Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Para as empresas, haverá aumento de custos e menos capacidade de investimento. Para os cidadãos, menos consumo
O ministro Fernando Haddad - Dougas Magno/AFP [como de hábito, falando bobagens, expelindo propostas inviáveis e esperando um milagre, sem pedir a DEUS - pedir e merecer.]
O ministroFernando Haddadnão falou uma única vez em corte de gastos na longa entrevista que
concedeu ontem à CBN.Falou, sim, de inúmeras medidas para obter um
enorme ganho de arrecadação. Logo, o ajuste fiscal só será alcançado com
um brutal aumento de carga tributária — algo como 1,5% do PIB, ou R$ 150 bilhões por ano.
O ministro diz que não criará novos impostos nem aumentará as alíquotas
dos já existentes. Apenas, prossegue, cortará incentivos e benefícios
fiscais e fechará brechas que permitem às empresas reduzir o imposto a
pagar. Dá na mesma. Se o governo recolherá R$ 150 bilhões, alguém morrerá com
esse dinheiro. Recursos que poderiam ficar com empresas e cidadãos serão
transferidos aos cofres públicos. Para empresas, haverá aumento de
custos e menor capacidade de investimento. Para cidadãos, menos consumo.
O ministro diz que está fazendo justiça: cobrando de quem deveria pagar
e não paga.
As empresas pagam menos do que ele gostaria de duas
maneiras.Muitas se beneficiam de incentivos fiscais estabelecidos em
lei. A ideia é proteger ou incentivar o desenvolvimento de algum setor.
Não é fácil derrubar isso.
A outra maneira é o planejamento tributário. O
sistema brasileiro de impostos é tão complexo e tão confuso que as
empresas gastam muito dinheiro contratando advogados para descobrir como
podem reduzir sua carga. Tudo acaba em intermináveis batalhas judiciais
entre empresas e cidadãos, de um lado, e governo, de outro.
Como o Judiciário é lento e, digamos, não propriamente coerente,as decisões mudam. O STJ
deu uma vitória recente ao governo — o ministro Haddad acredita que
ganhou R$ 90 bilhões, cálculo considerado exagerado por muita gente,
mesmo na Receita.
E o STF
ainda pode mudar a decisão. Assim, as Cortes vão decidindo, ora a favor
do governo, ora a favor do contribuinte. Não será fácil para Haddad
arrancar os R$ 150 bilhões. Uma boa reforma tributária resolveria. Mas
também não é fácil passar no Congresso e implementar.
Eis por que o Banco Central (BC) coloca um pé atrás. Admite que a
proposta de arcabouço [calabouço] fiscal enviada ao Congresso é um avanço. Mas
assinala:ainda não foi votada pelos parlamentares, é certo que será
alterada, depois será preciso ver como executá-la.
Foi por isso, entre
outros motivos, que o Comitê de Política Monetária do BC manteve a taxa
básica de juros em 13,75% ao ano. [IMPORTANTE: o COPOM - BC, manteve a taxa de juros e ontem - seguindo a decisão do Banco Central - o FED americano e o Banco da União Europeia, devido o aumento da inflação em seus países AUMENTARAM SUAS TAXAS DE JUROS.
No mundo que pensa, só o grande 'economista', estadista', 'genial', 'onisciente', ex-presidiário, também presidente do Brasil , Lula da Silva (as qualidades citadas, quando aplicadas a ele e somadas dão como TOTAL = ignorância pura) é contra JUROS ALTOS,como meio auxiliar e essencial para conter a inflação.]
A razão principal, entretanto, é que
as projeções de inflação estão acima das metas neste ano e no próximo.
Haddad acha que as metas estão erradas. Ou melhor, está errado o modo
de fixá-las. Em vez de meta calendário — a ser obtida no ano —, sugeriu,
na mesma entrevista à CBN, adotar meta contínua, a ser obtida ao longo
de um tempo maior. Na prática, o BC vem fazendo algo parecido.
No ano
passado, a inflação fechou em 5,79%, acima do teto da meta. A taxa
básica de juros já estava em 13,75% — e o BC sinalizou que buscaria a
meta bem mais à frente.
Para este ano, a meta oficial é 3,25%, tolerando-se até 4,75%.Pela
projeção do BC e do mercado, a inflação ficará em torno de 6% — isso
supondo uma redução moderada da taxa de juros a partir de setembro
próximo. Para 2024, o cenário básico do BC projeta inflação de 3,6%,
pouco acima da meta(3%), mas dentro da margem de tolerância. Isso com a
taxa de juros a 10% no fim do ano.
Portanto o BC pretende atingir a meta no fim do próximo ano. Se fosse
para alcançar a meta calendário já neste ano, segundo cálculos do BC, a
taxa de juros teria de subir a 26,5%. Isso destruiria a economia,
conforme notou o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O BC, portanto,
está flexibilizando o regime de meta calendário, para preservar o
andamento da economia.
Vai daí que o ministro Haddad deve estar pensando mesmo em aumentar a
meta de inflação, dentro de uma formalização das metas contínuas. Se
conseguir tudo o que quer, o resultado será: mais carga tributária e
mais inflação. Não consta que isso ajude o crescimento.
A atual versão do petista promete superar a versão antiga na arte de se repetir
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
— Viu que o Lula prometeu um novo espetáculo do crescimento?
