Veja - Blog do Noblat
Cenas do tempo da escravidão
No país onde o
presidente da República exalta a tortura e extingue por decreto os
cargos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, órgão do
Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, nada mais natural que o
guarda da esquina se sinta à vontade para dar vazão aos seus instintos
mais cruéis. [infelizmente, no Brasil, a generosidade dos militares - vencedores na guerra contra os traidores do Brasil guerrilheiros e terroristas - permitiu que os vencidos escrevessem a 'estória', que ganhou status de 'História'.
Durante o Governo Militar, membros das forças de segurança envolvidos no combate aos traidores da Pátria, raras vezes, por razões operacionais, foram forçados a promover interrogatórios enérgicos de terroristas presos, o que não implicava no que pode ser considerado tortura.
Só que ao deixar aos vencidos a prerrogativa de escrever a História, os favorecidos optaram por escrever um estória que apresenta os fatos deturpados.
Perderam a Guerra, mas, venceram a batalha da comunicação, só que uma vencida não significa necessariamente que a Guerra foi ganha.
Muitos brasileiros foram caluniados, vilipendiados pelos 'estoriadores' da esquerda, acusados sem provas, entre eles o coronel CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA. ]
Foi o que fizeram em
agosto último dois agentes de segurança dos Supermercados Ricoy, na zona
sul da capital paulista. Em uma sala dos fundos do supermercado, entre
sacos de cebola e caixas de verduras, eles se valeram de um chicote para
torturar durante 40 minutos um adolescente negro de 17 anos, amordaçado
e nu.
Morador de rua, o rapaz
tentara roubar barras de chocolate. A sessão de tortura foi filmada
pelos torturadores e, ontem, divulgada nas redes sociais, o que forçou a
polícia a abrir um inquérito para apurar o crime. O vídeo tem 40
segundos. O rapaz é chicoteado nas costas e se contorce de dor a cada
chibatada.
Jovem é chicoteado por seguranças de supermercado na zona sul de São Paulo
Funcionários amordaçaram e despiram jovem após uma suposta tentativa de
furto de chocolate do local. Caso foi denunciado à polícia, que
investiga a agressão como tortura
Depois da terceira, um
dos torturadores ri e manda o rapaz se virar. “Não quebrou nada”,
comenta em tom irônico. As chibatadas recomeçam e, a certa altura, um
dos torturadores avisa: “Vai tomar mais uma para a gente não te matar.
Você vai voltar?”. Não dá para ouvir se o rapaz responde alguma coisa ou
se apenas geme. Á época, com medo, ele
não procurou a polícia para denunciar o crime. Um dos agentes de
segurança, de sobrenome Santos, havia ameaçado matá-lo caso o fizesse.
Mas ao saber que circulava nas redes sociais o vídeo com cenas da
tortura que sofreu, prestou queixa e mais tarde concedeu entrevistas.
Se ainda estivesse ativo,
o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura certamente se
interessaria pelo caso, mas não está. O Mecanismo foi criado em 2013
para honrar o compromisso assumido pelo Brasil junto à ONU de combater a
tortura. Ali trabalhavam 11 peritos remunerados. Como não poderia
extinguir o Mecanismo, Bolsonaro extinguiu os cargos. Eles deixaram de
ser remunerados, mas nem por isso os peritos abandonaram o trabalho. Em
agosto passado, a Justiça Federal do Rio suspendeu o decreto de
Bolsonaro e restabeleceu o pagamento. Por ordem de Bolsonaro, a reação
foi imediata.
O Ministério da Mulher,
Família e Direitos Humanos retirou todo o apoio administrativo que dava
ao Mecanismo. O acesso dos peritos ao local tornou-se restrito. Os
funcionários que os ajudavam foram deslocados para outras funções. Sumiu
o dinheiro para a execução de tarefas, tais como a investigação de
crimes. A Advocacia-Geral da
União anunciou que irá recorrer da decisão judicial que suspendeu o
decreto de Bolsonaro. O presidente que se elegeu como diz para “quebrar o
sistema” não descansará enquanto sua obra não estiver completa. Ela
passa pelo desmonte do que o contraria e pela construção do que o país
ignora.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat - Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário