José Casado
Dilma
mandou os ministros Cardozo e Rossetto para uma réplica à multidão nas cidades.
Fracassaram
Sob o ruído das ruas, o governo se mostrou atônito. Protegida pelas colunas de
mármore do Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff mandou os ministros José Eduardo
Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) para uma
réplica à multidão emergente nas maiores cidades. Fracassaram.
É mais do mesmo. Dilma, por exemplo, fez
exatamente esses mesmos anúncios 20 meses atrás, quando se surpreendeu com o
vozerio da massa marchando sobre o asfalto no junho de 2013. Passaram-se 80 semanas. A inflação recrudesceu, voltou a ameaçar os mais pobres (10%) da população. Houve
um aumento da
desigualdade social com a renda dos
mais ricos crescendo a uma velocidade muito maior que a dos mais E, pela primeira vez
na década, o
emprego caiu praticamente em todos os setores.
O
condomínio político-empresarial, cuja corrupção devastou a Petrobras e
contaminou todo o setor de petróleo, acabou por expor a real dimensão do presidencialismo de coalizão formulado por Lula e
intocado por Dilma. Para revertê-lo, a presidente precisaria ultrapassar
os limites da coragem exaltada na propaganda governamental e atravessar o
deserto da Praça dos Três Poderes, em Brasília, com a bandeira de um governo de
coalizão de ideias — o oposto ao exercício do poder em
um Executivo loteado entre aliados e
assentado em 39 mesas ministeriais.
O governo
tinha todos os motivos para não se surpreender com o nível de insatisfação que
emergiu ontem nas maiores cidades. No início do mês, Rossetto foi à União Nacional dos Estudantes, notório reduto aliado,
explicar que “não há reforma neoliberal e
não há corte em nenhum programa social do povo brasileiro”. Saiu vaiado. Dias depois, Lula protagonizou uma
manifestação sindical “em defesa
da Petrobras”. Entrou e saiu da
sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio, sob vaias e escoltado por oito seguranças.
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