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sábado, 15 de abril de 2023

Políticas semelhantes, cenários bem diferentes - Alon Feuerwerker

Análise Política

Toda tentativa de justificar política exterior com base em princípios tão bonitos quanto absolutos costuma terminar em impasse, quando não em comédia; ou tragédia.  
Pois os interesses frios sempre acabam prevalecendo, restando aos ideólogos dar aquela maquiada básica para salvar a face
Um exemplo recente é o conflito da Ucrânia.

Dois princípios nas relações internacionais são o direito à autodeterminação e o direito à integridade territorial. No conflito da hora, Kiev esgrime com o segundo, mas Moscou argumenta com o primeiro para as repúblicas do Donbass e as regiões sulistas do vizinho, Crimeia inclusive, que decidiram [autodeterminação.] se desligar.

Na dissolução e fragmentação da Iugoslávia, duas décadas atrás, os Estados Unidos e a OTAN invocaram o direito à autodeterminação, enquanto uma enfraquecida Rússia argumentava, imponentemente, em defesa da integridade territorial da Iugoslávia. No final, quem pôde mais chorou menos.

O observador razoavelmente atento notará que os EUA e a União Europeia retiraram dos arquivos o play-book da Guerra Fria 1.0 para conter a ascensão da China. Impor crescentes constrangimentos econômicos, deflagrar uma corrida armamentista e dar o golpe final por meio das tensões étnico-nacionais e do separatismo.

Entre as dificuldades na tentativa de repetir o roteiro, uma frequenta mais amiúde os pesadelos do Ocidente. Quando a URSS declinou e finalmente desapareceu, havia tempo que não era mais aliada da China, que na geopolítica estava até mais próxima dos EUA. Hoje, a ameaça existencial comum empurra chineses e russos a aliar-se estrategicamente.

Na economia e na esfera militar são nações que se complementam num encaixe quase perfeito.

Eis por que o Ocidente não pode nem pensar em conter a China, o objetivo central na Guerra Fria 2.0, sem atrair a Rússia para sua esfera de influência ou desmembrá-la, a exemplo do que foi feito com a URSS.
[não podemos olvidar, que a China conta agora com o apoio, que não pediu, nem precisa, do 'estadista' de todos os estadistas, ex-presidiário que preside o Brasil.]

Ou as duas coisas.

A Federação Russa permanece um dos poucos estados de fato plurinacionais no planeta, com potenciais tensões separatistas permanentes. Enquanto o Ocidente argumenta com o direito à integridade territorial da Ucrânia, usa a Ucrânia para desestabilizar a integridade territorial russa.

O que, aliás, somado à crescente simpatia ocidental pela tese de Taiwan independente e pelas pressões separatistas em Hong Kong e Xinjiang, ajuda a amalgamar a aliança entre Moscou e Beijing.

E o Brasil com isso? O cenário internacional para nós, também pelos motivos expostos, é incomparavelmente mais complexo do que quando Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Planalto pela primeira vez, em 2003.

Naqueles tempos, 1) os EUA tinham o foco na guerra ao terror; 2) uma enfraquecida Rússia estava saindo do catastrófico governo de Boris Ieltsin; e 3) ainda prevalecia a esperança ocidental de que o desenvolvimento econômico chinês, orientado ao mercado e à globalização, faria entrar em colapso o poder comunista.

Assim, Lula pôde implodir o projeto norte-americano da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) sem maior consequência, teve espaço para projetar poder econômico-financeiro regional e o Brasil ajudou alegremente a construir os Brics. Mas os ventos começaram a mudar lá pelo final da década, acelerados pela crise de 2008/09, e quem acabou pagando o pato da insatisfação de Washington com o expansionismo e o independentismo brasileiros foi Dilma Rousseff.

Os EUA estão crescentemente nervosos diante da ameaça de um ocaso em seu reinado de única superpotência. E bem quando a história parecia ter chegado ao fim, dando razão a Francis Fukuyama, e quando o breve século XX, na definição de Eric Hobsbawm, tinha ficado para trás.

Mas as duas teses balançam. Fukuyama e Hobsbawn estão em xeque. O século XXI está cada vez mais parecido com o anterior.  Como Lula vai descascar o abacaxi? Até agora, recorreu aos velhos truques, de eficácia comprovada. Foi a Washington e disse coisas agradáveis aos anfitriões, depois dirigiu-se a Beijing para falar coisas que fizeram bem aos ouvidos dos chineses. Nas duas viagens, procurou extrair o melhor da relação.
[será que qualquer das partes acreditou no que ouviu? sabem que são palavras proferidas por um mentiroso patológico - .vide Lula se jactando para Jaime Lerner de que  mentia.]

Não deixa de ser inteligente como aposta para não queimar pontes.

Só é preciso saber até quando isso será suficiente. Pois de vez em quando chega uma hora em que os princípios, como tratado no início deste texto, e as declarações genéricas de intenções não dão mais para o gasto.

E 2023 não é 2003. 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político 

 


quinta-feira, 3 de março de 2022

QUAL O LIMITE PARA PUTIN? - Guilherme Baumhardt

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos

Semanas atrás, na véspera da visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, um recuo das tropas comandadas por Vladimir Putin foi comemorado como um sinal de que o iminente conflito com a Ucrânia poderia não ocorrer. O quadro remete ao que muitas vezes ocorre com o paciente internado por longo período em um hospital: uma leve melhora antes do óbito. No caso das tropas russas, o que houve foi um embuste. A decisão de Moscou de atacar Kiev já estava tomada. Era apenas questão de tempo. Prova disso é a velocidade com que avançam sobre o território ucraniano.


