O atentado em Las Vegas e uma enquete canalha: não deixem de boicotar e denunciar
Você sabe o que é uma pergunta capciosa? É uma pergunta com várias intenções e interpretações, feita com objetivo (explícito ou implícito) de comprometer a resposta e o entrevistado, deixando-o em uma sinuca de bico.
Vejamos um exemplo. Após o atentado recente nos EUA, que possui todas as características de um atentado terrorista (e, segundo o Estado Islâmico, o autor teria se convertido ao islã há alguns meses. O ISIS assumiu a autoria do ataque), em que o americano Stephen Craig Paddock atirou em uma multidão e matou mais de 55 pessoas em Las Vegas, o portal G1, lançou uma enquete em seu site sobre o porte de armas.A pergunta era “Você é a favor do porte de armas para qualquer pessoa?” As opções de respostas eram “Sim” e “Não”.
Perceba que, se você vota no Sim, os jornalistas irão dizer que você é a favor do porte e comércio irrestrito e deliberado de armas, o que inclui permitir que pessoas como o atirador Stephen adquiram armas livremente. Ou seja, vão te acusar de ser um facilitador de atentados como esse. Um cúmplice de assassinato.
Se você votar no NÃO (o que seria sensato, uma vez que ninguém em sã consciência é a favor do comércio e porte irrestrito e deliberado de armas de fogo), o resultado e feedback do jornal vai ser contabilizado como se você fosse a favor da proibição total. Irão dizer que a maioria da população é a favor do atual sistema de desarmamento.
Mas a maioria das pesquisas diz que o brasileiro é o povo mais burro do planeta — o que comprovamos diariamente. Há uma terceira opção que ignoram sempre: boicotar a enquete e denunciar a estratégia canalha do portal G1.
Mas o que as pessoas me dizem quando proponho essa terceira via? Que vida de gado, diria Zé Ramalho! Se questionado por um bandido se preferem fazer sexo oral ou anal, o brasileiro prefere o a primeira opção porque, afinal de contas, vai ser chamado de veado do mesmo jeito, não é mesmo? E também irá me responder: “Fazer sexo oral no bandido é melhor do que perder as pregas, não acha?”
Brasileiro não tem um horizonte de consciência desenvolvido o suficiente, muito menos coragem ou inteligência, para entender que quase sempre existe uma outra alternativa, e que ele tem força pra a escolher, para a exigir. São como o gado preso por um barbante a um pé de cebolinha no pasto.
Já ouviu falar de Hegel? A dialética hegeliana consiste em lidar com duas (ou mais) linhas de raciocínio ao mesmo tempo. Foi criada justamente para absorver e se aproveitar de qualquer resultado (positivo ou negativo) e situação, transformando qualquer cenário num resultado em favor do Movimento Revolucionário. Foi o que fizeram com as manifestações de 2015.
Esse pessoal de esquerda vive em constante conflito interno e externo e aproveita tudo na Guerra de Narrativas. Em uma Guerra Cultural e de Narrativas (que é o que vivemos), a imprensa é inimiga. E é uma Guerra Assimétrica, pois o lado de cá não tem os mesmos meios de ação que o inimigo para se defender ou revidar.
O boicote e a denúncia são as únicas armas eficazes nesse tipo de emboscada. A opção pelo armamento já ganhou no referendo. Então que se foda se, numa pesquisa de um site de quinta categoria, o NÃO vença porque as pessoas não votaram no SIM. Nenhuma pesquisa isolada pode superar uma votação de escala nacional que já foi feita.
A repercussão de um boicote e de um protesto exigindo que a pergunta seja alterada para uma versão honesta tem muito mais importância do que ver o rosto de decepção dos jornalistas da Globo News que esperavam que o NÃO ganhasse, depois de um ataque terrorista em que armas foram utilizadas. E não venham me falar que não dá pra organizar esse tipo de ação, porque sempre vemos as pessoas se mobilizando para agir e votar em enquetes. Basta apenas que sejam orientadas na estratégia do boicote e do protesto.
Não podemos esquecer, também, que essas pesquisas podem ser facilmente manipuladas e fraudadas. Olavo de Carvalho já cansou de explicar essas coisas. É muito amadorismo nessa tal de “Direita”.
Se o SIM ganhar (coisa que ocorreu enquanto eu escrevia essas linhas ), a Globo vai associar isto ao projeto do Peninha. Vai dizer que querem armas pra todo mundo. Ou seja, quem votar no sim pode vir a atrapalhar a aprovação do projeto de revogação do Estatuto do Desarmamento. Vão instrumentalizar o resultado de qualquer jeito.
Aguardem e verão.
Pedro Henrique Medeiros é aluno de Olavo de Carvalho no Seminário de Filosofia.
Transcrito do site Mídia Sem Máscara
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