uma paixão proibida, mas sim porque defende o vínculo com os financiadores das campanhas, riqueza pessoal e até dos seus momentos românticos. Renan é um general da luta contra a Lava-Jato, embora Lula reclame esse posto e ninguém lhe dê muita atenção no momento. O papel histórico de Renan foi coordenar uma reação às investigações, usando como pretexto a lei de abuso de autoridade. Mesmo se um general cair, e nada mais sustenta Renan exceto gente correndo da polícia, a batalha final entre um sistema de corrupção estabelecido e as forças que querem destruí-lo ainda não chegará ao final.

E é essa batalha, com a nitidez às vezes perturbada pelas peripécias individuais, que está em jogo. Na verdade, ela está, nesse momento, apontando para uma vitória popular. Quando digo vitória, digo apenas tomada de consciência. O sistema de corrupção que a Lava-Jato enfrenta, com apoio da sociedade, é muito antigo e poderoso. E essa batalha vai lançar luz na antiguidade e no poder da corrupção no Brasil. O próprio STF é um órgão do velho Brasil, organizado burocraticamente para proteger os políticos envolvidos. Jornalistas que combateram o governo petista agora hesitam diante da manifestação popular. “Vocês estão fortalecendo o PT”, dizem eles.


Como se a ascensão de um presidente do PT, um partido arrasado nas urnas, conseguisse deter um projeto de recuperação econômica, já votado pela maioria. Se 60 senadores que votaram no primeiro turno não se impõem sobre Jorge Viana é porque são uns bundões ineficazes e não mereciam estar onde estão. Infelizmente, a coisa é mais complicada. Usaram de tudo para combater a Lava-Jato. Agora dissociam a luta contra a corrupção da luta para soerguer a economia. E dizem que uma prejudica a outra. Coisas do Planalto. Não importa muito se Renan fica alguns dias, se Jorge Viana vai enfrentar os senadores e a realidade nacional. O que importa mesmo é o fato de que a sociedade está atenta, acompanha cada movimento, e não se deixa mais enganar com facilidade.

Um personagem do realismo fantástico, Roberto Requião, disse que os manifestantes deveriam comer alfafa. Os que não gostam de ver povo na rua argumentam sempre com mais cuidado. Requião foi ao ponto, pisando sem a elegância de um manga larga ou um quarto de milha. As manifestações incomodam. Revelam uma sociedade atenta, registrando cada detalhe das covardes traições dos seus representantes. Ela teve força para derrubar uma presidente. Claro que precisará de uma força maior para derrubar todo o sistema de corrupção que move a política brasileira. Um sistema muito forte. 


Um STF encardido, incapaz de se sintonizar com o Brasil moderno; um tipo de imprensa que atribui o desemprego e a crise econômica à Lava-Jato e não aos equívocos e roubalheira do governo deposto; e, finalmente, os guardiões de direitos humanos dos empreiteiros e senadores, incapazes de se comover com a vida mesmo e as pessoas que são esmagadas pelas autoridades.

Está tudo ficando cristalino e esta é uma das grandes qualidades de crises profundas. Se o Congresso quiser marchar contra a vontade popular, que marche. Se o Supremo continuar essa enganação para proteger políticos, que continue. Importante é a sociedade compreender isto com clareza. E convenhamos: se quiser tolerar tudo, que tolere. A chance de dar uma virada e construir instituições democráticas está ao alcance das mãos. Com um décimo da audácia dos bandidos, as pessoas bem-intencionadas resolvem essa parada.


Fonte: Fernando Gabeira - O Globo