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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Vigarice em tempo integral - J. R. Guzzo

 Revista Oeste

Lula e seus 37 ministros não apenas não fazem nada que preste. Não fazem, sobretudo, o que prometeram — e destroem, com o rancor de fanáticos religiosos, tudo aquilo que veio do governo anterior

 

 Rodrigo Pacheco, Lula e outros parlamentares | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Pedro Gontijo/Senado Federal

 O Brasil, após sete meses de governo Lula, está se transformando no maior produtor mundial de embuste político em estado bruto. Desde o dia 1º de janeiro, quando voltaram a dar as ordens, Lula e o cardume gigante de parasitas, refugiados do Código Penal e notórios perdedores de eleição que carregou com ele para Brasília conseguiram um fenômeno talvez sem precedentes na história da administração pública brasileira: não entregaram à população, nesse tempo todo, um único átomo de tudo aquilo que têm a obrigação mínima entregar.  
 
Qualquer governo marca barbante, em qualquer época ou lugar, sempre arruma alguma coisinha ou outra para dar impressão de serviço no começo do mandato — até Dilma Rousseff, para se ter uma ideia, conseguiu. Com Lula, não está dando.  
Está parado no mesmo lugar, como a Serra da Mantiqueira, desde que se sentou na cadeira de presidente, com seus 37 ministros e mais a nuvem de gafanhotos, incapazes e extremistas que veio junto. 
Não apenas não fazem nada que preste. Não fazem, sobretudo, o que prometeram — e destroem, com o rancor de fanáticos religiosos, tudo aquilo que veio do governo anterior. 

Lula e Alckmin com todos os ministros empossados no dia 1º de janeiro de 2023 | Foto: Ricardo Stuckert

Não é uma questão de ponto de vista. É a observação clínica dos fatos que são do conhecimento geral. Há um teste simples, aqui: olhe à sua volta, para qualquer direção que quiser, e veja se consegue encontrar alguma coisa, qualquer coisa, que tenha sido feita neste primeiro semestre de governo Lula e que possa ser descrita como útil. Educação? 
De concreto, até agora, o governo fechou as 200 escolas cívico-militares que atendiam, com excelentes resultados, a 200 mil alunos — todos de origem modesta. 
Cortou 330 milhões da verba federal para a educação, dois terços no ensino básico. Está sabotando a Reforma do Ensino Médio, aprovada por lei, um instrumento fundamental para melhorar um pouco a posição do Brasil como um dos piores países do mundo em ignorância escolar e capacidade de fazer cálculos simples ou de entender um texto elementar em português. “Orçamento dos Pobres”?  
O aumento que Lula deu para o salário mínimo foi de R$ 18 por mês. Os benefícios do vale-gás, odiado porque veio de Bolsonaro, foram cortados em R$ 260 milhões. 
O programa do “carrinho popular”, que aliás já acabou, não rendeu nada para um único pobre — apenas deu carros de R$ 80 mil para a classe média e um dinheirinho para as montadoras. [aliás, foi até esquecido - até nós que somos ligados em política, já tínhamos esquecido o tal programa.]
 Saúde? A única realização visível do Ministério da Saúde, até agora, foi baixar regras para a repressão ao “racismo”, à “homofobia” etc. etc. entre os funcionários da Casa
Amazônia? As queimadas, no primeiro semestre de 2023, foram maiores que no mesmo período de 2022.

Os lordes do PT, o STF e os grandes pensadores do Palácio do Planalto, como Janja, o ministro da Justiça e outros do mesmo bioma, pensam há sete meses em “desencarceramento”, aborto e liberação das drogas — em “pequenas doses”, é claro
(.....)

Não é possível localizar, nos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do Brasil, um palmo de novas estradas feitas pelo governo federal — rodovia, ferrovia, caminho de bicho, nada. 
Em compensação, impedem a aplicação da lei que ia ressuscitar a navegação de cabotagem no Brasil, um passo vital para o transporte de cargas no país. De novo, é “coisa do Bolsonaro”; tem de ser destruída. O governo não foi capaz de aumentar em 1 metro a rede de esgotos, que só atende a 50% da população brasileira. Em compensação, não deixa que entrem em funcionamento efetivo os progressos da nova Lei do Saneamento Básico. Diz, de cinco em cinco minutos, que está salvando o Brasil da violência com o fechamento dos clubes de tiro. Em compensação, até hoje não tirou sequer um estilingue do arsenal de guerra do crime organizado, ou desorganizado, ou de qualquer tipo. Ninguém encontra nenhuma medida que possa ajudar algum brasileiro de carne e osso, de forma minimamente compreensível para ele, em nada do que o governo Lula propôs de janeiro para cá.
 
 Como é possível imaginar que o brasileiro que trabalha como um burro de carga para ficar vivo de um dia para outro esteja querendo que o Brasil dê dinheiro para Cuba, ou para a Venezuela, Nicarágua e outros casos perdidos da “política externa” de Lula? 
 
(.....)
 
Já quando se trata de tirar dinheiro do bolso do trabalhador, o governo é um fenômeno. Está arrumando no STF a volta do imposto sindical — uma extorsão grosseira do salário de quem trabalha para encher de dinheiro os proprietários dos sindicatos
Ao contrário da “isenção” para o “pobre” que Lula prometeu, seu governo exigiu que o cidadão que ganha R$ 2 mil por mês continue pagando imposto de renda. O plano de “zerar as pequenas dívidas” se transformou na emigração, do Tesouro Nacional para o cofre dos bancos, de R$ 20 bilhões, e num programa oficial de incentivo aos caloteiros.


O Brasil até que não estaria tão vendido se as “políticas públicas” do governo em termos de petróleo ficassem na Refinaria Abreu e Lima. 
O pior é a conversa de que a Petrobras, em vez de funcionar como uma empresa, de acordo com o que diz a lei, tem de servir “à população”. 
É mentira: a única maneira que a Petrobras tem de realmente servir aos interesses dos brasileiros, e não de quem está no governo, é entregar dividendos aos seus maiores acionistas. Eles são, justamente, esses mesmos brasileiros — e não “o Estado”. O governo Lula faz o contrário. Segura os preços dos combustíveis para fazer demagogia, como se o Brasil não tivesse, todo santo dia, de importar petróleo na cotação do mercado internacional, e acaba vendendo o seu produto por menos do que pagou para comprar. O resultado é que a Petrobras tem prejuízo a cada litro que vende — quanto mais vende, mais perde. 
Esse prejuízo não pode ser eliminado como “ato antidemocrático” por uma portaria do STF, nem por gritaria em reunião da UNE
Vai ser pago, até o último centavo, pelos que o governo diz que está ajudando — e, como sempre acontece com as contas que são divididas por todos, sofre mais quem ganha menos.  
Grande negócio para “os pobres”, não é mesmo? 
É o retrato perfeito do Brasil de Lula, que já arrecadou quase R$ 2 trilhões em impostos de janeiro para cá isso mesmo, 2 trilhões e até hoje não melhorou em rigorosamente nada a situação do brasileiro que trabalha
É o país da farsa, onde o governo inventa as realidades — e a conversa oficial deixou de fazer sentido. 
O ângulo reto tem menos graus que o ângulo torto. 
Os números primos são filhos do seu tio. 
Em vez de Esaú e Jacó, é Esaó e Jacu.
 
 
Coluna do jornalista  J. R. Guzzo, - Revista Oeste
 


segunda-feira, 17 de abril de 2023

Os gafanhotos voltaram - Revista Oeste

Silvio Navarro

Lula reaparelha o governo com sindicalistas que estavam desempregados desde Dilma Rousseff e entrega o controle dos cargos públicos para a CUT e o PT

Congresso Nacional | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Em janeiro de 2011, quando assumiu a Presidência, Dilma Rousseff espantou-se com o mapa dos cargos de confiança no governo que chegara às mãos do então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. À época, o PT havia indicado mais de 1,3 mil assessores comissionados metade deles como cota da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Chamado de “tucano” pela esquerda radical, Palocci pretendia enxugar a “república sindical” no país.

