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segunda-feira, 24 de abril de 2023

O que aconteceu no 8 de janeiro - Revista Oeste

Silvio Navarro

Imagens vazadas colocam o governo Lula no centro dos atos de vandalismo, levantam suspeita de cumplicidade e tornam a CPMI no Congresso inevitável

Foto: Reprodução

Às 14h55 do dia 8 de janeiro, os carros da Polícia Militar do Distrito Federal que atuavam na segurança da Praça dos Três Poderes, já sob ataque de um bando de vândalos, deixaram uma das principais vias de acesso à chamada Esplanada dos Ministérios.
 Ao fundo, em meio à fumaça de bombas de efeito moral, uma multidão avançava em direção ao Palácio do Planalto. 
Imediatamente, os oficiais alinhados em um cordão com escudos recuaram, permitindo a entrada do grupo no estacionamento do prédio. Neste momento, a porta principal da sede da Presidência da República em Brasília estava aberta. Por quê?
 
Um enorme arquivo com 160 horas de filmagens, captadas por 22 câmeras, foi obtido pela emissora CNN.  
A edição, com pouco mais de cinco minutos, foi divulgada na quarta-feira, 19. 
Há meses a Câmara dos Deputados, parlamentares individualmente e veículos da imprensa, por meio da Lei de Acesso à Informação, buscavam acesso ao material. O governo Lula guardava o conteúdo a sete chaves. Por quê?Foto: Reprodução MetrópolesFoto: Reprodução Metrópoles
 
Os vídeos provocaram um terremoto no Congresso Nacional como não se via desde os escândalos conhecidos pelos aumentativos Mensalão e Petrolão. Na mesma quarta-feira, coincidentemente, estava marcada a audiência do general Marco Edson Gonçalves Dias, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na Câmara para falar sobre o dia trágico. Às 13 horas, contudo, ele enviou um atestado médico à comissão que não diz absolutamente nada: apresentava um “quadro clínico agudo que requer medicação”. Não há sequer o CID (classificação internacional de doenças), obrigatório em atestados médicos. Duas horas depois, “GDias”, como é chamado pelo Batalhão de Infantaria do Exército, estava com Lula na reunião que selou sua demissão
Foi o primeiro ministro do governo demitido em 120 dias de mandato, um recorde em qualquer governo do PT nem ministros enroscados em denúncias, como o das Comunicações e a do Turismo, foram despejados até hoje. Por que Gonçalves Dias deixou o posto tão rápido?
 
Horas antes do cancelamento da audiência na Câmara, o general aparece nas imagens do circuito interno do Palácio do Planalto circulando, à paisana, entre os invasores. 
Ele checa portas, visita a antessala do gabinete de Lula e interage com os baderneiros — as falas são inaudíveis. 
Em nenhum momento, o militar atuou como um agente de segurança nem tentou evitar a depredação. Que general permite que o inimigo ataque sua fortaleza? 

Atestado Utilizado por Gonçalves Dias | Foto: Reprodução

Já demitido, Gonçalves Dias disse em entrevista à GloboNews que sua atuação naquela tarde se limitou a direcionar os invasores para a planta baixa do prédio, onde a Polícia Militar os aguardava. Ele conversou com jornalistas, mas não foi ouvido até agora pela Polícia Federal, como os milhares de manifestantes que terminaram presos a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Por quê?

Acuado, Lula mandou sua base escolher quem serão os integrantes da CPMI. A leitura do pedido de abertura da comissão será no dia 26

Lula sacou a velha carta de que não sabia de nada
Fez chegar aos articulistas na mídia que foi traído pelo general. É uma tese que não para em pé nem nas redações apaixonadas por ele
Dias é uma das pessoas mais próximas do petista há anos. 
Na Presidência, Lula usava um botão de emergência que acionava o general imediatamente. O jornalista Ricardo Kotscho, assessor do próprio Lula no passado, escreveu nesta semana no portal UOL. “Ele se tornou conselheiro do presidente, porque é um cara preparado. Lembro que, nas viagens de avião para a China e a Índia, ele passava o tempo todo lendo. Não consigo entender como isso foi acontecer com ele agora.”Foto: Reprodução UOL


Diante de tamanha proximidade, com Lula a quilômetros de distância de Brasília — estava em Araraquara, no interior paulista —, não é crível que o chefe do GSI tenha deixado de comunicar o presidente que o Palácio do Planalto fora invadido. O senador Marcos do Val (Podemos-ES), um dos que acompanham mais de perto os episódios de janeiro, afirmou que Lula teria dito na véspera ao general: “Deixe acontecer”.
Quer água mineral?

