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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Qual o tamanho do arsenal nuclear que a Rússia de Putin tem nas mãos

Em discurso à nação, presidente russo disse que poderia usar 'todos os meios necessários' para defender país, levantando temores de armas nucleares

Silhueta de mísseis em um fundo da bandeira da Rússia e o sol. Conceito de arma nuclear. Demonstração de armas da Federação Russa. renderização 3D.

Silhueta de mísseis em um fundo da bandeira da Rússia e o sol. Conceito de arma nuclear. Demonstração de armas da Federação Russa.

 Em discurso à nação na última quarta-feira, 21, o presidente russo Vladimir Putin anunciou uma “mobilização parcial” para enviar mais de 300.000 reservistas à guerra na Ucrânia e alertou que usará “todos os meios necessários” para defender a Rússia, levantando preocupações em todo o mundo. 

Apesar da ameaça velada, analistas apontam que sua fala deve ser interpretada mais como um alerta para os países que se envolvem com a Ucrânia do que propriamente uma sinalização de que pretende avançar com o uso de armas nucleares. [é notório que países ocidentais estão armando a Ucrânia - aliás,sequer procuram disfarçar = ação que pode ser interpretada como participação ativa na guerra; 
se a Rússia optar pelo uso de armas nucleares começará usando armas táticas, com alcance e capacidade limitadas; o risco é que o outro arme a Ucrânia com armas táticas e cada um dos lados vai procurar aumentar o seu poder de fogo o que levará ar mas mais potentes e ao FIM DO MUNDO - que, se DEUS não for misericordioso acabará com o mundo, levando junto o 'inquérito do fim do mundo' do ministro Moraes.]

+ Rússia pode usar armas nucleares para defender territórios, diz Medvedev

No entanto, a fala de Putin traz inquietação para todo o planeta devido ao tamanho de seu arsenal nuclear. Todos os números existentes sobre o assunto são especulativos, mas de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, a Rússia tem 5.977 ogivas nucleares. Destas, 1.500 estão aposentadas.

Das 4.500 restantes, a grande maioria está classificada como armas nucleares estratégicas, ou seja, que podem ser direcionadas a longas distâncias como mísseis balísticos e foguetes
É esse armamento que geralmente está associado à guerra nuclear. 
Há ainda armas nucleares menores e de menor poder destrutivo que podem ser usadas para curto alcance ou para batalhas em mar. 

Isso não significa que a Rússia tenha todo esse armamento pronto para ser utilizado a qualquer momento. Especialistas apontam que cerca de 1.500 ogivas estão implantadas, o que significa que estão localizadas em bases de mísseis, bombardeiros e submarinos.

Atualmente, nove países possuem armas nucleares: China, França, Índia, Israel, Coreia do Norte, Paquistão, Rússia, Estados Unidos e Reino Unido. 

+ Após reveses na guerra, Putin convoca mais 300.000 soldados para exército

Com 5.977 ogivas, os russos lideram o ranking como o país com maior quantidade de armamento nuclear. Na sequência, os Estados Unidos aparecem com 5.428, seguido pela China com 350.

Completam a lista França (290), Reino Unido (250), Paquistão (165), Índia (16), Israel (90) e Coreia do Norte (20). 

Destes nove, China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido estão entre os 191 países que assinaram o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, que prevê a redução do estoque de ogivas gradualmente até sua completa eliminação. 

Já Índia e Paquistão nunca aderiram ao tratado, enquanto a Coreia do Norte optou por sair em 2003. Israel é o único dos países que nunca reconheceu formalmente seu programa nuclear, embora seja amplamente aceito pela comunidade internacional que o país possui tal armamento.

Apesar do tratado, um relatório divulgado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), centro de estudos sobre conflitos e armamentos, disse que que o arsenal nuclear global vai crescer pela primeira desde a Guerra Fria e que o risco de uso dessas armas atingiu o pico em décadas.

Em um conjunto novo de pesquisas, o instituto afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia e o apoio internacional a Kiev aumentaram as tensões entre os nove países que possuem armas nucleares. “Todos os estados com armas nucleares estão aumentando ou atualizando seus arsenais e a maioria está aprimorando a retórica nuclear e o papel que as armas nucleares desempenham em suas estratégias militares”, disse Wilfred Wan, diretor do Programa de Armas de Destruição em Massa do SIPRI.

