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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Hacker prometeu invalidar Lava Jato e libertar Lula com diálogos vazados - VEJA

Foi isso o que foi oferecido à ex-­deputada Manuela d’Ávila, conforme conversas anexadas ao inquérito que apura o caso, às quais VEJA teve acesso


Há cinco meses, a Polícia Federal tenta descobrir a motivação dos hackers que invadiram os celulares dos procuradores que atuavam na Lava-Jato, copiaram mensagens privadas e as entregaram ao site The Intercept Brasil, que divulgou o material em parceria com outros veículos de imprensa, incluindo VEJA. Segundo os criminosos, que já foram condenados no passado por estelionato e receptação, a incursão foi pautada exclusivamente pelo senso de justiça para atingir dois objetivos bem definidos: libertar o ex-­presidente Lula da prisão e anular os processos da maior operação de combate à corrupção de todos os tempos. Pelo menos foi isso o que eles ofereceram formalmente à ex-­deputada Manuela d’Ávila, conforme diálogos anexados ao inquérito que apura o caso, aos quais VEJA teve acesso. Parte da matéria-prima que seria utilizada para fulminar a Lava-Jato viria de conversas entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) interceptadas ilegalmente.

Candidata à Vice-­Presidência da República na chapa do PT que foi derrotada em 2018, Manuela serviu como intermediária entre os hackers e o jornalista Glenn Greenwald, diretor do Intercept Brasil. Em 12 de maio passado, às 12h14, de acordo com o que foi apurado até agora, ela recebeu uma mensagem de texto em seu Telegram: “Consegue confiar em mim?”. Após ver a foto e o número do celular do remetente, o senador Cid Gomes, Manuela não titubeou ao responder no mesmo instante: “Sim. 100%”. Cid Gomes é irmão de Ciro Gomes, ex-ministro do governo Lula e antigo aliado do presidente. O interlocutor continuou: “Olha, eu não sou o Cid. Eu entrei no telegram dele e no seu. Mas eu tenho uma coisa que muda o Brasil hoje. E preciso contar com você”. Naquele momento, segundo disse à polícia, Manuela estava num almoço de família, comemorando o Dia das Mães, e estranhou a abordagem. Suspeitou que poderia ser uma brincadeira ou um trote e permaneceu em silêncio, desconfiada, até que recebeu uma imagem de uma de suas conversas privadas com o ex-deputado Jean Wyllys. Isso provava que não era um blefe. “Cid”, então, explicou do que se tratava: “Eu entrei no telegram de todos membros da força tarefa da lava jato. Peguei todos os arquivos. Dá para soltar Lula hoje. Derrubar o MPF”, prometeu o hacker.


(.....)

Convencida dos bons propósitos do hacker, Manuela d’Ávila recomendou a ele que entrasse em contato com o jornalista Glenn Greenwald. Em 9 de junho, veio à tona a primeira leva de mensagens trocadas entre procuradores da Lava-Jato e o ex-juiz Sergio Moro, o atual ministro da Justiça. O material mostrou que os membros da força-tarefa discutiam entre si depoimentos e combinavam diligências — comportamento considerado, no mínimo, impróprio. Apoiada nas mensagens obtidas de maneira ilegal, a defesa de Lula pediu ao STF a suspeição de Moro. Se o pedido for atendido, o ex-presidente será libertado e os processos da Lava-­Jato poderão acabar anulados — exatamente o que o hacker queria.

Walter Delgatti Neto, o hacker que entrou em contato com a ex-deputada, está preso na penitenciária da Papuda, em Brasília. É comum jactar-se com colegas da quantidade e da qualidade de informações que obteve sobre autoridades e celebridades depois da invasão de seus celulares. Disse, por exemplo, que soube antes de todo mundo que o jogador Neymar era inocente das acusações de estupro e agressão. Estudante de direito, já se gabou de ter ferido de morte o ministro Sergio Moro — ressalvando, no melhor estilo falastrão, que tudo o que foi divulgado até agora sobre o ex-juiz ainda é apenas uma “amostra grátis” do grande acervo de que dispõe. E também foi em uma dessas conversas que Delgatti reafirmou que teve acesso a diálogos reservados de ministros do STF, que incluiriam até conversas comprometedoras com procuradores da República.

