Tenho a
impressão, às vezes, de que Jair Bolsonaro, presidente eleito, está
atravessando a rua só para pisar na casca de banana quando dá curso à
possibilidade de votar agora aspectos da reforma da Previdência. Que se
saiba, o entusiasta da tese é Paulo Guedes: seria mais um sinal aos tais
“mercados”. Com as vênias todas, convenham: os ditos-cujos já foram
devidamente contemplados, no que respeita àquilo que consideravam o
espantalho, com a derrota do PT. Não se esperava que o agora eleito
Bolsonaro fosse se ocupar desse tema ainda na fase da transição.
Sou
favorável à reforma, sim, mas acho uma desnecessidade fazer esse aceno
agora quando se considera o eventual custo. Caso se faça o esforço
efetivo e não se consiga votar, sobra um saborzinho de derrota; caso de
coloque algo em votação e sobrevenha a derrota, aí é estrear já com cara
de perdedor. Pra quê?
Mesmo essa
conversa de que se podem votar mudanças infraconstitucionais, que não
dependem de emenda, traz para o presente um estresse que já está
combinado para o futuro, mas aí num ambiente mais favorável a Bolsonaro
no Congresso — talvez com pessoas entusiasmadas até demais. Se não
houver cuidado, ainda acaba sobrando para o trabalhador da iniciativa
privada, que não é o vilão do caixa da Previdência.
Vamos ser
claros? A principal tarefa da reforma será igualar os servidores aos
trabalhadores do setor privado, certo? Isso só pode ser feito por emenda
constitucional. O sistema de capitalização, que viria a substituir o de
repartição, nem sequer pensando está. Bolsonaro admite que tem mais de
10 propostas nas mãos.
Os
mercados podem muito bem esperar que o novo Congresso tome posse em
fevereiro. Quem sabe Bolsonaro e seu ministro consigam, até lá, elaborar
um plano que faça sentido e que fuja do improviso.
Blog do Reinaldo Azevedo
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