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quinta-feira, 11 de abril de 2019

Embaixador palestino pede que Brasil fique longe de conflito com Israel



Encontro entre Bolsonaro e embaixadores de países árabes ocorreu na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Após jantar com o presidente Jair Bolsonaro, o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim  Alzeben, defendeu que o Brasil "fique longe" do conflito histórico com Israel. Ele se pronunciou em meio ao silêncio de autoridades brasileiras sobre a eventual mudança da embaixada do Brasil em Israel, uma das promessas de campanha do presidente. O assunto não foi tratado por Bolsonaro durante o evento desta noite.   "Se me permite, este conflito não é do Brasil. Vamos manter as boas relações com o Brasil, e desejamos ao Brasil o melhor. Fiquem longe deste conflito e vocês ganharão o mundo inteiro", declarou Alzeben a jornalistas.

Jair Bolsonaro durante encontro com Alia Ahmad Khamis Abdulla no Palácio do Planalto. Foto: Carolina Antunes/PR
 
O objetivo do jantar era tentar desfazer mal-estar gerado pela visita de Bolsonaro a Israel, no início do mês. Na ocasião, o presidente anunciou a criação de um escritório de negócios em Jerusalém, alvo de críticas da comunidade árabe. Os países islâmicos são os terceiros maiores importadores dos produtos agrícolas brasileiros. Por iniciativa do Ministério da Agricultura, o encontro entre Bolsonaro e embaixadores de países árabes ocorreu na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. Dos 41 embaixadores convidados, somente os embaixadores de Albânia, Benin, Emirados Árabes, Mali e Suriname não compareceram.

Alzeben também disse que o encontro com Bolsonaro foi importante e serviu para “quebrar o gelo depois de uma série de notícias que não fizeram bem para as relações bilaterais” entre os países. Em seguida, chanceler Ernesto Araújo afirmou que “nunca houve gelo”. “O Brasil é um país quente, o gelo derrete rápido”, reagiu Ernesto. [o chanceler sempre inconsequente, sem noção e tentando ser engraçado - suas atitudes são mais académicas que as tentativas de ser engraçado - , o Brasil espera que ela seja o primeiro a seguir Vélez.] Alzeben, então, reforçou que usou a expressão “quebrar o gelo” no sentido figurado e que “o Brasil é um país de coração quente”. 

 Enquanto Jair Bolsonaro saiu sem falar com jornalistas, Alzeben, Ernesto, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, e um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), participaram juntos de coletiva de imprensa.

Na conversa, Ernesto não respondeu perguntas de jornalistas sobre a eventual transferência da embaixada de Israel, que ainda não foi descartada oficialmente. [os interesses do Brasil não recomendam nem a mudança da embaixada do Brasil nem a instalação de escritório comercial em Jerusalém.
O recomendável é que fique tudo como está - a embaixada do Brasil continue em Telaviv, capital de Israel,   e os assuntos comerciais tratados pela embaixada.]
 
Questionado, o deputado Eduardo Bolsonaro disse que o questionamento não cabe a ele, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Câmara, e sim ao presidente da República, que não estava presente. Foi neste momento que o embaixador palestino reagiu aos questionamentos sobre mudança da embaixada dizendo que “esse conflito não é do Brasil” e pediu que o país "fique longe". 

Segundo participantes do jantar, o assunto da transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém não foi mencionado. O presidente, contaram, fez um breve discurso, com duração de cerca de três minutos, no qual reafirmou que quer visitar países árabes e muçulmanos ainda este ano e manter relações comerciais com todos. Também pediu confiança no produto brasileiro.
Durante o encontro, Bolsonaro afirmou que o governo "está de braços abertos a todos, sem exceção". Em um trecho divulgado pelo Palácio do Planalto em uma rede social, também disse esperar que os laços comerciais com os países "cada vez mais se transformem em laços de amizade, de respeito e de fraternidade". 

Encontro
O embaixador da Palestina disse que os 36 embaixadores de países árabes e muçulmanos tiveram “conversa amena” com o presidente hoje e que todos são “países amigos”. Desejou, ainda, “saúde” para Bolsonaro e para a política brasileira.  “Somos um terço da humanidade que aposta nesse grande país. Apostamos em vocês”, afirmou após o jantar.

A ministra da Agricultura destacou que o jantar foi “agradável” e “proveitoso”. “O país continuará cada vez mais firme na determinação de ser amigo de todos os países.”  O presidente da CNA, por sua vez, disse que o encontro busca “desmentir” informações e melhorar a relação entre os países. “O jantar mostra que o Brasil não tem interesse de fazer qualquer distinção a determinado país (...) não tem isso de restrição à determinado país. É página virada”, reforçou João Martins. Um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, avaliou que o jantar mostra “boa vontade” do presidente em relação à comunidade islâmica. “É para não deixar mais dúvida: existe uma boa relação com a comunidade árabe”, declarou.

Cautela
O presidente da União das Câmaras Árabes, Khaled Hanafi, disse ao Broadcast/Estadão ver com bons olhos a aproximação do presidente Jair Bolsonaro de países árabes, mas afirmou que é preciso ter cuidado com "anúncios que possam afetar o sentimento dos consumidores" dessas nações.

Sem querer comentar diretamente o anúncio feito pelo presidente Bolsonaro de que abrirá um escritório brasileiro em Jerusalém, Hanafi disse que a visita do presidente brasileiro a países árabes e o encontro com embaixadores são positivos, mas pediu cautela: "Tenho medo dos anúncios das autoridades brasileiras. Eles têm que ter cuidado ao anunciar qualquer coisa que possa afetar o povo árabe, os sentimentos dos consumidores árabes. Meu entendimento é de que o mercado pode ver esses anúncios de forma muito negativa", afirmou.

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