— Ah, é? Como vai ser?
— Vai ser espetacular.
— Imagino. Geralmente espetáculo é espetacular. Mas qual é o plano?
— Desenvolvimentista.
— É, soa bem.
— Muito mais que soar bem. Dá certo. Faz o país crescer.
— Isso é bom. Só não estou lembrando bem como foi o primeiro espetáculo do crescimento.
— Que primeiro?
— Ué, esse não é o novo? Achei que então tivesse havido outro antes.
— Antes, quando?
— Quando o Lula governou o Brasil.
— Ih, nem me lembrava disso.
— Não faz tanto tempo assim.
— É que esse Lula de agora é outro Lula.
— Como assim? Então onde está o anterior? Preso?
— O Lula do passado ficou no passado. O de agora é muito mais preparado.
— Preparado pra quê?
— Pra fazer o espetáculo do crescimento.
— O outro espetáculo do crescimento não deu certo?
— Não é que não tenha dado certo. Aquele Lula ainda não conhecia direito a maldade do capitalismo e a gula dos poderosos.
— Você está dizendo que o antigo Lula foi vítima do sistema?
— Totalmente. Não o deixaram trabalhar. Nem a Dilma. Preconceito contra o trabalhador e a mulher.
— E qual foi o resultado desse boicote?
— Uma recessão.
— O espetáculo do crescimento virou encolhimento?
— Uma recessão sem precedentes causada pela discriminação.
— E os bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos pela Operação Lava Jato? Aquilo foi causado também por discriminação?
— Tudo armação. O sistema poderia gastar até muito mais que isso pra incriminar o Lula.
— Impressionante. E você acha que o novo Lula não vai ser vítima do sistema?
— Acho.
— Por quê?
— Tarimba.
— Certo. E qual é o plano para o novo espetáculo do crescimento?
— É simples e genial: usar dinheiro dos bancos públicos e das estatais para impulsionar empresas privadas de forma controlada pelo governo.
— Não foi assim que fizeram o Mensalão e o Petrolão?
— Não entendi.
— Me corrija se eu estiver errado: o Petrolão e o Mensalão não foram triangulações entre empresas públicas, empresas privadas e políticos que estavam no governo?
— Como assim, triangulações?
— Tipo um Triângulo das Bermudas, onde o dinheiro público sumia e virava pixuleco.
— O antigo Lula era muito ingênuo. Com o novo Lula isso jamais voltará a acontecer.
— Você está dizendo que o antigo Lula foi ludibriado pelas más companhias?
— Totalmente. Você não reparou a quantidade de picaretas que sempre tinha em volta dele?
— De fato eram muitos.
— Pois é. Tudo plantado pelos poderosos.
— E ele não notou nada em mais de 13 anos do PT no poder?
— Aí é que eu te falo: o antigo Lula era muito inocente. Achava que o dinheiro desviado era pra chegar mais rápido ao povo.
— É. Desvio de dinheiro pro povo é muito exótico mesmo.
— Entendeu a armação? O sistema plantou uma ladroagem desenfreada em torno do antigo Lula para acusá-lo de corrupção. O novo Lula jamais deixaria isso acontecer.
— Não curtiria sítio com benfeitorias de empreiteira amiga?
— Nem por todo o dinheiro do mundo.
— O novo Lula não gosta de dinheiro?
— Gosta, mas não precisa.
— Por quê?
— Não sei. Acho que o antigo Lula emprestou pra ele.
A terapia da Escola Austríaca é antipática, mas é a
única que funciona. Enquanto as cadeias de produção estiverem se
reorganizando, é preciso subir as taxas de juros e cortar despesas
O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, depois de muitos meses afirmando que a atual inflação nos Estados Unidos era transitória, teve de admitir a realidade. Provocado há poucos dias pelo senador republicano Pat Toomey sobre até quando duraria o fenômeno, reconheceu que a situação não é temporária.
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
Cá entre nós, para surpresa de ninguém, já era mais do que tempo de o ilustre banqueiro saborear um chá de simancole deixar de tentar iludir quem não é bobo com discursos políticos ilusórios pendurados em teorias monetárias estapafúrdias de economistas intervencionistas. Powell não fez mais do que reconhecer o que todo o mercado financeiro já sabia, e os economistas austríacos avisam há séculos: um governo que semeia inflação, que é o aumento da quantidade de moeda sem lastro, não pode pretender colher crescimento, mas somente a desvalorização do poder de compra da moeda e o desemprego. Isso não é ideologia, é simples resultado da ação humana, testada e comprovada centenas de vezes ao longo da história; é batata, é tiro e queda.
Do ponto de vista prático, são muito importantes as implicações sobre a vida das pessoas do debate teórico entre os que defendem e os que negam a transitoriedade da atual inflação. Quem acredita que é temporária argumenta que ela decorre do choque de oferta provocado pela pandemia: faltam bens e serviços para um nível — agora maior — de demanda. Assim que as linhas de produção e a logística de transportes voltarem ao normal, a produção se ajustará a esse nível e a pressão sobre os preços terminará. Sendo assim, sustentam que o Fed não precisa subir as taxas de juros e, se subir, que o faça modesta e gradualmente, mesmo no ambiente inflacionário que hoje prevalece, semelhante ao dos anos 1970. Já quem defende que a inflação não é transitória argumenta que aumentos de preços generalizados, mesmo quando são temporários, têm impactos permanentes, especialmente quando a economia está artificialmente “bombada” pelos anabolizantes keynesianos vendidos nas bancas de camelôs como elixir da juventude.
