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quarta-feira, 8 de julho de 2015

‘Alguém tem de apagar a luz’ e outras seis notas de Carlos Brickmann



CARLOS BRICKMANN
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
Quem chega primeiro a 5: o litro de gasolina, o dólar, o número de ministros que aguentam ficar no governo ou a popularidade da presidente Dilma?
A ideia de ter até 2018 uma presidente cuja base política se esfacelou (e que perde uma votação importante no Senado por 62×0, com os votos de seu próprio partido) desagrada muita gente. O PSDB está pedindo a renúncia de Dilma; e um militante esquerdista como Celso Lungaretti, que lutou na guerrilha e hoje escreve blogs anticapitalistas, diz que, se o PT não estivesse tão aferrado ao poder pelo poder, seria a hora de pensar seriamente na renúncia da presidente.

O Ibope é terrível para Dilma: índice de aprovação, 9% maior apenas que o de Sarney no finalzinho de seu Governo, quando nenhum candidato à sucessão aceitou seu apoio; índice de reprovação do governo, 68%; a maneira de governar da presidente é rejeitada por 83%. E esses números são confirmados pelas estranhas atitudes de profissionais de área pública que, de repente, estão loucos para abandonar os cargos pelos quais tanto lutaram. Michel Temer ameaça deixar a coordenação institucional do governo, José Eduardo Cardozo se diz cansado de ser ministro, Eduardo Cunha quer que o PMDB rompa com Dilma. Quem conhece, sabe: o PMDB largar cargos promissores é coisa que não existe. 

Esse tipo de político só larga posição de poder quando poder já não há.

Perspectivas de recuperação? Nada é impossível. Mas a mesma pesquisa mostra que, para 61% do eleitorado, os próximos anos do governo Dilma serão ruins ou péssimos. Apenas 11% veem perspectiva de melhora.

Feliz 2019!

Comida pouca…
E, já que a gata não tem sequer quem lhe faça um gesto de carinho, os ratos dispensaram os pudores e saqueiam a despensa. Enquanto o governo defende um ajuste fiscal (que, embora tímido, é essencial para que o país não seja rebaixado como receptor de investimentos), institucionaliza-se a festa do caqui. Os 55 vereadores de São Paulo (por que tantos?) aprovaram a contratação de 660 novos assessores. Cada vereador tinha 18 assessores ─ um time de futebol, mais reservas. Agora, serão 30. Custo: R$ 130 mil mensais por vereador, mais obrigações trabalhistas, vale-transporte, vale-refeição, plano de saúde.

E toda essa tropa está dispensada de trabalhar na Câmara. Podem ficar nos escritórios políticos de Suas Excelências ─ o que é ótimo, porque nos gabinetes não caberiam mesmo. Mas não os chame de cabos eleitorais, que eles não gostam. Assessor é mais chique.

…meu prato primeiro
Talvez vereadores não tenham tanta noção de problemas nacionais, embora devessem ter. E ministros do Supremo Tribunal Federal? Pois saiu do Supremo a proposta de reajustar o salário dos servidores do Judiciário entre 53% e 78%, ao custo de R$ 25,7 bilhões até 2018, e de R$ 10,5 bilhões ao ano daí em diante. Não há ajuste fiscal que dê jeito. A proposta foi encaminhada pelo presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski. [os servidores do Judiciário e os do MPU, que pleiteiam o mesmo índice, juram por todos os juros que não se trata de reajusta e sim reposição das perdas inflacionárias desde 2006.
As planilhas que apresentam comprovam o que dizem.]

O governo bem que tentou negociar, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que concordou com a negociação, o presidente do Supremo também disse que negociaria, os representantes dos servidores prometeram negociar. Mas Dilma foi viajar. Seus ministros são o que se sabe: ninguém se mexeu. O projeto andou. Se o presidente do Supremo pedisse a Renan Calheiros o adiamento da votação, Renan concordaria. Mas Lewandowski não fez o pedido. E o Senado aprovou o reajuste ─ que arrebenta as finanças do país por 62 x 0. O PT votou a favor. O PSDB, que adoraria chegar ao poder e, portanto, é candidato a herdar o rombo, votou a favor. Mais importante do que o país foi a possibilidade de enfraquecer ainda mais a presidente.  Dilma diz que vai vetar a proposta. E tem grande chance de perder de novo.

O horror, o horror
Lembra do juiz Nicolau dos Santos Neto, condenado a 26 anos de prisão por desvio de verbas, estelionato e irregularidades na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo? Pois bem: Nicolau foi indultado no Natal de 2012, como todos os presos de mais de 70 anos que tivessem cumprido um quarto da pena. Mas não ficou inteiramente satisfeito: pediu agora para reaver sua aposentadoria (cassada após a condenação) e os bens confiscados para cobrir os prejuízos que havia provocado.

O Ministério Público já se manifestou contra o pedido, mas o processo está rolando. É preciso manter-se alerta para não ser surpreendido.

Notícia boa…
O delegado Igor Romário de Paulo, da Polícia Federal, um dos coordenadores do trabalho da Operação Lava-Jato, desmentiu que o prejuízo da Petrobras com a roubalheira seja, ao contrário do que se divulgou, de R$ 6 bilhões. Nada disso.

…notícia ruim
De acordo com o delegado Igor Romário de Paulo, as evidências encontradas pela Polícia Federal apontam para um prejuízo de R$ 19 bilhões com os desvios.
O percentual da ladroeira estaria longe dos 3%: ficaria entre 15 e 20%.

