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Mostrando postagens com marcador Força Expedicionária Brasileira - FEB. Mostrar todas as postagens
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sábado, 20 de junho de 2020

Pensando o impensável - O Estado de S. Paulo

Bolívar Lamounier


Resultado mais provável da ruptura da ordem parece-me ser um longo período de anarquia
Um momento histórico que eu gostaria de ter presenciado aconteceu no dia 1.º de novembro de 1944: um breve encontro entre o ministro da Justiça, Marcondes Filho, e o general Eurico Dutra. O relato está no ótimo livro de Paulo Brandi Vargas: da Vida para a História (Zahar, 1985, pág. 178).

Desde a entrada do Brasil na guerra contra o fascismo, Getúlio pressentia que não conseguiria manter sua ditadura. Em 1943, o Manifesto dos Mineiros desafiou a censura e escancarou o debate sobre a redemocratização. A presença da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, com apoio dos Estados Unidos, apontava para um ponto sem retorno. Nos meses seguintes, a pressão contra Getúlio alastrou-se rapidamente nas Forças Armadas. No final de outubro os generais Góes Monteiro e Eurico Dutra procuraram-no para insistirem na convocação de eleições. Getúlio aquiescia sem aquiescer. Cogitava de transitar para um regime híbrido, cujo comando permanecesse em suas mãos. Foi nessa altura que se deu o encontro de Marcondes Filho com o general Eurico Dutra.

O ministro havia rascunhado um projeto de lei eleitoral de teor corporativista, ou seja, baseado na representação por categorias profissionais, formato característico da tradição fascista. Foi quando, respondendo a Marcondes Filho, Eurico Dutra disse-lhe, curto e grosso: “Não é isso, não, dr. Marcondes, é eleição mesmo...”. O referido momento parece-me assinalar com clareza a opção das Forças Armadas por uma identidade propriamente de Estado, impessoal, baseada na hierarquia e na disciplina, com a consequente rejeição do modelo de uma guarda pretoriana, ou seja, de uma milícia a serviço de um caudilho qualquer. as tal modelo não era isento de problemas. Nos anos 30, sob a decisiva influência do general Góes Monteiro, ganhou corpo o modelo de uma organização tutelar, destinada não somente à defesa externa do País, mas legitimada para também atuar ponte sua no plano interno.

Os apontamentos acima ajudam a compreender o artigo 142 da Constituição de 1988, que alguns juristas chegam a interpretar até mesmo como uma autorização para as Forças Armadas atuarem como um Poder Moderador, dirimindo impasses entre os três Poderes. Não chego a tanto, mas, de certa forma, vou além, pois, no trecho a seguir, tal artigo me parece virtualmente ininterpretável: “...(as Forças Armadas) destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. O trecho grifado admite a esdrúxula hipótese de as Forças Armadas – no tocante à manutenção da lei e da ordem no plano interno – serem convocadas por dois ou até pelos três Poderes ao mesmo tempo. Considerando, entretanto, que o Supremo Tribunal Federal (STF) é o guardião da Constituição, instância última, portanto, da legitimidade política, cabe a ele esclarecer quando e em que termos as Forças podem ser convocadas – uma rima que em nada melhora o soneto.

A questão acima suscitada parece-me assumir contornos graves no presente momento, visto que agora não se trata de um imbróglio constitucional em abstrato, mas de uma conjuntura que muitos têm descrito como uma “tempestade perfeita”: em meio a uma terrível epidemia e a uma crise econômica sem precedentes, temos tido frequentes atritos entre os Poderes e um presidente da República pouco propenso a observar os limites e a liturgia do cargo que ocupa. Como se não bastasse, as Forças Armadas assumiram uma presença excessiva no Executivo, emprestando-lhe, por conseguinte, uma legitimidade que cedo ou tarde reduzirá a estima em que são tidas pela sociedade brasileira.  Acrescente-se que o protagonismo apaziguador do Legislativo esbarra em severos limites no presente momento, uma vez que a composição do Congresso Nacional ainda deixa a desejar, não obstante as reformas que se tem tentado fazer.

