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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Policial defende intervenção e ataca Pezão: ‘Tinha que sair’



'Ser policial no Rio é carregar uma certidão de óbito'


O rottweiler Enzo substitui, bem ao seu jeito feroz e espalhafatoso, a campainha da casa de três cômodos no endereço raramente divulgado. E, pronto, lá vem vindo a cabo Flavia Louzada, uma ex-fisiculturista de 37 anos, única mulher a participar da ocupação do Alemão em 2010. Protegem também a moça duas esculturas de exus guardiões da porteira, logo na entrada.
                Policial Militar Flávia Louzada - Ana Branco


No quarto, o papagaio Louro, esganiçado, quebra o clima: “Tudo bem?” Para sua dona, nada bem. Não está sendo fácil pagar as parcelas do empréstimo bancário de R$ 25 mil, o salário é curto, os amigos vêm sendo assassinados com frequência, e, para piorar, já são dois meses de licença por causa da pressão alta. Até o prazo de validade de dois anos das sobrancelhas tatuadas vai chegando ao fim — e, por falar nisso, é hora de trocar também os esmaltes azul e rosa que se revezam descascados nos dedos das mãos e dos pés.


Mas segue intacta nas costas a maior das marcas de Flavia: a gigantesca tatoo do brasão da PM, feita por amor à instituição agora falida e à sombra da intervenção federal. Na concepção da cabo Louzada, do 16º BPM, em Olaria, o Exército caiu do céu, tão essencial à segurança quanto seu rottweiler feroz.


A seguir, a entrevista concedida à repórter Marluci Martins.

Por que escolheu ser policial?
Minha mãe era professora de uma escola no Irajá. Um dia, um aluno chegou sob efeito de drogas e com uma pistola. Ela pediu que ele fosse pra casa. Quando minha mãe saiu do colégio, esse rapaz, na garupa de uma moto, disparou três tiros. Um deles pegou na garganta. Ela morreu, eu tinha 11 anos. Quero ser a policial que salva uma mãe, um irmão. Sempre me perguntam quantas pessoas eu matei. Ninguém pergunta quantas eu salvei.

Quantas pessoas você salvou? Quantas matou?
Salvei muitas. Principalmente, crianças em comunidades, onde as pessoas já estão acostumadas com tiroteio. Se ouvem um tiro, correm pra janela ou pra rua, pra ver o que está acontecendo. Também não sei quantas matei.

Qual é o seu sonho na polícia?
É o Bope, mas eles não querem mulher.

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Suspeita de bomba - Polícia isola área próxima à Esplanada dos Ministérios

PMDF é acionada por suspeita de bomba no Museu Nacional

De acordo com a corporação, há 10 cilindros interligados em fios de cor vermelho, azul e preto. Policiais vão utilizar um robô para analisar o material

Equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Distrito Federal se mobilizam, na manhã desta quinta-feira (25/1), até o Museu Nacional após a suspeita de bombas pela região. A imagem divulgada pela PM mostra 10 cilindros interligados em fios de cor vermelho, azul e preto na parede do local.

Material suspeito está entre o Museu e a Biblioteca Nacional

De acordo com informações preliminares da corporação, as possíveis bombas estão entre o museu e a Biblioteca Nacional, atrás da Zona Cívico-Administrativa de Brasília. O Esquadrão de Bomba da PM se desloca para analisar o material deixado na região. Caso seja comprovada a presença de bombas, a área será isolada para desativação do material. [devido o local em que foi colocado e a aparente pequena potência do material - caso seja explosivo - trata-se de uma brincadeira estúpida, querendo  maximizar a condenação em segunda instância, ocorrida ontem, de um conhecido criminoso.]
]

Outras suspeitas
Em novembro do ano passado, o Bope, em conjunto com militares do Corpo de Bombeirosatuaram em uma operação contra a mesma suspeita. Na ocasião, uma mochila havia sido abandonada no Museu. Apesar do susto, o caso foi alarme falso. 

À época, os militares analisaram o conteúdo da mochila, mas só foi encontrado pertences pessoais. Durante a ação, a área precisou ser interditada. Entretanto, pouco tempo depois, a passagem de servidores e visitantes foi liberada. Segundo a Polícia Militar, em casos semelhantes a esse, os policiais utilizam um robô que segue até o objeto suspeito. O aparelho carrega um raio-x para fazer as primeiras análises. 