Na verdade, os americanos não estavam engolindo nem a pau a narrativa de que a inflação de preços que explodiu nos Estados Unidos e no mundo no primeiro semestre deste ano era transitória. O discurso foi sustentado pelas diretorias do Fed e do Banco Central Europeu mesmo durante os vários meses com registros consecutivos de crescimento de preços ao consumidor acima de 5% ao ano. O argumento, equivocado, sustentava que as contínuas elevações de preços seriam resultantes de “problemas da cadeia de abastecimento” provocados pelo vírus sino-global. A comprovar a rejeição à falsa hipótese de transitoriedade, as expectativas dos consumidores americanos já estavam beirando 6% para cima até o fim deste ano e 4,2% nos próximos três anos — taxas extremamente altas para os padrões americanos.
Registre-se que o FOMC (Federal Open Market Committee, órgão equivalente ao Copom) vinha admitindo aumentos generalizados de preços acima de 2% ao ano, para em seguida atingir essa meta em alguns meses. Em poucas palavras: optou pelo velho e fracassado gradualismo, agravado pela ausência de qualquer âncora. O fato é que as expectativas inflacionárias para 2022, que no início deste ano eram de 3,2%, foram seguidamente revistas para cima.
Existe um fato que não pode deixar de ser levado em conta. A partir do momento que os agentes econômicos imaginam que a inflação permanecerá alta, eles mudam seu comportamento e fazem com que ela se torne ainda mais alta, ao anteciparem as compras na tentativa de evitar preços mais altos posteriormente, tornando-se propensos a aceitar preços maiores em vez de adiarem as compras. Essa resposta defensiva de comportamento tende a ampliar a pressão inflacionária no futuro.
Do lado fiscal, observa-se uma verdadeira esbórnia
A inflação de preços americana está alta e as expectativas mostram que ela vai continuar a crescer. A causa desse desastre anunciado é uma só, límpida, cristalina, inequívoca: a verdadeira orgia fiscal e monetária que o governo dos democratas vem promovendo.Nessas condições, a formação dos preços hoje depende de dois fenômenos: o primeiro — passageiro — é a inegável desarrumação na estrutura de oferta causada pela pandemia; o segundo, permanente, tem dois componentes: o impacto do que o Fed está fazendo na área monetária e a influência das expectativas quanto ao que venha a fazer no futuro. Esse último efeito, por sua vez, depende do estado atual das contas públicas e do que se espera quanto a seu estado no futuro.
Há, portanto, uma ligação entre o que políticos e economistas do governo estão fazendo em termos de gastos e impostos e as decisões dos economistas do Fed. Essa dependência entre os regimes monetário e fiscal pode ser conduzida de duas maneiras, mutuamente excludentes: (a) com coordenação ou no mesmo sentido, quando existe austeridade ou frouxidão dos dois lados; (b) sem coordenação ou em sentidos opostos, quando a política fiscal é frouxa e a monetária é austera, ou vice-versa.
A péssima notícia é que está acontecendo há tempos nos Estados Unidos, especialmente a partir da pandemia e, principalmente, desde o início do governo Biden, umacoordenação do mal, caracterizada por dupla irresponsabilidade, fiscal e monetária. E, quando as duas cigarras — a fiscal e a monetária — fazem a festa, quem paga a conta são sempre as formigas: os indivíduos, os trabalhadores, os empresários e as empresas, os pagadores de impostos.
Do lado fiscal, observa-se uma verdadeira esbórnia com a liberação de mais de US$ 5 trilhões em gastos deficitários, o que levou o total de estímulos a quase US$ 10 trilhões. Ao justificar a gandaia, o mesmo bode expiatório que se tornou o preferido dos economistas de esquerda: a ideia de que “é preciso combater a pandemia e seus efeitos”. Sim, é preciso zelar pela saúde, mas com responsabilidade, remanejando gastos, como de certa forma foi feito no Brasil, e não criando despesas ex nihilo (a partir do nada).
No front monetário, o Fed recusa-se a assumir qualquer responsabilidade pela pressão inflacionária, negando, com base teórica no engodo da “teoria monetária moderna”, que os trilhões de dólares postos em circulação estejam contribuindo para o aumento dos preços. A atitude é comparável às afirmativas de que a chuva não molha e o gato não mia — assim como de que certo ex-presidente do Brasil é inocente. Só para apresentar uma pálida ideia do bacanal monetário que o Fed vem bancando, desde março de 2020 os ativos do seu balanço aumentaram em US$ 4,2 trilhões e os ativos totais chegaram a US$ 8,6 trilhões.
Esbanjamento Os americanos, então, estão com mais dinheiro e gastando mais, mas, além de fazerem isso como defesa contra preços maiores no futuro, a demanda crescente por bens de consumo significa também maior pressão sobre as cadeias de produção, a infraestrutura logística. Isso significa que o argumento de que a inflação está sendo causada pelos problemas da cadeia de suprimentos inverte causa e efeito: é a inflação de moeda que está causando muitos dos problemas da cadeia de abastecimento, por estimular a compra de bens de consumo, e não o contrário.