Além disso, em abril, o governo russo testou um novo míssil com capacidade nuclear “sem igual” capaz de carregar várias ogivas nucleares. Em imagens veiculadas por redes de TV russas, Putin foi informado por militares que o míssil havia sido lançado de Plesetsk, no noroeste do país, e atingiu alvos na península de Kamchatka, a quase 6 mil quilômetros de distância.

O argumento para manter um grande número de armas nucleares tem sido ter a capacidade de destruir totalmente o seu inimigo em caso de uma guerra, algo que ficou conhecido como destruição mútua assegurada. Embora os países tenham aumentado consideravelmente seu arsenal nas últimas décadas, nenhuma bomba nuclear é utilizada desde 1945, quando os Estados Unidos bombardearam as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. 

+Rússia testa novo míssil com capacidade nuclear ‘sem igual’, anuncia Putin

Apesar da ameaça velada de Putin, a legislação russa prevê o seu uso em apenas quatro oportunidades: lançamento de mísseis balísticos contra o território russo ou seus aliados; uso de armas nucleares contra a Rússia ou seus aliados; ataque a locais críticos governamentais ou militares que ameace a sua capacidade nuclear; e agressão contra a Federação russa com uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo.

Mundo - Revista VEJA


quinta-feira, 2 de junho de 2022

Como as novas armas dos EUA podem ajudar a Ucrânia na guerra com a Rússia

Roberto Godoy

Desenvolvido desde 2010 e utilizado por exércitos de vários países, Himars concorre no mercado internacional com um equipamento brasileiro

 https://www.estadao.com.br/resizer/hC-Zr7-LLnlX73XMYVmrMB9WpH4=/1440x600/filters:format(jpg):quality(80):focal(2680x2435:2690x2445)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/estadao/PNMVMAQDMZBHBESCC2NRAWRSVY.jpg

A nova arma que o Pentágono liberou para o governo dos EUA enviar à Ucrânia é uma máquina de guerra capaz de fazer chover fogo e aço quente sobre alvos do tamanho do Parque do Ibirapuera. O Himars, sigla em inglês para Sistema de Artilharia de Alta Mobilidade, é um poderoso lançador de foguetes e mísseis. [Nos parece que o uso do Himars restrito ao solo ucraniano causará mais danos que beneficios à Ucrânia. 

DUAS PERGUNTAS: pretendem bombardear solo russo?  
- a Rússia não tem meios de neutralizar tal arma? Afinal, não é um lançamento.
 Sugestão: é conveniente que comecem a ficar atento a algum gesto impensado do  dorminhoco que preside os Estados Unidos; aquele cidadão já está fora do prazo de garantia e pode praticar alguma ação impensada e causar uma guerra nuclear. Que o Zelenski provoque a morte de ucranianos é uma escolha das vítimas, já de cidadãos de outros países é outro assunto.]
Desenvolvido desde 2010, utilizado por exércitos de vários países, concorre no mercado internacional com um equipamento brasileiro, o Astros-2020, da Avibrás Aeroespacial, de Jacareí. O Astros oferece mais possibilidades de emprego.

Leia também: Mísseis Himars: Saiba como funciona o sistema enviado pelos EUA à Ucrânia

Rússia mobiliza forças nucleares e acusa EUA de jogar ‘gasolina no fogo’ por envio de armas a Kiev 

O Himars é um sistema celular fechado, não adota o conceito de baterias, composto por várias unidades. Cada veículo é autônomo no campo de batalha.

O foguete-padrão de 227mm, pode cobrir entre 70 km e 80 km. A carreta de eixos pesa 16 toneladas e leva um contêiner disparador com seis foguetes permitindo disparos de 1, 2, 4 – ou de todos ao mesmo tempo. O sistema pode fazer fogo com ogivas diferentes; carga única, incendiárias e de fragmentação.

No total, uma rajada completa, combinando os três tipos, soma cerca de 540 quilos de poder de destruição. Duas, acima de uma tonelada. Caindo, por exemplo, sobre uma refinaria de combustíveis ou uma concentração de tropas e equipamentos é o suficiente para arrasar os objetivos. O sistema é bastante fácil de operar e necessita de apenas 56 horas de treinamento.

Unidade do Himars em ação em Marrocos
Unidade do Himars em ação em Marrocos  Foto: Fadel Senna/AFP
O Himars também pode disparar o míssil tático de precisão Atacms, de 300 quilômetros de alcance e ogiva de 160 quilos. O presidente americano, Joe Biden, vetou o fornecimento dessa configuração para as forças ucranianas, atendendo à argumentação do Departamento de Estado, que teme o uso do míssil contra posições da Rússia em território russo, o que certamente significaria a expansão do conflito.
O Himars, produzido pela indústria Lockheed Martin Missile, custa US$ 5,6 milhões – fora a munição. Segundo o Pentágono, a Ucrânia receberá inicialmente “algumas poucas unidades”. O pacote faz parte da leva mais recente de ajuda dos EUA no valor de US$ 33 bilhões.

Roberto Godoy -  O Estado de S. Paulo


quinta-feira, 3 de março de 2022

QUAL O LIMITE PARA PUTIN? - Guilherme Baumhardt

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos

Semanas atrás, na véspera da visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, um recuo das tropas comandadas por Vladimir Putin foi comemorado como um sinal de que o iminente conflito com a Ucrânia poderia não ocorrer. O quadro remete ao que muitas vezes ocorre com o paciente internado por longo período em um hospital: uma leve melhora antes do óbito. No caso das tropas russas, o que houve foi um embuste. A decisão de Moscou de atacar Kiev já estava tomada. Era apenas questão de tempo. Prova disso é a velocidade com que avançam sobre o território ucraniano.


Bombas, mísseis e mortes ocorrem todos os dias – a população de Israel que o diga, volta e meia atacada pelo grupo terrorista Hamas. O que estamos assistindo neste momento, porém, é bem diferente. Trata-se de uma potência nuclear avançando sobre o segundo país em área territorial do Velho Continente. Não é pouca coisa.

A ruína da antiga União Soviética trouxe cicatrizes. Países foram desmantelados (Tchecoslováquia e Iugoslávia, para ficarmos em apenas dois dos mais expressivos exemplos) e deram origem a outras nações. E embora tenham sido processos traumáticos e construídos muitas vezes à base de protestos, sangue e mortes, eram conflitos essencialmente internos.

Sem saber ainda qual o apetite de Vladimir Putin e qual a dimensão que terá o impacto nas relações políticas e econômicas, ficam algumas lições do que ocorre neste momento.

A primeira e, talvez, mais básica é: não existe vácuo de poder. Quando alguém abre mão da liderança, o que surge não é o vazio, mas sim uma substituição natural.   
Donald Trump estava longe de ser o mais polido dos presidentes norte-americanos. Mas se faltava educação e finesse, sobrava habilidade nas negociações. 
Joe Biden oscila. A ameaça de retaliar a Rússia com embargos econômicos tem alcance limitado e ele sabe disso. O mundo esperava uma reação mais enérgica. Ela não veio.

A segunda lição serve de alerta: a agenda ambiental que demoniza combustíveis fósseis pode ser, aos olhos das novas gerações, limpa e cheirosa. Mas traz riscos, especialmente do ponto de vista de segurança, tanto de fornecimento quanto de estabilidade política. A pergunta mais óbvia é: enfiar goela abaixo, a fórceps, o uso de energias alternativas interessa a quem?

Nações têm interesses e estão de olho em mercados. A relação entre parceiros pode gerar benefícios, mas quando ela se traduz em dependência pode significar, também, riscos. A Europa que estimulou (inclusive com a adoção de prazos legais) a propagação dos carros elétricos estava interessada em depender menos do petróleo que ela pouco produz (exceção feita aos nórdicos). Até aí, sem problemas. Mas a mesma Europa que queria reduzir esta dependência é hoje praticamente refém do gás russo, especialmente a Alemanha, que decidiu precipitada e erroneamente desligar usinas nucleares após o terremoto e posterior tsunami que atingiu a usina de Fukushima.