Fogo amigo
Esta coluna se iniciou com um enigma e termina com outro. Aloízio Mercadante é pior como inimigo ou como amigo?

Os inimigos da rainha. Coluna Carlos Brickmann

Quem não sabe o que busca não identifica o que acha, dizia Immanuel Kant. Dilma decidiu bater duro, mas identificou o inimigo errado: o ódio pelo PSDB é tamanho que continua atacando Aécio, enquanto elogia o PMDB.

Dilma enfim percebeu que está em risco,
mas ainda não sabe que Aécio e o PSDB são café com leite. Seus inimigos são mais hábeis, mais poderosos e mais bem situados: estão dentro do Governo e comandam Senado e Câmara. Basta seguir a linha do tempo: o esfacelamento da base de Dilma coincide com a vitória, para a presidência da Câmara, do deputado Eduardo Cunha -  que a presidente, embora se tratasse de um aliado, tentou trocar por um petista. 

Cunha, um dos parlamentares mais competentes do Congresso (pena que não esteja exatamente do lado do bem), reagiu duro, mostrando que o PT não tem aliados e quer todos os cargos; e derrotando várias vezes a presidente. Oficialmente, ele e Renan comandam alas opostas do PMDB; na prática, só existe uma ala no PMDB, a que gosta de cargos. Ele e Renan formam uma dupla unida: ele é o durão, Renan é o flexível. Os dois propõem que o PMDB se afaste do Governo, enquanto Temer diz defender a aliança. O fato é que os três, juntos, ocupam todos os espaços.

Os três querem a saída de Dilma. Se só ela sair, por impeachment ou crime de responsabilidade, Temer assume (se ela ficar, Temer continua na coordenação política). Se saírem ela e Temer, por irregularidades na campanha, Cunha assume e comanda novas eleições. E, tenha certeza, seu candidato de coração não é Lula.

Sim, não, talvez
Mas ninguém imagine que Renan, Cunha e Temer sejam Os Três Mosqueteiros, um por todos, todos por um. Renan e Eduardo Cunha, se puderem, salvarão o mandato de Temer, para que ocupe a Presidência no lugar de Dilma. Se não puderem, não correrá uma lágrima: Cunha assume e convoca eleições. Cumpre a lei. De acordo com as regras não escritas da política, Temer será homenageado e transformado em conselheiro do partido.

Vai virar uma gloriosa memória.

O manto diáfano
A articulação já se faz à luz do dia. O PMDB está negociando com adversários do PT uma maneira legal de convencer Dilma a sair, mantendo Temer no poder. O PSDB gostou da conversa de que o país não aguenta três anos e meio de uma presidente que esbraveja, grita e pensa que manda, mas sem poder real; e de que é preciso vencer a crise de governabilidade.

PMDB e PSDB, juntos - e com o inevitável apoio do PTB, PPS, DEM e adesistas de última hora - têm ampla maioria no Congresso. O PT de Dilma pensa em atrair de volta o PMDB; o PT de Lula quer o "exército de Stedile" nas ruas.

Mas, tirando a própria Dilma e uns poucos ministros, ninguém aposta um picolé de limão em sua permanência.

Dias de fúria
Hoje - por coincidência, aniversário dos 7x1 da Copa que abalaram o Brasil - há uma acareação de Pedro Barusco com seu antigo chefe Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, na CPI. Se Barusco tinha quase US$ 100 milhões que na delação premiada aceitou devolver, quanto teria cabido a seu chefe?

Amanhã é pior:
a acareação é de Barusco com João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. A oposição espera que Barusco possa comprovar que a campanha de Dilma recebeu recursos desviados da Petrobras (nesse caso, o Tribunal Superior Eleitoral pode cassar o registro da candidatura de Dilma e Temer, retirando-lhes o mandato). Mais: se Vaccari mentiu à CPI em seu primeiro depoimento, em abril, está sujeito a processo criminal - o que poderia estimulá-lo a aderir à delação premiada, na qual contaria sua vida de tesoureiro do PT.

A propósito de delação premiada, Ricardo Pessoa, da UTC, é um nome-chave na questão de doações de campanha. Ele sabe se e quando houve dinheiro sujo.

As chances de Dilma
Por incrível que pareça, as melhores oportunidades da presidente estão no Congresso. Mesmo que o Tribunal de Contas recomende a rejeição das contas de Dilma, isso não passará de recomendação. O TCU é órgão auxiliar do Congresso. E o Congresso, mesmo contra a recomendação do tribunal, pode aprovar as contas. Mas pode ser mais sutil - o que faz parte do estilo do PMDB: para julgar as contas de Dilma, seria preciso analisar primeiro as contas pendentes. Há 15 relatórios que não foram examinados, e que têm precedência. A questão pode ir longe e só ser examinada depois de terminado o mandato da presidente.

No lugar certo
A presidente Dilma Rousseff viajou na terça para a Rússia, para participar da 7ª Reunião de Cúpula do Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Dificilmente a cidade-sede teria um nome mais adequado: Ufa.

Atenas é aqui
Grécia é para os fracos. O Ministério do Planejamento foi obrigado, por um requerimento do senador Reguffe, do PDT de Brasília, a revelar informações até agora secretíssimas. O Governo Federal tem 23.941 cargos de confiança, para os quais pode nomear quem quiser, sem concurso (os Estados Unidos, com população 50% maior, com economia sete vezes maior, têm 8 mil cargos de confiança).
  


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