Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
quinta-feira, 29 de junho de 2023
A cesta (nada) básica do MST - Artur Piva
terça-feira, 13 de dezembro de 2022
TSE e a cartilha de palavras proibidas - Cristina Graeml
TSE há muito deixou de ser a sigla para Tribunal Superior Eleitoral na cabeça dos brasileiros, porque a corte administrativa, que deveria cuidar só de eleições, arvorou-se o direito de ditar regras sobre o que pode ou não ser dito e como dizer.
Não bastasse a censura prévia, os temas proibidos, os questionamentos impossíveis de serem feitos sob ameaça de banimento de redes sociais, multa e, quiçá, prisão, agora o TSE achou por bem lançar uma cartilha de palavras e termos impróprios, que devem ser banidos do vocabulário.
A vontade é de mandar plantar batata, mas o melhor talvez seja mesmo lembrar aos excelentíssimos ministros que ainda há muitos pedidos de direito de resposta até hoje não analisados e um radiolão inteiro por investigar.
TSE e a "novilíngua"
Depois de ler que o TSE, que tantas respostas deve ao povo brasileiro, andou promovendo encontro para discutir Democracia e Consciência Antirracista, e que daí saiu uma listinha de palavras proibidas, a sensação é mesmo a de estar dentro do clássico da literatura 1984.
A ficção, escrita há mais de sete décadas, parece ser a mola propulsora de ideias nas altas cortes de justiça brasileiras. Primeiro instituíram um "Ministério da Verdade" para determinar o que pode ou não ser dito. E ai de quem não obedecer. A censura corre solta, multas e prisões, idem.
A 2ª geração de desordem eleitoral vem disfarçada de cartilha para impor ao país uma nova língua ("novilíngua"), seguindo os passos do que está descrito no romance distópico do jornalista indiano naturalizado britânico, George Orwell.
Ao todo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) listou 40 palavras e expressões numa cartilha politicamente correta, cujo título é "Expressões racistas: por que evitá-las".
Segundo o órgão, o objetivo do manual é listar palavras e expressões a serem banidas do vocabulário brasileiro sob a justificativa de que os termos seriam ofensivos a pessoas negras. Aí entra de tudo, do verbo esclarecer ao bolo "nega maluca".
É um verdadeiro "samba do crioulo doido", um manual de "meia-tigela", feito "nas coxas", não sei se por "pretos de alma branca", brancos de alma preta, índios, amarelos, pardos, "mulatos", pouco importa.
No Segunda Opinião, esses burocratas do voto, que querem agora avançar sobre a linguagem, não passarão. Vamos esclarecer tudo para não deixar a comissão sei lá das quantas do TSE denegrir a língua portuguesa. Minha pátria é minha língua!
Cristina Graeml, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES
quinta-feira, 26 de maio de 2022
O agronegócio alimenta o Brasil - Revista Oeste
Campeões de eficiência, produtores rurais não atendem apenas ao mercado externo
O mito de que o agronegócio alimenta o mundo, mas deixa o brasileiro passando fome, não se sustenta mais. Nem a concepção de que dependemos de pequenos agricultores primitivos, como o clichê criado por movimentos de esquerda.
A produção agrícola que fornece alimentos para a população do Brasil não é aquela cultivada apenas na enxada, no arado puxado à tração animal e adubada somente com esterco. Esse agricultor ainda existe, mas não consegue colher mais que o suficiente para o próprio sustento. Equipamentos como tablets e drones aparecem com frequência cada vez maior no campo.
O agronegócio, que pode ser familiar ou empresarial, usa técnicas modernas e ocorre em áreas de todos os tamanhos. O Censo Agro 2017 mostrou, por exemplo, que o número de tratores, próximo de 250 mil em 1975, pulou para 1,25 milhão.
Com a evolução tecnológica continuamente avançando na área rural, a disponibilidade de alimentos deu um salto. A produtividade do arroz, um dos principais pratos consumidos no país, aumentou mais de seis vezes desde o fim da década de 1970, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para o feijão, o crescimento chegou a três vezes. Em quase 50 anos, a cultura de grãos no Brasil ficou, em média, quatro vezes mais eficiente. A colheita saiu de cerca de uma tonelada por hectare para quase quatro toneladas por hectare em 2021.