Quando a demanda continua forte mesmo com aumentos de preços, os agentes econômicos subliminarmente aceitam que a economia tem condições de condescender com preços cada vez maiores. Forma-se, então, um círculo vicioso, em que a alta de preços cria pressões para salários nominais mais altos, fazendo surgir a famosa espiral inflacionária, alimentada pela expectativa de preços crescentes e pela “coordenação do mal”. Os brasileiros que acompanham a economia desde os anos 1980 sabem disso muito bem.
É evidente que a economia mundial sofreu um choque de oferta violento com a pandemia, mas acontece que houve um choque maior, que foi a resposta dos governos: um aumento gigantesco da quantidade de moeda em circulação. Basta observar o comportamento do M2 nos Estados Unidos, retratado no gráfico (acima).
A inflação de preços que acontece hoje é filha do concubinato do choque de oferta com a inflação monetária promovida pelo Fed. É importante ter em mente que, sem a segunda, a primeira seria transitória, ou seja, os preços parariam de subir ou até mesmo cairiam, mas, na presença da total irresponsabilidade monetária que significa a segunda, a criança vai crescer e em pouco tempo terá altura para participar da NBA League.
É impopular, mas é preciso afirmar isso: enquanto os fenômenos que causam a inflação de preços (expansão de moeda e crédito) e as loucuras fiscais estiverem presentes, os preços vão continuar subindo cada vez mais. A terapia da Escola Austríaca é antipática, mas é a única que funciona: é bobagem esperar que a inflação de preços vá fazer as malas, pegar o primeiro trem e sumir por encanto. Enquanto as cadeias de produção estiverem se reorganizando, o melhor a fazer é acabar com a orgia, reduzindo imediata e resolutamente os estímulos monetários e fiscais: subindo as taxas de juros e cortando despesas. Isso exige dois requisitos: dos economistas do Banco Central e do governo, seguir a teoria comprovadamente eficaz; dos políticos, ter coragem para aprovar as medidas de austeridade fiscal, o que sempre é difícil em qualquer país.
Nos Estados Unidos e na Zona do Euro, infelizmente, nenhum desses requisitos está presente. No Brasil, contudo, o Banco Central vem fazendo a sua parte desde março de 2020, aumentando a taxa básica de juros, medida indispensável que ainda não foi adotada no Hemisfério Norte. Infelizmente, embora a equipe econômica e o governo tenham plena convicção da importância da aprovação das reformas estruturais que permitiriam tornar o processo de ajuste menos doloroso, os políticos, especialmente em períodos eleitorais, não admitem que qualquer ser que respire cometa o desplante de mexer nos vespeiros em que se refugiam.
O Banco Central do Brasil, então, ao se preocupar com o resgate da estabilidade da moeda, está mostrando o caminho das pedras aos bancos centrais das economias desenvolvidas. Para alguns analistas, nossas autoridades monetárias começaram a agir com certo atraso, mas é preciso atentar para o fato de que, até o segundo semestre do ano passado, praticamente tudo o que se dizia a respeito dos efeitos da pandemia era tratado com receio e cautela. E talvez o mais importante: elas foram as primeiras — e até agora estão sendo as únicas — a adotar o procedimento recomendado pela boa teoria econômica.
Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio
Os sinais para o país decolar surgem no horizonte, mas, para que isso aconteça, o governo e o Congresso precisam se livrar de entraves pelo caminho
Certos momentos podem definir o futuro de uma nação. Nas próximas semanas, uma leva de dados oficiais colocará em números a dimensão da recuperação econômica do Brasil, uma vez passada a fase mais dramática da pandemia de Covid-19, concentrada no segundo trimestre de 2020. Os sinais de que o pior ficou para trás despontam em diversos indicadores de setores como construção, vendas no varejo e produção industrial, além da confiança empresarial, mais robusta.
As incertezas globais também foram atenuadas. A eleição [ainda não confirmada] do democrata Joe Biden nos Estados Unidos, depois de uma tensa corrida eleitoral, retirou um ponto de pressão de mercados de todo o mundo. E os testes acima de 90% de eficácia em diversas vacinas trazem mais esperanças de um mundo imunizado contra o coronavírus e mais próximo do “velho” normal. Por aqui, o Brasil tem se beneficiado da melhora de preços de diversas commodities — da recuperação no preços do petróleo, passando por produtos agrícolas que estão próximo da máxima histórica, como a soja, e o minério de ferro, que se valorizou por volta de 30% no ano. Em razão disso, a bolsa de valores retomou o seu maior patamar desde fevereiro, com o investidor estrangeiro de volta ao país. Até o último dia 20, o saldo de entradas internacionais no mercado de capitais brasileiro já superava 26 bilhões de reais, o que já fez de novembro o melhor mês da história. Tais variáveis combinadas apontam para um ciclo promissor pela frente.