Esses cargos apareciam no Diário Oficial da União com as siglas DAS 5 a 6 (Direção e Assessoramento Superiores) e NE (Natureza Especial). São a elite da administração pública, com salários de R$ 20 mil, além de benefícios. 

Por isso, são escolhidos a dedo no meio de uma imensidão de 190 órgãos públicos. 

Um estudo com o raio X do aparelhamento sindical foi publicado em 2010 pela pesquisadora Maria Celina D’Araújo, do Rio de Janeiro — A Elite Dirigente do Governo Lula (Fundação Getulio Vargas).

No ano passado, toda a estrutura de cargos, funções e gratificações na administração pública foi reformulada, por meio de uma medida provisória assinada por Jair Bolsonaro. Passaram a se chamar Cargos Comissionados Executivos (CCE) e Funções Comissionadas Executivas (FCE).

Cinco anos depois do fim da era PT, o batalhão de petistas ficou desempregado. A novidade é que, com 100 dias de governo, eles estão voltando.

Companheirada
Da lista de vagas em empresas, bancos e autarquias, a mais disputada é da Petrobras. Um cargo de gerente da estatal, ou da Transpetro (armazenamento e transporte de petróleo e derivados), por exemplo, chega a R$ 50 mil, além dos benefícios — o presidente ganha mais de R$ 100 mil. 

Neste ano, o escolhido para comandar a empresa que virou símbolo da corrupção institucionalizada foi o petista Jean Paul Prates. Ele era suplente de Fátima Bezerra, hoje governadora do Rio Grande do Norte, no Senado. Prates conhece bem o setor: era dono de empresas de combustíveis, óleo e gás, mas nem Lula nem o Judiciário enxergaram conflito de interesse.

Com carta branca, Prates nomeou o ex-sócio Sérgio Caetano Leite para a Diretoria Financeira. Leite também foi secretário do
Consórcio do Nordeste, epicentro do “Covidão” — respiradores fantasmas foram comprados de uma empresa de produtos derivados de maconha. O presidente do consórcio é o atual chefe da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia.

Prates ainda recrutou três integrantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), filiada à CUT. 

O mais conhecido é José Maria Rangel, o Zé Maria, cuja caneta vai controlar um orçamento de R$ 450 milhões para ações sociais da companhia.  

Por que essa diretoria é uma das mais cobiçadas pela esquerda?

Porque os repasses são flexíveis, por exemplo, para doação de cestas básicas, botijões de gás de cozinha, projetos de meio ambiente sustentável e patrocínios de eventos em cidades do país.

Segundo o jornal O Globo, também aparece no novo organograma da Petrobras o nome de Clarice Copetti, que chefia a Diretoria de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade. Ela era uma das vice-presidentes da Caixa Econômica Federal nos governos do PT, ligada à ex-presidente Dilma Rousseff.

Importante líder na estrutura da CUT, Vagner Freitas também foi lembrado por Lula. Em 2016, quando presidia a central, ele ficou conhecido por conclamar os sindicalistas a “saírem às ruas, entrincheirados, com armas à mão”, para barrar o impeachment. No mês passado, foi nomeado para comandar o Sesi (Serviço Social da Indústria). Ele segue os passos dos “companheiros do ABC Paulista”, como Jair Meneguelli e Paulo Okamoto, nas gestões anteriores do PT.

A secretária-geral da CUT, Carmen Foro, e outras duas dirigentes da central, Denise Motta Dau e Rosane Silva, conseguiram vagas no Ministério das Mulheres

Praticamente todos os cargos nas superintendências regionais do Trabalho pelo país já foram loteados pela CUT. 

O ministro Luiz Marinho, amigo de Lula e também egresso das greves no Sindicato dos Metalúrgicos, foi presidente da central.

 

Outra forma de ampliar a remuneração com o dinheiro do pagador de impostos é a gratificação, ou acumular a chefia de um ministério com a cadeira num dos tantos conselhos de empresas e bancos. 

