À espera da denúncia no
STF, Cunha redige nota em que aponta possível acordo para enfraquecê-lo
Segundo aliados do presidente da Câmara, texto questiona ausência de Renan nas acusações a serem feitas no Supremo
Segundo aliados do presidente da Câmara, texto questiona ausência de Renan nas acusações a serem feitas no Supremo
Em reuniões e consultas por telefone na noite de quarta-feira com aliados da base e oposição, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) , redigiu uma nota que deverá divulgar após o anúncio do procurador-geral Rodrigo Janot, no qual denunciará o parlamentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro. Cunha decidiu não sair atirando ontem porque quer esperar para ver o conteúdo do despacho de Janot, mas na nota rabiscada a muitas mãos, ele levanta a suspeita de um possível ‘acordão’, por deixar de fora senadores petistas envolvidos no esquema de desvios da Petrobras.
Nas conversas que originaram a
nota, Cunha questionou principalmente o fato de o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ficar
de fora das denúncias. Com os aliados, argumentou que a situação de Renan é
a mesma que a sua, porque também é acusado de receber propina através do
deputado Aníbal Gomes. — Se os petistas e
Renan não entrarem nas denúncias, vai ficar claro que houve um acordão para me
enfraquecer. É muito estranho esse direcionamento pra mim, nessa primeira leva
de denúncias. E Janot vai começar a ser
questionado, porque depende do Senado e do governo para ter sua recondução
aprovada no Senado — disse Cunha
na reunião de ontem, segundo relatos dos presentes.
Das reuniões e conversas por telefone
com Cunha para redigir a nota participaram o líder do PMDB, Leonardo Picciani
(RJ), o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), e os deputados Nilson Leitão
(PSDB-MT), Fábio Garcia, José Carlos Aleluia (DEM-BA), Manoel Júnior (PMDB-PB),
Hildo Rocha (PMDB-MA), André Moura (PSC-SE), Mauro Pereira (PMDB-RS).
Os
líderes do Democratas, Mendonça Filho (PE); e do PSDB, Carlos Sampaio (SP), foram consultados por telefone, e aconselharam que Cunha
tenha uma reação mais ponderada. Mas há outro grupo, dos chamados “pitbulls”, que defendem que ele “parta pra cima”.
Segundo
deputados presentes na reunião, se
comentou o fato de o Planalto estar comemorando a denúncia contra Cunha e seu
enfraquecimento, esperando que, daqui para frente, frágil, ele decida recuar,
negociar e recolher as armas, seguindo a estratégia de Renan. — O cara tá com água
pelo nariz vai negociar o quê? E o que o governo tem para entregar? Não contem
com isso. Se vier uma denúncia só
baseada em denúncias de delatores, ele vai crescer pra cima — disse
um dos aliados de Cunha.
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