Correio Braziliense

 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Brasil se abre a empresas estrangeiras fabricantes de armas



Empresa austríaca de pistolas semiautomáticas conquista espaço no mercado brasileiro de armas a partir de contratos firmados sem licitação com corporações policiais. Compradores dizem que produto é exclusivo

Uma série de contratos firmados sem licitação por órgãos de segurança pública com a austríaca Glock destinam uma fatia significativa dos recursos do mercado nacional de armas para a empresa. Desde que vendeu o primeiro lote de pistolas semiautomáticas para uma instituição brasileira, em 2005, a multinacional tem avançado no comércio interno e nos últimos três anos fechou negócios que chegam ao patamar de R$ 21 milhões.


Levantamento realizado pelo Correio, com base em publicações do Diário Oficial, aponta que desde a primeira transação entre a companhia e o setor público os recursos envolvidos ultrapassam os R$ 31 milhões. Os dados revelam a abertura do Brasil para a indústria internacional de armas e a quebra de um monopólio que durou 90 anos para os fabricantes nacionais. A briga pelo mercado pode aumentar o lobby para mudanças e até eventual queda no Estatuto do Desarmamento, a partir da pressão da indústria.

Os números que movimentam esse mercado milionário seguem desconhecidos, já que desde a fusão da Taurus com a Companhia Brasileira de Armas (CBC), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deixou de divulgar o montante referente ao setor. O último dado levantado pelo IBGE é de 2014. De acordo com dados do órgão, entre 2012 e 2014, a produção e comercialização de armas de fogo movimentaram cerca de R$ 350 milhões por ano.

Os contratos realizados pela Glock se aproximam de 10% deste valor. Somente para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), como o Correio revelou em reportagem de 17 de dezembro, a Glock firmou contrato de R$ 18 milhões para a venda de 10 mil pistolas calibre 9x9mm para serem usadas pelos agentes da corporação.

 O primeiro contrato da companhia austríaca com uma instituição brasileira foi com a Polícia Federal, em 2005, para a aquisição de 5 mil armas, sendo 4 mil pistolas do modelo G-17. Na época, a empresa recebeu o montante de R$ R$ 5,1 milhões. Neste mesmo ano, a Glock apresentou ao Exército Brasileiro um pedido para implantar uma fábrica em território nacional. O contrato e o interesse no mercado interno coincidiram com o momento em que os brasileiros iam às urnas para decidir sobre o comércio de armas de fogo. Ao longo dos anos a empresa foi escolhida para fornecer armamento para instituições de diversos estados.


Em 2017, de acordo com publicações oficiais, a Glock vendeu quatro lotes de armas para órgãos públicos. A maior compra foi realizada pela Polícia Militar do Paraná, que adquiriu 850 pistolas por R$ 1.383.219,34. A PM do Distrito Federal fez a compra de 250 pistolas por R$ 410 mil. No Rio de Janeiro, em 2015, a Polícia Militar pagou R$ 715 mil por pistolas que foram distribuídas para agentes que fazem o patrulhamento urbano e combate ao crime organizado. A corporação não informou a quantidade de equipamentos comprados. O Ministério Público do DF comprou 30 pistolas da Glock, no valor de R$ 46 mil. 

O avanço das empresas estrangeiras no mercado nacional ficou mais evidente com a edição da legislação que trata do setor de armas. Uma mudança na portaria R-105, do Exército Brasileiro, que está sendo avaliada pela Casa Civil permitirá a importação de revólveres, espingardas e pistolas para órgãos de segurança pública. A mudança que colocou em prática a abertura de mercado para companhias do exterior veio por meio da Portaria 841, de 4 de setembro de 2017, em que o governo autorizou a Ruag Indústria e Comércio de Munições Ltda, da Suíça, a atuar no território nacional.

Essa mudança representou o fim do monopólio da CBC, que durou 90 anos por conta da proibição de exportar produtos do exterior quando existe oferta na indústria nacional. O que pesou nesta alteração da lei foram as falhas identificadas nas pistolas 24/7 da Taurus, que, de acordo com o Ministério Público, disparavam sozinhas e apresentaram defeitos de fabricação.  Com a entrada de gigantes estrangeiras do setor de armas, o lobby para mudanças e até a queda em leis que restringem o comércio de armas podem aumentar. De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a entrada de armas em circulação vem crescendo no país. Em 2004, cerca de 5 mil armas entraram em circulação por meio do porte concedido para cidadãos. Em 2014 esse número se aproximou de 50 mil, apresentando um crescimento de 1000%.

