Marcelo Odebrecht, Adriana Ancelmo e Lúcio Funaro vão cumprir pena em mansão no Morumbi, condomínio no Leblon e fazenda
Pelo menos três presos na Operação Lava-Jato vão passar o Natal bem
melhor acomodados do que a grande maioria da população brasileira. Nos
últimos dois dias, a ex-primeira-dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo,
o empresário Marcelo Odebrecht e o doleiro Lúcio Funaro ganharam na
Justiça o direito de sair da cadeia e ir direto para as suas casas de
luxo, duas delas localizadas em bairros com o metro quadrado mais caro
do Brasil: Leblon, no Rio de Janeiro, e o Morumbi, em São Paulo. Nos
novos endereços, com direito a piscina e hidromassagem, eles serão
monitorados e sujeitos a restrições.
Presenteada
com pelo menos R$ 1 milhão em joias pelo marido, o ex-governador do
Rio, Sérgio Cabral, preso por corrupção – e que ontem sofreu sua quarta
condenação, totalizando 87 anos de cadeia –, Adriana Ancelmo deixou a
prisão de Benfica, na Zona Norte do Rio, na manhã de ontem rumo ao
apartamento luxuoso no Leblon, Zona Sul do Rio. Ela foi liberada por
decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que
concedeu a prisão domiciliar.
Adriana Ancelmo foi condenada a 18 anos e três meses de prisão e
foi beneficiada outras vezes com a prisão domiciliar por ter filhos
menores de idade. A mulher de Cabral vai para o endereço na esquina da
Avenida Delfim Moreira com Rua Aristides Espínola, um dos condomínios
mais disputados do Leblon, com vista para o mar. Em março deste ano, em
uma das vezes que foi cumprir pena em casa, ela foi alvo de protestos
pedindo direitos iguais para as detentas pobres. [a inconveniência de conceder os mesmos direitos para detentas mais pobres é que o risco das crianças serem usadas para facilitar ações de tráfico de drogas é enorme.
O empresário Marcelo Odebrecht também deixou a carceragem da Polícia Federal,
em Curitiba, na manhã de ontem e seguiu para um condomínio residencial
de alto luxo no Morumbi, Zona Oeste de São Paulo. O local conta com
forte esquema de segurança para as 40 casas de quem pode pagar pelo
oásis, o que o manterá distante de curiosos e jornalistas. O condomínio
tem áreas de lazer privativas para cada morador, com piscinas, adegas,
churrasqueiras e até cinemas. As casas custam entre R$ 10 milhões e R$
50 milhões. Segundo especulações do mercado imobiliário, a casa de
Odebrecht tem 3 mil metros quadrados e custa entre R$ 25 milhões e R$ 30
milhões.
Odebrecht ficou dois anos e meio
preso na carceragem da PF por envolvimento na Lava-Jato. Herdeiro de uma
das maiores empresas do Brasil, ele foi preso em 2015 e condenado a 31
anos e seis meses em regime fechado pelos crimes de corrupção ativa,
lavagem de dinheiro e associação criminosa. A soltura faz parte de um
acordo assinado por ele na delação premiada, pelo qual ele passaria o
restante da pena em casa com tornozeleira eletrônica. O acessório vai
custar ao condenado R$ 149 por mês.
Já o doleiro Lúcio Funaro teve a prisão domiciliar autorizada ontem
pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10 ª Vara Federal.
Considerado um dos homens-bomba da Lava-Jato, ele vai para uma fazenda
em Vargem Grande do Sul, em São Paulo. Funaro estava preso desde junho
de 2016 no Complexo da Papuda, em Brasília. Em agosto deste ano, fechou
acordo de delação premiada com o Ministério Público. Inicialmente, o
juiz havia sugerido que Funaro cumprisse a prisão domiciliar em
Brasília, mas a defesa propôs instalar câmeras por meio das quais a
Justiça poderá monitorá-lo 24 horas. O sítio conta com uma ampla área
verde, um heliponto e uma quadra de tênis.
Até
que os equipamentos sejam instalados – a previsão é de que isso ocorra
até 2 de janeiro – ele ficará em sua casa na capital paulista. Funaro
tentou, sem sucesso, aprovar uma lista de visitantes que incluiria um
amigo para jogar tênis. O lobista, que implicou figuras como o
presidente Michel Temer e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, deve
estar disponível para videoconferências sempre que solicitado.
Correio Braziliense
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