O bandido não tem receio algum de cometer crime, pois sabe que não encontrará resistência
Muitos
devem se lembrar do caso em Caldas Novas em que um comerciante, ao ser
assaltado com arma na cabeça, defendeu a si mesmo e ao cliente em seu
supermercado.
A história surpreende pois, ao utilizar arma para autodefesa,
responderá processo pelo porte ilegal. Ou seja, a vítima passou a ser vista
como o próprio criminoso. O caso ilustra o debate que precisamos desenvolver
acerca do porte de armas.
A falta
de segurança, em todo o país, é alarmante. Sou o responsável pela elaboração do
relatório da Política Nacional de Segurança Pública do Senado Federal. A partir
do trabalho de fiscalização realizado nessa comissão, identifiquei a urgência
da adoção de medidas que compreendem desde o fortalecimento das polícias — com
equipamentos, efetivo e autonomia — à necessidade de investirmos em educação
para alcançarmos uma sociedade mais igualitária e justa. No entanto, o que
também pude identificar foi o fracasso do nosso Estatuto do Desarmamento. A
população, apesar de ter se colocado contrária à proibição do comércio de armas
legalizado no referendo realizado em 2005, não foi ouvida.
Diante
disso, apresentei uma proposta, PDS 175/2015, que convoca um plebiscito para
debater a revogação do estatuto. Diferentemente do referendo, a medida impõe ao
legislativo uma regulamentação que respeite, integralmente, a decisão da
maioria da população. Serão três perguntas feitas, conjuntamente, com as
eleições de 2018, de forma que nenhum gasto extra seja dispensado:
se o cidadão
é a favor do porte de arma de fogo;
se o cidadão é a favor da posse de arma de
fogo;
e se o cidadão é a favor do porte de arma de fogo em regiões rurais.
[as três perguntas merecem uma única resposta e, com certeza terão, um SIM como resposta.]
Alguns
podem argumentar que o porte de armas contribui com o aumento da criminalidade.
Isso não tem fundamento quando analisamos os índices de violência no Brasil.
Desde o Estatuto do Desarmamento, há dez anos, o número de homicídios e vítimas
por armas de fogo só aumentou. São mais de 160 assassinatos por dia. Entre 2011
e 2015, foram 279 mil vítimas. Nesse mesmo período, a guerra na Síria causou a
morte de 256 mil pessoas — número menor do que o da realidade brasileira.
Disso, concluo que vivemos como um país em guerra: pessoas estão trancafiadas
dentro de suas casas. E o pior: nem mesmo em casa se sentem seguras. Isso é
revoltante. Sonho com o dia em que o bandido será oprimido, e não o povo. Hoje,
o bandido não tem receio algum de cometer crime, pois sabe que não encontrará
resistência. Mas, ao saber que poderá ser surpreendido, será que ele cometeria
esse crime?
Minha
proposta não objetiva tornar o acesso às armas algo irrestrito. O cidadão, que
desejar ter ou portar uma arma, deverá passar por testes psicológicos e
treinamento direcionado para a autodefesa, conforme regulamentação específica.
Convido toda a sociedade a opinar sobre esse tema e fazer valer o seu direito
de escolha.
Por: senador Wilder
Morais, líder do Partido progressista (PP) no Senado.
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