Outros membros do GSI também aparecem nas novas cenas: um deles, capitão do Exército, pode ser visto dez vezes. Numa das imagens mais bizarras, ele abre uma porta e oferece água mineral aos manifestantes. Em outra, depara-se com um vândalo mascarado prestes a arremessar um extintor de incêndio contra uma vidraça.  
Nem ele nem outros oficiais fazem nada para deter o quebra-quebra. Pelo contrário, quando o relógio do sistema de câmeras crava 15h19, os guardas deixam a sala, apenas dois minutos antes de os arruaceiros chegarem com uma marreta. Por quê?
 
Na sequência exibida pela CNN, é possível perceber uma novidade em relação às imagens divulgadas anteriormente pelo programa Fantástico, da Rede Globo: as pessoas que invadiram o prédio têm perfis distintos. Isso fica nítido na destruição do relógio do século 17
A cena estúpida foi explorada à exaustão para sustentar a narrativa de que o país estava diante de um golpe de Estado, sem tanques nem soldados, mas liderado por uma turba anônima de “bolsonaristas” organizada pelo WhatsApp. 
A imagem da TV Globo mostra um criminoso trajando uma camiseta preta com a estampa do rosto do presidente Jair Bolsonaro. Ele faz questão de encarar a câmera de segurança. É como se dissesse: “O Bolsonaro me mandou vir aqui”. Essa narrativa caiu na última quarta-feira.


"Exclusivo: Imagens mostram ação do GSI em ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro | CNN NOVO DIA"

 
Agora, é possível ver que outros manifestantes, que usam camisas e bandeiras com as cores verde e amarela que tampouco deveriam estar dentro do prédio, é verdade — tentam recolocar no lugar o relógio francês trazido ao Brasil por Dom João VI. O que acontece depois?    O objeto é arremessado novamente contra o chão por outra pessoa mascarada. 

O conflito entre os próprios invasores está nítido: há uma tentativa vã de alguns deles em conter alguns solitários ensandecidos.                        Havia infiltrados ali?
Quem sabia dessas imagens? [COMENTÁRIO MOSTRANDO UMA CURIOSIDADE: A TV Funerária ontem, em seu programa dominical,  que já foi famoso, líder em audiência e credibilidade, entrevistava o "Cappellii, atual interino do GSI, que dizia ser correto o procedimento de 'empurrar' a multidão do 3º e 4º andares, para o segundo andar onde seriam presos; o repórter, talvez por estar  cumprindo pauta, não pode destacar que minutos antes ele havia apresentado imagens de pessoas circulando livremente pelo segundo andar e até comentado que as pessoas não estavam sendo incomodadas pela segurança.]

As imagens que jogam luz nos episódios de 8 de janeiro foram divulgadas por um canal de televisão. 
Numa nota oficial vazia, o GSI disse que o material é secreto e somente as autoridades que conduzem o inquérito têm acesso a ele — ou seja, a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e o gabinete do ministro Alexandre de Moraes. Passados 120 dias, por que nenhum membro do GSI, principalmente o chefe, Gonçalves Dias, foi indiciado ou preso?
 
Por muito menos e com extrema celeridade, o ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres está encarcerado há três meses. Ele estava nos Estados Unidos no dia dos ataques
É acusado de ter rascunhado uma minuta [rascunho, esboço de ideias para uma possível apreciação, discussão, sem nenhum valor legal.] que, para o ministro Alexandre de Moraes, seria usada para chancelar o golpe de Estado preparado por 1,5 mil pessoas desconhecidas — entre eles, idosos, com crianças e cachorros que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército. [sendo que o provável beneficiário do golpe - ex-presidente Jair Bolsonaro, estava há 10 dias nos Estados Unidos e sem nenhuma intenção de voltar ao Brasil para assumir o produto do golpe.] Anderson Torres | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
O papel golpista foi encontrado na casa de Torres numa operação de busca e apreensão
Ele já perdeu 12 quilos e a família segue com complicações — as três filhas com idade escolar estão abaladas, e a mãe faz tratamento contra um câncer
Nesta semana, o deputado Eduardo Bolsonaro sugeriu que o quadro de depressão de Torres é grave e que ele flerta com a ideia de suicídio na prisão.

Paralelamente, o governador do DF, Ibaneis Rocha, permaneceu afastado do cargo por mais de dois meses. Na época, Lula nomeou um interventor federal: o jornalista Ricardo Capelli, assessor do ministro Flávio Dino. Como precisou rifar o seu general do GSI nesta semana, Lula Capelli foi convocado novamente. Ele assumiu o posto e vai comandar todo o setor de inteligência do governo federal — leia-se: Dino vai centralizar todas as informações a partir de agora.

