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quarta-feira, 9 de agosto de 2023

MST, 8 de janeiro e ONGs - Uma sequência de depoimentos explosivos em CPIs - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

Há uma grande expectativa para esta quarta-feira, na CPI do MST, com o depoimento do ministro-chefe da Casa Civil do presidente Lula, Rui Costa. Ele será questionado sobre o tempo em que foi governador da Bahia e os acontecimentos no sul do estado, que foi e ainda é uma região conflagrada, com invasão, violência, expulsões e violação do direito de propriedade. 
A queixa é a de que o governo da Bahia não agia, tanto que o presidente da República tentou mandar tropas da Força Nacional para proteger as pessoas naquela área. Vai ser interessante.
 
Quem brilhou na CPI das ONGs nesta terça foi o jornalista mexicano Lorenzo Carrasco, que veio pra cá como correspondente nos anos 1980, aqui ficou e se tornou grande estudioso das milhares de ONGs que pululam na Amazônia. Ele descobriu que elas não estão lá para levar benefícios sociais para as amazônidas, e denunciou isso num livro chamado Máfia Verde
Finalmente há uma CPI no Senado que está tratando disso. 
A CPI deveria ter saído muito antes, porque era a primeira da fila quando surgiu a pandemia, mas acabou deixada de lado para fazerem aquela CPI do circo.
 
Outra grande expectativa era o depoimento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, que durante os acontecimentos de 8 de janeiro era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. 
Ele foi autorizado a ficar calado pelo ministro Alexandre de Moraes, mas achou que não se incriminaria e botou a boca no mundo
 Mostrou que havia um protocolo de ação integrada, que estava tão perfeito que ele pensou que podia tirar férias e foi para a Flórida. 
Disse que achou tudo muito estranho quando vieram os avisos de invasões, pois havia uma disponibilidade de 800 militares, tanto da Força Nacional quanto da guarda presidencial, para proteger as sedes dos três poderes, mas foram acionados só 30 para o Palácio do Planalto. Torres não acusou ninguém, mas vai ser confrontado com um delegado da Polícia Rodoviária Federal
O ex-ministro disse que a Polícia Rodoviária Federal, no Nordeste, não agiu para evitar que eleitores de Lula fossem às urnas, mas aprendeu dinheiro de compra de voto, dinheiro vivo.

Por fim, sigo estranhando essa dificuldade toda de fornecer as imagens do Ministério da Justiça. As imagens estão disponíveis, o ministro Alexandre de Moraes disse que podiam entregar, e até agora nada.

Onde estão as imagens do aeroporto de Roma?
Falando em imagens, não custa lembrar que as imagens do aeroporto de Roma ainda não vieram
Há uma abundância de câmeras no aeroporto de Roma, porque ele é muito importante nas rotas para o norte da África e para o Oriente Médio. Mas a Itália só fornecerá as imagens se forem de um crime comum e não perseguição política. 
E o Brasil já provou que é caso de perseguição política, porque entraram na residência do casal, com busca e apreensão, para tirar telefone, computador, para fazer pesca probatória, quando no máximo houve uma injúria
- até mesmo vias de fato, que é contravenção penal, não justificava tudo aquilo. A Itália percebeu e tem de fazer jus ao fato de ser o berço do Direito romano.
 
Lewandowski, quem diria, agora reclama de insegurança jurídica
O ex-ministro Ricardo Lewandowski, agora na J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, disse que decisões diferentes do Supremo, principalmente na área tributária, causam insegurança jurídica. 
É claro que causam; espantam investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros. 
Mas Lewandowski se esqueceu de falar da insegurança política e institucional criada no dia em que ele, como presidente do Supremo, presidiu o julgamento de Dilma no Senado e ignoraram o parágrafo único do artigo 52 da Constituição, condenando a presidente e deixando-a elegível, ao contrário do que mandava a Carta Magna
Isso foi o início de uma série de decisões que geraram insegurança política e institucional do Brasil.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


segunda-feira, 19 de junho de 2023

CPI vai investigar se ONGs que atuam na Amazônia agem contra os interesses do país - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Senador Plínio Valério (PSDB-AM) presidirá a CPI das ONGs; Marcio Bittar (União Brasil-AC) (à esquerda) será o relator| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Nesta terça-feira (20) ocorre a segunda sessão da CPI das ONGs da Amazônia, que estava pronta para começar as investigações, quando, por interferência do Supremo, impôs-se ao Senado a CPI da Covid, que virou a “CPI do Circo”, com consequências desastrosas para a saúde das pessoas, até mesmo de vida ou morte.

A CPI das ONGs foi instalada, enfim, na semana passada, e nesta terça acontece o exame dos requerimentos de convocações. A comissão é uma sugestão do senador Plínio Valério (PSDB-AM) e pretende investigar o dinheiro do povo brasileiro, que foi para ONGs desde 2002, e se elas estão trabalhando contra os interesses do país.

CPMI dos atos de 8 de janeiro
Por falar nisso, a outra CPI, mista, dos atos de 8 de janeiro, não vai dar em nada. A relatora já disse que foi tentativa de golpe e ponto final. Que não vai apurar responsabilidades das autoridades. Não vai apurar as causas, não vai saber por quê
Duvido que apure exatamente os personagens que praticaram atos de vandalismo, quebrando o patrimônio público e cometendo crimes. 
O que vimos foram são aquelas pessoas idosas, até a senhora que estava cozinhando para os outros no acampamento, sendo levadas ao presídio e hoje monitoradas com tornozeleira eletrônica.

Mas há uma CPI no Legislativo de Brasília, do Distrito Federal, que vai ouvir nesta semana o general Gonçalves Dias, que a tropa do governo impediu que fosse convocado lá no Congresso. Ele foi convocado pela CPI local e vai ter que depor. [cabe duvidas se uma CPI presidida pelo petista Chico Vigilante, em outros tempos mais conhecido como 'chico gambiarra', vai investigar com seriedade o general, ex-guarda-costas do atual presidente petista.]

CPI do sítio de Atibaia e do tríplex do Guarujá
Todos sabemos que os processos do presidente Lula foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi condenado na primeira, na segunda e na terceira instância. 
Mas anularam o processo desde seu início, lá na 13ª Vara Federal. 
Não foi inocentado, não houve absolvição nem transitou em julgado. 
Então eu vejo a possibilidade de se fazer uma CPI para investigar os casos do sítio de Atibaia e do tríplex de Guarujá.[tem sentido; sabemos que um dos processos que motivaram a condenação do atual presidente (são tantos, que vez ou outra se perde o rumo) - processo anulado, não houve absolvição e sim uma mera descondenação - quando chegou ao CEP CERTO - Vara Federal de Brasília - estava prescrito. Mas, a prescrição não alcançou os do sítio e os do triplex. Caso não haja travamento, chegará a tempo de ser julgado.]

Afinal, por causa da Lava Jato, foram devolvidos quase R$ 7 bilhões, principalmente da Petrobras, em 43 acordos de leniência, que envolvem R$ 24,5 bilhões de corrupção confessa. Portanto, acho que há motivo, sim, para simplesmente não se jogar uma pá de cal sobre isso e deixar para as nossas crianças a sensação de que o crime compensa ou de que este é um país de impunidade.

 Conversas no celular do ajudante de ordens de Bolsonaro
Gostaria ainda de recomendar que leiam o diálogo entre e um coronel e um tenente-coronel que era ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Estão fazendo um barulho enorme, mas não querem que as pessoas leiam, porque quem ler vai chegar à mesma conclusão a que eu cheguei.

Na conversa, há um coronel que liga paro ajudante de ordens de Bolsonaro, seu companheiro de farda, e diz: “Ô, Cidão, por favor, convence o presidente a dar uma ordem". 
Mas o ajudante de ordens responde que o presidente não dará essa ordem. Pronto.
 
Se pegar a conversa da mulher do ajudante de ordens com a filha do general Eduardo Villas Boas, vai ver que é uma conversa igual as que recebemos mil vezes nas redes sociais
Estão fazendo um barulho para criar uma narrativa. 
Isso porque na quinta-feira (22) o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai julgar uma ação movida por partidos de esquerda alegando que Bolsonaro cometeu crime  eleitoral quando falou com embaixadores estrangeiros sobre o processo de votação eletrônica brasileiro sem comprovante de voto.
 
Outra coisa: lembram da cocaína que foi devolvida porque não havia ordem para apreendê-la? 
A decisão do STF dizia respeito a 695 kg da droga
Até anularam a pena do traficante porque não tinha ordem para apreender. Pois nos telefones do ajudante de Bolsonaro, onde encontraram essas mensagens, a ordem era para buscar, se houve, fraude no cartão de vacina. E não para bisbilhotar conversas.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Os devotos da ditadura - J. R. Guzzo

Revista Oeste

O TSE usou de modo ilícito suas funções na máquina pública para submeter 215 milhões de brasileiros a um flagrante regime de exceção 

 Jornalistas da Globo comemoram a vitória de Lula nas urnas  | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

Jornalistas da Globo comemoram a vitória de Lula nas urnas | Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução 

A ditadura judiciária imposta ao Brasil pelo STF em geral, e pelo ministro Alexandre de Moraes em particular, é o maior escândalo jamais registrado na história política do país.  
Não há precedentes de que algo assim tenha acontecido, em qualquer época: um grupo de nove pessoas, que não foi eleito por ninguém e não dispõe nem de um busca-pé como arma de fogo, usou de modo ilícito suas funções na máquina pública para submeter 215 milhões de brasileiros a um flagrante regime de exceção, violando de maneira sistemática, viciosa e agressiva a Constituição Federal e a legislação em vigor, as liberdades públicas e os direitos individuais. 
 
É bem sabido, objetivamente, por que uma aberração desse tamanho aconteceu. As coisas só ficaram do jeito que estão por causa da passividade do Senado, que tem a obrigação legal de impedir que o Supremo faça o que tem feito há pelo menos quatro anos, e das Forças Armadas, para quem a Constituição impôs o dever de defender o Estado de direito e as instituições nacionais se elas forem ameaçadas — e ninguém ameaçou mais as instituições, de 2018 para cá, do que o STF.  
Nem um nem outro fez nada; os ministros foram em frente, sem encontrar resistência nenhuma, e o resultado está aí. Menos mencionada, em tudo isso, é uma outra realidade. O STF e o ministro contam com um imenso apoio para a aventura em que enfiaram o Brasil — e isso foi decisivo, também, para a implantação da ditadura que existe hoje no país.
jantar reúne senadores e ministros do STF
Rodrigo Pacheco, [o omisso] presidente do Senado -
Foto: Antonio Molina/Estadão Conteúdo
Começa pelo mundo político. Houve uma ou outra oposição, aqui e ali, mas o fato é que a grande maioria dos políticos brasileiros apoia o Supremo e Moraes, por ação ou omissão
Não é preciso perder muito tempo arrumando explicações complicadas para coisas simples: basta constatar que a Câmara dos Deputados aceitou sem dar um pio a prisão, por nove meses, de um deputado federal. Foi absolutamente ilegal. 
O deputado não cometeu nenhum crime inafiançável e nem foi preso em flagrante, as únicas condições em que a legislação brasileira permite a prisão de um parlamentar eleito — mas a Câmara, no plano dos fatos, apoiou a decisão do ministro, como apoia o seu inquérito perpétuo e totalmente fora da lei para punir o que ele chama de “atos antidemocráticos”. 
Não se sabe de nada parecido em nenhum parlamento de país sério, em qualquer lugar do mundo.  
Se engolir uma agressão dessas proporções não é dar apoio, então o que seria? 
Na mesma linha, e já no terreno da alucinação, um deputado propôs a construção de estátuas de Alexandre Moraes em todas as praças do país. [foi o deputado por Brasília, vulgo Chico /Gambiarra.] Precisa dizer mais alguma coisa?