A grande questão que agora se impõe, portanto, não é mais ressuscitar uma economia abalroada pela crise sanitária, mas sim garantir que o reaquecimento da atividade seja consistente em 2021, aproveitando uma janela de oportunidade que o mundo deve proporcionar nos próximos meses. Com um fluxo de capitais menos intimidado pela pandemia, o Brasil terá novamente a chance e engrenar um crescimento duradouro e iniciar um momento positivo para o bem-estar da população. O momento é perfeito. As eleições municipais terminam neste fim de semana e a atividade parlamentar será retomada. Está na hora de um esforço conjunto entre o governo e o Congresso para a realização de reformas estruturantes que melhorem o ambiente de negócios, tragam prosperidade e mitiguem as desigualdades sociais. Não são medidas fáceis, exigem amplo entendimento e ação, mas tornam-se factíveis à medida que haja uma convergência entre os poderes. O risco é o país deixar de aproveitar esse cenário, optando por medidas motivadas por interesses eleitoreiros, que podem nos levar à beira de um colapso. “Nos últimos quarenta anos, alternamos momentos muito bons e muito ruins, mas o resultado final foi modesto, quase medíocre”, diz o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga.“O que deveria ser uma locomotiva de crescimento ficou parado em diversas barreiras. E o país ainda está repleto de entraves”.
(..............)
“Respeitar o teto é importante porque nos permite atrair investimentos e criar empregos.”
Michel Temer
Os entraves para o crescimento do Brasil são conhecidos e desafiadores. De uma certa forma, eles se encaixam com precisão em um conceito criado pela pesquisadora americana Michele Wucker, especialista em análises econômicas da América Latina. Em 2016, ela se valeu da imagem dos rinocerontes cinza, paquidermes africanos bastante comuns nos safáris fotográficos, para representar um padrão falho na gestão pública da região. Sempre presentes no cenário, eles costumam ser negligenciados até que, por motivos banais, se tornam agressivos e partem para o ataque. “São como problemas imensos, que as pessoas acham que sempre vão estar por ali, inofensivos, mas que, quando saem de controle, se transformam em ameaças devastadoras”, diz ela. A questão central, na teoria de Wucker, é se antecipar e resolver o problema antes que seja tarde demais. O plano de voo para a economia decolar, deixar esses rinocerontes para trás e atingir velocidade de cruzeiro já existe. Cabe ao governo e ao Congresso se empenhar para colocá-lo em prática. E logo.
Publicado em VEJA, edição nº 2715, de 2 de dezembro de 2020
Essa súbita polarização na política, que deve estar assustando muita gente, é na realidade um fim de ciclo. O poder reinante nesse pais nos últimos 25 anos está sucumbindo, lutando com todos os seus meios para impedir o inevitável. Usam jogo sujo sim, mas é por puro desespero acreditem.Quem está perdendo miseravelmente nessesúltimos 30 anosé
a indústria, os sindicatos, os trabalhadores chão de fábrica, as
grandes cidades, os industriais cada vez mais falidos e subsidiados.
Quem está crescendo e ganhando é a Agricultura.
A agricultura por si só já representa 25 % do PIB, contra 10% anos atrás. O Agro negócio, que
incorpora as indústrias que a fornecem, como mineração de fertilizantes,
a indústria de tratores, os bancos, as seguradoras, as transportadoras
passa a ser 40% do PIB, tranquilo.Ter 40% do PIB significa dinheiro, crescimento, poupança, prosperidade. ignifia crescente poder político, que
ao contrário que a maioria das pessoas pensam, o setor Agrícola não
tinha comensurável a esses 40%.
Foi sempre a agricultura que gerou
exportações e superávit no câmbio, foi sempre a indústria que importava
máquinas estrangeiras.
A Indústria sempre foi muito mais forte
politicamente do que a Agricultura, mas agora ela definha, não apresenta
lucros, não tem mais poder financeiro. Foi sempre a Indústria que indicava os
Ministros da Fazenda, normalmente economistas ligados a Fiesp como
Delfim Neto e Dilson Funaro, por exemplo. Foi esse total descaso pela nossa
Agricultura que resultou no enorme êxodo rural, que tanto empobreceu o
país e fortaleceu justamente partidos que atendiam as demandas dos
bairros pobres.
Nada menos que 45% de nossa população teve que abandonar a agricultura, abandonada que foi pelos Ministros da Fazenda. Que nem sabem mais o significado de“Fazenda”, apropriado para um país destinado a agricultura, como o Brasil e a Argentina. FoiRaul Prebish, que
convenceu economistas argentinos e brasileiros como Delfim, Celso
Furtado, Jose Serra, FHC e toda a Unicamp, a esqueceremnossa agricultura a favor da “industrialização” para o mercado interno, a famosa “substituição das importações ”. Por isso investirem fortunas em
“incentivos”, leis Kandir, subsídios via o BNDES em indústrias antigas
mas que “substituiriam as nossas importações”, importações que
geralmente eram dos mais ricos, produzir produtos populares para classe C
e D nem pensar.
Somente a partir de 1994 , que passaram a produzir para a Classe C e D, movimento do qual fiz parte. Além das milícias que invadiam terras, a
luta por reservas, contra a ampliação de terras produtivas, destruição
de pesquisas de aprimoramento genético. Nossosindustriais
perceberam tardiamente que foi justamente essa “substituição das
importações” que iria gerar nossa estagnação e não inovação, e
lentamente destruímos a nossa indústria nascente a partir de 1987. De 27% do PIB, 45% com seus agregados, a Industria entrou numa espiral descendente para 14,5% hoje.