Existiam menores nas imagens? 
Por que rostos borrados? 
Quem vazou? 
Com qual interesse? O fascismo tenta confundir e dividir. Buscam fraudar a história. Unir nossa tropa e marchar pela democracia. Vamos reconstruir o Brasil.— Ricardo Cappelli (@RicardoCappelli) April 19, 2023
 
Diante da crise em Brasília, Lula antecipou o embarque para Portugal, o sexto país que visita desde que voltou ao poder. O Congresso travou: somente na quarta-feira, dia do vazamento das imagens, a oposição apresentou 150 requerimentos para suspender os trabalhos das comissões temáticas.  
Os plenários da Câmara e do Senado não funcionam por outro motivo: o governo não tem votos para aprovar nenhum projeto.
 
Acuado, Lula mandou sua base escolher quem serão os integrantes da CPMI. A leitura do pedido de abertura da comissão será no dia 26. 
O governo vai brigar pela relatoria ou a presidência da comissão. No Senado, os nomes já foram escalados: Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Omar Aziz (PSD-AM), o quarteto que atuou na CPI da Pandemia. Na Câmara, o PT vai enviar o casal Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ). André Janones (Avante-MG) também quer participar.
 
A tropa lulista tem uma missão clara a partir de agora: impedir que outras imagens e informações sobre decisões tomadas pelo governo no dia 8 de janeiro — ou na véspera — sejam descortinadas.  
O principal temor são as quebras de sigilos telefônicos. 
As trocas de mensagens e o circuito interno de câmeras dos prédios públicos podem responder às perguntas que ficaram pelo caminho.
 
Uma conclusão, contudo, já pode ser tirada. Lula não aprendeu nada com o seu passado, cujo fim da linha foi a prisão — a esta altura da vida, nem vai mais aprender. 
Mais uma vez fica a lição de John Adams, o segundo presidente dos Estados Unidos, cuja biografia ele provavelmente nunca leu. “Os fatos são coisas teimosas. Independentemente dos nossos desejos, das nossas inclinações ou dos ditames de nossas paixões, eles não podem alterar o estado de fatos e evidências.” A verdade começou a aparecer.

Leia também “Dias de loucura”

Silvio Navarro, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 3 de março de 2022

QUAL O LIMITE PARA PUTIN? - Guilherme Baumhardt

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos

Semanas atrás, na véspera da visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, um recuo das tropas comandadas por Vladimir Putin foi comemorado como um sinal de que o iminente conflito com a Ucrânia poderia não ocorrer. O quadro remete ao que muitas vezes ocorre com o paciente internado por longo período em um hospital: uma leve melhora antes do óbito. No caso das tropas russas, o que houve foi um embuste. A decisão de Moscou de atacar Kiev já estava tomada. Era apenas questão de tempo. Prova disso é a velocidade com que avançam sobre o território ucraniano.


Bombas, mísseis e mortes ocorrem todos os dias – a população de Israel que o diga, volta e meia atacada pelo grupo terrorista Hamas. O que estamos assistindo neste momento, porém, é bem diferente. Trata-se de uma potência nuclear avançando sobre o segundo país em área territorial do Velho Continente. Não é pouca coisa.

A ruína da antiga União Soviética trouxe cicatrizes. Países foram desmantelados (Tchecoslováquia e Iugoslávia, para ficarmos em apenas dois dos mais expressivos exemplos) e deram origem a outras nações. E embora tenham sido processos traumáticos e construídos muitas vezes à base de protestos, sangue e mortes, eram conflitos essencialmente internos.

Sem saber ainda qual o apetite de Vladimir Putin e qual a dimensão que terá o impacto nas relações políticas e econômicas, ficam algumas lições do que ocorre neste momento.

A primeira e, talvez, mais básica é: não existe vácuo de poder. Quando alguém abre mão da liderança, o que surge não é o vazio, mas sim uma substituição natural.   
Donald Trump estava longe de ser o mais polido dos presidentes norte-americanos. Mas se faltava educação e finesse, sobrava habilidade nas negociações. 
Joe Biden oscila. A ameaça de retaliar a Rússia com embargos econômicos tem alcance limitado e ele sabe disso. O mundo esperava uma reação mais enérgica. Ela não veio.

A segunda lição serve de alerta: a agenda ambiental que demoniza combustíveis fósseis pode ser, aos olhos das novas gerações, limpa e cheirosa. Mas traz riscos, especialmente do ponto de vista de segurança, tanto de fornecimento quanto de estabilidade política. A pergunta mais óbvia é: enfiar goela abaixo, a fórceps, o uso de energias alternativas interessa a quem?

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos. A Europa que estimulou (inclusive com a adoção de prazos legais) a propagação dos carros elétricos estava interessada em depender menos do petróleo que ela pouco produz (exceção feita aos nórdicos). Até aí, sem problemas. Mas a mesma Europa que queria reduzir esta dependência é hoje praticamente refém do gás russo, especialmente a Alemanha, que decidiu precipitada e erroneamente desligar usinas nucleares após o terremoto e posterior tsunami que atingiu a usina de Fukushima.

Em meio à onda desarmamentista que avança sobre o mundo, uma importante lembrança: na metade da década de 1990, um acordo selou o destino do poderio nuclear da Ucrânia, o terceiro mais importante do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Rússia. As ogivas foram devolvidas aos russos sob a promessa de que o ocidente garantiria a segurança dos ucranianos. Pergunto: se a Ucrânia ainda tivesse este arsenal sob seus domínios, Putin se arriscaria a fazer o que fez? Pouco provável.

O fato é que Joe Biden parece perdido.[parece? o dorminhoco americano já estava perdido quando o candidataram.]  Não é a primeira vez que isso ocorre com um presidente dos Estados Unidos. Na década de 1960, John Kennedy passou por situação semelhante. Após vencer Richard Nixon nas eleições, o jovem presidente democrata entrou em uma ciranda de desgaste da gestão. A aprovação a ele e ao governo caía. Assim como ocorre agora, a antiga União Soviética viu na fraqueza de Kennedy uma oportunidade de expandir seus domínios e ampliar seu poder bélico.

O resto é história. A chamada "Crise dos Mísseis" tirou o sono de boa parte do planeta ao longo de quase duas semanas. Habilidoso, Kennedy viu ali uma oportunidade. O jovem peitou Nikita Khrushchev, impediu a instalação do arsenal soviético em solo cubano e aproveitou para recuperar o terreno perdido. Kennedy ressurgiu como liderança no seu país e, também, no ocidente. O mundo hoje olha para Joe Biden e não nutre grandes esperanças de que algo semelhante possa ocorrer. Se nada for feito, a resposta para o título da coluna será: não há limite. Infelizmente.

*Publicado originalmente no Correio do Povo de 25/02/2022

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Bope mata sequestrador de ônibus no Rio e estratégia de Witzel se fortalece - Valor Econômico

Malu Delgado 

Vidas, 'transtornos' e canos fumegantes 



O papel de um governante é evitar "transtornos para a sociedade", segundo ensinamento do governador do Rio, Wilson Witzel, postado no Twitter minutos depois de ele descer efusivo de um helicóptero, na ponte Rio-Niterói, com o punho erguido em sinal de vitória. Tudo registrado em tempo real por um assessor que seguia os pulinhos frenéticos do chefe, filmando o momento épico com um celular. O transtorno, que impediu o trânsito nas duas vias da ponte, por quase quatro horas, era um jovem de 20 anos que sequestrou um ônibus com 37 passageiros. Um bandido, no vocábulo usual da família Bolsonaro, ou um "homem mau", de acordo com a definição bíblica do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que citou provérbios sobre os "gritos de alegria" da cidade quando os ímpios perecem, ou, como no caso em questão, morrem.

Os cidadãos (os brasileiros de bem, os cidadãos ordeiros, ainda parafraseando os filhos do presidente) que tiveram o curso normal da vida interrompido por algumas horas, impedidos de ir e vir (esse transtorno!), aplaudiram e reagiram com entusiasmo semelhante ao do governador Witzel quando ouviram os tiros disparados por um sniper, derrubando o sequestrador no momento em que ele havia descido do ônibus. Antes, num tenso processo de negociação conduzido pela polícia, seis reféns tinham sido libertados. Soube-se logo depois da morte celebrada pelos políticos - in loco ou em exultantes comentários nas redes sociais - que o sequestrador portava uma pistola de brinquedo e gasolina numa garrafa pet, além de estar em aparente surto psicótico.  [detalhe: a maior parte dos passageiros não percebeu ser a pistola de brinquedo, assim, o medo causado foi real e a gasolina era real - imagina jogas gasolina chão de um ônibus, com 36 pessoas, e atear fogo - alguém escaparia? 
 
o 'surto psicótico' pode ser uma atenuante, mas, naquele momento era um ponto a exigir uma solução rápida para neutralizar o sequestrador, já que suas decisões não eram previsíveis, nem mesmo por ele.
 
Assim, a solução adotada foi a melhor - apesar da matéria deixar a impressão de que a vida do sequestrador tinha mais valor do que a dos réfens e que todo bandido que tombe 'trabalhando' no Rio, ou mesmo no Brasil, deve ser lamentado - parece que as mortes que não devem ser lamentadas são as de policiais.
 