A fabricação do óleo de soja, amplamente utilizado nos lares nacionais, é sete vezes superior ao consumo interno. E a safra do grão in natura — acima de 120 milhões de toneladas — supera em mais de duas vezes a demanda do país. A colheita de milho, outro item bastante procurado, deve passar de 100 milhões de toneladas neste ano, sendo que 77 milhões delas ficarão por aqui.
No Brasil robusto na produção de alimentos, a média de quilocalorias consumida diariamente por habitante chega a 3,3 mil — são 100 quilocalorias a mais que a Suécia, e acima também de nações como Holanda e Nova Zelândia. Os dados fazem parte de um levantamento realizado em 2018 pelo site Our World In Data, vinculado à Universidade de Oxford. Como costuma dizer o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura durante o governo Lula, “comida no Brasil não falta. A distribuição que é ruim.”
Ainda falando da contribuição pecuária, as granjas nacionais de galinha produziram cerca de 55 bilhões de ovos em 2021. Praticamente 100% ficou no mercado interno, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal. E existe também a ordenha de leite de vaca, estimada em 35 bilhões de litros em 2020. Ou seja: 160 litros por habitante.
O agronegócio também abrange a agricultura familiar. Esse modelo não está ligado à renda ou à tecnologia embarcada na propriedade
Na pauta da importação agrícola, o trigo aparece com o maior peso: 6 milhões de toneladas. Apesar disso, metade da demanda interna de 12 milhões de toneladas vem das lavouras nacionais. E, graças às sementes desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a autossuficiência pode ser alcançada. Tudo depende de políticas públicas e crédito.
A família Busato partiu de uma propriedade modesta, com cerca de 80 hectares no interior do Rio Grande do Sul, na década de 1980 para um grupo empresarial familiar que emprega em torno de mil funcionários atualmente. Em entrevista a Oeste, o empresário comentou a transformação gerada pelo impacto positivo da agricultura na região do município de Luís Eduardo Magalhães, no interior da Bahia. “Quando cheguei, em 1987, o oeste da Bahia plantava 183 mil hectares de soja, e hoje o plantio chega a 2,7 milhões de hectares, contando soja, milho, algodão, frutas e outras culturas”, comentou. “Luís Eduardo Magalhães era um posto de gasolina abandonado no meio do nada. Agora, a cidade tem o terceiro IDH da Bahia e 100 mil habitantes. Isso mostra o desenvolvimento que a agricultura traz. Todo mundo ganha dinheiro com esse ciclo, não apenas o agricultor. Na fazenda, existem vários funcionários de diferentes áreas, como técnicos, agrônomos, operadores de máquinas, mecânicos e cozinheiros. São eles que vão comprar carros, colocar os filhos em escola particular, construir suas casas, ir aos supermercados. É isso que movimenta a economia e que fez brotar numa região oportunidades para se libertarem da pobreza e da dependência dos programas sociais.”
O fato é que o agronegócio também abrange a agricultura familiar. Esse modelo não está ligado à renda ou à tecnologia embarcada na propriedade. Para ser uma chamada Unidade Familiar de Produção Agrícola (UFPA), o estabelecimento rural precisa atender a quatro critérios definidos em lei: a propriedade não pode ultrapassar as dimensões de quatro módulos fiscais, a renda da família deve vir majoritariamente daquela terra e a gestão bem como a maior parte da mão de obra empregada têm de ser familiar.
As regras não proíbem o uso das mais avançadas tecnologias, a venda para outros países nem o acúmulo de riqueza. Em alguns casos, as propriedades podem até mesmo ter dimensões que não parecem exatamente “pequenas”.
A medida de cada módulo fiscal é diferente de um município para outro. Em Mato Grosso, o Estado que tem a produção agrícola com o maior Valor Bruto no Brasil, o módulo fiscal varia de 60 a 100 hectares. Sendo assim, uma fazenda com 400 hectares (em torno de 500 campos de futebol) pode ser uma UFPA.
Em Guaxupé (MG), por exemplo, a agricultura familiar está limitada a 100 hectares de terra. A Cooxupé, cooperativa dos cafeicultores locais, formada por agricultores desse modelo de produção, é uma das grandes exportadoras do grão do país e aplica as mais modernas técnicas na lavoura para garantir produtividade e qualidade.
Leia também "Potássio para dar e vender"
Artur Piva, colunista - Revista Oeste
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
Quem planta inflação não colhe crescimento - Revista Oeste
Ubiratan Jorge Lorio
A terapia da Escola Austríaca é antipática, mas é a única que funciona. Enquanto as cadeias de produção estiverem se reorganizando, é preciso subir as taxas de juros e cortar despesas
O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, depois de muitos meses afirmando que a atual inflação nos Estados Unidos era transitória, teve de admitir a realidade. Provocado há poucos dias pelo senador republicano Pat Toomey sobre até quando duraria o fenômeno, reconheceu que a situação não é temporária.
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Cá entre nós, para surpresa de ninguém, já era mais do que tempo de o ilustre banqueiro saborear um chá de simancol e deixar de tentar iludir quem não é bobo com discursos políticos ilusórios pendurados em teorias monetárias estapafúrdias de economistas intervencionistas. Powell não fez mais do que reconhecer o que todo o mercado financeiro já sabia, e os economistas austríacos avisam há séculos: um governo que semeia inflação, que é o aumento da quantidade de moeda sem lastro, não pode pretender colher crescimento, mas somente a desvalorização do poder de compra da moeda e o desemprego. Isso não é ideologia, é simples resultado da ação humana, testada e comprovada centenas de vezes ao longo da história; é batata, é tiro e queda.
Do ponto de vista prático, são muito importantes as implicações sobre a vida das pessoas do debate teórico entre os que defendem e os que negam a transitoriedade da atual inflação. Quem acredita que é temporária argumenta que ela decorre do choque de oferta provocado pela pandemia: faltam bens e serviços para um nível — agora maior — de demanda. Assim que as linhas de produção e a logística de transportes voltarem ao normal, a produção se ajustará a esse nível e a pressão sobre os preços terminará. Sendo assim, sustentam que o Fed não precisa subir as taxas de juros e, se subir, que o faça modesta e gradualmente, mesmo no ambiente inflacionário que hoje prevalece, semelhante ao dos anos 1970. Já quem defende que a inflação não é transitória argumenta que aumentos de preços generalizados, mesmo quando são temporários, têm impactos permanentes, especialmente quando a economia está artificialmente “bombada” pelos anabolizantes keynesianos vendidos nas bancas de camelôs como elixir da juventude.
Na verdade, os americanos não estavam engolindo nem a pau a narrativa de que a inflação de preços que explodiu nos Estados Unidos e no mundo no primeiro semestre deste ano era transitória. O discurso foi sustentado pelas diretorias do Fed e do Banco Central Europeu mesmo durante os vários meses com registros consecutivos de crescimento de preços ao consumidor acima de 5% ao ano. O argumento, equivocado, sustentava que as contínuas elevações de preços seriam resultantes de “problemas da cadeia de abastecimento” provocados pelo vírus sino-global. A comprovar a rejeição à falsa hipótese de transitoriedade, as expectativas dos consumidores americanos já estavam beirando 6% para cima até o fim deste ano e 4,2% nos próximos três anos — taxas extremamente altas para os padrões americanos.
Registre-se que o FOMC (Federal Open Market Committee, órgão equivalente ao Copom) vinha admitindo aumentos generalizados de preços acima de 2% ao ano, para em seguida atingir essa meta em alguns meses. Em poucas palavras: optou pelo velho e fracassado gradualismo, agravado pela ausência de qualquer âncora. O fato é que as expectativas inflacionárias para 2022, que no início deste ano eram de 3,2%, foram seguidamente revistas para cima.
Existe um fato que não pode deixar de ser levado em conta. A partir do momento que os agentes econômicos imaginam que a inflação permanecerá alta, eles mudam seu comportamento e fazem com que ela se torne ainda mais alta, ao anteciparem as compras na tentativa de evitar preços mais altos posteriormente, tornando-se propensos a aceitar preços maiores em vez de adiarem as compras. Essa resposta defensiva de comportamento tende a ampliar a pressão inflacionária no futuro.
Do lado fiscal, observa-se uma verdadeira esbórnia
A inflação de preços americana está alta e as expectativas mostram que ela vai continuar a crescer. A causa desse desastre anunciado é uma só, límpida, cristalina, inequívoca: a verdadeira orgia fiscal e monetária que o governo dos democratas vem promovendo. Nessas condições, a formação dos preços hoje depende de dois fenômenos: o primeiro — passageiro — é a inegável desarrumação na estrutura de oferta causada pela pandemia; o segundo, permanente, tem dois componentes: o impacto do que o Fed está fazendo na área monetária e a influência das expectativas quanto ao que venha a fazer no futuro. Esse último efeito, por sua vez, depende do estado atual das contas públicas e do que se espera quanto a seu estado no futuro.
Há, portanto, uma ligação entre o que políticos e economistas do governo estão fazendo em termos de gastos e impostos e as decisões dos economistas do Fed. Essa dependência entre os regimes monetário e fiscal pode ser conduzida de duas maneiras, mutuamente excludentes: (a) com coordenação ou no mesmo sentido, quando existe austeridade ou frouxidão dos dois lados; (b) sem coordenação ou em sentidos opostos, quando a política fiscal é frouxa e a monetária é austera, ou vice-versa.
A péssima notícia é que está acontecendo há tempos nos Estados Unidos, especialmente a partir da pandemia e, principalmente, desde o início do governo Biden, uma coordenação do mal, caracterizada por dupla irresponsabilidade, fiscal e monetária. E, quando as duas cigarras — a fiscal e a monetária — fazem a festa, quem paga a conta são sempre as formigas: os indivíduos, os trabalhadores, os empresários e as empresas, os pagadores de impostos.
Do lado fiscal, observa-se uma verdadeira esbórnia com a liberação de mais de US$ 5 trilhões em gastos deficitários, o que levou o total de estímulos a quase US$ 10 trilhões. Ao justificar a gandaia, o mesmo bode expiatório que se tornou o preferido dos economistas de esquerda: a ideia de que “é preciso combater a pandemia e seus efeitos”. Sim, é preciso zelar pela saúde, mas com responsabilidade, remanejando gastos, como de certa forma foi feito no Brasil, e não criando despesas ex nihilo (a partir do nada).
No front monetário, o Fed recusa-se a assumir qualquer responsabilidade pela pressão inflacionária, negando, com base teórica no engodo da “teoria monetária moderna”, que os trilhões de dólares postos em circulação estejam contribuindo para o aumento dos preços. A atitude é comparável às afirmativas de que a chuva não molha e o gato não mia — assim como de que certo ex-presidente do Brasil é inocente. Só para apresentar uma pálida ideia do bacanal monetário que o Fed vem bancando, desde março de 2020 os ativos do seu balanço aumentaram em US$ 4,2 trilhões e os ativos totais chegaram a US$ 8,6 trilhões.
EsbanjamentoOs americanos, então, estão com mais dinheiro e gastando mais, mas, além de fazerem isso como defesa contra preços maiores no futuro, a demanda crescente por bens de consumo significa também maior pressão sobre as cadeias de produção, a infraestrutura logística. Isso significa que o argumento de que a inflação está sendo causada pelos problemas da cadeia de suprimentos inverte causa e efeito: é a inflação de moeda que está causando muitos dos problemas da cadeia de abastecimento, por estimular a compra de bens de consumo, e não o contrário.
Quando a demanda continua forte mesmo com aumentos de preços, os agentes econômicos subliminarmente aceitam que a economia tem condições de condescender com preços cada vez maiores. Forma-se, então, um círculo vicioso, em que a alta de preços cria pressões para salários nominais mais altos, fazendo surgir a famosa espiral inflacionária, alimentada pela expectativa de preços crescentes e pela “coordenação do mal”. Os brasileiros que acompanham a economia desde os anos 1980 sabem disso muito bem.
