Governo
"congela" cargos de aliados que votaram contra medida do ajuste
fiscal
Após obter vitória apertada na
aprovação da MP que restringe acesso a seguro-desemprego, Palácio do Planalto
põe 'no fim da
fila' pedidos de indicação feitos por
partidos como o PDT e o PP;
Petistas rebeldes não
serão punidos internamente pela sigla
Com o mapa de votação em mãos, integrantes da cúpula do governo e lideranças do PT vão
tratar de forma distinta as traições e ausências
ocorridas no plenário da Câmara na discussão da Medida Provisória 665.
Partidos como o PDT, que se aliou a parte da oposição e votou integralmente
contra a proposta, terão como represália o represamento
das indicações dos cargos do segundo e terceiro escalões do governo
federal.
Na
legenda do ex-ministro Carlos Lupi – que recentemente
foi flagrado dizendo que os petistas “exageraram no roubo” –, todos os 19 integrantes da bancada votaram
contra a MP que integra o pacote de ajuste fiscal do governo Dilma
Rousseff. Atualmente, o PDT ocupa o
Ministério do Trabalho, comandado por Manoel Dias.
Segundo integrantes da cúpula do
governo, a lista de demandas por espaço dos pedetistas, agora, “vai para o final da fila”. “A base
ficou muito incomodada”, afirmou o líder do governo, José Guimarães
(PT-CE). Outro aliado que deve ter
cargos “congelados” é o PP. Dos 39 parlamentares que votaram, 18 disseram não à MP do ajuste. O PP
ocupa hoje o Ministério da Integração Nacional.
Sob pressão do Planalto e
intervenção do PMDB, o PT, por sua
vez, não deverá punir representantes do
partido que votaram contra a MP. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), usou o episódio para criticar o aliado. “Alguns fugiram ontem (quarta-feira) e fugiram hoje (quinta) de novo.
Tem um grupo de nove, dez que não compareceram para votar”, disse Cunha. O PT deu 54
votos a favor, um contra e teve nove ausências.
Em 2003, o PT expulsou quatro
parlamentares que se recusaram a apoiar a reforma da Previdência do governo
Lula. “Não haverá punição. O fechamento
de questão foi mais um gesto político da bancada para poder assegurar a votação
da MP”, afirmou Paulo Teixeira (PT-SP), integrante da Executiva Nacional da
sigla.
Apesar da tendência de não haver
punições, o
deputado Weliton Prado (MG), único a votar contra a MP, deverá ser isolado das
atividades do partido na Casa. O sentimento dentro da bancada é de que a
posição dele foi “oportunista” e que,
mesmo contrária
à proposta – que restringe o acesso a benefícios trabalhistas –, a maioria dos
deputados da legenda “foi para o
sacrifício”. “Fui coerente com minha trajetória e com o
compromisso com os trabalhadores”, disse Prado ontem, quando tornou a votar em desacordo com o PT nos destaques da MP.
Para o parlamentar, o ajuste fiscal proposto pelo governo não deveria se restringir
aos trabalhadores. “Você pode até ter ajustes, mas não é certo fazer ajuste só
com o trabalhador. Por que não fazer com
os bancos?”
Justificativas
Não
estavam na Câmara ontem os petistas
Assis Couto (PR), Professora Marcivania (AP) e Ságuas Moraes (MT). Outros seis deputados do partido chegaram a
marcar presença, mas não votaram: Erika Kokay (DF), Luizianne Lins (CE),
Marcon (RS), Padre João (MG), Pedro Uczai (SC) e Zé Geraldo (PA). [essa
deputada Érica Kokay só vota quando é a favor de bandido, baderneiro, gay,
aborto e outros temas do gênero.]
Luizianne
Lins afirmou, via nota oficial, ter se retirado do plenário por não concordar com o mérito da
matéria. “Foi uma decisão
política”, disse a deputada e ex-prefeita de Fortaleza. Marcon disse,
também por nota, ter se ausentado por entender
que as novas regras prejudicam os trabalhadores. “Não votei contra em respeito ao governo e à bancada do Partido dos
Trabalhadores”, disse.
Padre João também falou por escrito:
“Votar em favor da MP era votar contra os
trabalhadores que me concederam quatro anos de mandato como deputado. (...)
Votar contrário à MP era votar contra a minha bancada e contra o próprio
governo. Diante deste contexto, optamos por não votar”. [vemos o
claro exemplo de um padre querendo servir a DEUS e ao diabo.]
Destaques
A
MP 665 faz parte do pacote de ajuste fiscal
encaminhado pelo Executivo ao Congresso e foi aprovada na noite de anteontem
por 252 a 227 votos em meio a bate-boca e panelaços. A deputada Jandira Feghali
(PC do B-RJ) chegou a publicar em sua página no Facebook uma acusação segundo a
qual ela teria sido agredida fisicamente pelo opositor Roberto Freire (PPS-SP)
– “pegou meu braço com força e puxou para
trás”. No meio da confusão no plenário,
o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) afirmou a Feghali: “Mulher que participa
da política e bate como homem tem que apanhar como homem”.
Ontem, todos os destaques que
causariam alterações na proposta foram rejeitados. O
próximo desafio do governo estará na votação de segunda proposta do ajuste
fiscal, a MP 664, prevista
para entrar em discussão no plenário na próxima semana.
Renan Calheiros (PMDB-AL) já sinalizou que o governo terá
dificuldades na aprovação do pacote no Senado. “Enquanto o Executivo prejudica o trabalhador em busca de R$ 18 bilhões, o
Congresso dá sua contribuição ao ajuste”, afirmou o presidente da
Casa, em referência à aprovação da emenda constitucional que amplia a
idade-limite para aposentadoria de juízes de tribunais superiores – a PEC da
Bengala. Segundo Renan, ela gera economia
em razão do atraso das aposentadorias dos juízes.
Fonte:
Agência
Estado
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