A ação foi correta e eventual excesso do governador é é esperado, por ser típico de um político ao ver seu entendimento sob a forma de combater bandidos,  apresentar bons resultados.] "O ideal era que todos saíssem vivos, mas preferimos salvar os reféns", explicou o governador nas redes sociais. As preferências do governador são suficientemente conhecidas, mas ontem ele voltou a registrar sua contrariedade com os "entendimentos de que não podem ser abatidos os criminosos que ostentam armamentos". O tenente-coronel Maurílio Nunes, coordenador do Bope, afirmou, ao lado do governador, que 80% dos casos são resolvidos com negociação e há um claro protocolo internacional, técnico, a ser seguido para respaldar ações policiais em casos trágicos como o que se viu ontem.

Se a ação foi respaldada por protocolos e se era de fato a única saída possível para se evitar tragédia maior, caberá aos profissionais envolvidos fornecer todas as informações com transparência para a perícia concluir seu trabalho, como afirmou com firmeza o próprio tenente-coronel Nunes. Coube à polícia sobriedade técnica para discorrer sobre o episódio, num contraste claro com o discurso que cresce em setores políticos, o da banalização da vida como política pública. Witzel disse a jornalistas que "a população aplaudiu, mas não a morte de um ser humano". Admitiu que não foi capaz de conter a "felicidade", pois 37 vidas foram salvas. Para que a naturalização da morte não soasse distópica, o governador do Rio registrou que rezou um Pai-Nosso à vítima e que a mãe do sequestrador "estava se perguntando onde ela teria errado". Precisamos todos acreditar que há algum traço de humanidade na mente daqueles que governam.

De janeiro a junho deste ano, quase 39% das mortes na Grande Niterói foram causadas por ações policiais, conforme relatório do Observatório de Segurança do Rio. Na capital, o índice chegou a 38%. Das 1.148 ações policiais nas ruas realizadas no semestre passado, 568 foram operações e 580 foram patrulhamento. Para os especialistas em segurança pública do Observatório, as ações policiais no governo Witzel são cada vez "mais letais e mais assustadoras". As mães das crianças que vivem no Complexo de Favelas da Maré, que enviaram 1.500 cartinhas e desenhos ao Tribunal de Justiça do Rio sobre seu cotidiano, certamente não estão se perguntando onde erraram, mas o que devem fazer para que seus filhos não vivam sob pânico dos helicópteros "que atiram para baixo e as pessoas morrem", e como lhes explicar que não constam na lista de preferidos do governador. [inaceitável que policiais entrem em favelas, ou participem de confrontos com bandidos - em qualquer local do mundo - carregando flores;
 
os helicópteros precisam atirar para baixo - onde estão os bandidos; as vítimas inocentes das balas perdidas, normalmente, são de projéteis disparados por bandidos que estão no chão contra policiais que adentram as favelas.

- quanto as cartinhas, nada garante que não tenham sido escritas por crianças e moradores sob coação dos traficantes.]

O sociólogo Pablo Nunes, coordenador de Pesquisas da Rede de Observatórios da Segurança Pública em cinco Estados (RJ, SP, CE, PE, BA), acompanhou com apreensão o desfecho do sequestro do ônibus. Recebeu a informação, enquanto o governador dançava na ponte, que helicópteros da polícia faziam uma operação na Os pesquisadores buscavam informações com os moradores locais se eram bombas de efeito moral ou granadas. "O governo Witzel tem se notabilizado pela contagem de cadáveres", segundo o sociólogo. Se a celebração da morte por um governador causa assombro, é ainda mais perturbador assistir aos aplausos da população, admite o sociólogo. Os brasileiros não suportam mais conviver com o crime e a violência, estão cansados e com medo, é fato. As palmas legitimam o discurso fácil dos políticos que faturam com a sensação de medo, mas cujas políticas públicas atuais, segundo o professor, têm produzido poucos efeitos práticos e duradouros.

A "anestesia moral" foi fenômeno na Segunda Guerra Mundial estudado por historiadores, recorda-se Sérgio Adorno, coordenador científico do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP: "Quando você não considera o outro como pertencente à humanidade e, portanto, a vida dele pode ser manipulada e eliminada, desde que ele seja considerado um inimigo e um obstáculo à afirmação de suas ideias, que parecem as mais justas e sublimes. O que se opõe ao poder deve ser liquidado".

A dança de Witzel "é de uma desumanidade chocante", pontua Adorno, num momento em que o Brasil assiste à erosão de redes de solidariedade, cooperação e respeito ao direito fundamental à vida. A coreografia "é um ato de degradação da autoridade". Não se sabe se existe no mercado antídoto que reverta o estado de anestesia social e também é inútil pensar se haverá viabilidade para Witzel disputar a Presidência com base na política do abate humano. Como no pós-guerra, o que resta é a espera e a melancolia.
Malu Delgado - Política -  Valor Econômico 



 
https://www.valor.com.br/politica/6399605/vidas-transtornos-e-canos-fumegantes


domingo, 24 de fevereiro de 2019

Tiros e agressões de tropas venezuelanas atingiram o Brasil

Distúrbios começaram quando jovens atiraram pedras e coquetéis molotov contra militares da Venezuela

O Exército brasileiro registrou que tiros de armas de fogo e outras agressões de militares da Venezuela atingiram o lado do Brasil na fronteira neste sábado, 23.

As tropas da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) tinham como alvos  Manifestantes, do lado venezuelano, que pediam o ingresso da ajuda humanitária do Brasil e dos Estados Unidos. Um grupo deles havia atacado a guarnição militar da Venezuela na região.

Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, o coronel José Jacaúna confirmou e lamentou o episódio. Até o momento, a assessoria de imprensa do Palácio Planalto não respondeu ao questionamento de VEJA sobre essa situação. O governo brasileiro assinalara, na sexta-feira 22, que as forças brasileiras não agiriam contra a Venezuela, a não ser que houvesse agressão à soberania do país.


 [ainda que manifestantes em solo brasileiro atirem pedras contra militares venezuelanos em território da Venezuela, estes não podem utilizar armas de fogo para atingir os manifestantes.

Se assim procederem, estarão realizando uma ação hostil contra o Brasil, desrespeitando território brasileiro e se impõe uma pronta ação das FF AA do Brasil.
É uma agressão ao Brasil o que o Exército do 'bigode sem cabeça' fez contra o território soberano do Brasil e que somada ao fato de apontar misseis S-300 contra o Brasil - criando uma zona de exclusão aérea em território brasileiro - exige uma pronta ação das Forças Armadas do Brasil, sem prejuízo de uma ação diplomática, inclusive com a convocação do embaixador do Brasil na Venezuela.

As palavras do coronel Jacaúna, em entrevista ao JN, confirmam o episódio, expressam a discordância do coronel e o apelo a que haja uma intervenção diplomática -  não nos parece suficiente manter o assunto apenas no campo diplomático, houve uma agressão contra o Brasil e a justa retaliação se impõe, afinal, a soberania  do Brasil foi acedida.

A Venezuela tem um maior poder aéreo na região de fronteira, mas, sem logística e sem suprimentos, tal superioridade será de horas.]
 
As tropas da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) tinham como alvos  manifestantes, do lado venezuelano, que pediam o ingresso da ajuda humanitária do Brasil e dos Estados Unidos. Um grupo deles havia atacado a guarnição militar da Venezuela na região.
Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, o coronel José Jacaúna confirmou e lamentou o episódio. Até o momento, a assessoria de imprensa do Palácio Planalto não respondeu ao questionamento de VEJA sobre essa situação. O governo brasileiro assinalara, na sexta-feira 22, que as forças brasileiras não agiriam contra a Venezuela, a não ser que houvesse agressão à soberania do país.

Os distúrbios na fronteira, em Pacaraima (RR), acentuaram-se ao anoitecer, quando um grupo de 50 jovens venezuelanos jogaram coquetéis molotov e pedras contra militares do lado venezuelano. No local estavam outras 500 pessoas, que se dispersaram quando as tropas atiraram com armas de fogo lançaram bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes atearam fogo ao  matagal  em volta do posto do Exército venezuelano, onde havia dois veículos estacionados, que foram impactados pelos artefatos caseiros e também acabaram incendiados.

Antes do início desses distúrbios, os dois caminhões com alimentos e kits de primeiros socorros doados pelo Brasil e pelos Estados Unidos foram retirados na fronteira. Na cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, a 15 quilômetros da fronteira, houve incidentes violentos durante a tarde. A Prefeitura confirmou a morte de quatro pessoas. Outras 25 ficaram feridas. Parte delas foi transferida para Pacaraima e, de lá, para Boa Vista. O governo de Roraima informou na noite de sábado que os militares venezuelanos passaram a impedir o transporte de feridos para o Brasil. O número de vítimas fatais poderá, portanto, aumentar.

No total, 16 venezuelanos foram atendidos em hospitais públicos de Roraima. Olnar Ortiz, ativista na região da organização não governamental Fórum Penal, detalhou que uma das vítimas fatais foi baleada na cabeça. Dentre esses feridos, cinco estão internados em estado grave no Hospital Geral de Roraima, em  Boa Vista. Na sexta-feira, os hospitais de Roraima já haviam recebido manifestantes feridos da comunidade indígena de Kumarakapai, do lado venezuelano, a cerca de 80 quilômetros de Pacaraima.