Os últimos premiados foram os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Alexandre Silveira (Minas e Energia). 

O grupo vai ocupar as vagas destinadas ao Brasil na Itaipu Binacional. Isso significa que o salário de R$ 30 mil praticamente dobra, com mais R$ 27 mil extras. O conselho se reúne por algumas horas a cada dois meses.

Da mesma forma que nós construímos no outro mandato, queremos construir uma nova estrutura sindical. Queremos construir com vocês o estabelecimento dos novos direitos, numa economia totalmente diferente da economia dos anos 1980. Porque aqui vejo um monte de gente que foi dirigente sindical nos anos 80” (Discurso de Lula, em encontro com as centrais sindicais, em Brasília)

Em janeiro, 20 dias depois de voltar ao Palácio do Planalto, Lula chamou centenas de sindicalistas para um evento em Brasília. O discurso acabou marcado pela afirmação de que a proclamação da República partiu de Floriano Peixoto, ignorando o que todos os livros de História narram sobre o Marechal Deodoro da Fonseca — a fala acabou retificada no acervo digital de discursos transcritos do governo. Mas alguns recados ficaram claros.

À vontade, Lula citou as greves convocadas no palanque da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, quando conseguiu paralisar as principais montadoras de veículos do país, nos anos 1980 e 1990. 

Lembrou do frango assado que dividia com os amigos, a maioria deles de volta à plateia naquele dia. O petista lançou outra ameaça: a volta do imposto sindical. “Essa é a coisa que eu acho que temos de fazer para que a gente volte a ter a representatividade extraordinária que o movimento sindical sempre teve. E isso eu sei que depende também de os sindicatos terem um pouco de recurso”, disse. “Tirar do sindicato o direito de decidir em assembleia a contribuição é um crime que foi cometido contra vocês. É um crime que foi cometido, dizendo que depois ia arrumar e não arrumou, né, Paulinho?”, completou, apontando o líder da Força Sindical.

Lula pretende atender ao pedido da “companheirada” e restabelecer o desconto automático na folha de pagamentos com carteira assinada. No último ano de vigência, em 2017, o valor chegou a R$ 3 bilhões, até ser extinto pela reforma trabalhista de Michel Temer enviada ao Congresso Nacional. O caminho ainda não está claro por causa da fragilidade da base parlamentar lulista, mas o ministro Luiz Marinho parece empenhado em cumprir a missão.

Foi o que prometeu o próprio Lula, ao encerrar a reunião: “Quero que vocês saibam que têm aqui não um mero presidente, mas um sindicalista que virou presidente. E cobrem do Marinho, ele foi colocado no ministério para fazer o que tem de ser feito”.

Leia também Ministro volta a atacar a reforma trabalhista e defende sindicatos

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste

 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

ELES ESTÃO AQUI... - Cmdt. Luciano Pimentel Jorge de Souza

Nesta última noite vivi um momento "Mar da China" em pleno Atlântico Sul, cerca de 220 milhas náuticas da costa argentina, mais precisamente do Golfo de San Jorge, portanto, em águas internacionais.

Mais de cem navios oceânicos de pesca chineses apareceram no radar bem na nossa proa.
Quem já navegou no Mar da China sabe a que estou me referindo. 
Nota do Editor: a imagem é ilustrativa (Mundo Militar) e mostra um desses "cardumes" de pesqueiros chineses atuando no sul da América do Sul.

Principalmente no Estreito de Taiwan, além da parte leste da ilha Taiwanesa e na parte norte deste mar do extremo-oriente. Já passei madrugadas inteiras no passadiço me desviando das embarcações pesqueiras chinesas, que surgem como uma chuva de gafanhotos nos mares da China, como aquela narrada pelo profeta Joel na tradição bíblica. Se bem que pelo simbolismo bíblico, a "chuva de gafanhotos” pode ser entendida pela chave simbólica de leitura como a manifestação do espírito, com a devida vênia aos literalistas, enquanto que os "gafanhotos" a que me refiro no extremo-oriente são navios de pesca literais e concretos. As noites no Mar da China são iluminadas não pela Lua, e sim pelas centenas de milhares de luzes desses pesqueiros. Assim como foi a noite de ontem no Atlântico Sul.