As investigações da Polícia Federal ainda não concluíram se a invasão dos celulares dos ministros do STF aconteceu de fato ou se foi uma bravata dos criminosos. Delgatti está detido juntamente com outros três comparsas. Suspeita-se que o grupo tenha acessado os aplicativos de mais de uma centena de pessoas e que tenha tentado vender parte das informações colhidas. Ao vasculharem o computador e os celulares dos criminosos, os investigadores não encontraram nada que comprovasse que os aparelhos dos ministros haviam sido hackeados. Procurados, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber negam que tenham formado qualquer grupo de aplicativo entre eles. Cármen Lúcia não responde.


Em VEJA, leia MATÉRIA COMPLETA

Publicado na edição nº 2659,    de VEJA de 6 de novembro de 2019

domingo, 28 de julho de 2019

A questão do conteúdo dos grampos persiste - Elio Gaspari



O Globo - Folha de S. Paulo

A negligência com o conteúdo dos grampos 

A ideia de Moro de destruir as mensagens era primitiva e cheirou mal

Os procuradores blindaram-se na recusa a comentar o que apareceu. Muitos deles, como Sergio Moro, dizem que já apagaram os arquivos. Se o serviço da PF foi de primeira, essa blindagem é de quinta

A Polícia Federal fez um serviço de primeira localizando e prendendo a quadrilha que invadiu os celulares de centenas de autoridades, inclusive do presidente da República, do ministro Sergio Moro e de procuradores da Lava-Jato. Um deles tinha antecedentes criminais e confessou ter sido o remetente dos grampos para o site The Intercept Brasil. Como isso foi feito e se era gratuito, como ele diz, só a investigação poderá esclarecer. Resta saber se Glenn Greenwald e Manuela D’Ávila conheciam a extensão do crime de sua fonte. Essa é uma perna da questão. 
A outra perna está no conteúdo das mensagens já divulgadas e ela continua no mesmo lugar. Os procuradores blindaram-se na recusa a comentar o que apareceu nos grampos. Muitos deles, como Sergio Moro, dizem que já apagaram os arquivos. [saber mais.]Se o serviço da PF foi de primeira, essa blindagem é de quinta. A ideia de Moro de destruir as mensagens era primitiva e cheirou mal. Na forma, o crime cometido pelo invasores dos celulares foi peculiar.Eles atacaram dados de centenas de pessoas e seus antecedentes afastam a ideia de que houvesse interesse público na operação. A questão do conteúdo é outra.

Não passa pela cabeça de ninguém querer apagar da memória dos americanos as revelações contidas nos famosos “Papéis do Pentágono” que expuseram documentos relacionados com a Guerra do Vietnã. Eles foram furtados por um consultor do Departamento de Defesa. Indo-se mais longe, também, não passa pela cabeça dos americanos passar a esponja em cima dos documentos furtados por oito ativistas católicos que invadiram um escritório do FBI na Pensilvânia numa noite de março de 1971. Eles levaram perto de mil documentos. No meio estavam as provas de que o FBI espionava militantes pacifistas, artistas e negros, difamava pessoas e manipulava jornalistas.

Cópias de documentos foram mandados para o “New York Times”, o “Los Angeles Times” e o “Washington Post”. O governo tentou impedir a publicação e divulgou uma nota advertindo que eles comprometiam a segurança nacional. Ben Bradlee, o editor do “Washington Post”, e Katharine Graham, sua proprietária, decidiram publicar parte do material. Aberta a comporta, o conteúdo dos documentos mudou para melhor a história do FBI. O FBI pôs 200 agentes atrás dos ladrões e a investigação somou 33 mil páginas, para nada. O mistério só foi desvendado 40 anos depois, quando a repórter Betty Medsger, que recebeu a papelada em 1971, identificou e entrevistou sete dos oito invasores. Dois deles viviam longe da política e um tornara-se sincero admirador de Ronald Reagan.

Armstrong pisou na lua e errou de hospital
Neil Armstrong levou oito dias para ir à Lua e voltar. Anos depois, fez uma cirurgia do coração e 19 dias depois estava morto. No voo, deu tudo certo. No hospital, as coisas deram errado, mas a verdade ficou escondida por sete anos, até que o “New York Times” a revelou. O chanceler Ernesto Araújo acha que os diplomatas não devem ler esse jornal, mas para o bem de sua saúde seria bom que o fizesse.

Em 2012, aos 82 anos, Armstrong estava com um desconforto gástrico, foi ao hospital Merciful Faith, de sua cidade, e fez um teste de esforço. Mandaram-no para uma angiografia e acabou com quatro pontes no coração. Algo como cinco dias depois puseram-lhe um marca-passo temporário e, passadas algumas horas, uma enfermeira tirou-lhe os fios. Teve um sangramento e 27 minutos depois levaram-no para o centro de cateterismo. Melhorou, mas voltou a sangrar, com queda de pressão e falha dos rins. Em 20 minutos estava no centro cirúrgico. Daí em diante não se sabe o que aconteceu, mas ele ficou 97 minutos com perda de oxigênio no cérebro. Estava entubado há uns cinco dias quando retiraram o aparelho. Armstrong não conseguia respirar e voltaram a entubá-lo. Dez dias depois estava morto.


Desde 2014 o hospital sabia que médicos independentes haviam estudado o prontuário e observaram que ele poderia ser operado mais tarde, os fios do marca-passo não deveriam ter sido retirados por uma enfermeira sem supervisão e, acima de de tudo, deveria ter ido logo para o centro cirúrgico e não para o centro de cateterismo. Finalmente, não deveriam tê-lo extubado tão cedo. Existem testes rotineiros capazes de medir a resistência de um paciente à extubação. O homem que simbolizou o avanço da tecnologia, morreu por causa de barbeiragens. A pior, foi a sua ida para o centro de cateterismo.

Havia mais: durante dois anos o hospital se fez de bobo, até que a mulher de um dos filhos de Armstrong, advogada, foi-lhe na jugular. Ou pagavam sete milhões de dólares ou seriam denunciados. Pagaram seis milhões, com uma cláusula de segredo que durou cinco anos.

Nisso tudo, houve um cavalheiro, o professor James Hansen, autor da biografia autorizada de Armstrong (“O Primeiro Homem”), publicada nos Estados Unidos em 2005. Nesse tipo de livro o autor aceita omitir fatos a pedido do biografado ou de sua família. Ele sabia de tudo, mas limitou-se a escrever uma frase críptica: “Fora do pequeno círculo de sua família, dos amigos e da equipe médica que cuidou dele, talvez nunca se venha a saber exatamente o que aconteceu com Neil no hospital ao longo das duas semanas que culminaram com sua morte.”
Na semana passada Hansen saudou a revelação do “Times”, para que o que aconteceu a Armstrong não volte a acontecer.

(...)

Conselho precioso
Quando estava aberta a janela para repatriação de depósitos que estavam no exterior, um magano procurou um advogado para se aconselhar.
— Quanto o senhor tem no Brasil?
— Dez milhões de reais, disse o magano.
— E na Suíça?
— Cem milhões de dólares.
Então embarque para a Suíça e fique por lá.
Ele embarcou. Foi o conselho mais curto e valioso saído de uma banca de advocacia.



Elio Gaspari, jornalista - Folha de S. Paulo - O Globo



domingo, 4 de novembro de 2018

Defesa da resistência pode dar a Bolsonaro triunfo que não teve na campanha

Um presidente autoritário não é o mesmo que um regime autoritário.  


O primeiro pode até levar ao segundo, mas o percurso exige ingredientes especiais. Na Turquia, demandou anos de uma insurgência separatista. Não somos a Turquia. As vozes que, em nome do espantalho do “fascismo”, desceram às trincheiras da “resistência” evidenciam profunda ignorância do significado da democracia.  “A tristeza tem que se transformar em resistência”, tuitou Manuela D’Ávila na hora da proclamação do resultado, pronunciando a senha clássica da política sectária.

Em 2010, batido por Dilma, Serra falou em “resistência”. Mas resistir a um governo escolhido em eleições livres equivale a negar a soberania popular. Haddad quase seguiu pela mesma trilha, negando o telefonema simbólico de congratulações que o derrotado deve ao vitorioso, mas corrigiu-se num tuíte, no dia seguinte.  Na direção oposta, Guilherme Boulos, ícone de um PSOL que retorna ao berço lulista, conclamou à “resistência” —e foi imitado pelo pobre Eduardo Suplicy. Serra falava só para emitir sons. Ele não pretendia “resistir”, mas apenas reativar sua crônica guerra interna pela legenda do PSDB na eleição seguinte.