Bombas, mísseis e mortes ocorrem todos os dias – a população de Israel que o diga, volta e meia atacada pelo grupo terrorista Hamas. O que estamos assistindo neste momento, porém, é bem diferente. Trata-se de uma potência nuclear avançando sobre o segundo país em área territorial do Velho Continente. Não é pouca coisa.

A ruína da antiga União Soviética trouxe cicatrizes. Países foram desmantelados (Tchecoslováquia e Iugoslávia, para ficarmos em apenas dois dos mais expressivos exemplos) e deram origem a outras nações. E embora tenham sido processos traumáticos e construídos muitas vezes à base de protestos, sangue e mortes, eram conflitos essencialmente internos.

Sem saber ainda qual o apetite de Vladimir Putin e qual a dimensão que terá o impacto nas relações políticas e econômicas, ficam algumas lições do que ocorre neste momento.

A primeira e, talvez, mais básica é: não existe vácuo de poder. Quando alguém abre mão da liderança, o que surge não é o vazio, mas sim uma substituição natural.   
Donald Trump estava longe de ser o mais polido dos presidentes norte-americanos. Mas se faltava educação e finesse, sobrava habilidade nas negociações. 
Joe Biden oscila. A ameaça de retaliar a Rússia com embargos econômicos tem alcance limitado e ele sabe disso. O mundo esperava uma reação mais enérgica. Ela não veio.

A segunda lição serve de alerta: a agenda ambiental que demoniza combustíveis fósseis pode ser, aos olhos das novas gerações, limpa e cheirosa. Mas traz riscos, especialmente do ponto de vista de segurança, tanto de fornecimento quanto de estabilidade política. A pergunta mais óbvia é: enfiar goela abaixo, a fórceps, o uso de energias alternativas interessa a quem?

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos. A Europa que estimulou (inclusive com a adoção de prazos legais) a propagação dos carros elétricos estava interessada em depender menos do petróleo que ela pouco produz (exceção feita aos nórdicos). Até aí, sem problemas. Mas a mesma Europa que queria reduzir esta dependência é hoje praticamente refém do gás russo, especialmente a Alemanha, que decidiu precipitada e erroneamente desligar usinas nucleares após o terremoto e posterior tsunami que atingiu a usina de Fukushima.

Em meio à onda desarmamentista que avança sobre o mundo, uma importante lembrança: na metade da década de 1990, um acordo selou o destino do poderio nuclear da Ucrânia, o terceiro mais importante do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Rússia. As ogivas foram devolvidas aos russos sob a promessa de que o ocidente garantiria a segurança dos ucranianos. Pergunto: se a Ucrânia ainda tivesse este arsenal sob seus domínios, Putin se arriscaria a fazer o que fez? Pouco provável.

O fato é que Joe Biden parece perdido.[parece? o dorminhoco americano já estava perdido quando o candidataram.]  Não é a primeira vez que isso ocorre com um presidente dos Estados Unidos. Na década de 1960, John Kennedy passou por situação semelhante. Após vencer Richard Nixon nas eleições, o jovem presidente democrata entrou em uma ciranda de desgaste da gestão. A aprovação a ele e ao governo caía. Assim como ocorre agora, a antiga União Soviética viu na fraqueza de Kennedy uma oportunidade de expandir seus domínios e ampliar seu poder bélico.

O resto é história. A chamada "Crise dos Mísseis" tirou o sono de boa parte do planeta ao longo de quase duas semanas. Habilidoso, Kennedy viu ali uma oportunidade. O jovem peitou Nikita Khrushchev, impediu a instalação do arsenal soviético em solo cubano e aproveitou para recuperar o terreno perdido. Kennedy ressurgiu como liderança no seu país e, também, no ocidente. O mundo hoje olha para Joe Biden e não nutre grandes esperanças de que algo semelhante possa ocorrer. Se nada for feito, a resposta para o título da coluna será: não há limite. Infelizmente.

*Publicado originalmente no Correio do Povo de 25/02/2022

domingo, 6 de dezembro de 2020

Como perder a guerra - Nas entrelinhas

Bolsonaro cria mais obstáculos para o desenvolvimento do país do que se imagina, pois aprofunda nosso atraso econômico e tecnológico e retarda a recuperação da economia

Quando invadiu a antiga União Soviética, Adolf Hitler já havia conquistado boa parte da Europa: além da Áustria, Checoslováquia e Polônia o que deflagrou a Segunda Guerra Mundial —, a Noruega, a Dinamarca, a Bélgica, a Holanda, a França, a antiga Iugoslávia e a Grécia, além de ex-colônias europeias na África. A Operação Barbarrosa foi iniciada pelos alemães em 22 de junho de 1941 e mobilizou mais de três milhões de soldados. Sua intenção era conquistar a URSS em oito semanas. 
 
Três objetivos estratégicos foram estabelecidos por Hitler. 
Ocupar Moscou, a sede do governo; 
obter a rendição de Leningrado (São Petersburgo), a grande porta russa para o Ocidente; e,
controlar Stalingrado (antiga Tsarítsin, hoje, Volgogrado), para garantir petróleo em abundância. Foram passos maiores que as pernas. A 30 quilômetros de Moscou, que chegou a ser evacuada, os alemães foram repelidos; apesar da fome, a população de Leningrado resistiu até o cerco ser quebrado, em 1944. Estratégica para o controle do Cáucaso, área considerada vital para o abastecimento das tropas alemãs, em Stalingrado, a batalha foi a mais longa e sangrenta de toda a guerra, mudando seu curso.

