Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

segunda-feira, 16 de março de 2015

Uma presidente atônita com a voz das ruas



José Casado
Dilma mandou os ministros Cardozo e Rossetto para uma réplica à multidão nas cidades. Fracassaram 

Sob o ruído das ruas, o governo se mostrou atônito. Protegida pelas colunas de mármore do Palácio da Alvorada, Dilma Rousseff mandou os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) para uma réplica à multidão emergente nas maiores cidades. Fracassaram.

Diante do rebote da insatisfação, que paira desde 2013 e está cada vez mais focada na indecisão de Dilma, eles expuseram as fragilidades de um governo aparentemente incapaz de se organizar em reflexão sobre o próprio futuro. Cardozo anunciou “para os próximos dias” um pacote anticorrupção que, reconheceu, “já era uma promessa eleitoral da presidente”.  Rossetto optou, primeiro, por desqualificar a pluralidade e diversidade da gente nas ruas: “A maioria é de eleitores que não votaram na presidente” — decretou. Em seguida, buscou refúgio no esgarçado mito da reforma política, que o PT habituou-se a usar como rota de fuga em situações de emergência política.

É mais do mesmo. Dilma, por exemplo, fez exatamente esses mesmos anúncios 20 meses atrás, quando se surpreendeu com o vozerio da massa marchando sobre o asfalto no junho de 2013.  Passaram-se 80 semanas. A inflação recrudesceu, voltou a ameaçar os mais pobres (10%) da população. Houve um aumento da desigualdade social com a renda dos mais ricos crescendo a uma velocidade muito maior que a dos mais E, pela primeira vez na década, o emprego caiu praticamente em todos os setores.

O condomínio político-empresarial, cuja corrupção devastou a Petrobras e contaminou todo o setor de petróleo, acabou por expor a real dimensão do presidencialismo de coalizão formulado por Lula e intocado por Dilma. Para revertê-lo, a presidente precisaria ultrapassar os limites da coragem exaltada na propaganda governamental e atravessar o deserto da Praça dos Três Poderes, em Brasília, com a bandeira de um governo de coalizão de ideias — o oposto ao exercício do poder em um Executivo loteado entre aliados e assentado em 39 mesas ministeriais.

O governo tinha todos os motivos para não se surpreender com o nível de insatisfação que emergiu ontem nas maiores cidades. No início do mês, Rossetto foi à União Nacional dos Estudantes, notório reduto aliado, explicar que “não há reforma neoliberal e não há corte em nenhum programa social do povo brasileiro”. Saiu vaiado.  Dias depois, Lula protagonizou uma manifestação sindical “em defesa da Petrobras”. Entrou e saiu da sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio, sob vaias e escoltado por oito seguranças.




Nenhum comentário: