Congresso reage à operação da PF entre o medo e a perplexidade
Clima entre os investigados pelo Supremo é de apreensão
Os senadores que moram no bloco G da quadra 309 foram acordados pelo
ronco de um helicóptero sobrevoando o prédio. Os motoristas e moradores
se alvoroçaram com a chegada da Polícia Federal cobrindo todos os
flancos do bloco. Logo descobriram que algo impensável acontecia:
senadores da República eram alvo de mandados de busca e apreensão pelo
envolvimento na Operação Lava-jato. Quando a notícia se espalhou, o
clima de receio se alastrou pelo Congresso. — Eu estava saindo para o pilates e dei de cara com uma tropa de
ninjas indo para a casa do Collor. Um baixo-astral! — contou o senador
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Collor usa o apartamento funcional no prédio, mas não estava ali.
Dormia com a mulher na Casa da Dinda, mansão no Lago Norte. Ainda estava
de pijama quando a PF chegou. Collor ficou indignado. Mais tarde,
relatou a colegas que os agentes levaram até cópia de seu testamento. Collor disse que mostrou notas fiscais dos carros e do Imposto de
Renda, mas que o policial fez um telefonema e recebeu a ordem de “levar
tudo”. Um agente filmava toda a operação na Casa da Dinda. No
apartamento do Senado, como Collor não estava, a porta foi aberta com a
ajuda de um chaveiro.
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Apesar de o assunto ser o principal tema do dia, nenhum partido saiu em defesa de Collor ou fez discurso contra ação policial. Na Câmara, onde, ao todo, 22 deputados respondem a inquéritos, o
assunto estava nas rodas de conversa. Não houve discursos na tribuna,
mas o clima entre os envolvidos no escândalo era de receio e
perplexidade. Nas conversas com O GLOBO, alguns desses deputados, na
condição de anonimato, criticaram as decisões dos ministros do STF que
autorizaram as buscas. Os que concordaram em dar alguma declaração, a
fizeram com cautela. O primeiro vice-presidente da Câmara, Waldir
Maranhão (PP-MA), investigado no STF, foi econômico: — Espero que a PF saiba o que está fazendo. Está tudo em segredo de
Justiça. Não quero falar mais — disse Maranhão, que foi apontado pelo
doleiro Alberto Youssef como beneficiário do esquema na Petrobras.
Também respondendo a inquérito, Nelson Meurer (PP-PR) acompanhava no computador à sua frente o noticiário sobre o assunto. Foi outro que não quis se estender no assunto: — Não tenho nada a dizer.
Jerônimo Goergen (PP-RS) comentou sobre o assunto com reservas. Ele aparece na lista de deputados do PP que, segundo Youssef, receberam entre R$ 30 mil a R$ 150 mil: — Já fiz minha parte. Fui o primeiro a entregar minha defesa. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também alvo de investigação do STF, não quis comentar a ação da PF. E desdenhou ao ser perguntado sobre o clima de apreensão:
— (Clima?) Não sei, não senti. Não vi ninguém falar de clima. Está sol.
Um parlamentar investigado, que pediu anonimato, comparou sua situação com a de Collor.
— Olha isso! O Collor tá envolvido, esses carrões! Quem sou eu perto disso tudo? Só um deputadozinho.
— Movimentado o Planalto Central hoje né? Está um pandemônio — disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Fonte: O Globo
Também respondendo a inquérito, Nelson Meurer (PP-PR) acompanhava no computador à sua frente o noticiário sobre o assunto. Foi outro que não quis se estender no assunto: — Não tenho nada a dizer.
Jerônimo Goergen (PP-RS) comentou sobre o assunto com reservas. Ele aparece na lista de deputados do PP que, segundo Youssef, receberam entre R$ 30 mil a R$ 150 mil: — Já fiz minha parte. Fui o primeiro a entregar minha defesa. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também alvo de investigação do STF, não quis comentar a ação da PF. E desdenhou ao ser perguntado sobre o clima de apreensão:
— (Clima?) Não sei, não senti. Não vi ninguém falar de clima. Está sol.
— Olha isso! O Collor tá envolvido, esses carrões! Quem sou eu perto disso tudo? Só um deputadozinho.
— Movimentado o Planalto Central hoje né? Está um pandemônio — disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Fonte: O Globo
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