Os alemães não tinham recursos suficientes para manter uma guerra de longa duração em território soviético, na qual exauriram suas energias. Além disso, a derrota em Stalingrado quebrou a aura de invencibilidade do Exército alemão, que acabou cercado e se rendeu. Cerca de 400 mil alemães, 200 mil romenos, 130 mil italianos e 120 mil húngaros morreram, foram feridos ou capturados. Dos 91 mil alemães feitos prisioneiros em Stalingrado, apenas 5 mil voltaram para a Alemanha. Os soviéticos sofreram cerca de 1,13 milhão de baixas, sendo 480 mil mortos e prisioneiros e 650 mil feridos em toda área de Stalingrado. Quando se rendeu, o comandante do 6º Exército alemão, marechal de campo Friedrich Paulus, referindo-se a Hitler, declarou: “Não tenho intenção de me suicidar por aquele cabo da Baviera”. Nunca antes um marechal de campo alemão havia se rendido numa frente de batalha; preferiam o suicídio à desonra. Ele havia cumprido as ordens de não se retirar de Stalingrado, a qualquer preço, mas acabou isolado, sem munição nem suprimentos.

Tem gente que considera a política uma guerra sem derramamento de sangue. Geralmente, trata os adversários como inimigos a serem exterminados. Entretanto, eles ressuscitam. Um dos três protagonistas da Conferência de Yalta, que dividiu o mundo em áreas de influência — ao lado de Franklin Delano Roosevelt (EUA) e Josef Stálin (URSS) —, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill dizia: “A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.”

Frentes de batalha
Não por acaso, analogias de cunho militar são usadas na análise política. Por exemplo, a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao poder resultou de uma “guerra de movimento” bem-sucedida na campanha eleitoral de 2018, uma espécie de “britzkrieg”. Na Presidência, manteve essa tática no primeiro ano de governo para ampliar seus poderes, até trombar com o Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga o chamado “gabinete do ódio” (a disseminação de fake news e ataques a autoridades nas redes sociais por colaboradores encastelados no Palácio do Planalto) e o caso “rachadinhas” da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no qual está envolvido o senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Desde então, opera uma “guerra de posições”, na qual tenta envolver as Forças Armadas, mobiliza os órgãos de controle do Estado, entre os quais o Ministério Público Federal (MPF), e pretende controlar o Congresso, o Judiciário e os grandes meios de comunicação de massa. Mutatis mutandis, foi essa estratégia de Wladimir Putin na Rússia para garantir sua longa permanência no poder.

O problema de Bolsonaro é que a verdadeira guerra está sendo travada em outros terrenos, nos quais não tem a menor chance de vitória. A primeira frente é a política ambiental, que nos levou a um grave litígio com a União Europeia, principalmente, com a Alemanha, a França e a Noruega. Os resultados de sua política são uma contradição em si mesma: quanto mais “passa com a boiada”, mais isolado internacionalmente fica.

A segunda, a crise sanitária, na qual Bolsonaro chegou a um ponto crítico, em razão do seu negacionismo: entrou numa guerra particular com o governador João Doria (SP), de São Paulo, por causa da vacina chinesa, e não tem mais como sair dela, a não ser se rendendo e comprando a CoronaVac, que já começou a ser produzida em grande escala pelo Instituto Butantan. Se não o fizer, a segunda onda da pandemia será uma tragédia ainda maior do que a primeira, porque a vacina de Oxford não está pronta e levará mais tempo para ser produzida pela Fiocruz e aplicada em massa.

A terceira frente é o não-reconhecimento da vitória do presidente norte-americano Joe Biden, que nos leva a um isolamento internacional sem nenhum precedente na História. Com isso, a política externa de Bolsonaro, como a ambiental e a sanitária, está em colapso. Em rota de colisão com a China, nosso maior parceiro comercial, agora ficou de mal com novo presidente dos Estados Unidos, o segundo parceiro, tudo em solidariedade ao presidente Donald Trump, que não se reelegeu. Essas três frentes de batalhas criam mais obstáculos para o desenvolvimento do país do que se imagina, pois aprofundam nosso atraso econômico e tecnológico e retardam a recuperação da economia. [as três frentes resultam em um grupelho formado por Ongs vendidas a governos estrangeiros, por especialistas em nada - esses estão sempre disponíveis para esganiçar na mídia, especialmente na TV, o que desejam  que expilam  e países que destruíram suas florestas e agora querem preservar as nossas - os noruegueses posam de paladinos da preservação do meio ambiente, mas suas empresas causam desastres ambientais no Pará e o esquerdista Biden, os malefícios que vai causar ao mundo, caso sua eleição seja confirmada, talvez resultem no primeiro impeachment nos EUA.]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


domingo, 18 de agosto de 2019

''O presidente não é tutelado por ninguém'', diz general Ramos ao Correio - Entrevista

Há menos de dois meses no cargo, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, é o primeiro general da ativa que largou sua posição no alto comando para tomar assento no coração do poder civil

Há menos de dois meses no cargo, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, é o primeiro general da ativa que largou sua posição no alto comando para tomar assento no coração do poder civil e com duas missões tão difíceis quanto aquela que ocupou em sua vasta carreira militar: comandar a comunicação e a articulação política do governo Bolsonaro.
"Eu não esperava ser ministro, mas, ao longo da minha vida, principalmente depois de ser general, sem eu perceber, estava sendo preparado talvez para essa função", afirma. Ramos já foi adido militar em Israel, no governo Lula, foi observador na Iugoslávia, onde contava corpos e tiros disparados. Agora, na guerra diária da política e da comunicação, sua missão é pacificadora. Os deputados têm elogiado. Há quem diga que agora existe um canal direto com o Planalto. E tem uma amizade com o presidente Bolsonaro que lhe permite dar conselhos que outros não ousariam.
Porém, ele sabe exatamente onde pisa na relação presidencial: "O presidente não é tutelado. Se chegar pro presidente e disser: 'O senhor vai fazer isso', esquece. Ele não vai fazer. Acho que, brincando, só a dona Michelle. (...) E, sinceramente, com todo o respeito: prefiro uma pessoa que fale o que pensa, mesmo que às vezes, entre aspas, saiam algumas besteiras no meio do que quem fala uma coisa e faz outra". Quanto ao Exército, ele é direto: "Queimei caravelas. O governo não é do Exército. E tem que dar certo".

O senhor é responsável pela comunicação do governo, que teve problemas no início e agora, de novo, com a saída do jornalista Paulo Fona, que ficou menos de um mês no cargo. O que houve?
Cada ministro escolhe sua equipe. Eu cheguei aqui e fiz a mesma coisa. Temos aqui o chefe da Secom, o Fábio Wajngarten, que é um garoto dinâmico, muito perspicaz, e vai lançar agora, a ideia foi dele, a Semana do Brasil, uma iniciativa maravilhosa. De 6 a 15 de setembro, várias empresas, agências de viagem, Banco do Brasil, McDonald’s, Lojas Americanas, Casas Bahia, Havan, até a Globo entrou. Pois bem, todos vão dar descontos, fazer promoções. Será uma campanha muito bonita. Ele tem um potencial enorme, escolheu a equipe dele. Estão lá trabalhando, e tinha um cargo vago que é o de secretário de imprensa. Quinze dias atrás, ele chegou e disse: “Ministrão, conseguimos um secretário de imprensa que é fera, o cara é bom”.  Quem é? “Paulo Fona”. E o gozado é que ele não tem Fona no nome, né? O nome dele é Paulo Cezar.  Estive 10 minutos com Paulo Fona e falei: “Seja feliz, sucesso”. Só que, assim que começou a transitar aqui, e aqui tem uns anões, como diz o Bolsonaro, ou jornalistas. Se o jornalista não tiver o bichinho de querer saber as coisas, não é jornalista. Aí levantaram que trabalhou para não sei quem, Agnelo, Roriz, PSB, Yeda Crusius, e que tem isso, tem aquilo. Não houve nada que dissesse que era mau caráter, pessoa desonesta. Houve um incidente, não vou dizer lamentável, um pouco desagradável, mal conduzido, a verdade é essa.

Há atritos entre o porta-voz e o secretário de Comunicação? 
Balela. Os dois se dão bem, não houve problema nenhum. Pelo contrário, estão aí em lua de mel, o general Rêgo Barros e o Fábio. Mas a imprensa, dias atrás, fez um burburinho, e eu até entendo. 

Mas a relação do presidente com a imprensa parece complicada...
O presidente é um homem muito público. O presidente tem um funcionamento muito claro com as coisas dele. Tem pessoas que me dizem: “Ah, não! Ele deu aquela declaração do cocô...” Eu digo: “Ele faz aquilo de ironia”. 

Essas declarações polêmicas do presidente não atrapalham a boa condução do governo? 
O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, não fala como diplomata. Tampouco como acadêmico, que sempre estuda o que vai dizer, ou sempre busca a essência das coisas. Esse é um professor acadêmico.  Você não vai ver, no currículo do Bolsonaro, ele ministrando aulas na UnB, em Harvard, nada. Ele tem a linguagem de um homem simples, direto, e que, às vezes, fala as coisas e pronto. Alguém pode dizer: “Pô! Como ele falou isso?”. Eu digo: “Ele é assim.” Mas tem gente que fala: “Mas, ministro, ele é o presidente da República.” Eu respondo:  “Vem cá: é preferível ele falar, entre aspas, algumas besteiras, ou ele ser o politicamente correto? Como alguns que douravam a pílula, diziam uma coisa e, por trás, falavam outra?” Eu prefiro o cara que fale direto, mesmo que saiam algumas besteiras no meio. Eu prefiro, falando sério, não só como ministro atual, mas como pessoa.
(...)
Isso não atrapalha a imagem do Brasil no exterior? 
É ruim, não vou dizer que é bom. Mas é o que eu digo: é preciso olhar o histórico. Agora mesmo, na viagem a Pelotas, na inauguração do trecho de duplicação da estrada, lembraram uma historinha. Vocês lembram a  gravação em que o ex-presidente Lula tava arrumando a gravata do prefeito e disse assim: “Vem cá: nesta cidade só tem viado e tal”. Tudo bem que estava falando em off, mas o que Bolsonaro falou sobre a Paraíba foi em off também. Enfim, vamos ver o que foi feito de bom realmente de janeiro até aqui. Tenho a relação de coisas altamente positivas, são seis páginas de letras pequenas.

O que o senhor destaca?
Está aqui: o 13º antecipado para aposentados; medida provisória do FGTS; o novo mercado de gás, da parte da Petrobras; isenção do habite-se para população de baixa renda, ou seja, se comprar, e for pobre, não precisa mais do habite-se; modernização das normas de segurança do trabalho; alíquota zero do Imposto de Renda para exportadores; a conclusão do acordo do Mercosul com a União Europeia; transformação digital de mais de 300 serviços; cadastro positivo; o lançamento do projeto do Araguaia; reconhecimento de territórios de comunidades quilombolas...
Bateram nele na campanha, mas, quando ele faz o negócio, ninguém fala. O Future-se; o fortalecimento da autonomia financeira das universidades. Conheço um reitor de esquerda que falou que foi um golaço e que, graças à incompetência nossa, ainda não foi divulgada a potência que é o Future-se. O presidente foi à Bahia, lançou uma usina voltáica flutuante. O governo estabeleceu diretrizes e ampliou liberdades para acordos internacionais do transporte aéreo. Doze aeroportos leiloados, etc. Aí o presidente sai e diz: “Fazer cocô num dia, fazer cocô no outro...” E vira assunto de primeira página?

(...)

E os militares no governo? 
As pessoas dizem: “Ah, os generais do governo são isso, são aquilo”. Criaram uma figura de que os generais do governo fazem de tudo, mas a gente nem se reúne. O primeiro ponto é esse. E olha que os generais do governo estavam todos na reserva há muito tempo. General Heleno, por exemplo. Eu era coronel e ele foi pra reserva em 2010. General Santos Cruz, antes de vir, tinha ido pra reserva em 2012. General Fernando foi pra reserva em 2018. Não tinha ninguém na ativa. Por que digo isso? Estava na ativa, comandando São Paulo, um comando militar estratégico. A greve dos caminhoneiros começou e terminou ali. Estava lá, morando em um apartamento do Exército, apartamento bom, dois andares, morando no bairro do Paraíso, do lado do Ibirapuera. A gente acordava de manhã e ia fazer musculação, corridinha... Larguei tudo.  Em 3 de julho, passei o comando e, dia 4, estava aqui. Joguei tudo para o alto. Por quê? Porque eu me senti  à vontade dentro da amizade que tenho com o presidente, e é uma amizade muito sincera. Se olhar ali no quadro (aponta a foto dele com o presidente Bolsonaro), se olhar o sorriso, é difícil ver uma foto com um sorriso daquele. Foi o dia em que confirmei que seria ministro dele. Foi em São Paulo, à noite, no Aeroporto de Congonhas.

Alguns dizem que o senhor é um grande influenciador do presidente…
Não sou influenciador. O presidente não é tutelado. Se chegar para o presidente e falar: “O senhor vai fazer isso”. Esquece, ele não vai fazer. Acho que, brincando, só a dona Michelle. Ele pode me ouvir, e me ouve em algum sentido assim, mas não vim aqui para tutelar o presidente, pois sei que ele não é tutelado. Mas, voltando: larguei tudo, no sentido realmente de largar, deixei de ser general da ativa e pedi para ser chamado de ministro. Primeiro, pelo simbologismo, que é não ter um militar da ativa. Fui afastado do alto comando, não uso mais farda, não participo de reunião nenhuma. Os quatro estrelas têm um grupo seguro, que não é o Telegram. Eu fui excluído. Tem um grupo que troca mensagens entre os quatro estrelas, só generais de Exército. Aí, um diz: “Você não pertence mais a esse grupo”.  É forte.

(...)

Então, o senhor passou para a reserva?
Vou explicar agora. Quando ele (Bolsonaro) anunciou em 12, 13 de junho, meu aniversário é 12, até achei que anunciaria no dia 12 e pedi pra não anunciar, pois estava tentando ver se conseguia me salvar. Ele me anunciou no dia 13. “Mas por que o senhor só vai em julho?” É um simbolismo, não podia assumir um ministério com tropa no meu comando. Isso não existe. Ministro é político. Estou aqui, mas não passei o comando de São Paulo, tenho 25 mil homens debaixo do meu braço. Não é atitude, isso foi pensado. O Exército pensou nisso. 

(...)
O senhor diria que essa experiência em campo, de alguma forma, mais do que o credencia para participar dessa guerra da articulação? 
Ela me perguntou qual a missão mais difícil. Essa foi a da Iugoslávia, uma missão de risco de vida. A outra, eu fui adido militar em Israel. Tem um fato muito pitoresco. Esse ninguém sabe. Em Israel, quando cheguei, o israelense é um povo muito direto. Não sou judeu, mas tenho admiração muito grande, até porque morei lá. Eu cheguei exatamente dois meses depois do ex-presidente Lula ter tirado foto abraçado ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O Ahmadinejad disse que varreria Israel do mapa. Quando cheguei, dois meses depois, junho de 2005, eu fui recebido pelo general Nitzan. Até hoje lembro dele: “O seu país é um país que, para nós, tem uma relação de amizade com o Irã, e o senhor saiba disso”. A partir dali, senti nitidamente.  Os judeus são muito diretos. Foi uma missão difícil pra mim. Mas estava lá, era adido, tinha que fazer algo diferente. Aí comecei a estudar hebraico. Já falava inglês, por causa da missão da Bósnia. Mas qual foi minha intenção? Queria fazer algo diferente para mostrar pra ele que eu não era político, era adido militar. E acabei em uma cerimônia muito emotiva, a céu aberto, que eles fazem com os parentes, todo mês de maio, se não me engano, para relembrarem o Holocausto. Lá, todo mundo perdeu alguém. Guerra dos Seis Dias, Guerra da independência, Guerra do Yom Kippur... Todo mundo tem um parente que morreu. Eles vão com as camisas dos parentes, têm um discurso altamente emotivo e, nesse dia, eu fui, sentei na primeira cadeira, na primeira fileira e cantei o Hino Nacional em hebraico. Cantei o hino e ninguém esperava, né? Ganhei. O primeiro cara que pulou na minha frente foi o ministro da Defesa. Aí, eu falei que amava Israel. E ele me abraçou emocionado. A partir daí, mudou o tratamento. Saltei de paraquedas com ele várias vezes, sou paraquedista. Fui convidado para várias atividades, como o único adido sul-americano.

(...)


O custo político da indicação de Eduardo vai ser alto? 
Sinceramente, não. O que eu tenho feito com os senadores que aqui me visitam, falo exatamente dessa minha posição, com credibilidade, pois fui adido, sei distinguir bem uma função técnica, que vai exigir talvez uma preparação longa, de uma pessoa que saiba receber as outras, saiba representar o seu país em cerimônias, saiba participar de um evento diplomático no país. 

Essa relação com a imprensa melhora quando? O senhor entrou para isso…
A relação não está boa? Vou perguntar uma coisa: quem é o maior comunicador do governo? Sou eu, ou é o presidente? É o presidente. Quem é que substitui o presidente Jair Messias Bolsonaro? Ninguém. Ele fala uma frase e sai na CNN, no Le Monde...

O senhor disse mais cedo que Bolsonaro não é tutelado. Em algum momento tentaram?
Não, nem tentem, porque não conseguem.

Mas falo sobre a tutela com base no período em que o Carlos Bolsonaro teve entreveros com Mourão...

Não, não é isso,  não. O Carlos Bolsonaro que eu conheço, que conheci muito no hospital dia e noite, e seus outros filhos também iam, mas estavam atarefados na campanha. Eu vi um filho extremamente amoroso, preocupado com o pai, em preservar a vida dele, em preservar que ele tivesse tranquilidade. Esse é o Carlos Bolsonaro que eu conheço.

Correio Braziliense acesse  para entrevista Completa

 

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Ministério Público Federal vai reabrir investigações sobre a morte de Vladimir Herzog [o Brasil é uma Nação Soberana e vai ignorar as decisões dessa corte e nada vai acontecer.]



[antes de tentar enquadrar o Brasil por fatos devidamente anistiados,  essa corte pró-esquerda deveria cuidar da matança (atual) que está ocorrendo na Nicarágua e na Venezuela.

Eventuais delitos cometidos durando o Governo Militar, no combate a porcos terroristas foram anistiados, ou só os assassinos da esquerda devem ser anistiados, indenizados e pensionados?

O MP deveria ser isento e antes de cogitar de punir mortos que supostamente assassinaram o jornalista Herzog, deveria cuidar de prender o Clemente que se orgulha dos crimes que cometeu - vídeo abaixo.] 

Tem dezenas de vídeos com depoimentos de outros assassinos - escolhemos dois ao acaso.

Seria este ESCROQUE COMUNISTA da Paz condicente com o seu sobrenome? 

Claro que não, Vamos conhecer um pouco sobre quem foi este "Santo" TERRORISTA que lutou contra o Brasil, e é visto hoje pelos jovens apoiadores do PT, como um herói que "lutou pela democracia" durante o REGIME MILITAR. Carlos Eugênio da Paz, foi um dos militantes da ALN que esteve presente em quase todos os atos terroristas da organização. Ex-comandante da ALN, membro da Coordenacão Regional e Nacional da Organização. Juiz e carrasco do "Tribunal Vermelho ", participou ativamente de, como ele mesmo declarou, cerca de 10 assassinatos. Um dos mais discutidos JUSTIÇAMENTOS, entre os próprios militantes das organizações terroristas foi o de Márcio Toledo Leite, que o próprio CLEMENTE, diz não se arrepender e defende a execução de Hennig Boilesen descrito em seu livro : Viagem à Luta Armada.o homem da ALN que avalia fuzis "bons para execução" e amigo do Dirceu que integrava o mesmo grupo terrorista. Ele trata da morte como quem diz: "Está frio lá fora e hoje e segunda-feira". Eis a transcrição do que este ASSASSINO TERRORISTA fala no vídeo apresentado pela novela exibida no SBT, em retribuição do Silvio Santos ao governo do PT, após o operário que nunca foi padrão ter salvo o banco Panamericano. "Eu, atrás (no banco do fusca) com um fuzil Mauser 762, que é um fuzil muito bom para execução, de muita precisão. E quando ele (a vítima) chega na esquina da alameda Casa Branca, ele tinha de parar porque tinha uns dois carro na frente... Ele teve que parar. Quando ele parou, eu tava no banco de trás do carro e falei 'Vou dar um tiro nele'. 

Peguei o fuzil, o companheiro que tava na frente, no Fusca, baixou a cabeça e já dei um primeiro tiro de fuzil. Não acertei de cheio porque eu sou destro; eu atiro nessa posição (Note a frieza como ele demonstra a posição e o verbo NO PRESENTE), como eu tava atrás, no Fusca, eu tive que inverter e atirei assim, então pegou aqui, de cabeça, no occipital dele, mas já começou a sangrar. Ele abre a porta do carro e sai do carro. Nós saímos. Só o motorista que não sai porque o motorista tem que ficar ali, assegurando a fuga. Saímos eu e outro companheiro. Ele sai com a metralhadora, eu saio com o fuzil. Ele (a vítima) saiu correndo em direção à feira, o companheiro metralhando ele, e eu acertando com dois, três, quatro (tiros), acertei três tiros nas costas dele, e o companheiro, com a metralhadora, acertou vários. Aí, de repente, ele caiu; quando ele caiu, eu me aproximei, e, com a última bala, a gente sempre dá o último tiro de misericórdia, que é para saber que a ação realmente foi cumprida até o fim. "Uma nação soberana e justa se constrói também através das lutas de seu povo. Quando uma parte da sociedade apela para a violência, é bom que aqueles que defendem a democracia e a liberdade respondam com as mesmas armas. Isso vai construindo uma consciência a longo prazo, mesmo se essa luta não conseguir todos os seus objetivos."

Jornalista foi torturado e morto durante a ditadura militar



O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) vai reabrir as investigações sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog. A informação foi dada nesta segunda-feira pelo procurador Sergio Suiama, na TV Cultura, onde Herzog trabalhava quando foi torturado e morto em 1975, na sede do DOI-CODI, em São Paulo, durante a ditadura militar, no governo do presidente Ernesto Geisel, e confirmada pelo MPF.

O inquérito será retomado depois que a Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos condenou, no início de julho, o Estado brasileiro. Foi a primeira vez que a Corte reconheceu um assassinato cometido durante a ditadura do Brasil como um crime contra a humanidade. O Brasil havia sido condenado em 2010 por não ter investigado os desaparecimentos ocorridos na Guerrilha do Araguaia. Suiama atuou como perito na Corte, a pedido do Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil), do qual fazem parte Clarice e Ivo Herzog, e o evento realizado nesta segunda-feira serviu para explicar o trâmite do processo. — O MPF anunciou que o caso vai voltar a ser investigado. Estavam aguardando a decisão internacional. Já começa o cumprimento da sentença — afirmou Beatriz Affonso diretora do Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil) para o Brasil, que ajudou a família a apresentar o caso na CIDH.

A decisão, segundo Affonso, pode ter impacto em outros casos semelhantes, mas também só deve ser resolvida no Supremo Tribunal Federal. Tem um horizonte novo muito importante que os administradores de Justiça no Brasil vão ter que enfrentar que é não poder usar prescrição e a Lei de Anistia como obstáculo para investigação — explicou ela. — As outras investigações também não vão poder ser barradas por isso ou, com certeza, vai criar um mal estar de outro patamar. Com certeza, vamos parar no STF para decidir sobre o crime contra a humanidade.

Na sentença do caso Herzog, ficou estabelecido que daqui um ano o governo brasileiro deverá apresentar um relatório mostrando o que fez para reabrir as investigações contra os responsáveis pela morte e também como procedeu para pagar uma indenização de cerca de U$ 240 mil devido aos danos morais e materiais sofridos pela família com o assassinato do jornalista. [essa turma da esquerda gosta muito é de uma indenização.] 
 
De acordo com o MPF, os documentos do caso estavam em Brasília e o inquérito estava suspenso a pedido aguardando a decisão da CIDH sobre o caso. Depois da sentença, a documentação já foi enviada para SP, onde a procuradora responsável pelo caso, vai instaurar um novo procedimento de investigação nos próximos dias. O caso Herzog estava arquivado desde 2008.  — O que significa silenciar um jornalista para uma democracia? Acho que esse caso é antigo, mas onde fica explícito como a gente fragiliza um país quando o estado resolve silenciar um jornalista — afirma Affonso.

CRIME CONTRA HERZOG
Herzog nasceu na antiga Iugoslávia, em Osijek, hoje a quarta maior cidade da Croácia, mas devido a perseguição nazista a família veio para o Brasil. Ele era diretor de jornalismo da TV Cultura quando foi ao Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) para prestar um depoimento em 25 de outubro de 1975. Naquele dia, foi submetido a um interrogatório sob tortura e morreu devido à violência sofrida. [???]

À época do crime, os militares afirmaram que Herzog tinha cometido suicídio dentro da prisão. Com uma tira de pano, os agentes amarraram o corpo pelo pescoço à grade de uma janela e chamaram um perito do Instituto Médico Legal paulista para fotografar a cena forjada de que Vlado, como era conhecido, tinha dado fim à própria vida. Para tentar comprovar sua versão, o governo militar divulgou a foto do corpo pendurado, em que se vê os pés do jornalista apoiados no chão, evidenciando a farsa.

Depois da morte, a Justiça Militar realizou uma investigação na qual sustentou a versão do suicídio. No entanto, em 1978, em uma ação cível, a família conseguiu o reconhecimento da responsabilidade do estado pela morte do jornalista, mas os militares que cometeram o assassinato nunca foram punidos. Em 1992, as autoridades brasileiras iniciaram uma nova investigação, mas esta foi arquivada com base à interpretação vigente da Lei de Anistia.

A sentença da CIDH determina que o Brasil reabra as investigações e o processo penal “para identificar, processar e, caso seja pertinente, punir os responsáveis pela tortura e morte de Vladimir Herzog, em atenção ao caráter de crime contra a humanidade desses fatos e às respectivas consequências jurídicas para o Direito Internacional".
No dia da condenação, o Ministério das Relações Exteriores informou, por nota, que encaminhará à CIDH, dentro do prazo estipulado de um ano, um relatório sobre as medidas implementadas para apurar a morte do jornalista. “O Brasil reconhece a jurisdição da Corte e examinará a sentença e as reparações ditadas", diz a nota.[ esta declaração foi proferida pelo Ministério das Relações Exteriores, que é chefiado por Aloysio Nunes, terrorista que foi anistiado - ninguém questiona o fato dele ter sido anistiado;
por gratidão ele fala a asneira de que o Brasil reconhece a jurisdição da tal corte.]




CASO BACURI
Na terça-feira (31), encerra o prazo para o governo brasileiro prestar informações sobre o assassinato de Eduardo Leite, ex-integrante da Vanguarda Popular Revolucionária e conhecido como Bacuri. Ele morreu em 8 de dezembro de 1970 e é considerado o militante que passou mais tempo sob tortura durante a ditadura. Foram 109 dias sob interrogatório violento nas instalações da Marinha, do Exército e pela equipe do delegado Sérgio Fleury. De acordo com a família, pouco antes de morrer, ele já não conseguia andar. No entanto, para entregar seu corpo, as Forças de Segurança forjaram um tiroteio. [esse bacuri participou de várias ações terroristas e sempre se destacou pela crueldade e covardia com que agia.]
 
A família de Bacuri, também por meio do Cejil, denunciou o caso em 2011 à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, etapa anterior à apreciação da CIDH. Eles exigem que sejam esclarecidas as circunstâncias da morte já que seu corpo tinha diversos sinais de tortura, como ausência dos olhos, orelhas e língua.  — Nunca houve uma investigação, nem uma abertura de inquérito. Não temos nenhum rastro — explicou o advogado Erick Curvelo, que atua para o Cejil no caso.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores disse que o processo é sigiloso e que o governo vai prestar as informações necessárias dentro do prazo.


 

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Janot começa a ter dificuldades até para encontrar quem lhe sirva um cafezinho na PGR

Raquel Dodge anuncia 12 nomes e troca postos-chave da Lava-Jato

Nova procuradora-geral demonstra intenção de marcar diferença 

Anunciada nesta terça-feira, a 27 dias da posse, a composição da equipe da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, revela trocas estratégicas em postos-chave relacionados aos trabalhos da Operação Lava-Jato. Raquel fez basicamente três movimentos, que demonstram a intenção da nova procuradora-geral em marcar diferença em relação a Rodrigo Janot e seu entorno:

1) Será criada uma nova secretaria, de Função Penal Originária no Supremo Tribunal Federal (STF), que vai abarcar o grupo de trabalho da Lava-Jato;
2) Secretarias decisivas à operação trocam de mãos; e
3) O grupo da Lava-Jato será capitaneado por dois procuradores da República experientes em casos rumorosos, como os mensalões petista e mineiro e a Operação Zelotes, sem relação com o grupo montado por Janot, o que indica que essa força-tarefa terá um alto índice de renovação.

Raquel é conhecida entre seus colegas por ser discreta e por segurar informação, numa estratégia para fazer valer as decisões tomadas. No fim de julho, escalou os cinco procuradores que a auxiliam na transição até a posse, marcada para o próximo dia 18. Reportagem publicada pelo GLOBO em 16 de julho revelou o perfil de combate à corrupção dos primeiros nomes levados em conta por Raquel para integrar seu gabinete. Nesta terça, ela divulgou o primeiro organograma da Procuradoria Geral da República (PGR) sob seu comando. Estão na equipe os cinco nomes da transição e mais sete novos nomes. Outros ainda serão anunciados nos próximos dias.


A nova procuradora-geral anunciou como titular da secretaria a ser criada a procuradora regional da República Raquel Branquinho, que tem um histórico de atuação em casos de corrupção. Branquinho auxiliou o então procurador-geral Antônio Fernando de Souza no processo do mensalão. Hoje, a procuradora é a chefe administrativa da Procuradoria Regional da República (PRR) da 1ª Região e atua no núcleo de ações originárias, que investiga prefeitos. Colegas de Branquinho relatam que o núcleo teve um incremento de 100% nas ações contra os titulares de Executivos municipais. Já na chefia administrativa da PRR, sua função vinha sendo basicamente cortar custos, diante da crise fiscal.

Também integra o núcleo de ações originárias o procurador regional José Alfredo de Paula Silva, um dos mais jovens do grupo anunciado por Raquel, apesar de já ter experiência no Ministério Público. Ele tem menos de 40 anos e ingressou na instituição em 2003. Agora, estará à frente do grupo de trabalho da Lava-Jato, ao lado do procurador regional Alexandre Espinosa, outro integrante do núcleo de ações originárias. Branquinho, Alfredo e Espinosa auxiliaram Antônio Fernando no mensalão. Os dois, agora, estarão submetidos à secretaria a ser criada por Raquel.

A expectativa na PGR é que Branquinho faça uma coordenação mais jurídica da Lava-Jato, e Alfredo e Espinosa, mais operacional, à frente efetivamente das investigações. Em ofício a Janot, Raquel reforçou convite para que os nove integrantes do grupo de trabalho da Lava-Jato permaneçam na força-tarefa. Desde o início, porém, já não havia a intenção de a maioria dos procuradores permanecer no grupo, assim como estava claro o desejo da nova gestão por renovação. Apenas quatro procuradores – principalmente os que estão há menos tempo no grupo – manifestaram a intenção de permanecer.

Alfredo, o novo coordenador do grupo, acompanhou a parte final do processo do mensalão, segundo colegas dele de Ministério Público. Ele já denunciou policiais federais por tortura e sua atuação mais recente foi na Operação Zelotes. Alfredo é descrito por colegas como "prático", "operacional" e "discreto".  Na Secretaria de Cooperação Jurídica Internacional, que ganhou protagonismo em razão do caráter transnacional da Lava-Jato, entrará Cristina Romanó. Havia a expectativa de que o atual titular, Vladimir Aras, permanecesse no posto, o que não se confirmou. Romanó é procuradora regional da República e tem larga experiência na área internacional. Ela já integrou o quadro de promotores do Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia, em Haia.

O procurador da República Pablo Barreto, da Bahia, será o novo secretário de Pesquisa e Análise. Esta unidade foi decisiva à Lava-Jato, com o desenvolvimento de novas tecnologias de perícia e um trabalho de coleta de provas que embasaram as denúncias de Janot.  O vice-procurador-geral da República será o subprocurador-geral Luciano Mariz Maia, reconhecido por seus colegas pelo trabalho na área de direitos humanos e na academia. Mariz Maia, segundo colegas de Ministério Público, tem parentesco com o senador Agripino Maia (DEM-RN), investigado na Lava-Jato por suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro. A atuação do subprocurador, porém, é tida como isenta e mais voltada a questões de direitos humanos, com boa interlocução com os movimentos sociais.


O novo vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques, também tem atuação na academia, além de ser atuante na defesa dos interesses da categoria – o subprocurador-geral é vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Os outros nomes anunciados por Raquel são Zani Cajueiro, que será secretária-geral do MPU; Lauro Cardoso e Marcelo Ribeiro Oliveira, que vão atuar na secretaria a ser criada; Alexandre Camanho, secretário-geral jurídico; e Sidney Pessoa Madruga, coordenador do Grupo Executivo Nacional de Função Eleitoral.

Até a posse, Raquel deve administrar uma disputa entre subprocuradores-gerais da República que a apoiaram na campanha e que querem espaço na composição da equipe. Essa disputa, por exemplo, influencia na definição do novo corregedor-geral.
Na nota divulgada nesta terça-feira, Raquel destacou a presença de mulheres em sua equipe. "Convidamos para o gabinete especialistas nas matérias que mais afligem a população brasileira atualmente. A equipe precisa estar atenta aos problemas nacionais em todas as suas dimensões e de forma equilibrada", disse a nova procuradora-geral na nota.

Fonte: O Globo