OAB pretende ir ao STF se PEC da maioridade avançar no Congresso
Presidente da entidade considera inconstitucional manobra de levar à votação uma PEC mais branda sobre o tema 24 h após derrota
[atenção: a OAB é a Entidade de classe dos advogados e tem como meta primeira defender os interesses dos nobres causídicos;
ela defender a impunidade para os bandidos 'di menor', considerar inconstitucional determinada matéria, não significa estar certa.
Ao contrário, a OAB teve algumas vitórias mas também sofreu derrotas memoráveis, sendo uma delas, por sinal em decisão justa e brilhante do STF, foi o reconhecimento de que a Lei de Anistia abrange todos - não existe anistia apenas para um dos lados.]
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pretende ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a proposta de emenda constitucional (PEC) que reduz a maioridade penal, se o projeto for aprovado passar em segundo turno na Câmara e também no Senado. O presidente da entidade, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, considera inconstitucional a manobra utilizada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de levar à votação uma PEC mais branda sobre o tema 24 horas depois de a primeira proposta sobre o assunto ter sido derrotada. "Temos de ter a clareza que a alteração tópica da redação de uma PEC não é suficiente para retirar um fato: a matéria foi rejeitada em um dia e aprovada no dia seguinte. É justamente esse fenômeno que a Constituição proíbe", afirmou o presidente da OAB, em nota. Ele destaca que a constituição proíbe a utilização de nova votação para matéria já rejeitada no mesmo ano legislativo. "Trata-se do devido processo legislativo. Existe para que maiorias ocasionais não sufoquem as minorias", completou, sem fazer referência direta ao presidente da Câmara dos Deputados. [Cunha seguiu o Regimento Interno da Câmara - em vigor há vários anos.Assim, o Regimento pode até ser acusado de conter inconstitucionalidade e ser modificado. Mas, enquanto isso não ocorrer, a decisão do presidente da Câmara está correta e legal, inclusive o RI da Câmara não está sendo contestado.]
Coêlho já se posicionou contra a redução da maioridade penal, por entender que a mudança na idade de punição fere cláusula pétrea de Constituição, que não pode ser alterada. "Tanto pelo seu conteúdo, quanto pela forma de sua aprovação, a PEC não resiste a um exame de constitucionalidade", completou o presidente da entidade.
A entidade defende que o mais adequado é aumentar o tempo de internação atual de menores infratores, além de investir em outras medidas como a obrigatoriedade de frequência escolar e pernoite em casa e de aumentar a punição de maiores que utilizam menores de idade para cometimento de crimes. "A OAB reitera sua histórica posição sobre o tema, considerando um equívoco colocar mais alunos nas universidades do crime, que são os presídios do País", completou.
Na madrugada desta quinta-feira, 2, a Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos, em casos de crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte. A votação da proposta mais branda 24 horas depois da rejeição de projeto sobre maioridade, inicialmente, foi apelidada pelos deputados governistas de "pedalada regimental".
Magistrados
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) considerou "grave" e inconstitucional o procedimento adotado por Cunha. Por meio de nota, a associação apontou que a medida adotada pela Câmara "fere o regimento legislativo e representa inconstitucionalidade formal à proposta".
Além da questão procedimental, a AMB alega que a redução da maioridade penal fere cláusula pétrea da Constituição, que proíbe deliberação sobre matéria que tente reduzir direitos ou garantias individuais. "Esse é mais um retrocesso para a democracia brasileira. Buscar a redução da maioridade penal como solução para diminuição da violência juvenil, sem o profundo e importante debate, trará intangíveis danos à sociedade", entende a entidade de juízes.
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