No
julgamento do mensalão, um ministro disse que o Supremo votaria “com a faca no
pescoço".
Ontem o tribunal se viu sob a mira da baioneta. Ela foi apontada
pelo comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas. Na
véspera de outro julgamento importante, o general tentou emparedar a Corte. Não
precisou de tanques. Sacou o celular e disparou dois tuítes. Em 436 caracteres,
disse “à Nação” que apoiava o sentimento “de todos os cidadãos de bem de
repúdio à impunidade”. Acrescentou que o Exército se manteria “atento às suas
missões institucionais”. [desde quando ser contra a impunidade de criminosos condenados é crime? é intenção de ameaça?
desde quanto declarar que uma Instituição da República tem atenção com seus deveres, ou missões, institucionais, é crime ou ameaça?
Crime - que justifica qualquer prisão preventiva, desde que haja interesse em punir criminosos - é um condenado por NOVE JUÍZES e réu em mais sete crimes, sair pelo Brasil afora em caravana ofendendo autoridades constituídas, ameaçando convocar um bando de marginais, os facínoras do 'mst' que ele chama de 'exército de Stédile', e nada é feito para conter tamanha conduta criminosa.(a Constituição Federal proíbe associação paramilitar)
Isto sim, é CRIME que justifica prisão preventiva, valendo o mesmo para a senadora, ré e presidente do PT, Gleisi Hoffmann que teve a ousadia de ameaçar de morte quem tentasse prender Lula.]
As
mensagens foram a senha para uma noite de alta tensão em Brasília. Políticos,
advogados e juízes trocaram ligações e mensagens nervosas. Tentavam entender se
o país estava diante de uma ameaça de golpe militar, 34 anos depois de
reconquistar a democracia. Não se
sabe se Villas Bôas iria tão longe, mas o comunicado alvoroçou a caserna.
“Tenho a espada ao lado, a sela equipada, o cavalo trabalhado e aguardo suas
ordens!”, empolgou-se o general Paulo Chagas. Alguns dias antes, ele celebrava
o aniversário da quartelada de 1964 — em suas palavras, uma “revolução
democrática” [PATRIÓTICA e REDENTORA.]
O
deputado Jair Bolsonaro também vibrou. “Estamos juntos General Villas
Boas", escreveu, torturando a legalidade e as regras de pontuação. O
ex-capitão é outro nostálgico da ditadura. Na ausência de Lula, ele lidera a
corrida presidencial. A
agitação dos coturnos elevou a pressão sobre o Supremo na véspera de um
julgamento crucial para a eleição. Os ministros tentaram disfarçar o incômodo
com a baioneta. Só o decano Celso de Mello ousou contestar o general, quando a
sessão já se encaminhava para o fim.
Como
esperado, a decisão ficou nas mãos de Rosa Weber. Ela frustrou a defesa e negou
o habeas corpus ao ex-presidente. Disse que seguia a atual jurisprudência da
Corte, e não as suas convicções pessoais. O
resultado seguiu o roteiro desenhado por uma autoridade sem Twitter: a ministra
Cármen Lúcia. Contrariando os veteranos da Corte, ela passou o caso de Lula à
frente de duas ações genéricas que questionam as prisões em segunda instância.
Sem a manobra da presidente do Supremo, o voto de Rosa seria outro, e o petista
não estaria a caminho da cadeia. [o Regimento Interno do STF concede à Presidência do STF autoridade para pautar os julgamentos.]
Bernardo Mello Franco - O Globo
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