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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Nova modalidade de golpe, ‘sextorsão’ faz vítimas na internet; veja como evitar - O Estado de S. Paulo

Troca de fotos na internet seguida de chantagem financeira vem crescendo e ganhando outras versões pelo País; Meta diz remover imagens para impedir compartilhamento

Um empresário de Itapeva, no interior de São Paulo, recebeu pelo Facebook uma solicitação de amizade enviada pelo perfil de uma mulher. Ela mandou fotos íntimas e pediu que ele fizesse o mesmo. 
No dia seguinte, o homem recebeu mensagem de um suposto advogado que estaria representando os pais da jovem, dizendo que ela era uma adolescente de 13 anos. Ele pediu que o homem, de 58 anos, fizesse transferências em dinheiro para que não fosse denunciado por pedofilia. Uma alta quantia foi repassada e, quando houve novo pedido, o empresário procurou a polícia.

O golpe do nude ou “sextorsão” – troca de fotos íntimas, seguida de chantagem financeira – vem crescendo e ganhando novas versões pelo País. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), onde esse caso foi julgado, disse que, embora não haja estatística, há diversos processos com condenação referentes à divulgação de fotos íntimas e à chamada “sextorsão”, com decisões frequentes no tribunal. Muitos casos tramitam sob segredo de Justiça por envolver menores.

O golpista pede dinheiro para não expor as imagens e conversas nas redes sociais ou enviá-las para familiares, como a esposa da vítima. Em alguns casos, os criminosos se passam por policiais. A Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, informou que remove imagens sexuais para impedir o compartilhamento de conteúdo de menores de idade ou não consensual (leia mais abaixo).

Segundo o promotor de Justiça Hamilton Gianfratti Junior, que denunciou os criminosos no caso de Itapeva, os integrantes do grupo eram do Rio Grande do Sul e se passaram por delegados de polícia, e até por um promotor de Justiça gaúcho para pressionar a vítima. No dia 27 de março deste ano, a Justiça paulista condenou nove integrantes da quadrilha a penas de 19 a 22 anos de prisão.

Os réus foram condenados pelos crimes de organização criminosa, com pena aumentada pelo envolvimento de adolescente, exploração sexual de menor de 18 anos e divulgação de fotografias e vídeos com cena de sexo ou pornografia envolvendo crianças e adolescentes.

Golpes em 12 Estados
Em maio deste ano, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu e denunciou ao Ministério Público 89 pessoas envolvidas em um grande esquema de ‘sextorsão’ coordenado desde as penitenciárias, com o envolvimento de facções criminosas.

A investigação apurou que os golpistas chegaram a simular o ambiente de uma delegacia de polícia, com delegado e investigador, para dar ares de veracidade à fraude. Os policiais tinham fotos e nomes reais, retirados de redes sociais. Conforme a delegada Luciane Bertoletti, na maioria das vezes, após o recebimento de valores, o golpista voltava a exigir dinheiro alegando que, devido ao “assédio”, sua filha necessitava de tratamento psicológico.

Em um dos casos analisados, o suspeito exigiu valores altos para compensar a morte da “filha”, que teria cometido suicídio devido aos graves danos psicológicos que sofreu. Foram identificadas outras 51 vítimas do golpe em 12 Estados e algumas relataram prejuízos superiores a R$ 30 mil. A investigação durou mais de um ano e resultou ainda no bloqueio de R$ 7 milhões em contas bancárias dos suspeitos. Em uma das contas, da mulher de um preso, foi constatada a movimentação de mais de R$ 350 mil em seis meses.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo disse que não tem um recorte em seus dados estatísticos para a “sextorsão”, já que o crime é registrado como extorsão, que inclui outras modalidades de crime contra o patrimônio. A Polícia Civil de São Paulo, no entanto, já incluiu o crime de “sextorsão” na lista de delitos praticados por meios eletrônicos, o que indica que os casos estão ganhando relevância no cenário policial.

Nos tribunais de Justiça também não há estatística envolvendo a “sextorsão” pois o termo é recente e não consta na tabela processual do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que dificulta o levantamento. Alguns casos chegaram a ser divulgados no site do TJSP, como o de um homem que utilizou perfil no Instagram para ameaçar a ex-namorada, em 2021. O acusado enviou mensagens ao novo companheiro dela dizendo que tinha fotos do casal em situações sexuais e que as divulgaria caso o rapaz não lhe pagasse R$ 1 mil.

