Medida
para evitar arrombamentos e assaltos conta com cercas, câmeras e vigilantes
A proteção dos céus não basta mais. Para se
precaver da violência terrena, o que anda nas alturas em igrejas católicas da
Zona Sul são os gastos com segurança. Em meio a altares, relicários e imagens de santos, o monitoramento por
câmeras é onipresente em várias paróquias. Os padres evitam citar valores,
mas também não se fazem de rogados na hora de contratar serviços de vigilância.
Nem sempre, porém, as medidas têm sido a salvação.
Uma das quatro câmeras que foram instaladas
na Paróquia São José, na Lagoa: a igreja conta também com dois vigias noturnos - Márcia Foletto
No
Arpoador, por exemplo, a Paróquia da
Ressurreição tem 14 câmeras, além de seguranças nos fins de semana. Mas, há
duas semanas, uma tentativa de assalto assustou os
fiéis em plena missa de domingo. O barulho dos cachorros da igreja
interrompeu a celebração, conta o padre José Roberto Devellard. Era o aviso de
que bandidos tentavam entrar na paróquia pela segunda vez nos últimos meses. Em
ambas as ocasiões, pelo mesmo caminho: os fundos do
templo, pulando um muro entre a paróquia e um matagal do Parque Garota de
Ipanema. — Chegamos a colocar uma cerca elétrica nesse muro, mas a tiramos, com
medo de crianças do colégio aqui perto se machucarem. Há quatro meses, pusemos
uma cerca cortante no lugar. Apesar disso, os ladrões têm tentado entrar.
Então, não há jeito. Vamos instalar oito refletores para iluminar a área —
conta o padre, confirmando planos noticiados ontem pela coluna de Ancelmo Gois no
GLOBO.
Devellard
lembra que, ano passado, criminosos
invadiram a igreja para levar um cofre. Agora, com a cerca cortante no muro, ladrões têm usado colchões em suas
investidas para passar por ela. Um colchonete continuava preso no local
ontem, como um vestígio da ação que levou à instalação dos refletores. — Organizamos um bazar para arrecadar
dinheiro e comprar os holofotes, que começaram a ser instalados — diz o
padre, revelando uma rotina de assaltos também do lado de fora da paróquia. — No início do ano, eu mesmo fui atacado na
saída do Garota de Ipanema.
Já na
Lagoa, funcionários da Paróquia São José dizem que a
atuação dos policiais do programa Lagoa Presente reduziu a frequência de
assaltos na região. Mesmo assim, além
de o templo ter dois vigias noturnos, há dois meses a igreja investiu na
instalação de quatro câmeras em sua área
interna, uma delas em cima do altar, atrás
da imagem de Cristo crucificado.
Não muito
longe dali, na Paróquia Nossa Senhora da
Paz, na Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, o padre Manoel chegou a
afirmar, dias atrás, que o maior gasto no orçamento da igreja seria justamente
para manter o esquema de segurança,
conforme antecipou a coluna Gente Boa, do GLOBO, no
domingo. Faz alguns anos, o templo tem
seis vigias (dois por turno) e câmeras de segurança do lado de dentro e
na rua.
A
precaução, diz Jorjão, outro padre da paróquia, já inibiu ações de bandidos. Mas não impediu que, em agosto de
2014, um criminoso em fuga invadisse a igreja durante uma missa e fizesse um
fiel refém por mais de duas horas.— Onera
o orçamento. E, às vezes, ainda acontecem furtos de bolsas e celulares deixados
nos bancos — diz ele.
Diante da
situação, o segurança Ailton Francisco de Oliveira, que ronda a igreja com
rádio e cassetete, se prende à fé para que sua rotina não tenha sobressaltos: — Todo dia, quando chego, é o mesmo
ritual. Passo pelos altares pedindo paz. Não está fácil para ninguém. Nem
dentro da igreja.
Fonte: O Globo
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