A presidente Dilma
Rousseff reuniu na noite deste domingo, no Palácio da Alvorada, 13 ministros; Michel Temer, o vice-presidente
e coordenador político, e dois líderes do governo no Congresso. O objetivo
do encontro? Bem, os
presentes imaginaram que a governanta iria anunciar alguma medida concreta para
deixar claro que está no comando. Huuummm… Sabem o que ela fez? Marcou novas reuniões.
Já escrevi, acho eu, uma dezena de
textos apontando que um dos seus
problemas é não ter agenda nenhuma — nem para dialogar com a base nem para
estabelecer pontes de governabilidade com a oposição. Mas trato disso daqui
a pouco. O ponto que mais chamou a minha atenção foi outro e diz respeito ao
impeachment e à renúncia.
Edinho Silva, ministro da Comunicação
Social, foi o encarregado de falar com a imprensa sobre o resultado do
encontro. Referindo-se à determinação de Dilma de permanecer no cargo, afirmou:
“A presidente foi eleita para cumprir
quatro anos de mandato, e o Brasil é exemplo de democracia para o mundo. Não
podemos brincar com a democracia, não podemos brincar com as instituições. A
presidente vai cumprir seu mandato e está otimista com a capacidade de a
economia responder a esse momento de dificuldade num curto espaço de tempo”.
Mais adiante, indagado sobre os protestos do dia 16, que cobram o impeachment, Edinho
disse que o Planalto os vê como “um
evento natural”. Segundo ele, “um
governo inspirado na democracia lida com normalidade [com as manifestações]”.
Ah, bom! Dilma e sua turma precisam
decidir se cobrar que ela seja impichada é coisa própria da democracia ou é
tentativa de golpe. Não dá para ser as duas coisas ao mesmo tempo.
Os que compareceram à reunião esperavam
que a presidente anunciasse, por exemplo, um
enxugamento do governo. Mas nada! Não houve um só aceno desse sentido. Estuda-se a redução das
pastas das atuais 39 para algo entre 24 e 29. O problema é que isso pode significar
ainda mais dificuldades com a base aliada. Na conversa, a presidente incitou os
ministros a falar com os parlamentares para tentar evitar a tal pauta-bomba e
aproveitou para anunciar que vai se reunir com os respectivos presidentes dos nove
partidos que oficialmente compõem a sua base de apoio.
O “diálogo”
inaugurado por Dilma prossegue nesta segunda. Ela recebe para jantar no Alvorada as
principais lideranças de partidos governistas no Senado, capitaneadas por Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente
da Casa. Há algum tempo já, o governo
vem apostando em usar o senador para tentar isolar Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
que preside a Câmara.
A reunião serviu
também para anunciar que Dilma e Temer vivem uma relação harmoniosa. Ele mesmo voltou a
fazer uma defesa candente da governabilidade, reiterando seu papel de
conciliador, mas não de candidato a ocupar o lugar de Dilma. Bem, caso ela seja
impichada ou renuncie, isso não depende da vontade dele, mas das leis.
Renúncia
Deixando claro que a renúncia é, sim, um tema que passou a habitar as paredes de vidro do Palácio da Alvorada, José Guimarães (PT-CE), o líder do governo na Câmara, revelou, como de hábito, o que lhe cabia guardar. “A presidente vai liderar um amplo diálogo com as bancadas, com os partidos, com os empresários, com os movimentos sociais. Vai percorrer o país e não há chance de renunciar”, afirmou esse grande, habilidoso e espetacular estrategista. [mais conhecido por ‘capitão cueca’, pelo péssimo hábito de conduzir dólares, oriundos de fontes escusas, em sua cueca e na de assessores.] Dito de outra maneira: a renúncia compõe o cardápio de saídas.
Deixando claro que a renúncia é, sim, um tema que passou a habitar as paredes de vidro do Palácio da Alvorada, José Guimarães (PT-CE), o líder do governo na Câmara, revelou, como de hábito, o que lhe cabia guardar. “A presidente vai liderar um amplo diálogo com as bancadas, com os partidos, com os empresários, com os movimentos sociais. Vai percorrer o país e não há chance de renunciar”, afirmou esse grande, habilidoso e espetacular estrategista. [mais conhecido por ‘capitão cueca’, pelo péssimo hábito de conduzir dólares, oriundos de fontes escusas, em sua cueca e na de assessores.] Dito de outra maneira: a renúncia compõe o cardápio de saídas.
Meus caros, não faz sentido
reunir 13 ministros, o vice-presidente e lideranças no Congresso para nada.
Dilma expõe o vazio da agenda, a exemplo do que fez com os governadores. Assim,
o saldo do encontro é este:
– o governo ora diz que cobrar o impeachment é parte da legalidade democrática, ora diz que é golpe;
– o governo ora diz que cobrar o impeachment é parte da legalidade democrática, ora diz que é golpe;
– Dilma discute,
sim, a renúncia. E, por enquanto, segundo Guimarães e Edinho, ela a descarta.
Mas sabem como são as
coisas… A realidade da política é dinâmica. A
esperança permanece no fundo da caixa.
Fonte: Reinaldo Azevedo – Blog na Revista Veja
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