Mesmo quando impôs a censura prévia durante a campanha eleitoral, Alexandre de Moraes foi aplaudido como um herói pelos jornalistas

O STF conta também com a adesão extremada da maior parte da mídia, e certamente da totalidade dos veículos da imprensa tradicional de São Paulo e do Rio de Janeiro — a única à qual ainda se atribui algum valor hoje em dia. 
O ministro Moraes, em especial, foi canonizado pelos jornalistas como o salvador da democracia no Brasil. Mesmo quando impôs a censura prévia durante a campanha eleitoral, algo que não apenas destrói a liberdade de expressão essencial para o exercício do jornalismo, mas é expressamente proibido por lei, foi aplaudido como um herói. 
Houve uma ou outra objeção murmurada em editoriais aqui e ali, quase que pedindo desculpas, mas o fato é que Moraes tem a aprovação praticamente unânime da imprensa brasileira que jogou o tempo todo junto com ele na sua guerra de extermínio contra o presidente Jair Bolsonaro, e que já se prepara para receber do governo Lula, a partir de janeiro, os bilhões necessários para resolver suas dificuldades de caixa. 
 Jornalistas, em geral, tomam cuidado quando falam bem de alguém como o ministro — pode pegar mal, não é? No caso, porém, a prudência foi para o espaço, e a bajulação a Moraes é a mais agressiva na memória recente dos meios de comunicação deste país.

Apoia o STF, obviamente, tudo o que tem alguma coisa a ver com Lula e com seu futuro governo. É uma relação de troca. 
Até agora, o Supremo serviu diretamente ao projeto de Lula: tirou o ex-presidente da cadeia, anulou suas condenações na justiça, sumiu com a sua ficha suja e, por fim, interferiu maciçamente a seu favor na campanha eleitoral. 
A partir de agora vai continuar servindo, mas com toda a força da máquina estatal a seu favor. No mesmo bonde estão o aparelho da “sociedade civil” diretoria da OAB, bispos católicos etc. etc. etc. —, as classes intelectuais em peso e tudo o que pode ser descrito como “esquerda” neste país, incluindo os liberais do “centro civilizado”, banqueiros de investimento e bilionários que deram a si próprios, nestes últimos tempos, graves angústias e deveres sociais. 
Enfim, para completar a multidão (há mais gente, mas dá para ir ficando por aqui mesmo), existe o apoio incondicional do exterior. Para os que mandam nas democracias da Europa, dos Estados Unidos e seus subúrbios, o STF não pode fazer nada de errado. 
Seria curioso saber o que aconteceria se alguém soubesse, ali, 10% do que Moraes tem feito da proibição de dizer que Lula foi condenado pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro, até mandar a polícia sair à caça de um grupo de WhatsApp às 6 horas da manhã. Mas ninguém quer saber de nada. Nossa “suprema corte”, para as elites do Primeiro Mundo, “salvou o Brasil de Bolsonaro” — e isso não tem preço. [de qualquer forma, ousamos recomendar prudência aos supremos ministros que falarão sobre LIBERDADE e DEMOCRACIA em um seminário em Nova York, que sejam prudentes, comedidos em suas palavras, pois se lá - país  que respeita os direitos fundamentais - defenderem a DEMOCRACIA que praticam no Brasil, correm o risco de seus microfones serem cortados.]

Quer dizer: Bolsonaro é ruim, Maduro é lindo, o mundo volta a ser feliz e o STF, comandado pelo ministro Moraes, salvou a todos

Está tudo certíssimo e registrado em papelório oficial, naturalmente. A comissão internacional que veio para cá com o propósito de observar a honestidade da eleição decretou para o mundo, meio minuto depois do TSE anunciar o resultado, e sem apelação, que estava tudo perfeito com a votação e a apuração comandadas pela “justiça eleitoral”. [só não ousaram recomendar para seus países, alguns deles democracias tradicionais e incluídas entres as maiores do mundo, que criassem uma  Justiça Eleitoral. Certamente, a sugestão de tal criação, por ser o sugerido desnecessário,  seria ignorada.]  

Não fiscalizou, nem investigou e nem perguntou nada. Dezenas ou centenas de urnas com zero votos para Bolsonaro, ou só 1? 
Nenhum interesse da comissão. Censura? O que é isso? Interferência grosseira do TSE em favor de Lula na campanha eleitoral? Não vem ao caso. É tudo uma festa. A mídia internacional, como a brasileira, achou a eleição impecável — o Brasil, pela combinação dos valores democráticos de Lula e da coragem do STF em “enfrentar” Bolsonaro, foi salvo do “populismo de direita”. 
Governos europeus que vivem em estado de histeria permanente em relação ao “clima” e ao “planeta” reabriram os fundos que haviam suspendido seus desembolsos no Brasil volta tudo, agora, para o caixa das ONGs “ambientais”. A Amazônia “está salva”: Bolsonaro vai embora, todos os problemas vão sumir no dia 1º de janeiro de 2023, dos incêndios ao garimpo ilegal, e o STF foi essencial para se conseguir isso. Ou seja, além de salvar a democracia, o Supremo salvou também as reservas de oxigênio existentes no sistema solar.
ministros do stf
Dez dos 11 ministros do STF recebem Lula na sede da Corte, 
em Brasília, para uma conversa que durou 50 minutos – 9/11/2022 - 
 Foto: Divulgação

É tudo uma palhaçada gigante. Bolsonaro, que se prepara para deixar o governo após o seu mandato legal de quatro anos, é um perigoso ditador que foi barrado por Lula e pelo STF. Nicolás Maduro, que é um ditador de verdade, desses que nunca mais vão sair do governo, é abraçado com açúcar e com afeto pelo antibolsonarista número 1 da Europa, o presidente François Macron, da França. 

 Quer dizer: Bolsonaro é ruim, Maduro é lindo, o mundo volta a ser feliz e o STF, comandado pelo ministro Moraes, salvou a todos. 

Macron provavelmente não tem a menor ideia de quem é Alexandre Moraes; mas, se ficar sabendo que o ministro é mais contra Bolsonaro do que o próprio Lula, pode acabar lhe dando a Legião de Honra
Da mesma forma, a elite americana se prepara para mostrar ao mundo que está ao lado do STF: seis ministros, nada menos que seis, e Alexandre de Moraes no papel de grande chefe de todos, estarão num evento em Nova York nos dias 14 e 15 de novembro, onde serão homenageados como colossos da democracia universal. 
A coisa se chama “O Brasil e o Respeito à Democracia e a Liberdade” — isso mesmo “liberdade”, que nunca esteve pior do que está hoje, e por culpa justamente do STF e Moraes
Ninguém ali, obviamente, vai perguntar sobre processos em que os cidadãos não sabem do que estão sendo acusados. 
Nem sobre o economista Marcos Cintra, que fez uma sugestão ao TSE e foi intimado a comparecer à polícia para explicar possível “crime eleitoral”. Nem sobre a “desmonetização” de comunicadores que estão na lista negra do Supremo, e nem sobre coisa nenhuma.