Já o lulismo e seus satélites parecem decididos a cavar trincheiras. Gleisi Hoffmann atribuiu a Haddad a função de articulador de uma “frente de resistência” e chegou perto de negar a legitimidade do eleito. Ela classificou os resultados eleitorais como um “fato” (alguém duvida disso?), mas qualificou as eleições como “processo eivado de vícios e de fraudes” que “consolidam” o “golpe” do impeachment. Daí ao “Fora Bolsonaro!”, o passo é curto.

Ao lado de “resistência”, a palavra “fascismo” risca o céu. Fascismo, porém, é um fenômeno definido por traços políticos que não estão presentes no bolsonarismo: um partido fascista, a organização de milícias, um modelo de Estado corporativo. O abuso do termo, dirigido como insulto aos que não se alinham com o PT, esgarça o tecido do debate público. A polarização resultante forma o ambiente propício para a coesão da maioria em torno de Bolsonaro.

A pulsão autoritária do novo presidente testará nossas instituições e leis. A vigilância é um dever democrático de parlamentares, partidos, procuradores, magistrados, bem como da imprensa e das organizações da sociedade civil. Face a ameaças definidas às garantias, direitos e liberdades, será o caso de exercitar topicamente a resistência. Mas a “resistência” em geral e a tal “frente de resistência” em particular não passam de versão atualizada da narrativa do “golpe parlamentar” que tanto impulsionou a candidatura de Bolsonaro. Não é casual, nem sem motivo, que partidos como o PDT, o PSB e o PPS resolveram excluir o PT da articulação de um bloco parlamentar oposicionista.

Gleisi, Boulos e as demais vozes histéricas das trincheiras candidatam-se, involuntariamente, ao cargo de ministro da Propaganda do governo Bolsonaro. O chamado à “resistência” ao “fascismo”, antes ainda da posse, só comove os bolsões fanatizados da militância de esquerda. Fora desse círculo de ferro, até mesmo os eleitores que votaram contra Bolsonaro sentem nisso o gosto acre da ruptura da regra do jogo. A farsa da candidatura de Lula cartografou o caminho de Bolsonaro à Presidência. A campanha da “resistência”, um imprevisto terceiro turno, pode proporcionar a Bolsonaro o triunfo ideológico que a campanha eleitoral não lhe deu.

Parlamentares falam o que lhes dá na telha. Candidatos tendem a explodir as mais elementares barreiras éticas. Nas duas condições, Bolsonaro destacou-se como caso extremo de violência retórica. Agora, no Planalto, terá que se acostumar com a caixinha da democracia. Se tudo der certo, ele sofrerá mais que nós. Se der errado, hipótese que nunca deve ser descartada, restará a resistência. Sem aspas e sem demagogia.

Demétrio Magnoli, sociólogo, doutor em geografia humana pela USP
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Lula vai descobrir que, de novo, quebrou a cara

Deve-se debitar na conta do ex-presidente presidiário a divisão do país entre "nós e eles" e os sucessivos atentados ao Estado Democrático de Direito

Na carta que alguém escreveu e Lula assinou, o deus da seita da missa negra exige que todos os democratas se unam em torno de um trio que sempre menosprezou o Estado Democrático de Direito. O chefe da trinca é o ex-presidente presidiário, que desde 2003 conspira contra a democracia brasileira. Haja cinismo.

Deve-se debitar na conta do corruPTo fantasiado de “preso politico” a divisão do país entre “nós e eles”, a compra de partidos políticos escancarada pelos escândalos do Mensalão e do Petrolão, o desperdício do dinheiro do povo em empréstimos a ditadores amigos, a submissão aos interesses da Venezuela e de Cuba e as sucessivas tentativas de censurar a imprensa, fora o resto.

Completam a trinca de democratas de galinheiro os integrantes da chapa que avança para o naufrágio. Fernando Haddad, candidato a presidente, é o mais stalinista dos sacerdotes do PT. A vice Manuela d’Ávila, do Partido Comunista do Brasil, acaba de fazer a primeira comunhão com mais de 30 anos de idade.
Lula deve achar verdadeira a frase do jornalista Ivan Lessa: a cada 15 anos, o Brasil esquece o que aconteceu nos 15 anos anteriores. Vai descobrir daqui a três dias que, de novo, quebrou a cara.