Em meio à onda desarmamentista que avança sobre o mundo, uma importante lembrança: na metade da década de 1990, um acordo selou o destino do poderio nuclear da Ucrânia, o terceiro mais importante do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Rússia. As ogivas foram devolvidas aos russos sob a promessa de que o ocidente garantiria a segurança dos ucranianos. Pergunto: se a Ucrânia ainda tivesse este arsenal sob seus domínios, Putin se arriscaria a fazer o que fez? Pouco provável.

O fato é que Joe Biden parece perdido.[parece? o dorminhoco americano já estava perdido quando o candidataram.]  Não é a primeira vez que isso ocorre com um presidente dos Estados Unidos. Na década de 1960, John Kennedy passou por situação semelhante. Após vencer Richard Nixon nas eleições, o jovem presidente democrata entrou em uma ciranda de desgaste da gestão. A aprovação a ele e ao governo caía. Assim como ocorre agora, a antiga União Soviética viu na fraqueza de Kennedy uma oportunidade de expandir seus domínios e ampliar seu poder bélico.

O resto é história. A chamada "Crise dos Mísseis" tirou o sono de boa parte do planeta ao longo de quase duas semanas. Habilidoso, Kennedy viu ali uma oportunidade. O jovem peitou Nikita Khrushchev, impediu a instalação do arsenal soviético em solo cubano e aproveitou para recuperar o terreno perdido. Kennedy ressurgiu como liderança no seu país e, também, no ocidente. O mundo hoje olha para Joe Biden e não nutre grandes esperanças de que algo semelhante possa ocorrer. Se nada for feito, a resposta para o título da coluna será: não há limite. Infelizmente.

*Publicado originalmente no Correio do Povo de 25/02/2022

terça-feira, 1 de março de 2022

Putin recorre à ameaça nuclear porque vai mal, e não porque vai bem - Mundialista - VEJA

 Vilma Gryzinski

Ele é cínico ou fanático? Fatos apontam para a primeira opção, o que traz algum alívio para o mundo num momento de tanta tensão que faz pensar no impensável

Exibicionismo: míssil que pode transportar ogiva nuclear desfila na Praça Vermelha, como prova de força - Mikhail Svetlov/Getty Images  

Não vai haver guerra nuclear. Por incrível que pareça, é preciso dizer isso diante do estado de ansiedade que Vladimir Putin provocou com insinuações de uso de armas nucleares.

Só de colocar a carta nuclear na mesa, Putin já está criando uma situação sem precedentes. Nem nos piores momentos da Guerra Fria líderes soviéticos usaram do mais extremo recurso retórico. Putin e seus asseclas estão falando grosso porque a invasão da Ucrânia e as sanções mais fortes do que o previsto colocam o regime russo em situação ruim.

O caso da Suíça, com seu histórico de neutralidade até durante a II Guerra mundial, já virou um exemplo da repulsa que a invasão de um país inocente está provocando ao aderir às sanções decretadas pela União Europeia. Da Shell à Fifa, os boicotes se multiplicam, atingindo interesses que pareciam inamovíveis.

Putin insinuou um estado de tensão pré-nuclear no domingo, dizendo que os responsáveis pelo arsenal nuclear russo haviam sido colocados em “prontidão especial de combate”. Com o puro ato de vocalizar estas palavras, ele exigiu que os Estados Unidos também subam o nível de alerta – o que foi desmentido pela Casa Branca, com o objetivo específico de não alimentar as tensões.

Ontem, o porta-voz Dmitri Peskov disse, sem citar nomes, que a escalada era culpa da secretária das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss. A ministra quer ser vista como uma nova Margaret Thatcher, mas não falou nada de excepcional. Disse que se o expansionismo de Putin não for tolhido na Ucrânia, “vamos ver outros sendo ameaçados – Bálticos, Polônia, Moldova, e isso pode terminar num conflito com a Otan”.

É tudo verdade, embora a linguagem seja pouco diplomática, uma exceção compreensível diante de circunstâncias extremas como uma guerra anexacionista. Explorar declarações de líderes estrangeiros para escalar o tom de confronto entre países ocidentais e Rússia é uma das provas de cinismo em que Putin é mestre. O perigo verdadeiro seria ele ter se fanatizado ao longo de 22 anos no poder, a ponto de imaginar uma situação em que a Rússia, atacada, reagiria com as “armas do fim do mundo”, a tríade de ogivas nucleares em mísseis, aviões e submarinos. Ou até tomaria a iniciativa – a essa altura, todas as especulações são possíveis. 

