'não há como 10 mil militares possam compensar
esforço de quase 60 mil policiais do estado'
Militares
do Exército durante operação na Rocinha - Fábio Guimarães / Agência O Globo
O socorro das Forças Armadas ao Rio de Janeiro pela “enésima” vez suscita a velha questão:
está valendo a pena – ou o custo, até aqui, estimado em 48 milhões de
reais, o suficiente para comprar 800 viaturas policiais – para reverter a crise
da segurança do Estado? O que vimos foi mais socorro político do que efetiva
resposta operacional para afetar a violência que se distribui em insistentes
picos localizados como na Rocinha, nas comunidades dominadas por traficantes e
milicianos e nas variadas manifestações criminosas que se espalham de forma
crescente pelas ruas.
Não há
como 10 mil militares federais possam compensar o esforço de quase 60 mil
policiais do estado. Ou reparar suas mazelas como a falta de integração das
polícias civil e militar, o envolvimento de policiais com criminosos, a
precariedade de planejamento ou a dificuldade do governo do estado em colocar
nas ruas boa parte dos oito mil policiais que fugiram para órgãos estranhos, se
escondem na burocracia ou vigiam presos. Somente policiais podem cuidar com
proficiência de seus afazeres que demandam conhecimento e experiências
específicos, ingredientes não existentes nos arsenais militares. [os 10 mil militares federais podem fazer toda a diferença desde que sejam utilizados em ações específicas, realizadas simultaneamente em dois ou três locais diferentes, com duração mínima de dez a quinze dias, realizando cerco, asfixia e varredura.
Enquanto estes dez mil homens realizam suas missões os 60 mil policiais estaduais executam suas ações de rotina, na qual são especialistas.
Ao final de cada conjunto de operações específicas as FF AA iniciam outras operações enquanto a PM assume as favelas recém limpas.
PMs e FF AA trabalhando no mesmo local, em conjunto, não funciona - exceto em situações excepcionais.]
É preciso
parar com essas “operações quebra-galho”. Se o governo do estado quer o apoio
federal deve assinar documento reconhecendo a incapacidade do aparato estadual
para cuidar efetivamente da segurança da população e, nessa condição, passar
todo o controle da segurança pública para comando e coordenação federal. E é
melhor que o faça. Não há a menor perspectiva de que algo vá melhorar no
derradeiro ano deste governo. Uma boa ação do governo Pezão em 2018 seria
cuidar da transição da segurança pública para o próximo governo, através da intervenção
federal na segurança pública do Rio de Janeiro para identificar e corrigir seus
problemas internos e preparar estratégias mais eficientes para contenção do
crime e evoluir para patamar mais civilizado de segurança que a população do
Rio está a merecer.
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