Que reviravolta. Essa atual crise política no fundo é a
crise da indústria e das famílias ricas desesperadas, empobrecidas mas
ainda com certo poder político. É a crise dos sindicatos trabalhistas que viviam dessas contribuições sindicais.
O crescimento de 0,6% foi um pouco acima do
esperado para o terceiro trimestre, mais ainda não é um crescimento
forte. A recuperação da economia continua no meio do caminho. Com o resultado, o PIB está 3,6% abaixo do nível atingido no primeiro
trimestre de 2014.E ficou 4,9% acima do quarto trimestre de 2016, o
ponto mais agudo da recessão. O país não está tão mal quanto já esteve,
mas segue abaixo do patamar de antes da crise.
A avaliação dos especialistas sobre o dado do terceiro trimestre foi
positiva. A recuperação não está completa, mas alguns resultados
importantes ficaram no campo positivo. A construção, por exemplo,
cresceu 4,4% na comparação com o mesmo trimestre de 2018. Foi o segundo
dado positivo seguido nessa comparação. O segmento, no entanto, havia
passado por 20 trimestres seguidos de quedas. A retomada completa ainda
está distante.
O PIB do trimestre veio melhor que o esperado. Mas ainda falta um
longo caminho para andar até o ponto onde se estava antes de começar a
cair. Essa é a mais longa, demorada e dolorosa das crises que já
tivemos. Em outras grandes recessões, como no começo dos anos 1980 e dos
anos 1990, o Brasil voltou a crescer mais rapidamente.
É preciso maior consistência nos dados para garantir que a atividade
de fato engrenou. A alta acumulado em um ano ainda está em 1%. Quando se
lembra que o crescimento esperado para o ano era de 2,5%, a conclusão é
que o dado real tem sido muito fraco até aqui. A velocidade do
crescimento permanece lenta. [a retomada está lenta, mas, é melhor subir aos poucos e não cair, do que cair de forma rápida e contínua, conforme ocorreu no final do ciclo de governos petistas = por incompetência, desídia e roubalheira do pt = perda total. Para agravar mais ainda, o governo Temer sofreu sabotagem sistemática do Janot, com denúncias infundadas. A construção caiu durante 20 trimestres seguidos, sendo normal que leve uns seis trimestres para recuperar o que caiu.]
O Ministério da Economia ajustou a previsão para o PIB do ano. A alta
será de 0,9%, estimou a equipe, pouco acima do 0,85% previsto em
setembro.
O ajuste acompanha a melhora já feita pelo mercado. Mas a
realidade é que retomada perdeu velocidade. O PIB deste ano deve mesmo
ser menor que as altas de 1,1% em 2018 e em 2017. Esperava-se mais desse
primeiro ano de governo. [era esperado um PIB mais avantajado, mas, com a 'perseguição' movida contra o presidente Bolsonaro, qualquer avano é digno de nota e promissora. Inflação crescente, desemprego crescente e PIB decrescente, qualquer reversão, especialmente quando alcança os três, é excelente. Até o final deste ano os inimigos do presidente Bolsonaro, também inimigos do Brasil, terão se curvado ao FATO: NÃO HAVERÁ SEGUNDO TURNO e descobrirão que a torcida pelo quanto pior, melhor, só prejudica a eles mesmo.] Os dados recentes da atividade mostram uma melhora ligeira na
recuperação nos últimos meses. Mas 2019 é um ano de frustrações. A
expectativa inicial era que a economia cresceria 2,5%. A forma como o
governo conduziu o primeiro ano de mandato, no entanto, acabou
atrapalhando. O ambiente de conflito e a falta de uma base no Congresso
frearam a recuperação. Para 2020, a estimativa de crescimento subiu de 2,17% para 2,32%. Nos
últimos anos, as previsões de longo prazo se provaram otimistas.
Previdência, déficit em 2017: R$ 268,7 BI - Ou o Brasil combate as fraudes contra a Previdência ou a bomba explode - as fraudes são tanto na arrecadação quanto no pagamento de benefícios
Há
a percepção de que uma forte queda da corrupção fará aparecer no caixa
do Tesouro Nacional algo como R$ 200 bilhões. Esse número fatídico tem
sido divulgado sem que haja nenhuma referência a algum estudo
sistemático que o origine. Três motivos principais sugerem que as coisas não são tão simples.
O
primeiro motivo é que o combate à corrupção tem um custo. Ou seja, para
saber quanto aparecerá no caixa do Tesouro, é necessário calcular
números líquidos do custo do combate à corrupção. Erros como esse
são comuns em estatísticas dessa natureza. Com frequência divulgam-se
na imprensa números sobre desperdício de alimentos. O subtexto é que a
sociedade poderia ser muito mais rica se não houvesse o desperdício. O
problema é que não se consideram os investimentos necessários para
reduzir as perdas. O ganho para a sociedade será o resultado líquido.
Ou
ainda com as perdas da Sabesp na distribuição de água nos domicílios.
As perdas precisam ser computadas de forma líquida (sem trocadilho) dos
custos de reduzi-las. O segundo motivo a sugerir que o custo
fiscal da corrupção é bem menor do que se imagina é que muitas vezes
consideramos como corrupção a incompetência pura e simples e problemas
de gestão do Estado. Ambos são problemas seríssimos, mas de natureza
distinta da corrupção.
Por exemplo, a maior parcela dos prejuízos
da Petrobras com a construção da refinaria de Abreu e Lima (PE) e do
Comperj (RJ) deveu-se a problemas de projeto e de execução das obras. A
corrupção, muito elevada, respondeu por R$ 6 bilhões, ante perdas de R$
44 bilhões no balanço da empresa de 2014 - ou seja, a corrupção respondeu
por 14% das perdas patrimoniais contabilizadas. Um terceiro
motivo é que algumas vezes a corrupção reduz a ineficiência da economia
pois funciona como um lubrificante que diminui o atrito do sistema: é
comum termos regulação complexa e excessiva e, nesses casos, a
corrupção, apesar de imoral, pode aumentar a eficiência do sistema e,
portanto, provavelmente ocorrerá em uma economia de mercado. Não
se trata, obviamente, neste último caso, de defender a corrupção. Muito
melhor do que o lubrificante mencionado é ter regras simples e bem
desenhadas. E, mesmo que não seja assim, a lei tem que ser cumprida,
independentemente da questão da eficiência. Mas, se o assunto é custo da
corrupção, não se pode deixar de mencionar esse fator numa análise
objetiva da realidade.
A moral da história é que o combate à corrupção não é a panaceia para nossos problemas fiscais, embora possa ajudar. Por
exemplo, no último ano houve queda apreciável de gastos com o programa
auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez a partir de um pente-fino
promovido pelo Ministério da Ação Social. Pessoas não elegíveis aos
programas recebiam os benefícios. Evidentemente, como discuti na coluna
de 2/4/2017, o combate à corrupção nesses programas tem o custo de, em
alguns casos, levar à recusa do benefício a pessoas que são de fato
elegíveis. A razão é que não há sistema de filtros que seja perfeito. [as fraudes na Previdência ocorrem tanto na arrecadação das contribuições - patrões descontam dos empregados mas só recolhem aos cofres da Previdência parte; funcionários ganham X, mas, oficialmente ganham menos do que X e é sobre esse valor que a contribuição é calculada e várias outros tipos de fraudes que somadas geram déficit gigantesco ao INSS;
existem fraudes também na concessão de benefícios, auxílios aos que não são elegíveis, aposentadorias e pensões fraudadas, aposentados por invalidez que gozam de perfeita saúde. As fraudes são as mais diversas e como incidem sobre milhões logo geram déficit bilionário. Tem que passar o pente fino nas Bolsas de todos os tipos. Se o Governo decidisse partir para uma caça aos fraudadores, um pente fino implacável, teria um custo elevado mas reduziria em muito esses R$ 268,7 BI - déficit total em 2017. Com a redução do déficit alguns ajustes via reforma da Previdência se teria mais uns trinta anos de Previdência garantida e tal 'trégua' poderia ser usada para aperfeiçoar mecanismos tornando a Previdência mais justa - uma Previdência mais justa não é nivelar os benefícios por baixo = distribuir a miséria - e sim elevar os benefícios menores, reduzindo os maiores até ocorrer um encontro tornando a vida de todos mais justa.
Mas, o Governo faz um arremedo de campanha de combate as fraudes, reduz um pouco os valores desviados e parte para uma reforma baseada em reduzir 'privilégios', esquecendo que a primeira consequência da redução dos chamados 'privilégios' é reduzir a arrecadação, haja vista que os servidores públicos que hoje contribuem sobre a totalidade dos salários, 11% seja sobre R$ 5.000, seja sobre R$ 20.000, passarão a contribuir TODOS sobre no máximo o teto do INSS que não alcança sequer R$ 6.000.
A queda na arrecadação acontece no dia seguinte ao da entrada em vigor da Reforma, enquanto a redução dos benefícios será gradativa, ocorrendo com as aposentadorias e esta por alguns anos permanecerão em valores superiores aos do TETO ÚNICO de contribuição - haja vista o período de transição, também o tempo que grande parte dos servidores levará para se aposentar e passarão a contribuir menos, mas receberão (devido contribuições recolhidas sobre teto máximo) aposentadorias em valores superiores ao do TETO ÚNICO. Ou o Governo combate as fraudes e faz uma reforma menor, mas, que com a redução das fraudes terá efeitos de uma grande reforma, ou a Previdência Social acaba.]
O
combate à corrupção é uma agenda complexa e permanente. O combate à
corrupção pela repressão policial e pela ação direta da Justiça é só um
dos elementos dessa agenda. Mudanças legislativas que reduzam as
oportunidades e aumentem e deem mais eficácia aos instrumentos de
investigação –principalmente quando se trata de crimes de colarinhos
branco, que não deixam rastros– são igualmente importantes. Se é
verdade que o combate à corrupção não fará aparecer R$ 200 bilhões no
caixa do Tesouro Nacional,é provável que a construção de um marco legal
que desestimule fortemente a corrupção produza fortes impactos sobre o
crescimento de longo prazo do país.
Ou seja, provavelmente a
ligação entre corrupção e caixa do Tesouro Nacional existe, mas o grosso
dela se dá de forma indireta, mediada pelo crescimento econômico. Não
há dúvida de que o combate à corrupção é uma importante bandeira, mas
devemos entender de forma realista os ganhos que ela pode trazer. E não a
usar para tapar o sol com a peneira em relação à necessidade imperiosa
de fazer o ajuste fiscal.