O discurso inacreditavelmente belicoso de Putin – é a segunda vez em uma semana em que ele evoca o uso potencial de armas nucleares – contradiz os princípios do “equilíbrio do terror”,  a admissão recíproca das duas superpotências da Guerra Fria de que a destruição mútua garantida (MAD, em inglês) seria o resultado inevitável de um conflito nuclear. Mesmo que uma das partes atacasse primeiro, a outra disporia de formas de reagir, levando a hecatombe nuclear ao adversário. Diversos tratados de controle dessas armas estabeleceram tetos para seu número, mas mantiveram a múltipla capacidade de destruição do planeta.

A Rússia ficou com todo o arsenal soviético depois do fim da URSS – inclusive os mísseis que eram baseados na Ucrânia antes que ela se tornasse um país independente. Herdou também a tradição de desfilar mísseis com capacidade nuclear na Praça Vermelha – uma exibição de força que os Estados Unidos nunca fizeram.

Hoje, são 6 200 ogivas nucleares, das quais 1 456 em vetores estratégicos, ou seja, com capacidade de atingir os Estados Unidos, que tem  5 600 dessas armas de destruição em massa.

Existe uma espécie de consenso entre especialistas de que Putin está falando em arsenal nuclear como uma medida preventiva: quer garantir que não haverá nenhuma intervenção militar estrangeira na Ucrânia, um princípio declarado especificamente por Joe Biden, apesar da grande quantidade de material bélico que está sendo enviada para a Ucrânia.

Mas o que aconteceria se a guerra entrasse numa escala muito maior, com grande número de civis mortos, o presidente Volodimir Zelenski – a esta altura, um herói global [a classificação nos dá a certeza que o mundo anda carente de heróis!!! notório que o presidente ucraniano arrumou uma guerra que esperava fosse realizada por outros... e ferrou o povo ucraniano...]fuzilado e outras atrocidades, como o uso armas de grande capacidade de destruição, mesmo convencionais?

É importante notar que, até agora, as tropas invasoras estão tendo um comportamento contido, sem recorrer à tática de terra arrasada e bombardeios indiscriminados, muito provavelmente para passar uma imagem menos maligna.  Tudo isso pode mudar com uma única ordem de Putin, se vislumbrar algum sinal de que o exército russo está sendo desmoralizado. “Eu hoje estou mais preocupado do que há uma semana”, resumiu para o Vox o diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos, Hans Kristensen.

“Nada na doutrina nuclear da Rússia justifica isso”, acrescentou, falando sobre o estado de alerta das forças nucleares. Ben Wallace, oficial da reserva que hoje é secretário da Defesa do Reino Unido, disse como explicou a seu filho de doze anos que “não vai haver guerra nuclear”.“O presidente Putin que distrair atenções do que está dando errado na Ucrânia e quer lembrar a todos nós que tem um poder nuclear dissuasivo”.

Há uma semana, ninguém estava tendo que explicar isso para os filhos.

[o conflito Rússia x Ucrânia está ocorrendo da forma padrão em qualquer conflito; todos sabem que não vai haver guerra nuclear - Putin não pretende usar armas atômicas, nem a Otan (Estados Unidos e companhia). Ousamos afirmar com segurança que NÃO HAVERÁ GUERRA NUCLEAR pela mais simples das razões = minutos após iniciada, não haverá mais mundo = até os silos nucleares serão destruídos - são resistentes, mas os locais onde estão serão destruídos. Destruição que inclui o planeta Terra e tudo sobre ele.
Crimes que Putin cometeu: (segundo a mídia militante) = ter recebido o presidente Bolsonaro - recepção de um estadista a um igual - e os dois terem bom relacionamento. ]

Vilma Gryzinski - Blog Mundialista - VEJA 

 

terça-feira, 12 de outubro de 2021

A China está pronta para invadir Taiwan?

