O titular da Economia anda meio recolhido, depois de dois tropeços na
comunicação. Desta vez veio de um general, o ministro do Gabinete de
Segurança Institucional, o sinal mais dolorido da perda de paciência com
o Congresso. Na sequência da revelação pública da explosão do general, a
base (ou a cúpula) bolsonarista desencadeou a chamada para um 15 de
março de apoio a ele e repúdio ao Legislativo, em particular aos
presidentes da Câmara e Senado. [sendo redundante: ambos ou os dois precisam entender que separação de poderes é para valer.
já que ambos os dois, em conjunto, se consideram tão poderosos que mudem a Constituição, ou então o auto nomeado 'primeiro-ministro' se candidate em 2022 ao cargo de presidente da República e seu escudeiro ao de vice - ambos não podem esquecer que para tal empreitada ser exitosa precisam de votos.
Primeiro, tentaram chantagear o presidente para conseguir UM FUNDÃO Eleitoral.
E teve outras pressões = eufemismo para chantagem ou extorsão = sendo a do FUNDÃO a maior, por enquanto.
Como bem disse o presidente Bolsonaro, em linguagem respeitosa: ''Respeitamos o Legislativo, mas quem executa o Orçamento somos nós'.]
Governos são animais que vivem sob pressão constante, e a falta de
traquejo costuma abrir espaço para vozes que nas horas complicadas
pregam a “fuga para adiante". Na maioria esmagadora dos casos dá errado.
Numa releitura adaptada da célebre frase de Joãosinho Trinta, governo
tem de gostar de governar, pois quem gosta de gente na rua é a oposição.
Se já tiverem esquecido, bom lembrar de junho de 2013. Dica: ver como
começou e como terminou.
A oposição está entretida com as questiúnculas que cercam as eleições
municipais, discutindo se em 2022 a frente deve ser ampla ou de
esquerda, no máximo ataca o governo nas redes sociais. A greve dos
petroleiros começou e terminou isolada. No STF o governo vive um
ambiente de paz e cooperação. No Congresso, se tiver paciência e sangue
frio, conseguirá que as reformas fiquem próximas do por ele desejado. No
bottom line o governo não tem problema político real.
Problema mesmo o governo enfrenta nos canais de reverberação da dita
sociedade civil. Mas estes não têm mostrado capacidade física de
mobilização antigovernista. Por uma razão singela: o “centro" não
consegue colocar povo na rua e tampouco está a fim de se juntar com quem
poderia conseguir, pois decidiu há algum tempo que o caminho para
voltar ao poder passa pela “luta contra os dois extremos”.
Coisa que, como se sabe, vem tendo um sucesso danado aqui e no mundo todo.
Introduzir a variável “rua” no cenário só interessa à oposição. E a
defesa do Congresso e suas prerrogativas, como parte da defesa da
Constituição de 1988, é o prato feito para quem pretende aglutinar as
forças antibolsonaristas. Um achado para os opositores na preparação das
eleições municipais. Especialmente quando a economia, apesar de sinais
de melhora, ainda nem de longe pode ser descrita como brilhante.
No popular, é real o risco de o tiro sair pela culatra.
Um cenário hipotético. Bernie Sanders não consegue a maioria absoluta
dos delegados, só maioria simples, e a cúpula do Partido Democrata
alija-o da disputa contra Donald Trump. Sanders tem a opção de correr
como independente. De quem tiraria mais votos? Gostaria de ver uma
pesquisa Trump x Joe Biden (ou Mike Bloomberg) x Bernie…
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - FSB Comunicação
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