Blog do Augusto Nunes - Veja

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Haddad vai à prisão e espera obter aval de Lula

Fernando Haddad visitará Lula na prisão novamente nesta segunda-feira. Espera sair da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba com o aval do preso petista à sua candidatura presidencial. Haddad cuida dos minutos, porque as horas passam. Termina nesta terça-feira o prazo concedido pela Justiça Eleitoral para a substituição de Lula na cabeça da chapa presidencial do PT.

A ordem judicial transformou os ponteiros do relógio do PT em espadas. Mas ainda há no partido dirigentes que acreditam em milagre. Avessos a Haddad, avaliam que nenhum anúncio deve ser feito antes de uma resposta aos recursos judiciais contra o veto imposto pelo TSE à candidatura de Lula.

Os próprios advogados são pessimistas quanto às chances de o Judiciário autorizar Lula a fazer campanha. Mas o pedaço do PT que ainda leva fé na candidatura do preso age como se enxergasse as digitais de São Judas Tadeu, o padroeiro dos desesperados, numa decisão tomada pela ministra Rosa Weber em pleno final de semana.

Presidente do TSE, Rosa enviou para o STF o recurso da defesa de Lula contra a decisão da Corte Eleitoral que enquadrou o pajé do PT na Lei da Ficha Limpa, vetando suas pretensões eleitorais. O diabo é que são Judas não fez o serviço completo, pois Rosa negou o pedido do PT para estender do dia 11 para 17 de setembro o prazo para a substituição de Lula. No Supremo, o recurso vai à mesa do ministro Celso de Mello, o agnóstico decano da Corte.

A exemplo de Haddad e seu grupo, também a cúpula do PCdoB está impaciente com a demora de Lula. O partido não vê a hora de formalizar a presença de sua filiada Manuela D’Ávila na posição de número dois da nova chapa, conforme acordo firmado em 5 de agosto. No dia seguinte, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse ter ouvido de Lula que Haddad estava em ''estágio probatório''. Daí o anseio do presidenciável-estepe de sair da cadeia nesta segunda munido de um habeas-candidatura.

LEIA TAMBÉM:  Ausente, Bolsonaro vira protagonista de debate

 Os participantes do terceiro debate entre presidenciáveis, levado ao ar neste domingo pela TV Gazeta, enfrentaram uma concorrência desleal. Hospitalizado, Jair Bolsonaro foi o protagonista do programa. Todo o resto (aquiaqui) serviu de pano de fundo para que os demais candidatos exibissem uma ensaiada presença de espírito para lidar com a ausência de corpo do rival esfaqueado.

Blog do Josias de Souza 

Nota do Blog Prontidão Total: por várias vezes este Blog assegurou que tempo na TV não seria problema para Bolsonaro - seria atacado por todos os lados e teria longa exposição no tempo dos adversários, usando o direito de resposta.

Estávamos duplamente enganados:
- tanto quanto a forma de obtenção por Bolsonaro do tempo de TV; e,
- jamais esperávamos que o candidato teria 24 horas diárias  de exposição - tempo superior ao de todos os candidatos nos dez programas que lhe restam - os adversários de Bolsonaro, que pretendiam ser seus algozes, se apresentam em dias alternados.] 

 

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

PT recorre ao TRF4 para que Lula participe do debate da Band

Caso o pedido seja negado, partido quer cadeira vazia com o nome do petista no estúdio. Juíza do próprio TRF4 já havia vetado solicitação na última segunda

[as chicanas tramadas pela defesa do Lula se tornaram tão evidentes no intento de desmoralizar o Judiciário, que sequer são julgadas - perderam, merecidamente, o caráter de urgência que antes recebiam;

além de afrontas a lei com sua argumentação vazia, a defesa de Lula prima pela incompetência.

O debate já está marcado, confirmado, para hoje as 22h, sem a presença do Lula nem da cadeira vazia - o TRF-4 não julgou nem julgará hoje o recurso.]

O PT entrou na manhã desta quarta-feira com um mandado de segurança no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) pedindo a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no debate que será realizado pela TV Bandeirantes nesta quinta-feira (9).  O pedido será analisado pela 4ª Seção do TRF4, composta pelos desembargadores da 7ª e da 8ª Turmas do tribunal. Um outro pedido para que Lula participasse do debate já havia sido rejeitado por decisão monocrática de uma juíza substituta do TRF4, na segunda-feira, 6. Além de motivos processuais, a magistrada Bianca Georgia Cruz Arenhart alegou que o PT não tem “legitimidade” para recorrer no âmbito da execução provisória da pena do ex-presidente. 


No pedido, os advogados insistem que Lula participe do debate, nem que seja através de vídeos gravados previamente do local onde se encontra, a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. O partido também pediu à Bandeirantes que deixe uma cadeira vazia com o nome do ex-presidente e ainda estuda a realização de uma transmissão nas redes sociais com representantes do partido. 

No mandado de segurança, a equipe do ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, que representa o partido, disse que a execução provisória da pena “não pode ter o condão de lhe cassar ou suspender os direitos políticos, ou mesmo sua liberdade de expressão e de comunicação” do petista, que foi aclamado candidato do partido na convenção nacional, em 4 de agosto.

A defesa do PT ainda argumenta que devem ser garantidos a Lula os mesmos direitos assegurados aos demais representantes dos partidos na disputa eleitoral, como conceder entrevistas e participar de debates. “Os pedidos do impetrante se limitam à prática de atos pelo seu candidato diretamente relacionadas ao processo de pré-campanha e, de forma alguma, imiscuem-se nas particularidades do cumprimento provisório de pena que não estejam vinculadas ao processo eleitoral”, diz o recurso.

Condenado pela 8ª Turma do TRF4 a 12 anos e 1 mês de prisão na Operação Lava Jato, o petista está preso desde abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba para cumprir penaEmbora Lula esteja enquadrado na Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado por um órgão colegiado da Justiça, o PT oficializou a candidatura dele à Presidência em convenção nacional no último sábado, 4. O partido registrará a candidatura dele junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 15 de agosto, limite do prazo legal para isso.

Caso o TSE indefira o registro da candidatura do ex-presidente, o ex-prefeito Fernando Haddad, candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula, assumirá a titularidade e terá como vice a deputada estadual do Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila (PCdoB).

Reuters

domingo, 28 de janeiro de 2018

Lula condenado - Começa a eleição

Com a saída de Lula do páreo, adversários ajustam o discurso e aliados ensaiam a debandada. Na esquerda, embora publicamente façam jogo de cena, poucos querem associar sua imagem à do petista condenado. A briga, agora, é pelo espólio eleitoral

A sentença do TRF4, que praticamente anulou as chances do ex-presidente Lula de disputar as eleições de outubro, mexeu definitivamente com o tabuleiro das eleições presidenciais. Ao mesmo tempo em que injeta ânimo nos adversários do líder petista, que liderava as pesquisas, obriga todos os pré-candidatos a repensarem a estratégia de campanha que vinham ensaiando até agora. 

A primeira iniciativa de todos, principalmente dos partidos aliados de Lula, é se descolar da imagem do PT e evitar ser contaminado pelo destino inglório do ex-presidente. Com Lula fora do páreo, o cenário mudou. PDT e PCdoB vão trilhar seus próprios caminhos. Será aberta uma vaga no segundo turno e quem tiver fôlego e garrafas para vender chegará lá. [caso haja segundo turno, uma das vagas já está ocupada por Jair Bolsonaro; a grande dúvida é se haverá essa segunda vaga, simplificando, se haverá segundo turno?]Esse é o desafio que se apresenta para Jair Bolsonaro, Marina Silva, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Manuela D’Ávila e os demais concorrentes à sucessão de Temer.

Há quem aposte, desde já, numa mudança de tom radical de Jair Bolsonaro, recém filiado ao Partido Social Liberal (PSL). O ex-capitão do exército vinha se apresentando como o principal contraponto ao lulopetismo. Após o confirmação do 3 a 0, ele postou um vídeo na internet comemorando o resultado. Para ele, a condenação praticamente elimina Lula do pleito. “O que queremos é o PT fora de combate”, afirmou. 
Jair Bolsonaro terá de calibrar a retórica, se quiser manter desempenho