O governo de Roraima informou na noite de sábado que o atendimento aos feridos está gerando impacto enorme ao Hospital Geral, cuja capacidade já é limitada para dar assistência à população local. A assessoria de imprensa do estado lamentou que os militares venezuelanos atirem contra seu próprio povo e não dêem aos feridos o atendimento necessário. Na fronteira, fontes informaram sobre o transporte nesta noite de mais 16 feridos de Santa Helena do Uairém, em três ambulâncias. Duas delas teriam sido impedidas pelos oficiais venezuelanos de seguir para Pacaraima.

Os confrontos se deram no contexto do ingresso da ajuda humanitária internacional, convocada pelo autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó para ingressar no país neste sábado. Houve graves incidentes também na fronteira com a Colômbia, onde três dos 10 caminhões conseguiram cruzar a divisa. Dois deles acabaram incendiados por ordem de Caracas. Em desafio à iniciativa de Guaidó, o  líder venezuelano Nicolás Maduro, determinara o fechamento das fronteiras do país e as reforçaram com contingentes militares.


AFP - Veja

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Protesto tem vandalismo na Esplanada e Temer aciona Forças Armadas

Ocupa Brasília - Depredações e incêndios

Temer aciona tropas federais para proteger Planalto e ministérios após vandalismo, anuncia Jungmann

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, que foi escalado pelo presidente Michel Temer para dar a resposta do governo às manifestações que acontecem nesta quarta-feira, 24, em Brasília, anunciou nesta tarde que está decretada uma ação de Garantia da Lei e da Ordem e, com isso, tropas federais passarão a reforçar a segurança na região da Esplanada dos Ministérios.

Segundo Jungmann, a decisão de Temer foi tomada após solicitação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e também por conta da violência registrada nas manifestações de hoje em Brasília. “Atendendo à solicitação do senhor presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mas também levando em conta fundamentalmente que uma manifestação que estava prevista como pacífica, ela degringolou na violência, no vandalismo, no desrespeito, na agressão ao patrimônio público, na ameaça às pessoas – muitas delas servidores que se encontram aterrorizados e que estamos neste momento garantindo a sua evacuação – o senhor presidente da República decretou, repito por solicitação do presidente da Câmara, uma ação de garantia da Lei e da Ordem”, anunciou Jungmann ao lado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Sergio Etchegoyen.

Segundo Jungmann, Temer fez questão de ressaltar que “é inaceitável a baderna e o descontrole”. “Ele não permitirá que atos como este venham a turbar um processo que se desenvolve de forma democrática e com desrespeito às instituições”, finalizou.
Jungmann deixou o pronunciamento, feito no Salão Leste do Planalto, sem responder sobre a ausência do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, e também nem sobre quantos homens serão deslocados para Brasília.

Rodrigo Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reiterou em entrevista que solicitou apenas a ajuda da Força Nacional e não do Exército para conter os protestos na Esplanada. “De fato o ambiente na Esplanada era grave e para garantir a segurança tanto dos manifestantes quanto daqueles que trabalham nos ministérios e na Câmara, eu fui ao presidente e conversei com ele porque achava que a Força Nacional pudesse colaborar junto com a Polícia do governo do Distrito Federal”, explicou.

Maia disse que se o governo agiu de outra forma, foi uma decisão exclusiva do Executivo. “Se o governo encaminhou algo maior, aí é uma posição do governo”, respondeu. O deputado afirmou que o clima de conflagração no plenário se deve porque um lado quer obstruir e outro quer trabalhar. “Acho que o importante é manter a garantia de segurança”, reforçou.

Neste momento a sessão está suspensa. A oposição está reunida na liderança do PDT para traçar estratégia para impedir a retomada da sessão plenária. Já os governistas foram para o gabinete da presidência da Câmara.

Fim das manifestações
Terminou por volta das 18h30 desta quarta-feira, 24, na Esplanada dos Ministérios, a manifestação contra as reformas e o presidente Michel Temer, que durou cerca de seis horas. Os últimos militares a deixarem o gramado foram de um grupo da cavalaria da Polícia Militar do Distrito Federal. Homens do Corpo de Bombeiros apagavam as últimas fogueiras acessas pelos manifestantes, que foram acuados em meio a bombas e carros do choque até a rodoviária da cidade, onde, até o início da noite ainda havia grupos protestando e polícia em volta. Militares do Exército fazem, neste momento, a segurança da Esplanada e dos prédios públicos.

A manifestação pode não ter sido a mais violenta da cidade. Em 20 de julho de 2013, na onda de manifestações que surpreendeu o governo Dilma Rousseff, a polícia de Brasília deu início à tática de dispersar multidões com bombas. Na ocasião, o prédio do Ministério das Relações Exteriores foi invadido e o do Ministério da Saúde depredado pelos manifestantes. O protesto de hoje pode também não ter sido o maior. Em 16 de março de 2016, cerca de 100 mil manifestantes, segundo números da Polícia Militar, ocuparam a Esplanada para pedir o impeachment de Dilma.

