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sábado, 2 de dezembro de 2017

A política do Brasil para as crianças de até 3 anos é um deserto de estímulos



Uma iniciativa pioneira no Ceará tenta tirar nosso atraso nessa área tão crucial para o desenvolvimento de um país 

A área rural da cidade cearense de Boa Viagem é um bom retrato do sertão do Ceará. Longas extensões de terra batida, galhos secos e ocasionais cactos das famílias mandacaru e coroa-de-frade evocam as histórias do cangaço. Salvo o intermitente verde dessas plantas espinhosas, a região é um deserto de cores e estímulos. Os campos da pequena Boa Viagem fazem parte da macrorregião de Quixeramobim que, com 75 mil habitantes, é o centro comercial da área.


No sobe e desce da estrada que corta o sertão, os seres vivos mais comuns são urubus. A aparição de um jegue, uma cabra ou um porco anuncia a aproximação de um lugar habitado por gente. Entre uma casa e outra há espaço suficiente para acreditar que a área habitada chegou ao fim. A criançada pode brincar e correr sem se preocupar com o barulho.

>> O custo de jovens fora da escola para o país pode chegar a R$ 98 bilhões

É tanto espaço que os três filhos mais velhos de Francisco Djalma do Nascimento Araújo, de 37 anos, e Maria Gonçalves do Nascimento Araújo, de 35, chegam a estranhar. Criados num barraco na cidade de Ceilândia, no Distrito Federal, Gabriel, de 15 anos, Maria Claudia, de 12, e Camila, de 8, quando não estão na escola, ficam dentro de casa – mesmo tendo agora todo o espaço que quiserem para correr. “Meus meninos mais velhos nunca foram de bagunça. Quando pequeninos, sempre ficavam sentadinhos, quietinhos”, diz o pai.


PARA VENCER O ISOLAMENTO
​Cleomar Rodrigues, agente de visitação domiciliar. Ela avança em estradas de terra para orientar famílias isoladas (Foto: Igor de Melo)


A exceção é a caçula, Gabriela, de 1 ano e 9 meses. “É agoniada”, diz Maria. “Antes era brava e nervosa. Agora é bagunceira.” O antes a que a mãe se refere é o tempo em que Gabriela ainda não andava nem engatinhava. Naquela fase, que durou até um ano e meio de vida, Gabi ficava entre a rede, o único sofá que ocupa a sala da família e o colo dos pais e dos irmãos mais velhos. “Era nervosa, gritava, se empertigava no colo da gente”, diz o pai.
 

>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana


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