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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Barcos a vagar - Blog Dora Kramer

VEJA


Sem oposição organizada, Bolsonaro segue alheio a defeitos de sua gestão

Se oposição houvesse, organizada e produtiva, seria agora seu momento de brilhar. Como não há e os possíveis pretendentes à sucessão presidencial estão ocupados exclusivamente com as respectivas estratégias eleitorais, falta quem diga com todos os efes e erres que o barco do governo está fazendo água no tocante à administração do país. Não é verdade que tudo anda bem, a despeito das exorbitâncias verbais de Jair Bolsonaro. Estas e a excessiva atenção que se dá a elas servem de biombo aos defeitos de gestão e equívocos de visão que vêm se acumulando e, em muitos casos, obscurecem ações em áreas em que há boa condução.

[aos que gostam de malhar o Governo Bolsonaro,  criticam sempre buscando maximizar eventual aspecto negativo, lembramos que o trabalho deles vai aumentar:
- aos poucos Bolsonaro vai consolidando seu Governo - a torcida de alguns, não todos, por efeitos ruins para a economia advindos do coronavírus, foi inútil.
Graças a DEUS, tudo indica que a epedemia não se tornará pandemia,e será contida.
Se tratando da China a recuperaçãoeconômica será rápida.
- Boris Johnson (outro malhado, por ser conservador) desencalhou o Brexit e vai bem no Governo.
- Donald Trump,tratorou os democratas (outra vítima constante das agressões de alguns jornalistas), vai bem e seus críticos vão ter que aguentar sua presença por  mais quatro anos.
Haja papel para aquela deputada rasgar e disposição para ficar com a mão estendida esperando Trump cumprimentá-la.] 

Colecionamos prejuízos concretos à população na educação, na Previdência, na assistência social (Bolsa Família), provocados por falta de planejamento, descaso, incompetência, enfim. Há ministros investigados, ministros inúteis sem função real, ministros cujos interesses privados estão em conflito com as práticas públicas, ministros claramente sem qualificação, mas com eles não parece se incomodar o presidente da República. Ele segue alheio à óbvia necessidade de mexer na equipe para melhorar o andamento dos trabalhos. O argumento de Bolsonaro é que não age sob pressão. Ora, pois é sob a pressão dos governados que deve atuar o governante, mas nem isso é verdade em relação ao presidente.

Jair Bolsonaro é dos que mais cedem a pressões, mas o faz do jeito e pelos motivos errados. Cede quando algo desagrada aos seguidores nas redes sociais, mas não faz concessão às evidências quando a incompetência rende malefícios à população. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é quem mais perto chega de exercer o papel que seria dos líderes de oposição, mas essa não é sua função.[Rodrigo Maia demonstrou uma capacidade de liderança fantástica, inconteste mesmo, quando comandou  seu parceiros, epa..... deputados.... para salvar um comparsa...... corrigindo, um deputado, de perder o mandato por crime de corrupção.
Mais foi tão eficiente, realmente agiu como se 'primeiro-mnistro' fosse, que conseguiu até mesmo desautorizar o decano da nossa Corte Suprema.]
Ocupa o espaço deixado vago por personagens outrora ativos na política. Outro dia mesmo o fez com especial propriedade ao resumir em duas palavras o desempenho do ministro da Educação, Abraham Weintraub: “Um desastre”.


Claro que alguém que deixa acontecer o que acontece no Enem, com milhares de estudantes prejudicados por erros na correção das provas, e com as dificuldades para inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), tem um desempenho desastroso, e isso precisa ser dito e repetido, ainda que o presidente considere os prejuízos dos jovens um problema de marca menor. A oposição poderia brilhar. Se fosse ao ponto que importa: as falhas de gestão do governo
E não é só isso. Devido à falta de qualificação (mínima, pois comete erros de português indignos de um analfabeto funcional), o ministro enfrenta sérias resistências no Congresso, o que impede a tramitação dos assuntos atinentes à área. O mais premente é a renovação do fundo de financiamento da Educação Básica. Ele vai ficando porque o presidente gosta mesmo é de causar alvoroço nas redes, embora não escape do imperativo de demiti-lo cedo ou tarde.

Bolsonaro não vê urgência em resolver o problema do responsável pelas verbas de publicidade oficial, que detém 95% das ações de uma empresa de comunicação (da qual se afastou formalmente, mas para a qual nomeou como chefe o irmão de seu subchefe na Secretaria de Comunicação), cujos clientes têm contratos com o governo.

O presidente tampouco vê impropriedade em seu ministro do Turismo precisar se manter discreto para não ser lembrado como aquele indiciado pelo uso de “laranjas” na distribuição de dinheiro público no PSL em Minas Gerais. O fato de a presença de Ricardo Salles no Meio Ambiente dificultar as coisas para o Brasil no exterior também não lhe fala à alma.


Não nos esqueçamos da Casa Civil, jogada às traças. Já abrigou o gabinete mais importante da República depois do ocupado pelo presidente. 
 [a Casa Civil quando Bolsonaro assumiu, já era, com raras exceções, a central de comando da roubalheira - vide Zé Dirceu, Palocci, Erenice, Dilma e outros.
Bolsonaro herdou algo que teria que no mínimo mudar de nome, algo tipo 'GABINETE CIVIL' - voltando aos bons tempos do ministro Golbery, que foi quem tornou o GABINETE CIVIL o segundo em importância de todo o Brasil.] 
Hoje é escritório eleitoral de Onyx Lorenzoni, de quem foram retiradas todas as funções, provavelmente porque Bolsonaro não o considere competente o bastante para o posto já assumido por gente muito importante, embora nem sempre da melhor qualidade moral. Onyx fica (pelo menos por enquanto) porque é leal ao presidente e precisa da vitrine para o projeto de disputar o governo do Rio Grande do Sul em 2022.

Com tantos pratos cheios para o exercício de uma oposição consistente, onde estão os oposicionistas? Cada qual cuidando da vida a seu modo e, no conjunto, perdidos sem projeto nem discurso. O principal contendor de Bolsonaro na eleição, o PT, está preso às conveniências de um Lula que não pode andar na rua sem o risco de ser hostilizado. Os tucanos, atarantados e sem referência; os demais satélites à esquerda e à direita de postos, em sossego, à espera de um milagre no meio do mais completo deserto de ideias.

Dora Kramer, colunista Publicado em VEJA,  edição nº 2673, de 12 de fevereiro de 2020

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA


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