É evidente que a economia mundial sofreu um choque de oferta violento com a pandemia, mas acontece que houve um choque maior, que foi a resposta dos governos: um aumento gigantesco da quantidade de moeda em circulação. Basta observar o comportamento do M2 nos Estados Unidos, retratado no gráfico (acima).
A inflação de preços que acontece hoje é filha do concubinato do choque de oferta com a inflação monetária promovida pelo Fed. É importante ter em mente que, sem a segunda, a primeira seria transitória, ou seja, os preços parariam de subir ou até mesmo cairiam, mas, na presença da total irresponsabilidade monetária que significa a segunda, a criança vai crescer e em pouco tempo terá altura para participar da NBA League.
É impopular, mas é preciso afirmar isso: enquanto os fenômenos que causam a inflação de preços (expansão de moeda e crédito) e as loucuras fiscais estiverem presentes, os preços vão continuar subindo cada vez mais. A terapia da Escola Austríaca é antipática, mas é a única que funciona: é bobagem esperar que a inflação de preços vá fazer as malas, pegar o primeiro trem e sumir por encanto. Enquanto as cadeias de produção estiverem se reorganizando, o melhor a fazer é acabar com a orgia, reduzindo imediata e resolutamente os estímulos monetários e fiscais: subindo as taxas de juros e cortando despesas. Isso exige dois requisitos: dos economistas do Banco Central e do governo, seguir a teoria comprovadamente eficaz; dos políticos, ter coragem para aprovar as medidas de austeridade fiscal, o que sempre é difícil em qualquer país.
Nos Estados Unidos e na Zona do Euro, infelizmente, nenhum desses requisitos está presente. No Brasil, contudo, o Banco Central vem fazendo a sua parte desde março de 2020, aumentando a taxa básica de juros, medida indispensável que ainda não foi adotada no Hemisfério Norte. Infelizmente, embora a equipe econômica e o governo tenham plena convicção da importância da aprovação das reformas estruturais que permitiriam tornar o processo de ajuste menos doloroso, os políticos, especialmente em períodos eleitorais, não admitem que qualquer ser que respire cometa o desplante de mexer nos vespeiros em que se refugiam.
O Banco Central do Brasil, então, ao se preocupar com o resgate da estabilidade da moeda, está mostrando o caminho das pedras aos bancos centrais das economias desenvolvidas. Para alguns analistas, nossas autoridades monetárias começaram a agir com certo atraso, mas é preciso atentar para o fato de que, até o segundo semestre do ano passado, praticamente tudo o que se dizia a respeito dos efeitos da pandemia era tratado com receio e cautela. E talvez o mais importante: elas foram as primeiras — e até agora estão sendo as únicas — a adotar o procedimento recomendado pela boa teoria econômica.
Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio
Leia também “Insegurança jurídica, a outra pandemia”
Revista Oeste - Ubiratan Jorge Lorio
segunda-feira, 18 de outubro de 2021
Terrorismo - a insistência da esquerda em atacar quem alimenta o mundo - Paulo Polzonoff Jr.
Vozes - Gazeta do Povo
[não nos surpreende que a maldita esquerda tenha prazer em combater os que produzem alimentos = tenham presente que os regimes comunistas se destacam por semear a fome, a miséria = vide Mao Tse Tung na China ..." Mao e o grande salto para a fome: um catálogo de horrores - Entre 1958 e 1962, 45 milhões de chineses morreram de fome."]
“Agro é morte”: a insistência da esquerda em atacar quem alimenta o mundo
“Agro é morte”, lê-se numa das pichações. O slogan macabro é uma tentativa de se contrapor a uma bem-sucedida campanha de marketing que mostra a pujança do agronegócio no Brasil. Por consequência, é também uma tentativa de se contrapor à realidade, reforçando a imagem cheia de teias de aranha de um agricultor malvadão e dominado pela ganância que nos condenaria todos à fome. Nada mais distante da verdade.
Me causa espanto, aliás, que essa imagem feudal perdure no imaginário da esquerda oportunista. Quem me lê com frequência sabe que procuro sempre encontrar uma explicação outra que não a má-fé para esse tipo de equívoco. Mas, neste caso, não há outra explicação que não a má-fé teimosa em ver no grande produtor um bicho-papão do capitalismo, quando não um inimigo da vida.
Se há comida em abundância do mundo hoje é por causa do agronegócio. E, sim, os preços dos alimentos estão altos, mas estariam muito mais altos se não fosse a produção em escala de grãos e carne. Bill Bryson, citando o historiador Christian Petersen em seu ótimo “Em Casa”, diz que na Inglaterra do século XIX as famílias comprometiam até 80% da renda com alimentos. “Até mesmo a classe média gastava até 2/3 da sua renda em comida (enquanto hoje uma família gasta 1/4 da renda em comida)”.
Isso sem falar na disponibilidade e variedade de alimentos propiciada por um capitalismo mundialmente conectado. Vá a qualquer supermercado em bairro de classe média e, se tiver dinheiro, você poderá comprar facilmente alimentos do mundo inteiro. A fome por falta de renda ainda é um problema, lógico. Mas a fome por falta de comida (como a que ocorreu na Irlanda do século XIX, depois que uma praga atingiu todas as plantações de batata do país) é impensável hoje em dia.
Graças, vale enfatizar, ao agronegócio – atualmente o vilão preferido da esquerda, até porque os industriais hoje em dia parecem aderir de bom grado às pautas progressistas. Adicione-se ao mito do agricultor malvadão (que, do alto de sua colheitadeira milionária, quer plantar mais e mais para, de alguma forma, disseminar a fome pelo mundo) a histeria malthusiana do ambientalismo e pronto. A esquerda tem, de novo, um inimigo para chamar de seu.
“Soja não enche o prato”
Soja obviamente enche o prato. E não só de shoyu ou tofu, como podem pensar os apressadinhos. Soja enche o prato ao forrar o estômago dos deliciosos porcos e frangos. Soja enche o prato ao gerar renda direta no campo. Soja pode encher o prato até mesmo de quem jamais viu um grãozinho disso, mas que está envolvido na cadeia de produção de, digamos, tintas ou colchões.
Soja enche o prato inclusive do publicitário trans de cabelo azul que promove pautas ultraprogressistas para um banco no qual o sojicultor tem conta. Será que ele não se dá conta disso ou faz questão de não ver mesmo?
Por fim, permeia o discurso estúpido da esquerda a luta de classes entre o grande e o pequeno produtor. Como se todos os pequenos produtores plantassem hoje a mandioca que consumirão amanhã e fossem donos de uns três ou quatros pés de milho para dar de comer às galinhas no fundo da casa de taipa. Porque lhe convém, a esquerda ignora a prosperidade do agronegócio como um todo, que inclui não só os produtores em escala industrial, mas também os pequenos produtores dos cinturões verdes das metrópoles.
AntinaturalÉ uma relação de pura perversidade ilógica, a da esquerda com a agricultura e, por extensão, a fome. Não à toa, as grandes fomes do século XX assolaram sobretudo países comunistas. E justamente porque os comunistas viam nos produtores de alimentos os grandes inimigos de suas revoluções. A visão de mundo do MST, essa que a esquerda antirruralista adora promover, matou 10 milhões de pessoas na Ucrânia da década de 1930. Dez milhões. Isso num dos países que tem um dos solos mais férteis da Europa.
Acredito que uma explicação para o ódio que a esquerda nutre por tudo o que esteja ligado à agricultura possa estar no fato de o comunismo ser essencialmente antinatural. As ideias coletivistas são fruto de um intelectualismo urbano que se apoia na arrogância antropocêntrica de ver o homem como um ente capaz de controlar todos os aspectos da atividade humana. Ao passo que a própria atividade agrícola, por mais tecnologia que ela absorva, não tem como fugir de certos aspectos inerentemente naturais.
Não há nada mais natural do que depositar uma semente no solo para, dali a alguns meses, colhê-la. E poucas coisas são mais nobres do que saciar a fome alheia. O fato de haver lucro envolvido nessa atividade não a torna menos nobre. Isso é algo que os terroristas e ideólogos da esquerda são incapazes de perceber.
Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES
sábado, 10 de julho de 2021
Uma coletânea das leis mais absurdas do Brasil - Revista Oeste
Edilson Salgueiro
A maioria dessas leis mistura desconhecimento econômico e má-fé, diz André Costa, autor do livro que reúne alguns dos projetos mais esdrúxulos já aprovados no país
“O único poder que qualquer governo tem é o de reprimir os criminosos. Bem, então, se não temos criminosos o bastante, o jeito é criá-los. E fazer leis que proíbam tantas coisas que se torna impossível viver sem violar alguma.” A frase, retirada de A Revolta de Atlas, da filósofa russa Ayn Rand, abre o livro Leis Absurdas do Brasil (LVM Editora), do economista André Costa, e parece ter sido escrita para o país.
Em Belo Horizonte, por exemplo, uma lei obriga os mercados a informar aos clientes, “na embalagem ou em placa fixada junto ao produto”, a melhor forma de consumir batata in natura: frita ou cozida. Em São Paulo, é proibido oferecer para consumo ovos crus — eles devem ser fervidos por sete minutos e apresentar gema dura; e os restaurantes são forçados a conceder desconto àqueles que realizaram cirurgia bariátrica ou qualquer outra gastroplastia. Parece pouco? Tem muito mais.
É o que mostra Costa, que divulga esses projetos absurdos nas redes sociais desde 2016. Por sugestão do cientista político Adriano Gianturco, professor do Ibmec, ele reuniu no livro os 51 mais esdrúxulos. “Atualmente, no Brasil, existem 180 mil leis vigentes”, escreveu Costa na introdução. “O país já editou e publicou desde a Constituição de 1988 mais de 5,4 milhões de textos normativos. São 769 normas por dia útil.” Ou uma a cada dois minutos.
Como escreveu o pensador austríaco Ludwig von Mises, “quem pede maior intervenção estatal está, em última análise, pedindo mais compulsão e menos liberdade”. Já passou da hora de os brasileiros exigirem menor intervenção estatal. E ganharem em troca a liberdade.
Leia também “O drama do panorama”
Revista Oeste, MATÉRIA COMPLETA
sábado, 2 de junho de 2018
Personagem da semana: a batata
Um desabafo franco do tubérculo que sumiu das prateleiras
Empoderadas pela greve dos caminhoneiros, nós, batatas, atingimos uma valorização de 150%. Nossa autoestima está quente. Conquistamos nosso lugar de fala e também queremos fazer nossas reivindicações. Disputaremos narrativas com coxinhas, mortadelas e pamonhas que pedem intervenção militar. Primeiro, é importante deixar claro que o sistema nos oprime. Uma penca de expressões e piadas reforça preconceitos contra nós ao longo dos séculos. Vamos aos fatos: nossa reprodução é uma atividade malvista pela sociedade desde que “vai plantar batata” virou xingamento. Um sujeito descadeirado pode ser descrito como um saco de batatas sem que ninguém seja repreendido por isso. E ninguém contesta o tétrico estereótipo construído pelo Sr. Cabeça de Batata.Machado de Assis, talvez o maior escritor brasileiro, contribuiu para o nosso mau agouro ao cunhar a irônica expressão “ao vencedor, as batatas”. Sem falar no tom pejorativo que ganhou a poesia “batatinha quando nasce/ se esparrama pelo chão”. Não estamos representadas na novela das 9 da TV Globo. Não há conto de fadas em que a Rainha Má ofereça uma batata envenenada para a princesa. A carruagem vira abóbora. Popeye come espinafre. Magali, melancia. A cenoura se envolveu num boato maldoso na carreira de Mario Gomes. “Morango do Nordeste” virou sucesso nacional. Enquanto isso, nem Romero Britto se digna a pintar uma batata. té mesmo para noticiar as variações da inflação, a imprensa se esparrama no clichê das variações de preço do pãozinho. Pagamos nossos impostos em dia, e o Datena nos ignora. Luciano Huck nunca ajudou um morador de periferia a abrir uma batataria gourmet.
Basta!
A greve dos caminhoneiros parou o Brasil: faltou comida, gasolina, remédios. Centenas de voos cancelados. Sabemos que os prejuízos estimados pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) podem ultrapassar os R$ 6,6 bilhões. A situação expôs a fragilidade do governo Michel Temer, que já é mais impopular que uma porção de inhame no prato de uma criança. Também colocou em xeque a política da Petrobras que — mesmo sendo um monopólio — flutua o preço dos combustíveis de acordo com o mercado internacional.
Tudo isso fez com que o caos se instaurasse por todas as classes sociais. Desde as famílias mais pobres, que não encontram itens de primeira necessidade, aos acionistas da Petrobras, que não encontram seus dividendos. Os áudios de WhatsApp, como de costume, deram conta de disseminar o medo generalizado.
É o que diz o poeta: não se faz uma revolução sem quebrar alguns ovos. Ou descascar algumas batatas. É por isso que vamos lutar daqui para a frente. O povo brasileiro precisa conhecer nossa trajetória de luta! Somos tubérculos de origem latino-americana sem dinheiro no banco e vindos do interior da Cordilheira dos Andes há cerca de 8 mil anos. Hoje, pela meritocracia, estamos em todos os continentes e somos o 4º alimento mais consumido no mundo. Muito provavelmente por causa da doutrinação comunista em nossas escolas, os jovens são privados do conhecimento de que batatas, quando plantadas, dão flores. Podem ser brancas, púrpuras ou rosadas — jamais vermelhas. E mais: cada 100 gramas de batata possuem, em média, 65 calorias. Além de todas as vitaminas essenciais — exceto A e D. Disso a imprensa golpista não fala.
Por isso, apresentamos aqui uma lista de reivindicações. Michel Temer, sua batata está assando.
Batata é agro. Batata é tech. Batata é pop. Nesse dia, uma campanha em rede nacional vai elencar nossas qualidades.
2. Fritas Mínimas
Em parceria com Eduardo Suplicy, vamos estabelecer um programa em que toda criança poderá comer uma pequena porção de batata frita em todas as refeições.
3. Presença na cultura
Todos os imitadores de Carmen Miranda terão de respeitar uma cota de 10% para o empilhamento de batatas no chapéu. Caetano Veloso, que já fez até “Jenipapo absoluto”, ganhará incentivos fiscais toda vez que emitir opiniões sobre os mais variados tubérculos. Paulo Coelho será distribuído em todas as escolas públicas se escrever “Às margens da plantação de batatas, eu sentei e chorei”.
4. Nova política de preços
Também exigimos ser um monopólio, como a Petrobras. Queremos controlar a flutuação de preços, sem concorrência, para manter nossa valorização tão suada.
5. Aumento de impostos
Além de ajustar para cima toda a taxação de nossa cadeia produtiva, queremos a criação do ISM, Imposto Sobre Mordida.
6. Autossuficiência em batata
Temos todas as credenciais para entrar na política de Campeões Nacionais do BNDES. Wesley e Joesley não tinham nem metade de nosso potencial. Exigimos um financiamento gordo do BNDES para que — junto com o monopólio — a gente transforme o Brasil numa nação autossuficiente em batata.
7. Garantia de maioria no restaurante do Senado
Para compor uma base unida — seja ela frita, cozida ou rosti —, queremos pratos comissionados no restaurante do Senado.
8. Combate às fake news
Com frequência somos covardemente acusados de aumentar o colesterol, os triglicerídeos e de engordar. Não toleraremos mais ataques descabidos. Medidas legais serão tomadas.
9. Imunidade alimentar
Para não podermos mais ser acusados de crimes de indigestão.
10. Uma concessão nossa
Para deixar claro que não somos só exigências, também estamos dispostos a ceder. Isso se chama cidadania. Caso todos os nossos pontos sejam atendidos em 24 horas, vamos batalhar para alterar o slogan que pede a saída do presidente. Nossa nova proposta será “Frita, Temer”.
Caso contrário, vamos tomar medidas realmente drásticas. O povo brasileiro precisa ser avisado, pois o pior está por vir: bloquearemos roteadores para — pasmem — cortar o fornecimento de memes. Aí o bicho vai pegar.