Não são embarcações artesanais não. São navios de pesca modernos, de cerca de 50 a 70 metros de comprimento, devidamente equipados com AIS, dois radares, cartas eletrônicas, e tudo que se possa imaginar de equipamentos modernos de navegação. Em relação aos pesqueiros encontrados na noite de ontem, presumo que tenham vindo para essas águas através do Cabo Horn, e não pelo Estreito, principalmente pelo custo envolvido.

O que não é capaz de fazer uma demanda de 1,3 bilhões de bocas 
para se alimentar, não é mesmo?
Os pesqueiros chineses hoje são como os navios baleeiros americanos do século XIX, imortalizados na literatura universal através de um marinheiro que navegou nesses navios. Herman Melville nos deixou "Moby Dick" como testemunho da luta do homem contra os elementos, ou de um capitão (Ahab) enlouquecido contra seus monstros interiores expressados pelo cetáceo mitológico..

Transcrito site Percival Puggina - *O autor é Comandante da Marinha Mercante.


sexta-feira, 10 de julho de 2020

Missão impossível - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Difícil convencer investidores de boas ações e intenções do Brasil no meio ambiente

Com Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) sentados à mesa e deitando falação, como os investidores internacionais podem acreditar em boas intenções e ações do Brasil na defesa da Amazônia e das comunidades indígenas? Araújo ironiza a defesa do ambiente como “climatismo”, “coisa da esquerda”. Salles sofre uma repulsa geral por só pensar em “passar a boiada”. E o presidente Jair Bolsonaro acha tudo isso uma bobajada que atravanca o progresso.

[Missão Impossível,  ao que tudo indica, é convencer muitos brasileiros do BEM dos reais objetivos das ONGs, ativistas e investidores (fundos) gafanhotos escondem embaixo do falso interesse pela preservação do Meio Ambiente do Brasil - destruíram o deles e agora querem preservar o do Brasil... e tem muitos de boa fé que acreditam, apesar da maioria buscar apenas o dinheiro fácil em troca da SOBERANIA  do BRASIL = .]

Assim, há dúvidas quanto ao resultado da reunião de ontem do vice Hamilton Mourão, Tereza Cristina (Agricultura), Araújo e Salles com grandes investidores. No mundo de hoje, que governos, empresas e financiadores arriscam suas marcas apostando em países que desmatam, queimam, desrespeitam comunidades ancestrais?  (E cultura, educação, saúde...) É difícil e constrangedor pedir recursos a estrangeiros (ontem) e ao grande capital nacional (hoje) se... os R$ 33 milhões do Fundo da Amazônia estão mofando no BNDES, só 0,7% dos R$ 60 milhões da Operação Verde BR2 foram usados e o ministro do Meio Ambiente é alvo da Justiça, MP, Ibama, ICMBio e da torcida do Flamengo.

É difícil e constrangedor dizer que vai tudo bem, obrigada, se o desmatamento da Amazônia cresce há 13 meses seguidos e isso significa, como todo o mundo, literalmente, sabe, devastação no ato e queimadas depois. Sem falar de Cerrado, Mata Atlântica e das pujantes riquezas naturais brasileiras, ameaçadas por ideologia, ignorância e achismos. É difícil e constrangedor reclamar de “uma visão distorcida” do mundo sobre o meio ambiente no Brasil, como já reclamou Bolsonaro na reunião do Mercosul, já que é o próprio presidente que manda os fiscais do Ibama descumprirem as leis e deixar os desmatadores em paz.