A compra de armas pelos órgãos de segurança pública é autorizada pela Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército (DFPC). Na falta de uma agência reguladora, a diretoria funciona para monitorar e definir regras para aquisição de armas. A DFPC também é responsável por autorizar a importação de qualquer tipo de armamento por parte de instituições nacionais. À reportagem, a DFPC informou que “não possui nenhuma responsabilidade no processo administrativo de compra das armas, somente na permissão para a aquisição”.  Em novembro do ano passado, um acordo entre deputados permitiu a votação de projetos de lei voltados para a segurança pública. Entre as intenções estava a de votar a revogação do Estatuto do Desarmamento. No Senado Federal tramita o projeto 175/2017, que prevê a realização do plebiscito no mesmo dia das eleições de 2018 com a finalidade de propor a queda da lei que restringe o porte de armas.


Outro lado
Consultadas pela reportagem, as instituições citadas alegaram que “a compra de armas da Glock ocorre por conta da ausência de produto similar na indústria nacional”. As PMs do DF e do Rio de Janeiro responderam que as armas da Glock são padronizadas para o Bope. A arma adquirida “trata-se de um equipamento diferenciado, de qualidade e operacionalidade reconhecida internacionalmente e utilizado por diversas forças especiais e policiais no mundo, inclusive a SWAT, nos EUA”. A Polícia Rodoviária informou que “o processo de compra seguiu as formalidade legais exigidas, estando o processo de compra de acordo com a legislação vigente”.


O MP do DF afirma que a inexigibilidade de licitação ocorreu por conta da inviabilidade de competição, prevista no artigo 25 da Lei nº 8.666, “uma vez que a pistola é o único produto a possuir um sistema de segurança, conhecido por Sistema de Ação Segura”. Segundo a nota, “isto é atestado por meio de laudos e pelo Instituto Nacional de Criminalística, que destacaram que o sistema é exclusivo das pistolas Glock e objeto de patentes”. O MP disse que a empresa apresentou preço “muito abaixo do praticado no mercado para este mesmo modelo”, além do baixo custo de manutenção, o que “significa economia de recursos no longo prazo”.

Correio Braziliense


sábado, 30 de setembro de 2017

Rio, uma cidade acuada - Conheça o penoso cotidiano de quem vive uma guerra urbana

Vítima da letal combinação entre falência do Estado e crescente domínio do tráfico, a Cidade Maravilhosa se torna refém da violência e do medo que se espalha por todas as classes sociais. Como esse inferno foi criado e o que pode ser feito para resgatar a paz

A rotina da sociedade carioca mudou completamente nas últimas semanas. Tanques de guerra e homens vestidos para a batalha se impõem ostensivamente, alterando as paisagens da segunda maior cidade brasileira e cartão postal do País. Soldados com máscaras de caveira anunciam o horror do confronto com traficantes. Marcas de bala em muros de residências antes seguras são um termômetro da frequência dos tiroteios. 
 CONTROLE Forças Armadas entram na Rocinha para tentar conter a guerra entre traficantes. Na última década, o governo recorreu a essa solução 12 vezes (Crédito: Leo Correa)

 Estabelecimentos fechados interrompem o fluxo do comércio e até a tradicional boemia associada ao estilo de vida dos cariocas tem hora para acabar, com bares e restaurantes tradicionais de bairros como a Lapa fechados ao escurecer para segurança da clientela.

Crianças impedidas de ir às aulas veem seu futuro comprometido. Refém do crime, do medo e da inércia do poder público, a cidade agoniza em um triste retrato da supremacia da violência. Das 1.025 comunidades da capital, 843 estão sob domínio de traficantes ou de milicianos. Só nos três primeiros meses deste ano, houve 1.867 vítimas de homicídios, roubos, agressões e operações policiais. Nas últimas semanas, com a disputa pelo controle do tráfico na Rocinha, a tensão extrapolou os limites do morro e atingiu todas as camadas da sociedade. Sinais de que se trata de uma guerra se alastram pela cidade que hoje, antes de fazer jus ao título de maravilhosa, se apresenta ao mundo como devastada.

As consequências desse poderio se mostram das formas mais perversas no dia a dia. O crime passou a controlar a circulação de carros e ônibus nas comunidades. Na quarta-feira 27, embora sete das nove escolas da Rocinha tivessem voltado funcionar, poucos alunos foram às aulas. Uma massagista foi demitida do emprego em uma clínica de Ipanema por ter faltado. “O patrão não está nem aí se eu tinha com quem deixar minha filha pequena ou não”, disse, chorando.


Muitos coletivos não conseguiram transitar nas ruas tomadas pelo Exército, impedindo que moradores pudessem sair para trabalhar. Um motorista de Uber que não quis se identificar disse à ISTOÉ que vigilantes armados identificam a luz do celular acoplado ao painel do carro e o interceptam. “Mesmo com filtro nos vidros, eles mandam o carro parar exigindo pagamento. Estão sempre com uma arma na cintura”, afirma ele, que já teve de pagar R$ 50 para buscar uma passageira na zona norte. Segundo registros em delegacias, cinco motoristas são vítimas de extorsão por dia.

Em meio às intensas trocas de tiros, instituições de ensino próximas às comunidades vêm tomando precauções sem esperar pelas autoridades. A Escola Alemã Corcovado, em Botafogo, no mesmo bairro em que está localizado o Morro Dona Marta, primeiro a receber uma UPP, providenciou uma passagem subterrânea para os alunos caminharem do estacionamento às salas de aulas. Trata-se de uma garagem no subsolo usada para a saída de alunos e funcionários em situações adversas. A escola já chegou a suspender o recreio dos alunos em função dos tiroteios. Medidas como essas não são exageradas quando se toma por base o caso de duas crianças e um bebê atingidos por balas perdidas em julho desse ano. Mesmo fora das regiões de confronto, muitos cariocas deixam de sair à noite por medo, e a vida noturna na cidade sofre um violento baque. 


 MASCARADOS Soldados utilizaram bataclavas com imagens de caveira: política de confronto se sobrepõe aos investimentos em inteligência (Crédito:Fernando Frazão/Agência Brasil)

O restaurante Frontera, no Jardim Botânico, teve redução de 50% no movimento. Na sexta-feira 22, o Braseiro, “point” do Baixo Gávea, no bairro homônimo, vendeu dois barris de chope ao invés dos habituais sete. Outros pontos que outrora ferviam na noite carioca, como a Lapa, no Centro, e a Rua Conde de Bernadotte, no Leblon, agora sobrevivem apenas. Na Lapa, o centenário restaurante Nova Capela passou a fechar as portas mais cedo devido à violência da área. Ninguém do estabelecimento quis dar entrevista. “Com o movimento em baixa e sem segurança, quem pode aguentar?”, questiona o garçom de um bar vizinho, na região mais boêmia do Rio.
 


(...) 

FORÇAS ARMADAS
Ao longo da última década, o governo do estado do Rio recorreu 12 vezes a intervenções das Forças Armadas. “A situação mostra uma crise periódica e permanente. Faz-se uso de um modelo militarizado que não resolve o problema”, diz Ignácio Cano, sociólogo e coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.n
“A preseça dos militares tem um custo muito alto e não representa uma mudança de cenário no longo prazo.” Entre 2014 e 2015, a presença de soldados no Complexo da Maré por 15 meses custou aos cofres públicos R$ 600 milhões e a favela até hoje sofre com os mesmos problemas. Por trás da falência no combate ao crime está também a falta de investimento. Contas do governo estadual revelaram que gastos com “informação e inteligência”, fundamentais para o combate ao crime, foram reduzidos a zero no ano passado, quando a despesa com a segurança pública consumiu R$ 9,1 bilhões. 


EXÉRCITO A atuação das Forças Armadas na Rocinha teve duração de oito dias. Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, a favela está estabilizada (Crédito:Bruno Itan / Parceiro / Agência O Globo)

Do total, R$ 7,68 bilhões foram destinados à administração geral, ou seja, pagamento de salários. “Policiais acreditam que o trabalho se restringe à lógica de confronto e dão pouca importância à inteligência”, diz Silvia. Para ela, com a entrada massiva de fuzis nas favelas, houve uma “bopetização” da polícia, neologismo que se refere à atuação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), famoso pelos métodos violentos. Os policiais que usam máscaras de caveira ao subir o morro são prova.

A predominância de fuzis no arsenal dos traficantes de drogas revela o quanto o comércio de armas avançou no Rio. Em junho desse ano, policiais apreenderam 60 fuzis de guerra no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. “Isso mostra que as armas estão entrando pela porta da frente do País”, afirma Bruno Langeani, gerente de Sistemas de Justiça e Segurança Pública do Instituto Sou da Paz. “O aumento de munições apreendidas de calibre restrito, armas de maior poder de fogo, não tem comparação com nenhum outro estado brasileiro.” Segundo ele, a grande parte dos fuzis é vendida legalmente dos Estados Unidos para países como Bolívia e Paraguai e contrabandeadas para o Brasil. 

 Um dado revelado pelo relatório é que 42% das munições apreendidas em 2014 são de uma fabricante nacional. “Isso expõe as fragilidades no controle das munições brasileiras”, diz. Com uma média de 430 munições apreendidas por dia, é possível imaginar a disponibilidade bélica dos grupos de criminosos. Mais que uma reserva de balas para sustentar intensos tiroteios, eles dão demonstrações de seu poder de fogo disparando rajadas de tiros. Estima-se que cada bala de fuzil chegue a custar R$ 50. Para reverter esse cenário seria necessário aumentar a fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, evitar que armas e munições fiquem por muito tempo nas delegacias e monitorar seus deslocamentos para acabar com canais de desvio. 

(...)

Há um vácuo no poder que agrava a violência em todo o Rio de Janeiro. O diagnóstico da socióloga do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, Julita Lembruger, explica-se pela ausência de declarações e ações efetivas do governador Luiz Fernando Pezão e do prefeito Marcelo Crivella diante do caos que dominou a favela da Rocinha nas últimas semanas. No dia 22, no estopim da crise, enquanto moradores viviam momentos de pânicos com o confronto entre traficantes e homens das Forças Federais, o prefeito demorou quinze horas para se manifestar por meio de nota.

Limitou-se a pedir que as pessoas evitassem áreas onde estivessem ocorrendo ações militares. Na quarta-feira 27, dez dias após o início dos conflitos, aos gritos de “sumido”, o prefeito visitou a Rocinha. O governador Pezão também se pronunciou apenas para dizer que sabia da invasão de traficantes, mas por cautela, desautorizou qualquer ação da polícia. “São afirmações inócuas, sem projetos, sem ideias. As favelas vivem um verdadeiro apagão”, diz Silvia Ramos, cientista social.

 MATÉRIA COMPLETA em Isto É



 

terça-feira, 9 de maio de 2017

Uma barbárie chamada Brasil

Incêndios de ônibus, ataques a índios, chacinas, linchamentos e outros crimes selvagens mostram que as autoridades falharam no desenvolvimento de políticas de segurança pública. E o País, como nação

HOSTILIDADE No Complexo do Alemão (RJ), metralhadora ponto 50 é capaz de perfurar aço blindado e derrubar aviões (Crédito: Guilherme Pinto/Agência O Globo)

Na tarde do domingo 30, 200 homens armados com pistolas e facões atacaram uma aldeia indígena no município de Viana, no interior do Maranhão. Treze índios da etnia Gamela ficaram feridos (cinco deles à bala) e um teve as mãos decepadas. Na terça-feira 2, traficantes queimaram nove ônibus no Rio, espalharam terror pelas ruas da cidade e, como de praxe, deixaram alguns mortos. Também na semana passada, noticiou-se que uma senhora de 78 anos morreu após ser espancada por um enfermeiro em um hospital de São Paulo. Há alguns dias, informou-se que uma criança foi torturada e mantida como escrava pela mãe e o padrasto, também na capital paulista. No Ceará, um ciclista foi atropelado de propósito. Em Santa Catarina, uma torcida de futebol entoou um grito de guerra que fez troça da morte dos jogadores da Chapecoense no acidente de avião. Por mais que não seja possível estabelecer uma conexão direta entre episódios tão distintos, eles têm em comum o fato de escancararem as entranhas de uma nação doente.
58.492 mortes violentas intencionais em um ano
A cada 9 minutos uma pessoa é morta violentamente no país
76,3 bilhões foram gastos com segurança pública
As despesas com segurança pública representam 1,38%  do PIB
Números de guerra 256.124 Mortes violentas na Síria (2011 a 2015) 
279.592 Mortes violentas no Brasil (no mesmo período)

Tragédia social
O Brasil, este País de tantas aflições políticas e econômicas, é agora também palco de uma barbárie sem fim. A violência está em toda parte e de tal forma disseminada que, é impossível negar, estamos indiferentes a ela. As mortes estão aí, no trânsito nosso de cada dia, no assalto no farol, no linchamento de um doente internado em uma UTI qualquer, nos morros, nas chacinas dos pobres, nos presídios (sim, já esquecemos as decapitações no Amazonas). “A sociedade como um todo falhou”, diz Tatiane Moreira Lima, juíza da Vara de Violência Doméstica do Butantã, habituada a arbitrar casos de violência avassaladora.