China estará pronta para invadir Taiwan em 2025, diz ministro da Defesa da ilha

Chiu Kuo-cheng classificou tensões militares como 'as mais sérias' em 40 anos; China enviou 150 aviões de guerra ao espaço aéreo de Taiwan

A China será capaz de montar uma invasão “em grande escala” de Taiwan até 2025, disse o ministro da defesa da ilha nesta quarta-feira (06). A declaração acontece dias após um número recorde de aviões de guerra chineses sobrevoarem a zona de defesa aérea de Taiwan. “No que diz respeito a encenar um ataque a Taiwan, eles atualmente têm a capacidade. Mas [a China] tem que pagar o preço”, disse Chiu Kuo-cheng, o ministro da Defesa, a jornalistas taiwaneses nesta quarta.

No entanto, ele disse que até 2025, este “preço” a ser pago será menor – e, com isso, a China será capaz de montar uma invasão “em grande escala”. Os comentários de Chiu foram feitos depois que a China enviou 150 aviões de guerra, incluindo caças e bombardeiros com capacidade nuclear, para a Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ), de Taiwan, a partir de 1º de outubro.

Em uma reunião do parlamento, Chiu descreveu as tensões militares através do Estreito como “as mais sérias” em mais de 40 anos desde que ele entrou para o exército, informou a Agência Central de Notícias (CNA) de Taiwan. Na reunião, os militares de Taiwan apresentaram um relatório aos legisladores dizendo que as capacidades anti-intervenção e bloqueio da China em torno do Estreito de Taiwan se tornarão maduras em 2025, de acordo com a CNA. Os legisladores também revisaram um orçamento especial de defesa de US$ 8,6 bilhões para armas, incluindo mísseis e navios de guerra.

Falando a jornalistas após a reunião, Chiu observou que Taiwan não fez qualquer movimento para provocar um ataque em resposta às incursões aéreas chinesas. “Faremos os preparativos militarmente”, disse ele. “Acho que nosso exército é assim, se precisarmos lutar, estaremos na linha de frente.”

Taiwan e a China continental são governadas separadamente desde o fim de uma guerra civil, há mais de sete décadas, na qual os nacionalistas derrotados fugiram para Taipei, capital de Taiwan. No entanto, Pequim vê Taiwan como uma parte inseparável de seu território, embora o Partido Comunista Chinês nunca tenha governado a ilha de cerca de 24 milhões de habitantes. Pequim se recusou a descartar o uso de força militar para capturar Taiwan, se necessário, e culpa o que chama de “conluio” entre Taiwan e os Estados Unidos pelo aumento das tensões.

“Os EUA têm feito movimentos negativos com a venda de armas para Taiwan e fortalecimento dos laços oficiais e militares com Taiwan, incluindo o lançamento de um plano de venda de armas de US$ 750 milhões para Taiwan, o pouso de aeronaves militares dos EUA em Taiwan e a navegação frequente de navios de guerra dos EUA em todo o o Estreito de Taiwan”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, nesta segunda-feira (4).

O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou nesta quarta que o diplomata chinês Yang Jiechi e o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, se reunirão em Zurique para “trocar opiniões sobre as relações China-EUA e questões relevantes”.

O ministério não informou a data da reunião. A CCTV, TV estatal da China, disse que a delegação chinesa chegou a Zurique nesta terça-feira (5).

A redação da CNN, em Pequim, contribuiu para esta reportagem.

(Este texto é uma tradução. Para ler o original, em inglês, clique aqui)

Internacional  - CNN Brasil


terça-feira, 3 de novembro de 2020

Não é normal ter de proteger a Casa Branca com cercas em um dia de eleição - Dorrit Harazim

O Globo

Trump subverteu a ideia de América com o desmonte de instituições

É normal ver milhares de cidadãos americanos empenhados, a cada ano, em proteger suas propriedades contra a fúria sazonal de ciclones, furacões e cataclismas da natureza. Diques, barreiras e tapumes são erguidos com dexteridade já automática para prevenir o pior.
[Não surpreende que a judicialização excessiva - derrotados de ontem tentam ganhar na Justiça os votos que não receberam e a mania de protestos, protestar por tudo, incluindo o protesto por direitos que não possuem - e o mais perigoso: protestos contra autoridades de segurança (a polícia e demais autoridades precisam ser respeitadas e apoiadas quando são forçadas a usar a força necessária.)
Essa conduta desordeira, buscando estabelecer o CAOS e a DESORDEM, cria um clima de INSEGURANÇA no país, impondo pronta adoção de medidas de  segurança que podem parecer excessivas, mas são adequadas e necessárias.]
Casa Branca protegida por grades cobertos por cartazes de protesto, nas vésperas das eleições Foto: ERIN SCOTT / REUTERS
Casa Branca protegida por grades cobertos por cartazes de protesto, nas vésperas das eleições Foto: ERIN SCOTT / REUTERS