Há, além disso, o puro desvario da viagem, da comemoração e de tudo o mais. Imaginem se um grupo de seis juízes das cortes superiores dos Estados Unidos, ou da França, ou da Alemanha, ou de qualquer país considerado adulto, viesse ao Brasil, ou fosse a qualquer lugar do mundo, para fazer uma coisa dessas — falar de política e fazer propaganda dos seus próprios méritos. É demência em estado puro. O STF ama fazer de conta que é a Suprema Corte americana; cada dia fica mais parecida com Alexandre Moraes.  
Vão continuar como estão, é claro, ou buscar novos extremos. 
Mudar para quê? Em time que está ganhando não se mexe.

Leia também “O Brasil da desordem”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

quinta-feira, 14 de abril de 2022

O Ministério do Índio de Lula - O Estado de S. Paulo

 J.R.Guzzo

Marca registrada do PT é justamente essa: recomendar apenas soluções já comprovadamente fracassadas para qualquer questão que lhes passe pela frente

O ex-presidente Lula acaba de anunciar mais uma realização do seu futuro governo: o Ministério do Índio. É a última promessa, na escalada que vem fazendo há algumas semanas; segundo ele, o Brasil precisa com urgência de mais esse ministério, além de todos os que já tem e os que seu governo vai criar.
Como é que ninguém havia pensado nisso antes, não é? Pois então: Lula esta aí, mais uma vez, para resolver o que ninguém resolve neste País. Foi muito aplaudido, é claro, quando apresentou seu novo projeto, numa reunião com lideranças indígenas profissionais dessas que vivem viajando à Europa, com tudo pago, para falar mal do Brasil, que estão envolvidas com histórias de ONGs, e por aí afora. Basta olhar as fotos: são as mesmas caras de sempre.

lula
Lula fez um discurso no Acampamento Terra Livre, organizado por grupos indígenas em Brasília, nesta terça-feira, 12.  Foto: REUTERS/Adriano Machado

Há hoje no Brasil 900.000 índios, ou algo assim, menos que a população de Guarulhos sendo que a maioria deles vive fora das reservas indígenas oficiais.  

Será que precisa um ministério inteiro para cuidar de 0,4% da população brasileira? Também há no Brasil 1.200.000 advogados – mais que índio. Porque não criar, então, um Ministério dos Advogados? Ou um Ministério dos Dentistas?de motoboys, pelo Brasil afora, há uma população que chega a 1.400.000 trabalhadores. Fica aí a ideia para Lula: a criação do Ministério dos Motoboys. É demente. Mas esse tipo de coisa é puro Lula: há mais de 40 anos ele está convencido que todos os problemas do Brasil se resolvem com a criação de ministérios. Há fome? Cria-se o Ministério da Fome. Falta chuva? Cria-se o Ministério da Chuva. Chove demais? Cria-se o Ministério do Bom Tempo
Os governos Lula jamais resolveram um único problema agindo desse jeito. 
Mas a marca registrada de Lula e do PT é justamente essa: recomendar apenas soluções já comprovadamente fracassadas para qualquer questão que lhes passe pela frente. 
 
Numa de suas declarações mais espetaculares, tempos atrás, Lula disse que a covid era uma coisa boa: “ainda bem” que a natureza trouxe essa desgraça, afirmou ele, porque assim o Brasil ia aprender de uma vez por todas como “o Estado” é importante – e como o cidadão depende da autoridade pública para tudo nesta vida. 
Lula admitiu, depois, que tinha sido uma declaração “infeliz”. Mas o que disse já estava dito, com toda a clareza do mundo, e mostra exatamente o que ele tem dentro da cabeça. [afinal lula é um molusco e tem um parentesco com camarão.]  
Em nome do seu precioso “Estado” que tem de estar crescendo sempre – inclusive com o Ministério do Índio – ele achou que a covid foi uma grande sorte para o Brasil. 
Na verdade foi um horror que matou mais de 660.000 brasileiros até agora. Mas, segundo Lula, “ainda bem” que esse horror passou por aqui.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

POR QUE O NÚMERO DE HOMICÍDIOS VEM CAINDO? - Roberto Motta

Desde 2018 o número de homicídios vem caindo no Brasil (a exceção foi 2020). A explicação para a queda, segundo os “especialistas” da TV, é a “profissionalização” dos traficantes.

Antes de rir dessa "explicação", saiba disso: as estatísticas criminais brasileiras são produzidas e interpretadas por ONGs de esquerda.

São as mesmas ONGs que defendem ideias como liberação das drogas, "desencarceramento", "desarmamento", "desmilitarização" da polícia, suspensão das operações policiais nas favelas do Rio (ADPF 635) e "garantismo penal".

"Garantismo" é a doutrina que afirma que só os direitos dos criminosos é que importam.

Os absurdos que essas ONGs dizem sobre as estatísticas criminais se tornam a versão oficial divulgada pela mídia, aceita pelo Estado e ensinada nas escolas e universidades.

Mas a verdade é essa:

É impossível dizer com certeza qual é a razão da queda dos homicídios, porque nenhum pesquisador independente e sério tem acesso aos dados. Eles só estão disponíveis para as ONGs de esquerda.[cujo compromisso com a verdade e com tudo tenha algum valor é menor que ZERO.]

Alguns homicídios são resultado do tráfico, outros são resultado de assaltos, outros resultam de disputas domésticas. [não pode ser esquecido que se a vítima for afrodescendente a motivação do homicídio passa automaticamente a ser racismo - apesar de em alguns homicídios vitimando pessoas negras e classificados de imediato pela mídia militante como racismo, nenhum dos indiciamentos foi por racismo. Vale o mesmo se a vítima for alguém do grupo "LGBT ... 'sopa de letras'".] Sem analisar o detalhe dos dados, pouco se pode dizer.