Depois foi descoberto que o acusado obteve as imagens porque tinha acesso ao armazenamento em nuvem da ex. A defesa do acusado alegou que a extorsão não foi consumada, pois o namorado não pagou a quantia. A 1.ª Câmara de Direito Criminal manteve a condenação do réu a quatro anos de prisão em regime aberto.

O TJ entendeu que, para a consumação do crime de extorsão, não é necessário que o agente obtenha de fato a vantagem econômica pretendida. Os nomes não foram divulgados para não expor a vítima. Em março deste ano, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina manteve a pena de um casal acusado de extorquir R$ 6,8 mil de um homem, com o golpe de nudes, no município de Corupá. A jovem entrou em contato com a vítima através de um perfil falso no Facebook e enviou fotos íntimas ao homem pedindo retribuição.

No dia seguinte, um suposto advogado ligou para o homem dizendo que a jovem era menor, havia “apanhado da mãe” devido ao teor das conversas e o denunciara ao Ministério Público por pedofilia. Disse ainda que detinha fotos da família – esposa, genro e netos – da vítima e ameaçou mandar as conversas para eles. O homem, que estava em uma penitenciária quando cometeu o crime, foi condenado a 10 anos de reclusão e a mulher, a mais de seis anos.

Contas de laranjas
Conforme a advogada Thais Molina Pinheiro, especialista em Direito Penal e Digital, a prática configura crime de extorsão e pode ser denunciada à polícia, mas nem sempre as vítimas o fazem. Ela lembra que a pena prevista para o crime de armazenar imagens de pornografia infantil é de até 4 anos de reclusão.

Segundo ela, as pessoas que caem nesses golpes dificilmente conseguem recuperar o dinheiro. “Existe a possibilidade de requerer o congelamento dos valores da conta bancária beneficiada pelo crime, mas a recuperação do valor costuma ser difícil na prática, uma vez que as contas utilizadas pelos criminosos normalmente pertencem a laranjas. Assim que os valores são depositados, são transferidos para diversas outras contas também em nome de laranjas. O destinatário final costuma ser difícil de identificar”, explicou.

(...)

Como evitar o golpe
Evite compartilhar fotos e vídeos íntimos;

Evite manter fotos e vídeos íntimos em seu celular – caso ele seja roubado o criminoso poderá ter acesso a esse conteúdo;

Desconfie de pedidos de amizade vindos de desconhecidos;

Evite participar de chamadas de vídeo com desconhecidos e lembre-se que a imagem da pessoa que você está vendo pode ser falsa;

Tenha sempre antivírus instalado em seu terminal.

Caso tenha sido vítima, o que fazer:
Não apague as conversas mantidas com o criminoso;

Se a conversa ocorreu em rede social, salve o nome do perfil e o link completo (endereço completo que aparece ao se clicar na barra de endereço);

Em caso de contato por telefone, faça uma relação todos os números de telefone utilizados pelo criminoso, contendo data e horário das conversas;

Anote os dados de eventuais contas bancárias informados pelo criminoso;

Em posse de todas essas informações, procure a Delegacia de Polícia mais próxima ou registre um Boletim de Ocorrência Eletrônico através do site da Delegacia Eletrônica.
 
Brasil - Estadão
 
 
 
 

terça-feira, 18 de julho de 2023

Álibi e Prova de Fato Negativo - Eduardo Luiz Santos Cabette

A chamada “Prova Diabólica” (“Probatio Diabolica” ou “Devil’s Proof”), fazendo-se referência a uma categoria de prova impossível ou descomedidamente difícil de ser levada a cabo, tem como exemplo maior a prova de fato negativo. [1]

O fato negativo é em geral impossível de ser provado. 
A ele se pode chegar, no máximo, por uma dedução lógica, mas é sabido que a lógica é apenas um grande esquema do pensamento humano e não prova coisa alguma. 
É possível elaborar um silogismo considerado logicamente “válido”, sendo suas premissas verdadeiras e sua conclusão falsa. 
Por isso uma das orientações básicas no estudo da lógica diz respeito à necessidade de saber distinguir entre “verdade e validade”.  
Enquanto “a verdade tem a ver com o assunto do silogismo”, seu conteúdo; “a validade tem a ver com a forma do silogismo”. Assim, um argumento pode ser válido e não ser verdadeiro, razão pela qual pela via estritamente lógica não se provam fatos, somente por meio da dialética e do conhecimento por presença ou experiência. [2]
Um exemplo simples:
Félix é capaz de falar.
Félix é um gato.
Portanto, gatos podem falar.

Em um raciocínio indutivo, poder-se-ia considerar o silogismo acima como válido, mas será que o poderíamos considerar como verdadeiro tão somente com base em sua validade lógico – formal? É evidente que não.

Dessa maneira se afirmo que nunca comi abóbora não posso propriamente provar isso diretamente
Mesmo que apresente milhares de testemunhas que nunca me viram comendo abóbora, mesmo que apresente minhas compras de mercado nas quais não exista o item em discussão. 
Faça o que fizer, pode até ser crível que não tenha comido abóbora nunca, se alguém confia em minha palavra, mas o fato negativo não está provado. Posso ter comido abóbora em uma circunstância não presenciada por ninguém e nem objeto de documentação alguma.

Ora, se a prova de “fato negativo” é inviável em algo tão simples, o que dizer das exigências para a aceitação da prova de um fato no âmbito jurídico?

Mas este texto tem sua motivação na possibilidade de que alguém aponte como exceção da impossibilidade de comprovação de fatos negativos o chamado “álibi”.

A palavra “álibi” tem origem etimológica latina com o significado de “em outro lugar”. No campo jurídico pode ser o “álibi” conceituado como um “argumento de defesa, pelo qual o acusado prova encontrar-se em lugar diverso daquele onde se deu o evento delituoso”. [3]

O álibi pode aparentar ser uma prova de fato negativo porque consiste em tornar certo que o suspeito não estava no local do crime quando do seu cometimento (“negativa loci”).

Acontece que, em primeiro lugar, o álibi não é capaz de afastar completamente a responsabilidade penal de alguém. 
Com ele somente se comprova que a pessoa não estava no local do crime quando da sua ocorrência, mas não que não tenha, de qualquer forma, contribuído para ele na condição de partícipe ou mesmo com o domínio do fato de forma indireta (v.g. o mandante de um homicídio que sai da cidade enquanto o executor, sob suas ordens, ceifa a vida da vítima; o mentor de um furto que não acompanha a execução da subtração, estando em outro lugar nesse momento).
 
Além dessa precariedade do álibi como prova de inocência, é preciso atentar que em verdade o que se prova é um “fato positivo”, qual seja, que a pessoa “estava” em outro lugar na hora do cometimento da infração investigada. É por meio dessa prova de “fato positivo” que se chega, por derivação lógica, à conclusão de que “não estava” o suspeito no local e hora do crime. Isso porque se estava num local em dado horário, não poderia estar em outro concomitantemente. 
Isso infringiria o “Princípio da Não – Contradição” que estatui que algo não pode ser e não ser ao mesmo tempo. No caso não é possível estar num local e não estar nesse mesmo local no mesmo horário e dia, porque estava em outro. Sabe-se por experiência de intuição direta que fenômenos como a bilocação ou a onipresença são atributos de santos e de deuses. 
A prova que se produz é dofato positivo” (estar em dado lugar naquele horário e dia) e não do “fato negativo” (não estar em dado lugar naquele horário e dia), este segundo se deduz logicamente, mas não é objeto de prova. 
 
No álibi há prova de um “fato positivo” da qual apenas deriva, não uma prova, mas uma dedução lógica de um “fato negativo” contraposto pelo “Princípio da Não – Contradição”. 
Não há prova direta de “fato negativo” no álibi. 
 
Por isso, no emprego do álibi como estratégia defensiva não basta a mera alegação de que não estava no local, mas há necessidade de comprovar, não o “não estar”, mas o “estar em outro local”.  
Faria papel ridículo o defensor que arrolasse várias testemunhas para dizerem que não viram o acusado no local dos fatos, enquanto este é reconhecido pela vítima, outras testemunhas, coautores, fotos, filmagens etc. Prova-se o álibi, por exemplo, por meio de testemunhas que estavam com o suspeito em outro local, de filmagens que o mostram ali, de registros de ponto em local de trabalho, de passagens de transportes coletivos (avião, ônibus etc.), de tickets de pedágio, de comprovações de hospedagens, participação em eventos distantes etc. 
Nenhuma dessas provas é de “fato negativo” e sim “positivo”
O “fato negativo” somente surge de forma logicamente derivada, não propriamente provada.

É, portanto, lícito concluir que o álibi não é uma exceção à natureza impossível ou “diabólica” da prova de “fato negativo”. 

Jusbrasil

Autor: Eduardo Luiz Santos Cabette

 

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Candente depoimento de um cidadão cubano - Miguelito Martinez Palma

Nota do editor o site: Essas imagens eu as busquei, agora, no Google, onde existem em abundância. Mostram trechos de uma área muito maior, centro histórico de Havana, antiga Pérola do Caribe. Eu conheço bem a região e estive em três ocasiões e anos distintos. O que elas mostram fica a poucos metros da porção central, restaurada com recursos da Unesco. 

       Rostos, expressão de misérias!

Os rostos de fome e tédio percorrem as ruas de Havana, expressões de cansaço e desespero se acumulam de fila em fila. Estamos ficando feios, o calor cada vez mais intenso, a angústia por coisas necessárias, a ausência de sonhos e a falta de esperança estão deixando sulcos em nossos rostos.

Estamos vivendo uma história onde um simples pão é um problema, nossas mentes estão regredindo e pensamentos primitivos tomam o lugar de nossa inteligência, o simples, o essencial é a maior motivação de qualquer cubano e nossos rostos, nossos rostos são o espelho disso tão insignificante em que nos estamos transformando.

Ficaram no álbum de família as fotos antigas de gente bem arrumada, de gente pobre mas bem vestida, o jeito de falar e de gesticular, o respeito e a decência.

Hoje com a alma corroída e sem valores, cheios de necessidades e conformados com a imundície, a nossa imagem é outra, tem sido um processo lento e gradual que sem perceber nos levou a tornar-nos vulgares e indecentes, a nossa alma cheia de palavrões e frases obscenas se tornaram a rotina que nos degrada a simples gentalha.

A sobrevivência nos leva a fazer o que é errado e a necessidade se torna aliada dos malandros e abusadores que sem escrúpulos colocam um alto preço em nossas vidas, somos uma matilha de cães covardes que se mordem para saciar sua fome e descarregar sua frustração.

Estamos ficando feios como nossa cidade, nossos rostos e suas ruas quebradas e fachadas sujas e sem pintura se misturam, revelando a decadência em que estamos mais do que envolvidos, .... Havana e você, cada dia mais feio!

A gente se acostumou com a merda! E ver o que está sujo, ver o que está feio, ver o que está estragado, ver o quão mal feita é hoje qualquer coisa cotidiana, tão cotidiana que faz parte do nosso dia a dia, e até o cheiro imundo de um buraco convive normalmente com muitos de nós.

Falamos do pobre e da pobreza, como algo muito distante da nossa existência e não percebemos que hoje somos os mais pobres desse mundo, porque no mundo tem muita gente humilde sem má preparação, mas aqui, aqui meus amigos, nós somos 
Todos são pobres, como o que limpa a rua ou o médico que opera corações, todos nós, independentemente do nível que tenhamos, somos pobres, porque não tendo nada além de pão imundo para dar aos nossos filhos, vendo leite e ovos como iguarias e esquecendo o sabor da carne por tanto tempo sem prová-la
Meus amigos, isso é pobreza, é pobreza do tipo ruim, do tipo que destrói ilusões, do tipo que mata sonhos e esperança, é a pobreza que penetra na mente e na alma tornando-se pobres e ignorantes, é aquela pobreza desprovida de valores, mas cheia de mentiras e maldades, que está mudando nossa face.

Olhe, observe, ouça e depois pense e verá no que os cubanos nos tornamos inadvertidamente. O problema é que na busca constante de satisfazer nossas necessidades simples, olhamos apenas nessa direção, tornando-nos escravos de nossos estômagos.

Estamos ficando velhos e feios, não tenham dúvidas! Os jovens estão ausentes da nossa realidade e só pensam em fugir deste inferno e nós que aqui ficamos, cada dia temos a alma mais pobre, mais enrugada e lembrem-se meus amigos que o rosto é o espelho da alma!

Site Percival Puggina - *Em 09 de junho de 2023, Dr. Miguelito Martinez Palma

 

 

domingo, 2 de junho de 2019

Elas querem (mais) sexo

Pesquisa encomendada por VEJA com mais de 3 000 mulheres em relações estáveis revela o que elas pensam sobre o parceiro na cama


J., produtora, 37 anos, em um relacionamento há seis anos
“Falta a faísca, falta fogo. Quando eu era solteira, gostava muito de sexo e tinha sempre vontade de fazer. A rotina, o stress do trabalho e a mesmice deixaram o meu relacionamento morno. Tenho medo de dizer o que sinto e acharem que sou muito mandona ou castradora. Evito falar de sexo por medo de assustar ou de afastar meu companheiro ainda mais.”

As mulheres casadas estão insatisfeitas na cama. Eis o resultado, sem meias palavras, de uma pesquisa feita para VEJA pela sexóloga brasiliense Cátia Damasceno, animadora do mais popular canal do YouTube a respeito da sexualidade feminina, com mais de 4 milhões de inscritos, autoridade no assunto. Foram ouvidas 3 172 mulheres de todas as regiões do país, de 18 a 45 anos, em relacionamentos estáveis. A principal revelação: seis em cada dez afirmam querer relacionamentos sexuais mais frequentes e de melhor qualidade. Apenas 30% disseram estar felizes.

Quase a metade sonha ver o companheiro se comportar como no início da união, “com romance, surpresas e jantares” (acompanhe os resultados detalhados no gráfico abaixo). “Vivemos num momento de conquistas em que nos sentirmos desejadas e termos orgasmos passou a ser tão decisivo quanto buscar um espaço no mercado de trabalho ou na divisão justa das tarefas domésticas”, diz Cátia.

VEJA encomendou o levantamento ao perceber, no espaço eletrônico de Cátia e em outros endereços das redes sociais, um crescimento explosivo de reclamações femininas. Já não há dúvida: acabou o estereótipo do homem de apetite sexual inesgotável e da companheira que, para evitá-lo, alega a famosa “dor de cabeça” e vira de lado. É um tabu que aos poucos vem sendo superado. Elas querem mais, elas exigem mais, definitivamente, ainda que permaneça viva alguma barreira de vergonha, de incômodo — por isso, talvez, as personagens ouvidas por VEJA pediram anonimato (leia os depoimentos ao longo desta reportagem).

Ainda hoje, diz Carmita Abdo, psiquiatra e sexóloga da Universidade de São Paulo (USP), “algumas mulheres preferem o rótulo de baixa libido a ter de explicar para o marido que as preliminares dele não são mais tão interessantes”. O homem, como sempre, fica perdido e inseguro — e a falta de comunicação vira sinônimo de falta de sexo. Convém ressaltar que já foi muito pior, e que a bravura de pioneiras abriu as portas. Até meados dos anos 1970, o corpo da mulher era um tema secreto: a palavra clitóris, pensavam os supostamente bem informados, era proparoxítona — e palavrão. Foi apenas com a publicação do Relatório Hite, da sexóloga americana Shere Hite, em 1976, que o orgasmo feminino passou a existir nos jornais, nas revistas, nos programas de televisão e rádio. O volume de 400 páginas, construído a partir de longas conversas, chegou a ser proibido, inclusive no Brasil. O Relatório foi como uma senha de que algo muito grande fora rompido, e bastaria olhar um pouquinho para trás, no tempo. Em dezembro de 1966, uma edição especial da revista Realidade, publicada pela Editora Abril, foi recolhida das bancas, depois triturada, por trazer capítulos sobre prazer, aborto e fotos de um parto. No despacho, o juiz de menores que ordenou a censura e autorizou o recolhimento dos exemplares pela Delegacia de Costumes de São Paulo foi claro ao dizer que a publicação continha “algumas reportagens obscenas e profundamente ofensivas à dignidade da mulher, ferindo o pudor e a moral comum, com graves inconvenientes e incalculáveis prejuízos para a moral e os bons costumes”.