A manifestação desta quarta-feira, a maior contra Temer, foi marcada, porém, pela presença da Força Nacional de Segurança, um grupo militar que costuma não atuar na capital, e por homens do Exército e até da Marinha, que atuaram nas áreas em volta dos prédios dos ministérios. Chamou atenção também o aparato e o clima de tensão no Palácio do Planalto. A segurança da Presidência chegou a colocar 30 homens do batalhão da guarda presidencial com escudos em cima da rampa, um símbolo da política e arquitetura da cidade.

Organizado por diferentes entidades sindicais e políticas, o protesto foi marcado ainda pela fragmentação dos discursos. Enquanto um carro de som pedia para manifestantes resistirem às ações da Polícia, outros faziam apelo para que o público recuasse diante das bombas. A tática da polícia de dispersar a multidão foi a mesma de protestos passados, houve lançamento de bombas no grosso da multidão que estava no gramado entre os prédios do Itamaraty e do Ministério da Justiça, mais acima do gramado do Congresso.

Silêncio
Pela manhã, interlocutores do presidente Michel Temer estavam pregando o silêncio em relação às manifestações. Auxiliares do presidente diziam que era preciso esperar para ver a adesão e o desenrolar dos fatos. No entanto, após os episódios de violência e de registro de incêndios da Esplanada, auxiliares avaliaram que havia ficado insustentável o silêncio. E, então, o governo escalou Jungmann e Etchegoyen para se manifestarem. Serraglio, na última greve geral no fim de abril, tinha sido o escolhido do Planalto para comentar os protestos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Afastado de articulação, Temer negocia antídoto contra pauta-bomba



Vice-presidente e deputados se reuniram para adiar votação da PEC 172; relator deve alterar texto e incluir dispositivo que previne propostas que onerem a União
Um dia após diminuir sua atuação na articulação política do governo, o vice-presidente Michel Temer costurou um acordo com a Câmara dos Deputados para incluir a União em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que, na prática, cria um antídoto contra as chamadas pautas-bomba.

Originalmente, a PEC 172, de autoria do líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), determinava apenas que a União não poderia atribuir obrigações a Estados e municípios sem definir a origem das receitas. O governo atuou nessa terça-feira, 25, para adiar a votação para esta quarta-feira, 26, e incluir no texto um dispositivo que o previne de propostas que oneram a União. O relator da comissão especial que analisa a PEC, deputado André Moura (PSC-SE), deve alterar seu texto para contemplar também a União. O líder do PSC se reuniria com sua equipe para redigir o texto no final da noite de terça. A proposta foi costurada em reunião entre Temer, Moura, Mendonça e o líder do PMDB, Leonardo Picciani (PMDB-RJ).  “O que eu vou analisar é a possibilidade de dizer que a União será responsável pelo repasse do valor correspondente a qualquer tipo de despesa de prestação de serviços a Estados e municípios se ela tiver a dotação orçamentária para isso. Se ela não tiver, está vedada a possibilidade de ela passar para os Estados e municípios os encargos ou prestação de serviço”, explicou Moura.

Na prática, para determinar aumento do piso dos professores, por exemplo, a União precisa ter recursos disponíveis. Caso não tenha, fica impedida de determinar que Estados e municípios paguem a conta e mantem-se livre de arcar com a despesa.

Bombas. O governo, no entanto, não ficou livre de ameaças de mais gastos em pleno ajuste fiscal. O plenário da Câmara aprovou a urgência para apreciação de uma série de propostas que aumentam os gastos do governo.  Em votações que, em sua maioria, foram apenas simbólicas, os deputados aprovaram urgência para discussão da criação de varas da Justiça Federal nos Estados de RS, PR e TO. Foi aprovada também a urgência na apreciação do texto que torna obrigatória a existência de ambulância de resgate e de profissional da área da saúde nos postos de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal.

Em outra frente, o relator do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, deputado Ricardo Teobaldo (PTB-PE), fechou acordo com representantes de servidores do Judiciário que permite a concessão de um reajuste salarial maior para Legislativo, Judiciário e Executivo.

Teobaldo deve dar parecer favorável a um destaque que determina que os três Poderes, o Ministério Público da União (MPU) e a Defensoria Pública da União (DPU) informarão ao Ministério do Planejamento as suas necessidades de recomposição salarial, que integrarão anexo da proposta orçamentária que relaciona os reajustes autorizados em 2016. O relatório final da LDO deve ser votado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) nesta quarta-feira.

Fonte: IstoÉ