Por último, mas não menos importante, é preciso levar em conta o clima de radicalização, acentuado a partir das eleições de 2018, e os frequentes apelos que certos setores têm feito no sentido não só de tumultuar, mas efetivamente de solapar o regime democrático, exigindo alguma forma de intervenção militar. Um ponto fundamental que tais setores não parecem compreender é que o Brasil de 2020 é muito diferente do de 1964. Naquele ano, bastou às Forças Armadas prender umas poucas centenas de pessoas para assumirem o controle do País. Hoje a população brasileira é muito maior, está concentrada em grandes cidades e é muito mais diversificada, politizada e atenta. Mercê dos meios eletrônicos de comunicação, consegue se mobilizar com extrema facilidade. Tais mudanças não necessariamente conferem vantagem a algum dos grupos que se digladiem num hipotético confronto, até porque o resultado mais provável de qualquer ruptura da ordem parece-me ser um prolongado período de anarquia, ao fim da qual tudo estará mais ou menos na mesma, só que muito pior. [se os inimigos do Brasil levarem ao que pode se transformar em um período de anarquia, o restabelecimento da ordem não será feito pela Constituição e sim pelas Forças Armadas.
Anarquia é fruto da anomia ou leva o país àquela condição.]
Bolívar Lamounier, cientista político - O Estado de S. Paulo


domingo, 5 de novembro de 2017

O passeio chefiado por Maia tem a cara cafajeste do Brasil

Oficialmente, a comitiva liderada por Rodrigo Maia participa de "uma cerimônia no monumento votivo militar brasileiro". Conversa de 171

Nesta quinta-feira, Dia de Finados, os brasileiros comuns estarão visitando o túmulo da família, que frequentemente abriga dez parentes. Enquanto isso, na Itália, dez brasileiros da classe especial estarão caprichando na pose de viúva inconsolável num cemitério em Pistoia que hoje abriga um homem só. É o único soldado da FEB morto na 2ª Guerra Mundial que não foi identificado.  É o único que ficou por lá depois do traslado para o Brasil do último dos mais de 600 pracinhas sepultados na cidade italiana. Todos os anos, o país é representado nessa solenidade pelo embaixador em Roma. Desta vez, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estará por lá escoltado por nove deputados. Segundo a programação oficial da comitiva, os dez pais-da-pátria estão abrilhantando “uma cerimônia no monumento votivo militar brasileiro”. Conversa de 171.

Os turistas com foro privilegiado precisavam de algum pretexto para incluir a Itália no roteiro da missão oficial que começou em Israel no fim de semana e vai terminar em Lisboa no próximo sábado. Ninguém sabe o que os integrantes da excursão fizeram de útil nos cinco dias em que desfrutaram dos confortos do Hotel Rei David, o mais estrelado de Jerusalém e um dos melhores do Oriente Médio. A diária mais barata cobrada pelo hotel supera os US$ 428 embolsados a cada 24 horas pelos acompanhantes de Rodrigo Maia que, por ser presidente da Câmara, ganha US$ 550 por dia. Se gastaram tudo no hotel, de onde veio o dinheiro para a comida, a bebida e os deslocamentos urbanos em Israel? O transporte aéreo é grátis. Para eles, porque os pagadores de impostos bancam também o avião da FAB — mais precisamente, da frota da FABTur — que já na sexta-feira voará para Lisboa levando a bordo a carga de congressistas.

Na capital portuguesa, a comitiva programou dois compromissos: um “encontro com diplomatas”, cujos nomes não foram revelados, e “uma palestra”, sabe Deus ministrada por quem.  Como ninguém é de ferro, o sábado foi reservado a uma “agenda privada”. Tradução: os viajantes poderão gastar nosso dinheiro como e onde quiserem.  Se essas missões oficiais de araque fossem simplesmente abolidas, o Brasil não perderia nada. E ficaria um pouco menos cafajeste.


Fonte: Veja - Augusto Nunes

domingo, 26 de março de 2017

A grande história de Tancredo Neves

Olhando-se para o enrosco da política de hoje, sente-se a falta que faz um Tancredo. O que ele faria? Sabe-se lá, mas ele saberia

Nas próximas semanas chegará às livrarias “Tancredo Neves, o príncipe civil”, do repórter Plínio Fraga. Uma biografia daquele mineiro miúdo, culto e conciliador é sempre algo mais do que uma visita ao passado. É também uma iluminação para o presente. Tancredo Neves (1910-1985) foi eleito presidente da República, adoeceu e só entrou no Planalto morto.
Arquiteto da grande conciliação de 1984, a única que partiu da oposição, Tancredo, um civil, foi a maior das figuras políticas do período em que o Brasil era governado por generais. Olhando-se para o enrosco da política de hoje, sente-se a falta que faz um Tancredo. O que ele faria? Sabe-se lá, mas ele saberia. Plínio Fraga reconstruiu a figura do político conservador que viveu numa oposição legal que abrigava a esquerda, o democrata intransigente, conciliador com lances de inesperada inflexibilidade. Depois da grande campanha pelas eleições diretas, ele se elegeu presidente pelo sistema indireto. O livro de Fraga mostra, aos poucos, como ele operava essa mistura.

O menino Tancredo teve um pajem, o negro Custódio, neto da cozinheira dos Neves, que continuou com a família depois da Abolição. Custódio ficou com os Neves até morrer, aos 90 anos, anexando o sobrenome dos velhos senhores. Sabendo-se disso, conhece-se a alma patriarcal de Tancredo. Fraga revirou arquivos da família, do Departamento de Estado e do Serviço Nacional de Informações, entrevistou dezenas de pessoas e produziu um cartapácio de 648 páginas, dividido em capítulos curtos.

Um trabalho desse tamanho carrega sempre imprecisões, felizmente pouco relevantes.
Juarez Távora não combateu com a Força Expedicionária Brasileira, e na fotografia da posse de Tancredo como ministro da Justiça, em 1953, o chefe da Casa Civil Lourival Fontes está na legenda, mas não está na cena.  “O príncipe civil” faz revelações relevantes de fatos que sempre circularam à boca pequena no andar de cima, desde que não fossem contados à turma de baixo. Segredos que os Polichinelos administraram por mais de 30 anos.

Fraga expôs a caixa da campanha de Tancredo. Maluf, seu adversário, era acusado de ser “o candidato do milhão.” A caixa de Tancredo foi gorda, abastecida por dezenas de endinheirados, entre eles o empreiteiro Sebastião Camargo e o industrial Jorge Gerdau.
Na equipe de coletores estiveram os empresários Sérgio Quintella e João Pedro Gouvêa Vieira, mais Tancredo Augusto, filho do próprio candidato, e José Hugo Castello Branco, que viria a ser chefe da Casa Civil do novo governo. Lá estava também o banqueiro Ronaldo Cezar Coelho, que hoje é freguês da Lava-Jato.

Estima-se que a caixa de Tancredo tenha amealhado o equivalente a US$ 45 milhões em dinheiro de hoje. A maior parte desse dinheiro foi gasta. Talvez tenham sobrado uns US$ 10 milhões. Cadê? Teriam ido para instituições de caridade ou para Risoleta, viúva de Tancredo.  “Conversa fiada”, disse Tancredo Augusto a Plínio Fraga. Ele acrescenta, referindo-se a um depositário das “sobras”: “Filho da puta.”

Uma pessoa devolveu um cheque dessa caixa. Foi Antônia Gonçalves de Araújo, a poderosa secretária de Tancredo. Essa é a segunda exposição de Fraga.  “Dona Antônia”, uma bonita morena, era funcionária do Congresso quando conheceu Tancredo em 1971. Ela tinha 38 anos, ele 61. A relação dos dois durou até 1985. Foi um romance diferente daqueles que Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso tiveram fora de seus casamentos.

“Dona Antônia” era também a chefe de gabinete do “Doutor Tancredo” e, por alguns meses, foi a mulher mais poderosa da República. Mencionar seu nome demonstrava prestígio, revelar sua condição, suicídio. Fraga entrevistou “Dona Antônia”. Aos 84 anos, ela tem na parede de sua sala o ato de Tancredo nomeando-a secretária do presidente da República.  Antônia fala ao longo de sete páginas emocionantes, sobretudo quando conta como conseguiu entrar no hospital, à sorrelfa, para se despedir de Tancredo.

Fonte: Elio Gaspari, jornalista - O Globo




quarta-feira, 13 de maio de 2015

PRACINHA DA FEB RECUSA-SE A RECEBER MEDALHA DE DILMA

Major Antenor Silveira Guedes, de 93 anos  - UM HOMEM DE FIBRA - UM HOMEM DE CARÁTER

PARABÉNS MAJOR!!! 
UM HOMEM DE CARÁTER NASCE E MORRE COM ELE INTACTO - Jorge Santana
 
PRACINHA DA FEB RECUSA-SE A RECEBER MEDALHA DE DILMA

 
O GLOBO

 O ex-combatente da Força Expedicionário Brasileira, Major Antenor Silveira Guedes, de 93 anos, foi convidado pelo governo brasileiro a participar de um evento em homenagem aos soldados que estiveram na Europa na Segunda Guerra Mundial.  Antenor esteve no front juntamente com os pracinhas brasileiros contribuindo para a conquista do Monte Castelo, na Itália, em fevereiro de 1945, quando a FEB combateu o exército alemão por 3 meses, a sudoeste da cidade de Bologna.


Major Antenor recebeu muitas honras militares ao longo da vida, muito merecidas. É um homem de muitas estórias, e de muita coragem. "Lutei pela liberdade do meu país e do mundo. Hoje penso: será que foi em vão? Lutei pro Brasil virar esta grande merda? Um país infectado pelo lulo-comunismo? Valeu a pena?" diz o major.  "Fui convidado a receber uma medalha da presidente Dilma em comemoração aos 70 anos do fim da guerra. É claro que não vou. Não gosto de bandidos. O PT é isso, um partido de vagabundos. O Lula é o chefe do mensalão. A Dilma foi terrorista e metralhava as pessoas."

O nosso heroi mostra-se revoltado com a situação atual do país.  "Já não tenho mais idade pra ter papas na língua. Vou lhe dizer, estou de saco cheio de ver meu país infestado por marginais, bandidos, homossexuais, travestis, comunistas e ambientalistas. Esse monte de vagabundo recebe Bolsa Família, bolsa isso, bolsa aquilo. Ora, trabalhar ninguém quer, né?"

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Instituto João Goulart investiga protesto contra memorial de ex-presidente – o que esses sem noção julgam ser? Jango foi um dos maiores latifundiários



Rollemberg, governador do DF, está parecendo ser mais um "sem noção" a governar o DF.  

Os eleitores de Brasilia - tanto os que votaram nele quanto os que não votaram (orgulhosamente estou  entre estes) - esperam que pelo menos ele seja honesto, aloprado e sem noção está provando que é.


As manifestações surgiram após o Correio revelar que tapumes cercam o terreno onde será erguido o Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart, ao lado da Praça do Cruzeiro

[querem homenagear Jango – o presidente fujão – que o homenageiem no ‘raio que o parta’.
O João Goulart se acovardou e fugiu – não teve coragem nem de esperar ser deposto; o cargo de presidente  da República não foi declarado vago pelos militares e sim pelo senador Auro de Moura Andrade.
É uma covardia repugnante, que tudo indica conta com o apoio do governador Rollemberg, a pretensão de usar área pública destinada à construção de um memorial para ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira – os pracinhas sim, verdadeiros heróis, e não uma comunista fujão. Jango se dizia comunista, apoiava os comunistas e pretendia estabelecer o comunismo no Brasil ( oficialmente, já que oficiosamente seu governo já era comunista) mas, era antes de tudo um mega latifundiário.]

O Instituto João Goulart, responsável pela construção do memorial em homenagem ao presidente deposto pelo regime militar em 1964, pediu uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre os protestos contra o monumento. A notícia crime entregue pede “apuração das circunstâncias e responsabilidades em torno do movimento articulado que ameaça provocar atos de violência e danos ao patrimônio”. Os protestos surgiram após o Correio revelar que tapumes cercam o terreno onde será erguido o Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart, ao lado da Praça do Cruzeiro. A ocupação do espaço gerou movimentos contrários que prometem se manifestar para impedir a obra.

No documento entregue à PF em 31 de março, representantes do instituto alegam que “a evidente incitação à violência com associação de várias pessoas para a derrubada dos tapumes da obra, de modo a coincidir com as manifestações políticas hostis ao governo federal, revela uma atitude irresponsável e criminosa”. O texto reforça também a legalidade das autorizações para a construção do memorial. Procurada, a diretora do Instituto João Goulart preferiu não comentar mais o caso. O ex-secretário de Cultura do Distrito Federal (DF) Silvestre Gorgulho é citado no documento e disse que prefere não comentar o caso. “A cidade rejeita o memorial e já abraçou a nossa causa. Estou do lado certo”, diz.

O terreno no qual deverá ser erguido o monumento em homenagem ao presidente deposto pelo regime militar em 1964 era do Arquivo Público na década de 1990. Alguns opositores ao projeto alegaram, também, que o espaço havia sido destinado à construção de um memorial para ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Discussões à parte, o governo cedeu, em 2013, a área para o Instituto João Goulart. O Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) permitia o loteamento para fins culturais da parte oeste do Eixo Monumental, mas o local era considerado um ponto polêmico e a proposta foi retirada do projeto no ano passado para discussão. O único item de acordo dentro do governo seria a área do memorial.