P., advogada, 28 anos, em um relacionamento há três anos
“Parece que o sexo é uma responsabilidade minha, apenas. Tenho de pensar na roupa, comprar uma lingerie, seduzir o meu parceiro e convidá-lo para o sexo. A parte dele é só aceitar. Não acho que ele tem essa preocupação de quebrar a rotina, inovar, pensar em como me atrair ou me seduzir. No começo de tudo, era ótimo. Fazíamos sexo pelo menos três vezes na semana. Hoje, só uma vez. Talvez fosse apenas o calor da novidade. Quando transamos, eu sinto prazer. Não é esse o problema. A falta de iniciativa dele é que me frustra.”

Não há mais hipótese de aparecerem reações autocráticas desse tipo, e, se surgirem, serão expelidas. A revolução sexual venceu, com feridas no caminho. E, no entanto, mesmo com os avanços, há ainda uma longa estrada a ser atravessada. Hoje, apesar da liberdade e da diluição de preconceitos, as mulheres lutam por um novo passo: anseiam por qualidade entre quatro paredes, querem ser ouvidas, querem diálogo — por gosto, porque é bom, mas também em razão de necessidades biológicas e comportamentais.

Uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Social Psychological and Personality Science revelou que os casais que fazem sexo pelo menos uma vez por semana são mais felizes com seu relacionamento do que aqueles que o fazem com menos frequência. A explicação vai além do romance. O sexo aumenta a imunidade e melhora o humor, diminuindo os níveis de stress. Chegar a um orgasmo estimula ainda mais esses mecanismos, com a descarga de ocitocina e de endorfina, substâncias ligadas ao prazer e ao relaxamento. E, no entanto, psicólogos e sexólogos tentam minimizar a relevância da quantidade de sexo. Há uma ideia consensual: a frequência boa é aquela em que os dois estão satisfeitos e ponto. Um casal pode funcionar muito bem se fizer sexo três vezes por semana. Outros combinam perfeitamente se as relações ocorrerem duas vezes por mês. O problema acontece quando cada parte do casal deseja uma rotina diferente — e daí surge a insatisfação. “A única definição de sexo bom ou sexo normal é o sexo que você gosta, que você aproveita”, disse a VEJA a psicóloga americana Emily Nagoski, autora do best-­seller A Revolução do Prazer — Como a Ciência Pode Levar Você ao Orgasmo. “Não importam as estatísticas de sexo. Tem a ver com você e com a sua vida sexual, o seu prazer, o seu relacionamento e o seu corpo.”

(...)

Na equação da rotina sexual é preciso ter em mente determinadas variáveis que mudam as regras do jogo. A principal delas, fundamental: o tempo de relacionamento. Algumas pesquisas já mostraram que o período da paixão e da conquista acaba após cerca de dois anos, quando o fogo inaugural se apaga. Depois desse tempo, é preciso aprender a conciliar segurança e previsibilidade com o desejo. Essa conta nem sempre fecha se não houver esforço das duas partes. E o que as mulheres parecem desejar, apontam as respostas obtidas no levantamento de VEJA, é a mudança dentro do quarto, a chance de reacenderem a flama. Nas ruas, nas últimas décadas, houve vitória parcial, e ela deve ser celebrada. No mercado de trabalho, apesar de ainda existir um fosso, o salário da mulher começa a se aproximar do recebido pelo homem. Movimentos como o americano #MeToo, contra o assédio sexual, espalham-se como necessidade, jogando na lata de lixo da história ironias como a de Millôr Fernandes, que a certa altura, no início dos anos 1970, escreveu que “o melhor movimento feminino ainda é o dos quadris”. Há machismo, sim, mas a sociedade tem anticorpos para debelá-lo.

(...)

MATÉRIA COMPLETA, VEJA


Publicado em VEJA de 5 de junho de 2019, edição nº 2637

domingo, 21 de outubro de 2018

Com a ‘mão na faixa’, Bolsonaro quer evitar ‘já ganhou’; Haddad aposta no ‘escândalo WhatsApp’

Tática final

Candidatos traçam suas estratégias para a última semana de campanha [ao poste petista só resta se agarrar, desesperadamente, a suposta ação de empresários mediante disparos de WhatsApp contra o candidato petista;

só que essa estratégia desesperada não vai prosperar pelo simples fato de NÃO HÁ PROVAS do narrado na matéria de um jornal de viés anti Bolsonaro - cabendo destacar que o 'crime' seria cometido na próxima semana.

A Polícia Federal é eficiente - graças a sua eficiência, temos muitos bandidos petistas, inclusive o demiurgo Lula, encarcerados - mas, não vai conseguir encontrar nada sobre um crime ainda não praticado.]

Grupos no WhatsApp oferecem explicação para tudo na política

Acontecimentos do dia a dia ganham versões peculiares, teorias conspiratórias e certezas absolutas

A velocidade de disseminação de conteúdo e a falta de filtros que diferenciem com clareza fatos irrefutáveis e notícias falsas tornaram o WhatsApp um fundamental campo de batalha da campanha eleitoral — e um ambiente com pouquíssimas regras. Na última semana, acontecimentos do noticiário político ganharam leituras particulares e, muitas vezes, enviesadas, dentro de grupos formados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).


De um lado, os militantes do capitão da reserva comemoram, com suas teorias, o desabafo do senador eleito Cid Gomes (PDT) sobre o PT; do outro, os simpatizantes do ex-prefeito de São Paulo ampliaram, também de forma peculiar, a repercussão da reportagem que lançou uma suspeita sobre a atuação de bolsonaristas na veiculação de conteúdo anti-PT. [detalhe: os comentários dos que apoiam Bolsonaro, sobre o desabafo do senador eleito Ciro Gomes, são acompanhados de vídeo - portanto, com provas;

já os comentários dos militontos que apoiam Haddad (o ateu que ofendeu toda a Igreja Católica ao comungar - sacrilégio que cometeu acompanhado da também ateia Manuela, sua candidata a vice, que declarou ser favorável ao aborto) são baseados apenas em uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, sem provas - apenas uma matéria jornalística,  sem provas,  com  comentários  sobre um ato que seria praticado na próxima semana.
Clique aqui e assista o vídeo documentando tudo que afirmamos sobre o sacrilégio praticado por Haddad e sua candidata a vice.
 

O GLOBO acompanhou as trocas de mensagens, vídeos, fotos, áudios e links em 369 grupos formados por apoiadores dos candidatos que permanecem na disputa presidencial. A maior parte do material foi analisada por meio do projeto “Eleições sem Fake”, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que desenvolveu um software que seleciona os conteúdos mais compartilhados em 350 grupos públicos de WhatsApp, de várias colorações políticas. Outros 19 grupos foram analisados diretamente pela reportagem. 


 

(LEIA A ÍNTEGRA DA REPORTAGEM EXCLUSIVA PARA ASSINANTES)

 O Globo


 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Dia do Soldado



Não uso mais camuflagem, nem mato minha sede no cantil, nem presto mais continência e nem ordem unida. Mesmo assim, minha alma nunca deixará de ser um Soldado.

Recebido por e-mail de Carlos Engelberg 

Segue abaixo uma alusão ao "Dia do Soldado" de um "autor desconhecido", mas que se assemelha a todos nós "guerreiros" que labutamos na "caserna".................................................................................................... 


Um dia usei farda, camuflagem, cantil e fuzil. Cavei trincheiras, marchei em ordem unida. Prestei continência, corri em acelerado. Cantei o hino nacional, da bandeira e da brigada. Tirei guarda, fiz faxina, puxei pernoites. Fiz corridinhas mixurucas que não davam nem pra cansar. Aprendi sobre honra, retidão, respeito e confiança e que armas não geram violência e flores não trazem a paz.

E sim, as intenções das mãos que as carregam. Aprendi que devemos respeitar pai e mãe. Que a família é a base da educação. Hoje minha farda não é mais um camuflado. Algumas fotos já amareladas pelo tempo, me acertam o peito e fazem meus olhos jorrarem.  Minha garganta sufocada por um nó de saudade, me lembra que a minha missão já foi cumprida. Que minhas batalhas já não são mais em trincheiras. Do estampido do fuzil nunca me esqueço e ainda sinto o solavanco da chapa da soleira em meu peito. 

As noites na guarda, ainda estão nas lembranças e os amigos de companhia em meu coração. Não uso camuflagem, nem mato minha sede no cantil, nem presto mais continência e nem ordem unida. Mesmo assim, minha alma nunca deixará de ser um Soldado.
 
Autor desconhecido

Transcrito Site: A Verdade Sufocada