Também é normal que a Casa Branca seja uma fortaleza com mísseis capazes de derrubar todo avião mal intencionado, como os dos atentados terroristas do 11 de Setembro, em 2001.Talvez fosse até compreensível ter decretado lockdown por alguns dias depois que a Covid-19 fez da sede do governo dos EUA um mini epicentro de contágio.

Contexto: Atrás nas pesquisas, Trump aposta fichas em supressão do voto e batelada de processo


Decisão a favor do voto
Mas, definitivamente, não é normal “proteger” a Casa Branca e seu entorno com uma “cerca não escalável” contra a eleição, nem erguer barricadas interiores ou de rua em preparação a uma data que costuma(va) ser apenas de altíssima tensão comunal — o da escolha do presidente da República. Em qualquer eleição, há quem vota saltitante, outros vestem roupa de domingo; há quem vota com raiva e rancor acumulados; há quem vota com medo de que se saiba em quem votou. É assim no mundo inteiro. Mas, neste 3 de novembro, a intencional desvalorização do voto desceu ao patamar mais aviltado dos 240 anos de História do país: por pouco não se chegou ao extremo de jogar no lixo, literalmente e de público, milhares de votos já legalmente depositados.

O caso era escabroso: 127 mil votos do condado de texano de Harris depositados em urnas drive-through instituídas para atender eleitores deficientes, doentes ou receosos de se contaminar em tempos de pandemia, seriam descartados se uma ação movida por republicanos tivesse tido êxito. A alegação era de que nem “medo genérico nem ausência de imunidade para a Covid” constavam do Código Eleitoral para poder votar sem sair do carro. [por essa decisão se percebe que um poder judiciário dominado por furor legiferante não é exclusivo do Brasil. Não está na lei, mas a Justiça diz que está, passando a valer o que não existe - o texto legal é ignorado, impunemente. 
Até nos EUA o Congresso Nacional se omite diante de uma decisão do Poder Judiciário = o certo seria o Congresso no dia seguinte ao da decisão que leu um 'fantasma' no texto legal, republicasse a lei com a redação real, concreta. Mas...] 

(.......)

Garrett M. Graff, jornalista e historiador da corrida nuclear entre Washington e a União Soviética, escreveu interessante ensaio na “Wired” sobre Donald Trump ter se dedicado a destruir o que os EUA têm de mais enraizado. Ao longo da Guerra Fria, os sucessivos governos americanos produziram planos e mais planos secretos para garantir a continuidade do governo em caso de ataque nuclear. Sempre esbarravam numa questão central: o que preservar de mais crucial para a continuidade da liderança do país e da vida nacional?

Mobilização pelos ícones
Graff descobriu que, para os planejadores da época, “a América” era, antes de tudo, uma ideia. “O presidente poderia morrer, o Congresso poderia se perder, nossos templos da democracia em Washington poderiam ruir, mas enquanto permanecer a ideia de que a América vive, ela continuará viva”, escreveu. 

Especial: Esta eleição americana é a mais importante em décadas? Colunistas e especialistas respondem

O Globo, MATÉRIA COMPLETA



domingo, 11 de novembro de 2018

O mundo de Bolsonaro

“Os efeitos das tarifas impostas por Trump às importações chinesas, assim como das restrições de acesso a tecnologias americanas, já desaceleram o comércio mundial, o que não é bom para o Brasil”


Na montagem de sua equipe, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, já deu pistas de como a banda vai tocar no seu governo em relação a alguns temas da agenda nacional. Por exemplo, ninguém pode dizer que se enganou em relação ao futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, cuja pasta combaterá o crime organizado e a corrupção. A mesma coisa pode-se dizer quanto ao superministro da Fazenda, Paulo Guedes, que o mercado conhece muito bem. Idem para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), indicada pelo agronegócio de exportação. O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também não engana ninguém: seu estilo e modo de operar no Congresso são conhecidos.

O que permanece uma incógnita é a relação do futuro governo com a política mundial. Os sinais de Bolsonaro eram no sentido de um alinhamento automático com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Deu várias declarações nessa direção, seja em relação aos acordos multilaterais, como o Mercosul e o de Paris, seja em questões mais específicas, como as relações comerciais com a China e a intenção de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Ocorre que essas declarações tiveram repercussão muito negativa, e as eleições norte-americanas de 6 de novembro mostraram que o vento mudou em relação a Trump. Com os democratas conquistando a maioria na Câmara, nada será como antes.

Nos bastidores da transição, com o roque do Ministério da Defesa para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), as quatro estrelas do general Augusto Heleno passaram a brilhar mais do que todas as outras, inclusive as do vice-presidente, general Hamilton Mourão, que é mais “moderno”. Essa mudança tem impacto no posicionamento estratégico de governo sobre vários temas, um deles é a política externa. Desde a Guerra das Malvinas, quando os EUA deram apoio logístico aos ingleses e, inclusive, inviabilizaram a utilização de seus mísseis pelos argentinos, a velha Doutrina Monroe caducou.

Vigorava desde 2 de dezembro de 1823, quando o presidente James Monroe, no Congresso norte-americano, disse que o continente não deveria aceitar nenhuma intromissão europeia: “América para os americanos”, proclamou. De uma só vez, os EUA rechaçaram a criação de novas colônias no continente, a interferência de nações europeias em questões internas e a neutralidade norte-americana em conflitos envolvendo países europeus. Esses princípios funcionaram contra a Espanha e a antiga União Soviética, mas não contra o principal aliado dos EUA no Atlântico, a Inglaterra. A guerra das Malvinas aprofundou o chamado “pragmatismo responsável” dos chanceleres Azeredo da Silveira e Saraiva Guerreiro. Durante os governos Geisel e Figueiredo, respectivamente, o Brasil abandonou o alinhamento automático aos Estados Unidos.

Guerra comercial
Nessa época, o redirecionamento da política externa para as relações Norte-Sul mirava principalmente a África e os países árabes; o eixo do comércio mundial não havia se deslocado do Atlântico para o Pacífico, como acontece agora. Mas, com essa mudança, a China acabou se transformando no principal parceiro comercial do Brasil, desbancando os Estados Unidos. Ocorre que nossa infraestrutura de comércio exterior e logística está voltada para o Atlântico, não temos escala de investimentos para redirecioná-la ao Pacífico com a eficiência e a rapidez necessárias. Quem paga o preço é a nossa indústria.


É nesse contexto que o jovem chefe do Departamento de Estados Unidos, Canadá e OEA do Itamaraty, o ministro de primeira classe Ernesto Henrique Fraga Araújo, encantou Bolsonaro com um artigo “presbítero” publicado na revista do Itamaraty, intitulado “Trump e o Ocidente”. No texto, afirma que o presidente norte-americano está salvando a civilização cristã ocidental do islamismo radical e do “marxismo cultural globalista”, ao defender a identidade nacional, os valores familiares e a fé cristã. Música para os ouvidos de Bolsonaro.

Entretanto, o cargo de ministro das Relações Exteriores exige muito mais do que uma visão religiosa de mundo. Outros nomes já foram sugeridos a Bolsonaro, entre os quais o atual embaixador no Canadá, Paulo Bretas, e os ex-embaixadores em Washington Roberto Abdenur, Sergio Amaral e Rubens Barbosa. A escolha de um deles definirá os rumos da política externa de Bolsonaro, num momento em que o Brasil, como outros emergentes, pode virar marisco na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Os efeitos das tarifas impostas por Trump às importações chinesas, assim como das restrições de acesso a tecnologias americanas, já desaceleram o comércio mundial, o que não é bom para o Brasil, a não ser que os Estados Unidos voltem a reduzir a sua taxa de juros, o que enfraqueceria o dólar e beneficiaria os emergentes. Mas aí já é adivinhação.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB