''Ironicamente, foi o Supremo, com o voto de Gilmar, que tirou do presidente a administração da pandemia, atribuindo-a aos governadores e prefeitos. Se houvesse, pois, o 'genocídio', teria sido gerado nos estados e municípios, não em nível federal''
Não lembro de ter lido nota mais dura de militares do que essa resposta
ao ministro Gilmar Mendes. Ou “senhor Gilmar Mendes” — a nota nem sequer
lhe dá o tratamento de ministro ou excelência, para mostrar que não
vincula a reação ao Supremo. Numa live, Gilmar Mendes comentou que há
militares e um general na Saúde, como ministro interino, e acrescentou
que “o Exército está se associando a esse genocídio”. A Defesa responde
que o comentário está afastado dos fatos e causa indignação; que é uma
acusação grave, infundada, irresponsável e leviana. A resposta é
assinada pelo ministro da Defesa, com o reforço das significativas
assinaturas dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Os militares registram que na lei brasileira genocídio é definido
como “a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,
étnico, racial ou religioso”. Pelo jeito, o ministro Gilmar aderiu à
“narrativa”. Como sabemos, a palavra narrativa, que significa a maneira
de narrar, hoje quer dizer versão de um fato. A menção “esse genocídio” é
a “narrativa” com que um gabinete de ódio procura carimbar o
presidente.
Ironicamente, foi o Supremo, com o voto de Gilmar, que tirou do presidente a administração da pandemia, atribuindo-a aos governadores e prefeitos. Se houvesse, pois, o “genocídio”, teria sido gerado nos estados e municípios, não em nível federal. O ministro Gilmar desconheceu os milhares de militares das três forças que estão trabalhando para aliviar os efeitos da covid-19, desde o voo pioneiro que resgatou brasileiros em Wuhan, no início de fevereiro. Além disso, como jurista, deve saber o significado de genocídio.
O ministro Gilmar também adere à narrativa sobre militares no governo. Como homem de leis, deve saber que não há preconceitos legais na ocupação de cargos por civis ou militares. O engenheiro João Pandiá Calógeras foi um poderoso ministro da guerra no governo do presidente Epitácio Pessoa; José Serra foi um bom ministro da Saúde sem ser médico. E o general Pazuello realiza um trabalho com eficiência que ouvi ser elogiada por prefeitos; o governador de Brasília chegou a afirmar no Estadão que o general vai ser o melhor ministro da Saúde que já existiu.
Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense
Ironicamente, foi o Supremo, com o voto de Gilmar, que tirou do presidente a administração da pandemia, atribuindo-a aos governadores e prefeitos. Se houvesse, pois, o “genocídio”, teria sido gerado nos estados e municípios, não em nível federal. O ministro Gilmar desconheceu os milhares de militares das três forças que estão trabalhando para aliviar os efeitos da covid-19, desde o voo pioneiro que resgatou brasileiros em Wuhan, no início de fevereiro. Além disso, como jurista, deve saber o significado de genocídio.
O ministro Gilmar também adere à narrativa sobre militares no governo. Como homem de leis, deve saber que não há preconceitos legais na ocupação de cargos por civis ou militares. O engenheiro João Pandiá Calógeras foi um poderoso ministro da guerra no governo do presidente Epitácio Pessoa; José Serra foi um bom ministro da Saúde sem ser médico. E o general Pazuello realiza um trabalho com eficiência que ouvi ser elogiada por prefeitos; o governador de Brasília chegou a afirmar no Estadão que o general vai ser o melhor ministro da Saúde que já existiu.
Militares têm formação de planejamento estratégico, patriotismo,
obediência às leis, princípios éticos e sentido de missão.
Declarações
de juízes fora de tribunais são perigosas, porque eles podem ter que
julgar questões sobre as quais já emitiram opinião. De Portugal, Gilmar
tentou se explicar, mas sua nota ficou parecendo um pronunciamento. Quem
fala demais dá bom-dia a cavalo.Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense
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