Mas, se os "especialistas" da TV podem dar o palpite deles, eu também vou dar o meu. Os homicídios estão em queda desde 2018 porque, finalmente, estão se levantando vozes relevantes que dizem que o criminoso deve ser reprimido, e não estimulado, pelo Estado.

Uma dessas vozes foi a do presidente Jair Bolsonaro. Isso faz uma diferença gigantesca, porque tudo começa com as ideias certas.

Quando essas vozes começarem a provocar mudanças estruturais - nas leis penais, na polícia e nos presídios - a queda da criminalidade será gigantesca e permanente.  
E seremos novamente - como já fomos até muito pouco tempo - um país normal e seguro para se viver.

Muita gente pergunta “por que a Direita não tem ONGs que tratam de segurança pública” ?

Resposta: As ONGs de esquerda recebem MILHÕES em doações todos os anos.

Abra uma ONG que não seja de esquerda e tente conseguir um real sequer de doação. [sendo o Brasil o país das cotas,sugerimos que seja estipulado por lei que um percentual sobre as doações às ONGs de esquerda seja transferido compulsoriamente para ONGs de direita. Esperamos que as cotas favorecendo ONGs de direita, não sejam declaradas inconstitucionais, em face do mandamento constitucional de "que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza ...". ]

Roberto Motta - Publicado originalmente na página do autor no Facebook


segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Marco temporal - O Estado de S. Paulo

Denis Lerrer Rosenfield

Trata-se de uma questão constitucional, que já deveria estar resolvida segundo a Carta de 1988.

A atual rediscussão sobre o marco temporal de demarcação de terras indígenas sofre de um viés ideológico incontestável que nada tem que ver com uma suposta injustiça originária que estaria sendo, assim, reparada. Tal como está sendo apresentada, é como se estivéssemos diante de um novo conflito entre bolsonarismo e anti-bolsonarismo, atraso versus progresso, quando se trata, na verdade, de uma questão constitucional, que já deveria estar resolvida segundo a Constituição de 1988. O [maldito] politicamente correto se regozija, trazendo imensa insegurança jurídica ao País. Há, aqui, uma infeliz sobreposição temporal que termina obscurecendo a questão central.

Preliminarmente, observe-se que nossa atual Constituição, em seu artigo 231, estabeleceu claramente o marco temporal como sendo aquele quando de sua promulgação, reconhecendo territórios indígenas às tribos que, no presente, então ocupavam aquelas terras.  
Não se trata de qualquer ocupação passada segundo uma autoatribuição. Quando do julgamento posterior do caso da Raposa Serra do Sol, em 2009, tal posição foi referendada com um justo acréscimo, a saber, que seriam também reconhecidos como territórios indígenas os que estariam, naquela época, em conflito ou contencioso, o que configuraria um esbulho persistente. 
A intenção foi a de evitar que expulsões recentes destituindo os indígenas de suas terras dessem origem a um direito. Dito isso, o assunto deveria estar resolvido e pacificado, não fosse o descontentamento dos perdedores, que, desde então, lutam contra a própria Constituição. 
É a velha história jurídica brasileira: os perdedores abusam de recursos até serem atendidos.
Não é propriamente adequado que o Supremo Tribunal Federal (STF) se debruce sobre uma questão pacificada do ponto de vista jurídico só porque a sua composição mudou e os descontentes se agitam com apoio de um setor importante da mídia. 
 
Entra um novo ministro e pretende tudo mudar, como se o mundo devesse ser reinventado, como se os ministros anteriores tivessem julgado sem nenhum conhecimento. 
É um desrespeito flagrante com os seus antecessores. É a balbúrdia como princípio hermenêutico. 
O Supremo deveria ser supremo, definitivo em suas decisões, sob pena de deixar de sê-lo tornando-se fonte permanente de conflitos. 
O princípio não poderia ser nova composição, nova decisão.
 
Para ter uma ideia mais precisa dos territórios indígenas no País, atente-se para os números:  
1) 14,1% do território nacional é constituído por terras indígenas, correspondendo a 119,8 milhões de hectares, concentrados sobretudo nas Regiões Norte e Centro-Oeste; [CONFIRA:Hoje, o maior latifundiário do País é o índio’.]
2) se não houver nenhum marco temporal que imponha um limite, as áreas reivindicadas e em estudos remontariam a outros 117,12 milhões de hectares, o que corresponderia a 27,8% do território nacional, situados principalmente nas Regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, áreas de intensa atividade agrícola e pecuária, além de centros urbanos.

Aliás, se formos seguir à risca a tese dos “direitos originários”, as desapropriações deveriam começar pelas cidades de Salvador e Rio de Janeiro, com os prédios sendo demolidos e os proprietários sendo, segundo a atual regra, expropriados, o que ocorre usualmente no mundo rural. Afinal, foi lá que aportaram primeiro os portugueses! O absurdo deste raciocínio mostra bem ao que pode levar, ao seu extremo, a anulação do marco temporal de demarcação de terras indígenas.    

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população indígena é constituída por 896 mil índios, e 502 mil vivem em territórios indígenas e 315 mil fora deles, boa parte em zonas urbanas. Nestas não há problema fundiário, mas de política social, porque sofrem eles de preconceito e com educação e saúde precárias. Urge que o Estado intervenha, aqui, efetivamente, não ideologizando um problema grave de injustiça. Logo, em torno de 500 mil indígenas estariam reivindicando 27,8% do território nacional. Não há algo errado nisso?

No que diz respeito à zona rural, os conflitos têm se multiplicado, opondo agricultores com posse e/ou títulos de propriedades, outorgados pelo próprio Estado, e grupos de índios que reivindicam o que consideram também como seus direitos. Estaríamos diante de uma oposição de direitos que poderíamos considerar como justos de ambos os lados. Como resolver? A solução seria simples, não fossem os interesses dos que vivem dos conflitos. Muitas ONGs ficariam sem trabalho.

Com efeito, bastaria que, em caso de uma disputa, o Estado constituísse uma reserva indígena no local em questão, comprando terras, a valor de mercado, e indenizando os seus proprietários.  
Os agricultores teriam os seus direitos preservados e os indígenas, os seus igualmente assegurados. A justiça seria feita pelo atendimento a ambos os direitos. Na situação atual, há verdadeira expropriação, com os empreendedores rurais sendo abandonados à própria sorte.

Não se repara uma injustiça com outra injustiça!

SAIBA MAIS:  Florestas e índios - Gazeta do Povo - VOZES

Denis Lerrer Rosenfield, Professor de filosofia - O Estado de S. Paulo
 

sábado, 11 de setembro de 2021

Defesa da vida - Defesa do aborto e do meio ambiente juntos fazem sentido? - Gazeta do Povo

Cristina Graeml

É inacreditável a hipocrisia de alguns ambientalistas que se dizem tão preocupados com a vida na Terra, dedicam seus dias a discutir possíveis soluções para problemas como desmatamento, queimadas, poluição, lixo e as ameaças de tudo isso à flora, fauna e aos humanos (o que não só é legítimo, como muito bem-vindo), mas, de forma absolutamente incoerente, defendem o aborto.

Querem salvar o planeta para salvar o homem, mas defendem matar seus descendentes, os seres humanos mais indefesos, aqueles que ainda nem nasceram, estão na barriga da mãe e não têm voz para se defender sozinhos.  Esta é a pauta absurda que dezenas de “ambientalistas” querem levar para discussão na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia. Estão propondo que parte dos fundos de combate a mudanças climáticas seja destinada para programas de aborto.

ONGs pró-aborto infiltradas no ambientalismo
Matéria publicada na Gazeta do Povo na última quinta (2), traz o alerta para o absurdo que pode vir a tomar conta de algumas discussões da maior reunião de ambientalistas este ano, a COP26, daqui a dois meses, em Glasgow, na Escócia. ONGs vão sugerir que fundos de combate a mudanças climáticas sejam usados para financiar programas de aborto.

O primeiro absurdo aí é misturar defesa do meio ambiente, e portanto da vida, com morte. É consenso que florestas, rios, mares e a atmosfera devam ser preservados para que esteja garantida a própria sobrevivência das espécies e, portanto, a vida no planeta. Misturar isso com defesa de morte programada ou, para ser bem direta, assassinato de seres humanos, não é apenas desonesto, mas uma flagrante incoerência, para dizer o mínimo.

Tirar dinheiro que pode ajudar na preservação da vida para promover morte é algo inaceitável. É um crime duplo, já que reduz a possibilidade de preservar o planeta e a vida na Terra para bancar a morte de seres humanos.  A reportagem lembra que essa reunião vai acontecer depois da divulgação do último relatório da ONU sobre o clima, que lançou um “alerta vermelho para a humanidade”, nas palavras do próprio secretário-geral da ONU, Antônio Gutierrez.

Era de se esperar que os ambientalistas estivessem empenhados em achar soluções para desativar esse alerta e já chegassem à reunião, em novembro, com propostas palpáveis, que convencessem governos a arregaçar as mangas e começar o serviço que já deveriam estar fazendo há muito tempo. Garantir redução nas emissões de carbono, na poluição e maior combate a desmatamento, queimadas e matança de animais deveria ser a razão única de uma reunião mundial em prol do meio ambiente. Mas eis que aparecem com a “brilhante” ideia de usar dinheiro de combate ao que chamam de mudanças climáticas para financiamento do aborto.

Defesa da vida
Tenho artigos e vídeos publicados em defesa da vida, desmontando argumentos batidos do feminismo radical - como “lugar de fala” e “meu corpo minhas regras” -, como se tudo fosse uma questão de autonomia da mulher, quando na verdade há dois corpos em questão e um deles ainda em formação, sem voz para se defender.

Sempre me pergunto por que não dão “lugar de fala” a quem se dispõe a fazer o papel de advogado dos bebês ou aos pais, que têm 50% de responsabilidade na concepção e do DNA dessas vidas em formação. E por que, propositalmente, ignoram que a mulher tem a opção de se proteger para não engravidar, em vez de deixar para decidir depois que já engravidou. A única resposta que me ocorre é má fé.

Neste artigo não quero me aprofundar na argumentação em defesa da vida, mas recomendo a leitura, na página das Convicções da Gazeta do Povo, de artigo exclusivo sobre o tema, explicando por que este jornal defende a vida desde a concepção.  E sugiro fortemente que você assista, caso ainda não tenha visto, a entrevista que gravei semanas atrás com Hanna Zanin, ativista da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família. É uma jovem de 32 anos, mãe de quatro filhos, que luta contra o genocídio promovido pela indústria do aborto.

COP26 e o “ambientalismo” abortista
O propósito deste artigo é dar mais visibilidade a um tema que figurou entre as notícias da semana aqui da Gazeta esta semana e pode ter passado despercebido a muitos leitores, em meio a tantos títulos mais chamativos com os absurdos da política e da tirania do Judiciário brasileiro. A mim pareceu de extrema preocupação a proposta absurda de algumas ONGs para a pauta da COP26. Ao mesmo tempo, acho relevante escancarar a hipocrisia de parte desses supostos ambientalistas para termos mais noção de que não há só santos nessas reuniões do clima ou mesmo na defesa do meio ambiente.

Há, pelo contrário, muito interesse comercial e más intenções. E, do lado de cá, muita gente embarcando na onda errada ao sair defendendo determinadas pautas sem estudar o assunto e sem se informar direito para saber onde está pisando. Seguem dois parágrafos da reportagem.

"No final do mês de agosto, mais de 60 organizações promotoras do aborto enviaram uma carta ao Governo do Reino Unido em que pedem para incluir o financiamento para "contracepção" em seu orçamento de 11 bilhões de libras (quase 79 bilhões de reais na cotação atual) para o clima."

"Noticiada pelo jornal britânico The Guardian, a carta foi endereçada a Alok Sharma, presidente da COP26, e solicitou que as regras de elegibilidade de financiamento sejam alteradas para permitir que projetos relacionados a remoção de barreiras à saúde reprodutiva (eufemismo amplamente usado para designar o aborto) possam receber os fundos destinados ao clima."

Repare na malícia, na estratégia suja dessas ONGs. Escrevem uma carta para o presidente da COP26, a reunião de Glasgow, na Escócia, já pedindo alteração nas regras para financiamento de ONGs que se dizem defensoras do meio ambiente, permitindo a inclusão de entidades pró-aborto. E aí fingem que querem parte do dinheiro para “contracepção”, como se fosse para comprar pílulas e camisinhas, mas já na frase seguinte se entregam, porque o termosaúde reprodutiva” é sempre usado por abortistas na tentativa de disfarçar seu apoio ao crime de matar bebês no ventre das mães.