É difícil e constrangedor, também, explicar que Bolsonaro esperou se eleger presidente para punir o fiscal do Ibama que o multou por pescar em área proibida, demitiu o presidente do Inpe porque não aceitava os dados do desmatamento, [o presidente do Inpe foi demitido por indisciplina, total desrespeito ao presidente da República - a exemplo daquele ministro palanqueiro que o presidente Bolsonaro demitir do MS.] tem ideias apavorantes para Abrolhos, Angra dos Reis e Fernando de Noronha e orienta seu governo a “passar a boiada” – como disse Salles na reunião de 22 de abril, referindo-se a leis e regras flexibilizando a proteção ambiental.

É difícil e constrangedor, ainda, jurar de pés juntos para o grande capital nacional e estrangeiro que o governo brasileiro se preocupa realmente com as comunidades indígenas e quilombolas, se o presidente acaba de vetar medidas de preservação da vida e das reservas, como fornecimento de água potável, cestas básicas e itens de higiene durante a pandemia. Argumento: a lei aprovada no Congresso não especificou as fontes de recursos? Ah, bem! Tudo explicado.

Por fim, é difícil e constrangedor explicar a proposta para escancarar as reservas indígenas para todo o tipo de exploração – mineral, agrícola, pecuária, até turística. Tudo isso, porém, pode ser explicado com uma única frase, do então ministro da Educação na histórica reunião ministerial de 22 de abril: “Odeio o termo ‘povos indígenas’, odeio esse termo. Odeio o povo cigano. Quer, quer, não quer, sai de ré”. Deveras educativo.

Só não é difícil, apesar de profundamente constrangedor, ver a imagem do Brasil esturricando pelo mundo afora, alvo de perplexidade de líderes democráticos, sociedades, parlamentos, empresas, mídia, chargistas e organismos internacionais. O “soft power” construído ao longo de décadas vira pó, deixando uma triste pergunta no ar: quanto tempo vai demorar para nosso País recuperar, não apenas investimentos e boa vontade do capital internacional, mas sobretudo a imagem, credibilidade e simpatia de todo o mundo?

Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo


A pressão dos fundos internacionais [fundos gafanhotos = chegam, devastam e voam ] contra a política ambiental de Bolsonaro

Carlos Alberto Sardenberg destaca que os países que organizam esses fundos não estão nada satisfeitos com a falta de politica ambiental do governo Bolsonaro. O vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho Nacional da Amazônia, prometeu reduzir o desmatamento e, com isso, ele espera que os fundos retornem.

Os investidores suspenderam o dinheiro depois o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, quis mudar o destino da aplicação do dinheiro.

CBN - Matéria na íntegra

[Aproveite, clique aqui  e saiba mais sobre os fundos gafanhotos e sobre os ativistas da Amazônia Legal.
Lembrem-se: eles podem até ter o dinheiro, só que nós temos os alimentos = alguém já experimento ingerir papel moeda?]




segunda-feira, 6 de julho de 2020

Os valores e a nova normalidade - Denis Lerrer Rosenfield

O Estado de S.Paulo

Medo da morte, medo da insegurança social e econômica. Como viver sob tais circunstâncias?

Talvez não nos tenhamos dado conta devidamente de que o mundo mudou. O que vivíamos antes não se faz mais presente senão sob o modo da lembrança e do anseio, enquanto o que nos espera está sendo apenas vislumbrado. Falamos uma linguagem fruto de nossa condição anterior, como quando verbalizamos a nossa situação sob o modo da pré e da pós-pandemia, como se este período atual fosse passageiro, a ser apenas atravessado. Se há, estrito senso, um pós-pandemia, ele se situa posteriormente à descoberta, industrialização e distribuição maciça de uma nova vacina, capaz de controlar esta doença, se é que não teremos no futuro outros eventos do mesmo tipo.

Religiosos diriam que voltamos a ter pandemias, tempestades, pragas bíblicas como a dos gafanhotos e mortes que se acumulam em escala planetária. Moralmente, as relações humanas estão mudando, seja na quarentena, seja no desrespeito a regras que sejam melhores para a saúde de todos. A transgressão não deixa de ser um reconhecimento de que há uma nova normalidade, por mais que possamos ter dificuldades de admiti-la.

Seria tentado a dizer que antes de um “pós-pandemia” viveremos ainda bons meses, nãos se sabe quantos, de um lento e doloroso processo de saída, em que os caminhos a serem trilhados estão sendo somente vislumbrados. E nesta travessia as relações humanas estão sendo transformadas, comparecendo outros valores e formas de comportamento. A pandemia nos põe diante dos limites da condição humana e do seu próprio significado.

A finitude da condição humana, enquanto questão, surge com a irrupção do coronavírus, atingindo o corpo mesmo das pessoas e confrontando-as com a ameaça da morte súbita, imprevista. As pessoas são extraídas do seu cotidiano, passam a viver uma reclusão forçada e são levadas, queiram ou não, à introspecção. Algumas se voltam para a solidariedade, o fortalecimento da família, outras se sentem desorientadas ou mesmo abandonadas. Dentre elas aparecem diferentes demandas, como a ajuda familiar, o apoio dos amigos, até as mais propriamente “políticas”, decorrentes de pedidos de maior intervenção estatal.

A sociedade foi atingida por um inimigo presente e invisível, que tudo controla e ameaça, não deixa nenhum espaço para o descuido. Qualquer um pode ser atingido, sem sequer se dar conta de que o seu destino pode ter mudado, quiçá para sempre. Milhões de pessoas são afetadas pela crise econômica, o desemprego é estratosférico, a renda familiar cai vertiginosamente, as empresas menores não têm como se sustentar, cria-se um clima geral de insegurança. De um lado, o medo da morte; de outro, a insegurança social e econômica. Como viver sob tais circunstâncias?

Atentemos para o uso de máscaras e a relação que assim se estabelece com o outro. Crianças nas escolas, na volta às aulas, serão obrigadas a usar máscaras e a guardar uma distância sanitária dos colegas. O que isso significa? Significa que o outro não é uma companheira ou um companheiro, mas uma ameaça, nela e nele serão vistas a doença e a morte. Num shopping, num comércio, numa empresa, numa repartição pública surge o medo do outro, o sentimento de uma ameaça constante. Os valores morais sofrem uma grande transformação, seja ela consciente ou não. Em todo caso, as relações humanas estão sendo profundamente alteradas.

Pensa-se hoje na retomada da economia, como se estivéssemos na iminência de uma volta à normalidade anterior, com, por exemplo, os mesmos patamares de renda e de consumo. Há uma questão que se impõe: será que as pessoas voltarão a consumir da mesma maneira? Será que o consumo como valor não teria ele mesmo se tornado problemático? Talvez não baste a reabertura de shoppings e de comércios se essa mudança de valores e de comportamentos não for pensada e outras mensagens não forem transmitidas, baseadas na vida e na valorização dos outros.

Na quarentena as pessoas aprenderam a viver com menos bens materiais e apreciando mais as relações humanas nos microcosmos em que foram obrigadas a se inserir, como a família, o casamento, as relações amorosas e os amigos. Desapareceu a noção do entretenimento como era antes: ida a bares, restaurantes, lojas, shoppings, cinemas. Surgiram outros entretenimentos, como os streamings, a leitura de livros e a conversa – ou mesmo o silêncio – com o próximo. Todavia, para além desses entretenimentos, perguntas relativas à doença, à morte e à vida ganharam relevância. Sentimentos como o medo e a insegurança tomaram conta das pessoas.

Nos Salmos já aparecia a ideia de que “o início da sabedoria é o medo do Senhor”, que pode também ser lida em nosso contexto como uma indagação sobre o sentido mesmo da condição humana no recurso a um Senhor que venha em nosso auxílio se o soubermos reconhecer. Em Hegel aparece a mesma ideia: o “início da sabedoria é o medo (da morte violenta)”; em nossa condição, o medo da morte que pode irromper a qualquer momento sob a forma do coronavírus. Não caberia uma indagação sobre o saber e os nossos valores?

Denis Lerrer Rosenfield, professor de filosofia - O Estado de S. Paulo


quarta-feira, 24 de junho de 2020

"É da terra que vai sair a recuperação do Brasil" - Alexandre Garcia

 Correio Braziliense

É da terra que vai sair a recuperação do Brasil. Na recessão da Dilma, o agro atenuou o PIB e as contas externas; agora não apenas vai segurar, na beira do abismo, como também vai indicar o novo rumo

[importante lembrar: desde que os ambientalistas de araque, de auditório e palco, não atrapalhem - especialmente aqueles que destruíram as florestas de seus países e agora querem manter as do Brasil, que já é responsável por grande parte do abastecimento, com produtos agrícolas, do planeta.

Aos adeptos do 'quanto pior, melhor' tem um 'nuvem' de gafanhotos rondando a fronteira do Brasil com a Argentina que pode causar sérios estragos na produção agrícola.

A propósito: o  deputado Maia, autonomeado 'primeiro-ministro',  ontem ao comentar uma live que participou com não sei quem da França e não não sei quem de onde, assumiu postura de presidente da República.
Lembramos ao senhor Maia que antes de posar como primeiro mandatário do Brasil, a mais alta autoridade da Nação, ele precisa transformar os poucos mais de setenta mil votos que obteve em 2018 em algo próximo de 70.000.000 de votos.
Será uma ação tipo convencer cada um dos seus eleitores a conseguir mil votos, assim ele alcançará a vitória em 2022.
Ao deputado do DEM sobra empáfia, faltam limites (dá pitaco em tudo) e votos.
]
Nesses tensos tempos pergunta-se às bolas de cristal como e quando vamos nos recuperar deste caos. Paulo Guedes certamente gostaria de acertar a previsão de que virá do investimento privado. Mas investidores teriam que ter sobras, depois da pandemia, para aplicar na compra de estatais, ou em concessões. Acreditando no futuro, estão os investidores em renda variável, os operadores de bolsa. Este ano, aumentou em 38% o número de mulheres investidoras na Bolsa. Instinto feminino? Algum perfume já sentiram no ar, porque depois de despencar de 120 mil pontos para 60 mil, o índice da B3, ex-Ibovespa, já está chegando de novo aos 100 mil pontos. Penso que sentiram perfume de terra e a recuperação está em enterrar dinheiro — literalmente.

É da terra que vai sair a recuperação do Brasil. Na recessão da Dilma, o agro atenuou o PIB e as contas externas; agora não apenas vai segurar, na beira do abismo, como também vai indicar o novo rumo, a vocação do país que tem espaço territorial, clima e tecnologia para ser um gigante na produção mundial de alimentos. E não é apenas o que vai para a nossa mesa; já podemos alimentar uma boa parte da população do planeta. Além disso, a agropecuária brasileira gera uma cadeia econômica que vai muito além de suas porteiras.

Imaginemos a indústria de veículos de carga, máquinas agrícolas, implementos, adubos, fertilizantes, combustíveis; 
a construção de silos e armazéns, além do processamento de alimentos, algodão, celulose, fibras – uma gama sem fim de produtos de origem vegetal e animal
Sem falar na exigência de mais infraestrutura de transporte e escoamento: rodovias, pontes, ferrovias, portos, navios, trens, mais aviões na exportação de frutas. Estimulam-se também os serviços, setores que tanto têm sofrido com a quarentena: comércio exterior, atacado e varejo. E os benefícios ao consumidor, com preço mais barato pelo alimento abundante, com reflexo na economia doméstica e nos restaurantes.

A pesquisa, a tecnologia, a biotecnologia, a ciência — mais vagas para técnicos e cientistas voltados à produtividade, às variedades, à genética vegetal e animal. A valorização das profissões no campo cada vez mais informatizado e conectado, os agrônomos, veterinários, operadores de máquinas, consultores de mercado… um mundo novo brota no solo do Brasil. Basta que governos não atrapalhem, protejam o direito de propriedade, e que o agro e seus representantes políticos, no Congresso, nas assembleias e câmaras, estejam à altura do poder e da oportunidade que estão recebendo nesta pandemia.

Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense