Quantas vezes vocês já leram textos meus acusando a presidente Dilma Rousseff de
cruzar a rua só para pisar em casca de banana? Nunca antes na
história “destepaiz” uma pessoa tão
inábil havia chegado politicamente tão longe. Não é que eu não esperasse. Previ
que a dupla Dilma-Aloizio Mercadante (Casa Civil) daria errado. É um texto de
20 de janeiro de 2014 (clique aqui para lê-lo).
A presidente parece
sentir especial prazer em inflar crises. Não há problema pequeno, inclusive os
de retórica, que ela não consiga piorar. Dilma é bem mais confusa do que sua
sintaxe. É bem mais atrapalhada do que seu pensamento. É bem mais desorganizada
do que seu discurso.
No domingo, o PSDB fez a sua Convenção Nacional. Como escrevi aqui, bateu duro no governo — e poderia ser diferente? —, mas não encaminhou o
impeachment como palavra de ordem. Nas declarações a jornalistas, tucanos
expressaram a convicção de que a presidente não termina o mandato. E daí? Já
ouvi isso de peemedebistas. Já ouvi isso de pepistas. Já ouvi isso de…
petistas! Uma pessoa com um mínimo de “savoir-faire”
e “savoir-vivre” políticos daria publicamente de ombros, mas, nos bastidores,
chamaria seus líderes no Congresso para articular uma resposta. E pronto!
Mas sabem como é… Dilma é uma fatalista e
acredita que ninguém consegue resistir às paixões. Ela pode se encantar
com a mandioca, com a bola de folha de bananeira, com o cachorro que está
sempre atrás de uma criança ou com a tocha olímpica, mas a sua perdição é a casca de banana. Convocou para segunda uma
reunião de presidentes e líderes de partidos aliados, forçou Michel Temer — vice-presidente e coordenador político —
a arrancar
das legendas um desnecessário manifesto em favor da legalidade e concedeu aquela
entrevista desastrosa à Folha de S.Paulo, em que volta a misturar delação premiada com
tortura, em que chama seus
críticos de golpistas e em que quase os desafia
para uma luta campal.
Consequência de tanta
clarividência política: Dilma, não a oposição, levou o impeachment para o
centro do debate político, para dentro do Palácio do Planalto, para dentro do
Palácio Congresso, para dentro do Palácio da Justiça, para dentro do TCU, para
dentro dos lares, para o noticiário de TV. A presidente que me perdoe, mas isso é de uma burrice que chega a ser
escandalosa. Imagino um petista inteligente — sim, existe isso, e não se
deve confundir inteligência com qualidade moral — a botar a mão na cabeça: “Ah, não! Lá vai ela de novo!”.
Se o impeachment, até
outro dia, a muitos parecia uma possibilidade remota, coisa dos movimentos
mais duros de oposição, agora virou
carne de vaca dos tempos de inflação baixa: todo mundo está consumindo.
Obra de Dilma! Não foi o que ela fez com
a refinaria de Pasadena? Durante quase dois anos, só eu insistia nesse
assunto na grande imprensa. Escrevi 17 textos — me sentia até um Policarpo
Quaresma da questão. Até o dia em que Dilma decidiu dizer ao Estadão que, na condição de presidente do Conselho, fora
ludibriada por Nestor Cerveró. Aí veio o pandemônio.
Notem: eu estou pouco me
lixando para as trapalhadas de Dilma. O problema é que estou convicto de que
ela governa com a mesma falta de destreza com que pensa e com que faz política.
Observem: se a sua popularidade
fosse grande, vá lá demonizar a oposição. Não deveria fazê-lo em caso nenhum,
mas, destaco, não seria um ato estúpido do ponto de vista puramente pragmático.
Quem, no entanto, tem só 9% de ótimo e
bom
deve tomar muito cuidado quando fala um “cospe
aqui”.
A essa altura, a esmagadora
maioria da população se alinha com aquilo que o PSDB ainda nem defendeu: o impeachment.
É claro que a
presidente só pode ser tirada da sua cadeira por força da lei, mas isso não nos
impede de constatar que essa é hoje a
vontade da esmagadora maioria do povo. Movimentos de extrema esquerda ameaçam
botar fogo no circo se isso acontecer. É
bravata! Não teriam como enfrentar a população. Mas
reitero:
isso só pode ser feito dentro da lei. Ocorre que é justamente com as leis que a presidente anda enrolada.
Fonte:
Blog do Reinaldo Azevedo
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