Insisto que mesmo que fosse para evitar gravidez indesejada, o que é que isso tem a ver com defesa do meio ambiente? Tem cabimento ONGs abortistas se infiltrarem na discussão sobre mudanças climáticas e defesa do planeta e ainda quererem roubar parte do dinheiro destinado à fiscalização de ataques a áreas protegidas ou a programas de despoluição de rios e oceanos?

Espero, sinceramente, que esse tipo de pedido seja ignorado pela organização da COP26 e que as ONGs que verdadeiramente se preocupam com a vida na Terra se manifestem contra isso e não permitam o desvio de verbas destinadas à defesa do planeta para quem promove morte.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Leões, hienas e abutres - O Estado de S.Paulo

Eliane Cantanhêde

As feras estão à solta, mas quem é mais perigoso: hienas ou leões pró-ditaduras?

Assim como o vídeo das hienas, os movimentos do presidente Jair Bolsonaro e dos seus filhos têm um objetivo: mobilizar os “leões conservadores e patriotas”, ou seja, os bolsonaristas. Não exatamente para defender a Pátria, mas para guerrear contra os inimigos, reais ou imaginários.

Bolsonaro e seu filho Carlos brincaram de empurra-empurra no caso do vídeo, retirado das redes depois de poucas horas e muitas reações. Na peça, Bolsonaro é um leão atacado por “hienas”, bichos de péssima reputação: Supremo, partidos, mídia, OAB, ONGs e até a ONU. No final, o “leão conservador e patriota”, representando os bolsonaristas de toda ordem, vem unir-se a ele contra as feras.

Há dúvidas, porém, sobre quem são as feras, principalmente depois que o líder do PSL na Câmara Eduardo Bolsonaro, ex-quase embaixador em Washington, dispensou metáforas e filmetes ridículos e ameaçou o País com a volta do AI-5, o mais demoníaco instrumento formal da ditadura militar, que permitiu fechar o Congresso, perseguir ministros do STF, censurar a imprensa, suprimir as garantias individuais. [O AI-5 - ATO INSTITUCIONAL N° 5, foi um instrumento legal forte, enérgico e adequado para combater os inimigos do Brasil da SOBERANIA e da SEGURANÇA NACIONAL.
Só é temido pelo que tem intenções e/ou comportamentos atentatórios contra  INDEPENDÊNCIA e SOBERANIA do Brasil.]

Os dois depoimentos nebulosos do tal porteiro do condomínio de Bolsonaro no Rio serviram de carne aos leões e de munição para a guerra contra as instituições. A longa reação do presidente, de madrugada, num país longínquo, saiu da seara da legítima defesa para a do ataque à “hiena” mídia e ao governador Wilson Witzel. Mais uma vez, soou como chamamento irado aos “leões conservadores e patrióticos”.

Em sua fala, Bolsonaro referiu-se ao que considera uma perseguição implacável contra ele, seus filhos, sua mulher, seus irmãos, seu governo, apontando motivos eleitorais no caso de Witzel e ideológicos no da mídia. Se o ex-presidente Lula chegou a ver, da prisão, deve ter no fundo concordado com tudo, já que ele, tirando o nome de Witzel, tinha exatamente as mesmas reclamações dessa mídia “canalha” que divulga o que eles não querem.

Nas redes, Carlos juntou “abutres” às “hienas”. Na CPI das Fake News, Eduardo guerreava com o deputado Alexandre Frota, um ex-“leão conservador e patriótico” que virou tucano e acaba de ser convertido em hiena. Um zoológico cômico, não fosse trágico. Tira o foco dos resultados econômicos e comerciais da viagem do presidente a países asiáticos e árabes. Ninguém mais fala de mudar a embaixada de Israel para Jerusalém e ele volta para casa com promessas de investimentos de US$ 10 bilhões só da Arábia Saudita. [o presidente Bolsonaro ao priorizar o comércio com os países árabes, mostra ser um estadista, com visão para os aspectos econômicos das relações entre países - deve sempre fazer a opção mais vantajosa para o Brasil.
Esse comportamento do presidente mostra que tem capacidade política e pode comandar os ministros sérios citados no parágrafo abaixo.] Uma ditadura brutal, mas isso é outra história.

Enquanto Bolsonaro e os filhos guerreiam contra as instituições, Paulo Guedes e os ministros sérios se articulam exatamente com as “hienas e abutres” da Câmara, Senado e STF, para retomar o desenvolvimento, destravar a economia, reduzir o dirigismo estatal e, em consequência, como eles esperam, gerar inclusão social. Todo esse otimismo com um círculo virtuoso ocorre apesar dos Bolsonaro, que parecem aguardar ansiosos os dois próximos capítulos para defender autoritarismo e convocar os “leões”.

Primeiro, o fim da a prisão em segunda instância no STF, cutucando onças e leões, conservadores ou não, com vara curta. A leãozada já estará então a ponto de bala para o capítulo final: o Lula livre. Nada mais forte e eficaz para desenjaular de vez os “leões conservadores e patrióticos” do que soltar essa hiena gigante.

Ninguém jamais dirá isso no Planalto, mas para quem adora AI-5, Ustra, Pinochet e Stroessner é uma festa o STF derrubar a prisão de segunda instância e livrar Lula, criando o ambiente ideal para os leões. Nesse script, o porteiro da Barra seria o novo Márcio Moreira Alves: apenas um pretexto. Ainda bem que tudo não passa de pura ficção.
 
Eliane Cantanhêde, colunista  - O Estado de S. Paulo 


sábado, 12 de outubro de 2019

Estranhamos o silêncio da ONU e ONGs, sempre tão vigilantes com o meio ambiente', diz Bolsonaro sobre óleo no Nordeste - O Globo

No Twitter, presidente rebateu críticas de que governo demorou a reagir a desastre ambiental

 O presidente Jair Bolsonaro rebateu no Twitter as críticas de que o governo demorou a reagir ao vazamento de óleo que já chegou a mais de 150 praias do Nordeste . Segundo o presidente, desde 2 de setembro o governo estaria atrás dos responsáveis pelo derramamento de petróleo na região. No mesmo post deste sábado, Bolsonaro ironizou a atuação das Organizações das Nações Unidas ( ONU ) e de ONGs ligadas ao meio ambiente.
"Estranhamos o silêncio da ONU e ONGs, sempre tão vigilantes com o meio ambiente", escreveu o presidente.
Mais de 150 praias atingidas
Segundo o último balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), nesta sexta-feira,  156 localidades  já foram atingidas pelas manchas de óleo.

Também nesta sexta, o óleo chegou a  Salvador,  na  Bahia, e atingiu mais oito cidades do estado. Além da capital baiana, os municípios de  Lauro de Freitas,   Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde  e  Jandaíra  também foram afetados.
O cenário paradisíaco da  Praia do Forte,  localizada no município de  Mata do São João  (BA) e conhecida pelos seus recifes e água cristalina, deu lugar a grossas camadas de  óleo  cru. Voluntários dizem ter recolhido duas toneladas do material da região, conhecida por seus recifes e tartarugas.
As manchas atingiram ainda uma área de conservação da natureza: a Reserva Extrativista (Resex) Cururupu, no  Maranhão , a 157 km de São Luís.
Áreas com localidades oleadas no nordeste brasileiro

Na quinta, a Marinha decidiu que vai notificar 30 embarcações de 10 países para prestarem esclarecimentos no inquérito que apura a origem do material.
O Globo - Edição de 12 outubro 2019



quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Sem apresentar qualquer prova, Bolsonaro tenta ligar ONGs a queimadas (Estadão Conteúdo)

 Transcrito de Veja

Presidente atribui insinuação ao seu "sentimento", mas pesquisa científica relaciona aumento dos incêndios na floresta amazônica ao avanço no desmatamento

[algumas ONGs, sem os recursos dos 'defensores'  estrangeiros do meio ambiente, vão ficar na penúria, igual estão os sindicatos sem o imposto sindical.]


Depois de um levantamento indicar aumento no número de focos de queimadas na Amazônia em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) insinuou que esse tipo de ação tem sido provocada por ONGs com o intuito de prejudicá-lo. “Pode estar havendo, não estou afirmando, ação criminosa desses ‘ongueiros’ para exatamente chamar a atenção contra a minha pessoa”, afirmou, ao sair do Palácio do Planalto, nesta quarta-feira, 21. O presidente, entretanto, não apresentou qualquer prova dessa sua hipótese, baseada apenas em seu “sentimento”. “O pessoal foi para lá filmar e tacaram fogo. Esse é o meu sentimento”. À parte disso, uma análise técnica do Instituto de Pesquisas Ambiental da Amazônia (Ipam) relaciona o aumento dos incêndios na floresta, que já é 60% superior à média dos últimos três anos, ao avanço do desmatamento na região.

O aumento no desmatamento durante o governo Bolsonaro já provocou a suspensão de recursos dos governos da Noruega e da Alemanha para o Fundo Amazônia, que serviam para financiar atividades de preservação. Reportagem de capa de VEJA em sua edição 2648 mostra que, além de arranharem a imagem do país no exterior, as ações e o discurso do presidente contra o meio ambiente podem trazer enormes prejuízos à economia brasileira.

[antes de esculachar a política ambiental do governo do presidente Bolsonaro, ou o presidente, conheça as verdadeiras razões da Noruega, da Alemanha e da política “Farms Here, Forests There”,, clicando aqui.]

 

Do começo do ano até esta terça-feira 20 foram registrados 39.033 focos no bioma Amazônico, contra 22.165 no ano passado até o final de agosto, segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número também já supera os dados dos oito primeiros meses de 2016, que tinha sido particularmente seco no início do ano e registrado 36.333 focos até 31 de agosto.
Questionado se o bloqueio de recursos do Fundo Amazônia pode prejudicar ações de combate ao fogo, Bolsonaro afirmou que 40% dos recursos serviam para “bancar ONGs”. O presidente também culpou os governadores dos estados da região pela situação. “Não quero citar nome, que está conivente com o que está acontecendo e bota a culpa no governo federal”, disse.

O presidente disse que o governo discute maneiras de combater os incêndios. “A Justiça pode mandar, acredite, quarenta homens da Força Nacional para lá. É uma gota d’água no meio do oceano. As Forças Armadas, devemos usar, talvez a partir de amanhã, unidades ali da região, porque não tem como deslocar daqui para lá. Vai faltar comida para o Exército a partir de setembro. É a situação em que nós nos encontramos.”

Epidemia de incêndios
O número de focos de incêndios, para maioria dos estados da região, já é o maior dos últimos quatro anos. O Mato Grosso lidera, com 13.682 focos até segunda-feira, alta de 87% em relação ao ano passado. E já supera também o ano de 2016, que tinha sido o recorde para o estado, com 12.896 focos. No Brasil como um todo, este já é o ano com maior número de focos de calor desde 2013. Uma das justificativas para a alta é que este ano a Amazônia novamente está enfrentando uma estiagem mais prolongada, como ocorreu em 2016, mas de acordo com os pesquisadores do Ipam, só a seca não explica a alta nas queimadas. Avaliando o cenário local de seca até o último dia 14, o grupo liderado por Divino Silvério observou que a estiagem atual está mais branda do que nos últimos anos.

Os pesquisadores compararam os focos de incêndio registrados pelo Inpe com indicadores de alertas de desmatamento feitos pelo sistema de monitoramento por satélites SAD, do Imazon, e observaram uma correlação forte, indicando que “o desmatamento possa ser um fator de impulsionamento”, escrevem em nota técnica divulgada nesta terça-feira 20.
“Os dez municípios amazônicos que mais registraram focos de incêndios foram também os que tiveram maiores taxas de desmatamento”, comparam os autores. Segundo eles, esses municípios são os responsáveis por 37% dos focos de calor em 2019 e por 43% do desmatamento registrado até o mês de julho na região. “Essa concentração de incêndios florestais em áreas recém-desmatadas e com estiagem branda representa um forte indicativo do caráter intencional dos incêndios: limpeza de áreas recém-desmatadas”, apontam.

Veja - Fonte - Estadão Conteúdo