De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, a cada nove minutos uma pessoa é morta violentamente no País. Isso corresponde a 58.492 assassinatos em apenas um ano – o equivalente à população inteira de uma cidade como Ubatuba, no litoral paulista. Por trás do quadro nefasto, alguns fatores ignorados pelas autoridades revelam por que chegamos a esse ponto. Para especialistas, a cultura do ódio ganhou amplitude nos últimos anos, alimentada pela deterioração das relações humanas e pela raiva sem filtro destilada em muitas páginas da internet. “Estamos passando por um processo de acirramento de conflitos”, diz Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Há um crescimento da intolerância e do ódio que permeia toda a sociedade.”

 
Com esses agravantes, e a falta de credibilidade das instituições, ganha força a tese de fazer justiça com as próprias mãos. Soma-se a isso o despreparo dos órgãos de segurança pública para enfrentar crimes de alta complexidade. Para se ter uma ideia, a taxa de resolução de homicídios no Brasil não ultrapassa os 5%. Basta ver a questão por outro ângulo para entender a gravidade deste número: 95% dos criminosos não são punidos pelas mortes que cometeram. A escalada da criminalidade também se relaciona diretamente com a desigualdade brutal e as condições econômicas desfavoráveis. “O País está empobrecido, as autoridades dão péssimos exemplos de corrupção e, com os altos índices de desemprego, fica difícil frear o ingresso de uma pessoa no crime, que dá retorno financeiro e poder”, afirma Marcello Dornelles, presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC). “Enquanto a segurança não for vista como um fator central, o Brasil não vai estar entre as nações mais desenvolvidas do mundo”, afirma Renato Sérgio de Lima, diretor e presidente do Fórum.

Desde a terça-feira 2, as imagens de guerra na comunidade Cidade Alta, em Cordovil, zona norte do Rio de Janeiro, chocaram o mundo. A batalha entre duas facções rivais que disputavam o controle do tráfico na região assustou moradores, impediu cerca de seis mil crianças de irem às escolas e instaurou uma atmosfera de pânico nos bairros. Na quinta-feira 4, cinco pessoas morreram no Complexo do Alemão em outro confronto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, realizada entre 2006 e 2016, verificou que os piores índices de violência, antes restritos à capital, agora se disseminaram por todo o território fluminense. “Isso tem um grande impacto no planejamento da segurança. Como vamos aplicar os recursos tão escassos?”, diz Maria Isabel Couto, coordenadora do estudo. “Em relação às UPPs, enquanto que, entre os anos de 2008 e 2012, houve uma redução dos índices de violência, no ano passado retornamos aos patamares de homicídios, roubos e assaltos anteriores à iniciativa."

As UPPs são consideradas hoje um exemplo da falta de continuidade e da desatenção das autoridades. [as UPPs se tornaram, por leniência das autoridades, merecedoras da nova denominação: Unidades de Perigo ao Policial".]  “Eram um projeto promissor, mas que não foi pensado a longo prazo”, afirma Samira. Isso porque, segundo ela, as políticas de segurança no País são criadas para sanar problemas pontuais e não estruturais. O objetivo das UPPs era a construção da confiança da comunidade na polícia cidadã. “Tornou-se uma política de enfrentamento violento e sem resultado”, afirma Julia Lemgruber, socióloga da Universidade Cândido Mendes. A coordenadora do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, acredita que não há uma política que incentive a prestação de contas e de cumprimento de metas no âmbito da segurança.

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

FORÇAS ARMADAS nas ruas de NATAL - ação das tropas federais precisa ser didática, exemplar e conclusiva

Temer autoriza envio das Forças Armadas para ruas de Natal

Pedido de reforço ‘imediato’ foi feito pelo governador Robinson Faria

[Temer mostra mais uma vez que só 'funciona' na pressão - as tropas precisam estar preparadas para resolver o problema, sem preocupação com o 'politicamente correto' e ter presente que os bandidos só desistirão de ações de retaliação ao que for efetuado pelas FF AA em Natal, se o preço a pagar for alto.

Excelente é que o uso das tropas federais nas ações de manutenção da ordem é uma excelente oportunidade para um teste das mesmas em situações reais - as atividades da Copa do Mundo e Olimpíadas não serviram de teste, tendo em conta que não havia inimigo real a ser enfrentado; agora sim, existe um inimigo real, perigoso e que não sendo contido no primeiro choque avançará em outras cidades.]

O presidente Michel Temer autorizou o envio de Forças Armadas para reforçar a segurança das ruas de Natal nesta quinta-feira, após pedido do governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD). Ainda não foi definido o contingente que será utilizado, mas boa parte deve vir do Exército, de acordo com o Palácio do Planalto. Desta vez, os militares só ficarão nas ruas, para que a polícia militar do estado possa ir para a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, onde detentos entraram em confronto. Desde quarta-feira, as ruas de Natal passam por uma onda de violência. As empresas recolheram a frota de ônibus nesta quinta-feira, após veículos serem incendiados.

A autorização de Temer ao pedido de reforço "imediato" por Robinson Faria veio no início da tarde desta quinta-feira. Além de fazer o pedido, Faria também revelou pela manhã, em entrevista à rádio “CBN”, que o Batalhão de Operações Oficiais (Bope) irá entrar na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, sem armas letais, para retirar os presos.  — Fiz o pedido para o ministro Alexandre de Moraes para conversar com o presidente Temer. Só ele pode autorizar o envio imediato, para hoje, das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, para ocupar as ruas de Natal. Estão tocando fogo em ônibus, em uma retaliação pelo governo ter decidido separar, dentro do presídio, PCC (Primeiro Comando da Capital) e Sindicato do RN. Então ambos estão retaliando o governo. A situação aqui se tornou muito mais grave do que estava ontem, se agravou a partir de ontem a noite, então precisamos de socorro imediato — destacou o governador.

Pela manhã, o presidente foi a Ribeirão Preto anunciar o pré-custeio da safra 2017/2018, e de lá já havia conversado com o governador do Rio Grande do Norte. Temer comunicou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann.  Na terça-feira, Robinson Faria havia dito que poderia haver um "novo Carandiru" no presídio de Alcaçuz, onde ocorrem os enfrentamentos de facções criminosas rivais, caso a polícia estadual entrasse na carceragem. — Se a polícia entrar dentro do presídio, pode haver novas mortes, confrontos policiais, aí vai ser um novo Carandiru. Temos que evitar isso. Vamos entrar em casos de extrema necessidade — declarou Faria há dois dias. [o governador precisa sem lembrado que quando a Polícia entrou em Carandiru, ocorreram algumas mortes e uma 'faxina' eficaz e depois disso NUNCA MAIS ocorreram rebeliões em Carandiru - que só foi fechado anos depois.
O bandido testa as autoridades, havendo vacilação eles abusam sem piedade.
Mortes podem ocorrer, mas, cada bandido morto será um elemento dissuasório a mostrar aos bandidos quem realmente manda. 
Nas ruas os bandidos enfrentarão - com fins didáticos - as tropas federais e a PM ao invadir Alcaçuz deve ter em conta o ocorrido no Carandiru, onde os motins ocorriam com frequência e após a ação comandada pelo coronel PM Ubiratan se tornou um local pacífico e os presos aprenderam a respeitar as autoridades.]

Fonte: O Globo

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

PM de UPP vai trabalhar em favela de chinelo, bermuda e fuzil

Foto viraliza na internet junto com áudio de policial do Bope reclamando dos trajes do colega

Uma foto de um soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, viralizou na internet nesta quinta-feira. O policial militar, alegando que sua farda havia sido destruída em um incêndio que praticamente acabou com o alojamento da unidade, no final da tarde de ontem, decidiu trabalhar de chinelo, bermuda, fuzil na mão e apenas o colete com a identificação de PM. Por pouco ele não foi confundido com um traficante por policiais do Bope que, durante todo o dia, fizeram operação na favela.


 PM de UPP aparece sem farda, de chinelo e com fuzil na mão (Reprodução)

A foto mostra justamente um policial do Bope conversando com o soldado. Nos grupos de WhatsApp de policiais do Rio, a imagem se espalhou junto com um áudio de um minuto, no qual o agente do Bope reclama da roupa usada pelo colega: “Aí chego na favela tá o camarada da UPP desse jeito. Aí toma um balaço. E aí?!..”, diz.

Na gravação, o policial que seria do Bope diz que ainda orientou o soldado a vestir uma calça jeans e uma camisa, mas que ele estava apenas ‘cumprindo ordem’. O site de VEJA procurou o Comando de Polícia Pacificadora (CPP), que respondeu: “Segundo o comando da UPP Vila Cruzeiro, o policial – de folga – se apresentou voluntariamente para participar da operação de rescaldo da UPP. No entanto, tendo em vista o traje utilizado pelo agente, o comandante orientou que o mesmo não participasse da ação”.

Fonte: VEJA

 

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Favela Cidade de Deus tem terceiro dia consecutivo de operações - tem que fazer uma faxina geral em todas as favelas; bandido tem que aprender, ainda que a custo da própria vida, a respeitar policial

Escolas e unidades de saúde da região estão fechadas na manhã desta segunda-feira

O clima continua tenso na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, nesta segunda-feira. Pelo terceiro dia consecutivo, policiais militares fazem operação na comunidade, onde um helicóptero da corporação caiu, no último sábado. Equipes do Comando de Operações Especiais (COE), do batalhões de Operações Especiais (Bope), de Choque (BPChq) e de Ações com Cães (BAC), além do Grupamento Aeromarítimo (GAM) e homens do 2º Comando de Policiamento de Área permanecem no local. Até o momento, segundo a PM, houve sete prisões e apreensão de armas e drogas. 

Unidades escolares e de saúde permanecem fechadas na manhã desta segunda-feira na Rua Edgard Werneck. A unidade da Faetec, no número 1.615 da via, em frente à Praça Padre Júlio Groten, está fechada desde sexta-feira. Um cartaz na portaria informa: “Por questões de segurança, o expediente desta escola foi encerrado às 18h. Retornaremos na segunda-feira em horário normal”. Mas não foi o que aconteceu. A Escola Alphonsus de Guimarães, no número 1.625, é outra unidade de educação que não abriu as portas. O Centro municipal de Saúde Hamilton Land também está fechado. Em frente ao portão principal, um carro da Polícia Militar estava de prontidão nesta manhã.

A Secretaria municipal de Educação informou que, de acordo com a 7ª Coordenadoria Regional de Educação, 12 escolas, quatro creches e quatro Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) estão sem atendimento na Cidade de Deus. Segundo a secretaria, estas unidades escolares atendem a 5.296 alunos no turno da manhã. Na região da Gardênia e Anil, duas escolas, uma creche e dois Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) estão sem atendimento no turno da manhã. A prefeitura disse ainda que estas unidades escolares atendem a 1.762 alunos no turno da manhã.

Alguns comerciantes abriram as portas e estão trabalhando. Mas a maioria do comércio nas ruas no entorno da CDD está fechado. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da comunidade só começou a funcionar por volta das 10h.  Um veículo blindado do 15º BPM (Duque de Caxias) e carros de vários batalhões da corporação, como o do 20º BPM (Mesquita), estão concentrados na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus, na Avenida Miguel Salazar Mendes de Moraes, na esquina com a Rua Corinto. No local, policiais militares se preparam para uma nova incursão na favela, onde ainda podem ser vistas barricadas como, por exemplo, na Rua Jeremias, a cerca de 500 metros da UPP.

Nas redes sociais, moradores relatam tiroteios na madrugada desta segunda-feira. No domingo, a Secretaria municipal de Saúde informou que, desde as 8h de sábado, duas pessoas haviam chegado baleadas ao Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Uma delas foi transferida da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus e outra foi encaminhada para Hospital federal Cardoso Fontes.   Outras duas pessoas foram atendidas na UPA da Cidade de Deus, também no sábado, mas já deixaram a unidade, segundo informou a pasta.

SETE CORPOS NA CIDADE DE DEUS
Moradores da Cidade de Deus retiraram da mata sete corpos de jovens da comunidade, na manhã de domingo. Eles foram colocados pelos parentes em uma praça próxima ao condomínio Itamar Franco, na localidade do Karatê. As famílias começaram a denunciar o sumiço das pessoas no sábado, após ação da Polícia Militar no local. Não se sabe ainda se os crimes aconteceram antes ou depois de a aeronave despencar na comunidade. O secretário de Segurança, Roberto Sá, garantiu, na ocasião, que os homicídios já estão sendo investigados. [os homicídios devem ser investigados, mas a população especialmente das favelas, deve se convencer que tem que ficar do lado da Polícia, não pode jamais ficar do lado dos bandidos.]

Fonte: O Globo