O que é estupro? A terrível pergunta do caso Harvey Weinstein - VEJA - Mundialista
[é esse cmportamento estranho que tornam dificeis de entender o comportamente das autoras das denúncias apresentadas contra João de Deus - médium de Abadiânia - GOIÁS.Eram estupradas, iamlivremente para suas casas, companhia de seus familiares e alguns dias depois voltavam a visitar o 'estuprador' para serem novamente violentadas. Fica a impressão que ficavam em dúvida se tinha sido bom ou ruim, se podia melhorar, e voltavam para o estupro, digamos, 'confere'.Para complicar mais ainda, algumas passaram anos para denunciar.A maioria das mulheres costumam ser dificeis de entender, mas, nesse aspecto há unanimidade, não se consegue entender nenhuma.]
Hervey Weinstein cometeu atos execráveis – nojentos,
constantes, inúmeros e, dada sua posição como produtor de filmes
premiados, com muitas das mulheres mais belas do mundo. Durante seu julgamento, aumentou a natural reação de repugnância que
provoca em quem conhece sua história – e quem pode ignorá-la? –,
encenando diante das câmeras ser um idoso frágil, arrastando-se com um
andador.
Mas a decisão dos onze jurados, que a partir de hoje discutirão se
ele é culpado ou inocente de cinco crimes de estupro e agressão sexual,
não tem a clareza moral cristalina que se espera de um caso assim. O julgamento envolve duas mulheres, a assistente de produção Mimi Haleyi e a cabeleireira e ex-aspirante a atriz Jessica Mann.
São praticamente desconhecidas em comparação com a lista de famosas
que relataram avanços, tentativas e outros comportamentos indevidos de
Weinstein. Ao todo, foram 90 mulheres, incluindo Salma Hayek, Gwynetth
Paltrow e Angelina Jolie. Muitos casos prescreveram ou não configuram crimes com embasamento suficiente para chegar aos tribunais. Mas os dois que restaram bastam para ser explorados, com habilidade,
pela defesa de Weinstein, chefiada, como é obrigatório, por uma mulher, a
implacável Donna Rotunno – contestar a credibilidade de outras mulheres
em casos sexuais é praticamente vetado a advogados homens.
Coberta de grifes da cabeça aos pés – sem falar nos implantes
mamários – no estilo advogada poderosa, Donna Rotunno desempenhou com
prazer o papel de vilã que defende com gana de buldogue o direito
constitucional de todo e qualquer acusado ao contraditório. Deu um show. Assustador, mas show assim mesmo. Seu principal argumento: as mulheres que denunciaram abusos sabiam o
que estavam fazendo, escolheram livremente entrar em quartos de hotel e
até banheiros com um homem com a fama de Harvey Weinstein. Queriam uma
chance no cinema, convites para o Oscar, cultivar um dos produtores mais
poderosos de Hollywood.
Mais ainda: mesmo depois de atacadas, continuaram em contato íntimo com o abusador. A linda Jessica Mann , que teve crises de choro e ataque de pânico
durante o depoimento, admitiu ter tido uma relação consensual depois de
ser estuprada num quarto de hotel em Nova York, em 2013. Só terminou o caso em 2016. Chegou a comentar com uma amiga que Weinstein era sua “alma gêmea espiritual”. “Estou com saudade, grandão”, dizia numa das centenas de mensagens
enviadas por email. Em outra, pede que conheça a mãe dela. Mais uma: “Eu
te amo e sempre vou amar. Mas odeio ser apenas uma transa de ocasião”.
Mimi Haleyi disse que foi jogada na cama quando discutia um trabalho com Weinstein e obrigada a receber sexo oral. Tentou se livrar dizendo que estava menstruada, mas o produtor
arrancou seu tampão com os dentes (um dos vários detalhes quase
insuportavelmente constrangedores ouvidos durante os depoimentos; outros
referem-se aos órgãos sexuais deformados do acusado, inclusive com
ausência de testículos; desenhos feitos por peritos circularam entre os
jurados).
Mesmo assim, a assistente de produção manteve contato voluntário
durante anos com o repugnante produtor. Durante anos, recebeu hospedagem
em hotéis, passagens para Los Angeles e Londres, como tantas outras
amantes ocasionais dele.
“Lots of love”, despediu-se num de seus emails a ele. Muito amor. Uma mulher estuprada faz isso?
“Ela o estava usando para conseguir trabalho”, apunhalou Donna
Rotunno. Agora, continuou, espera uma indenização das boas e pegou como a
mais famosa advogada de casos similares, Gloria Allred. Mais brutal ainda foi o ataque da advogada de defesa contra uma das
mulheres autorizadas pelo juiz a prestar depoimento, mesmo que seu caso
esteja fora do julgamento.
Annabella Sciorra “lembrou-se” de ter sido estuprada por Weinstein,
apunhalou Rotunno, porque era uma atriz já relegada ao esquecimento, sem
carreira nem dinheiro. Ao falar a Ronan Farrow, ele próprio a celebridade que deu o furo de
reportagem sobre o escândalo, que tinha sido estuprada por Weinstein em
seu apartamento, voltou ao circuito das grandes agências e se tornou uma
figura admirada do movimento MeToo. A argumentação da acusação levou em conta as complexidades do ser
humano: uma mulher pode ser atacada ou estuprada e continuar em contato
até amistoso como o abusador que ocupe uma posição excepcional de poder,
uma descrição perfeita de Weinstein.
Vários especialistas imparciais acham que é uma argumentação fraca,
principalmente diante das reviravoltas comandada pela defesa,
demonstrando o comportamento incomum, quando não interesseiro, das
acusadoras.
“Acreditem nas mulheres” é o mantra feminista para casos em que, no
passado, a credibilidade de acusadoras de abuso sexual era vilmente
contestada. A defesa de Harvey Weinsten conseguiu mostrar que, num mundo em que
tantas mulheres são brutalizadas de maneira tão cruel, e mesmo com um
réu que provoca rejeição tão universal quanto ele, não basta acreditar, é
preciso provar, um princípio universal do direito.
O que dirão os jurados?
Blog Mundialista - Vilma Gryzinski, jornalista - VEJA
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