O
Brasil saiu da recessão, voltou a crescer e deverá continuar em
crescimento nos próximos anos, mas terá condições para avançar como
outros emergentes ou para escapar da mediocridade?
O Brasil
saiu da recessão, voltou a crescer e deverá continuar em crescimento nos
próximos anos, mas terá condições para avançar como outros emergentes
ou, no mínimo, para escapar da mediocridade? Há muita gente discutindo
essa questão, mas fora de Brasília, onde assuntos como esse atraem pouca
gente. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é o representante
mais visível desse pequeno grupo. Por enquanto, a maior parte das
projeções para 2019 e os anos seguintes, quando outro governo será
responsável pela orientação da economia, converge para 2%. Esse número
aparece, por exemplo, nas estimativas do Fundo Monetário Internacional
(FMI) para 2022, último ano de mandato do presidente a ser eleito em
2018.
Uma expansão anual de 2% pode parecer bem satisfatória, depois da severa contração econômica de 2015 e 2016 e da recuperação
muito gradual iniciada em 2017. Mas com um ritmo de 2% ao ano o Brasil
continuará perdendo posições na corrida internacional. Dentro de
cinco anos as economias emergentes e em desenvolvimento da Ásia estarão
avançando 6,3%, pelo mesmo conjunto de projeções. As emergentes da
Europa estarão sustentando, em média, um ritmo de 3,2%. As da América
Latina deverão exibir um desempenho mais modesto, de 2,7% em média. As
mais dinâmicas estarão em ritmo mais intenso, na faixa de 3,5% a 4%.
Quase todas, em suma, continuarão ganhando distância em relação ao
Brasil, como já vinha ocorrendo antes da recessão criada pela
administração petista.
A recessão, no entanto, foi a parte mais
visível de um desastre muito mais amplo e de maior alcance. Com o fim da
estagnação, a maior parte das pessoas talvez nem pense nos outros danos
causados durante muitos anos de incompetência governamental e de
irresponsabilidade. De fato, o Brasil encerrou o período recessivo. Seu
Produto Interno Bruto (PIB) já cresceu por dois trimestres consecutivos e
deve continuar em expansão. As estimativas do FMI apontam expansão de
0,7% neste ano e de 1,5% em 2018. Mas falta consertar outras
consequências, de maior alcance, dos erros acumulados no longo período
petista.
Projeções para o longo prazo são obviamente sujeitas a
erros e a muitos imprevistos. Nem por isso as estimativas de expansão em
torno de 2% são desprezíveis. Cálculos desse tipo envolvem uma
avaliação do potencial de crescimento econômico. É esse o ponto
fundamental. Durante a primeira fase da gestão petista a economia
brasileira foi beneficiada pela prosperidade internacional interrompida
em 2008. Internamente, as contas públicas foram administradas com algum
cuidado – no primeiro governo Lula – e por uma política monetária
eficaz, bem desenhada para conter a inflação. Tudo isso acabou a partir
do segundo mandato.
A maior parte dessa história foi marcada pela
gastança do governo, pelo empreguismo, pelo desleixo crescente em
relação às metas fiscais e de inflação, pela gestão irresponsável do
câmbio, pelo protecionismo, pela distribuição de favores a grupos
selecionados, pelas distorções de preços e pelo desleixo quanto a
investimentos produtivos. Esse desleixo inclui falhas de planejamento e
de gestão de projetos, muita corrupção, muito superfaturamento e a quase
destruição de grandes estatais. Mais que a alguns anos de recessão, o
Brasil foi condenado à quase incapacidade de crescer.
Não há
surpresa nas condições apontadas por técnicos do FMI para a elevação do
potencial de crescimento. Para começar, o conserto duradouro das
finanças públicas só é possível com uma séria reforma da Previdência.
Mas a lista inclui outras mudanças fundamentais para o ganho de
eficiência, como a reforma tributária. A lista de providências inclui,
naturalmente, investimentos (sérios) em infraestrutura, criação de
ambiente mais propício aos negócios e reforma das políticas dos bancos
públicos, para melhor alocação de recursos. Essa lista remete
claramente para a enorme coleção de velhas ineficiências e,
principalmente, de erros e desmandos da fase petista. Não seria
diplomático, nem necessário, entrar nos detalhes. É o que precisa ser
consertado.
A expansão da indústria foi de 4,0% em comparação com maio do ano passado, avanço mais intenso desde fevereiro de 2014
A produção industrial brasileira registrou alta de 0,8% em maio na comparação com abril, segundo divulgou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
É o melhor resultado para o mês de maio desde 2011 e também a segunda
taxa positiva consecutiva, acumulando no período crescimento de 1,9% –
dado que reverte a queda de 1,6% observada em março.
Na comparação com maio do ano passado, a expansão da indústria foi de 4,0%, maior avanço desde fevereiro de 2014 (4,8%).
Os cinco primeiros meses de 2017 também registraram taxas positivas, o setor industrial acumulou 0,5%. Nos
últimos 12 meses, houve recuo de 2,4% até maio de 2017, mantendo a
redução no ritmo de queda iniciada em junho de 2016 (-9,7%). Dos 24 ramos pesquisados pelo IBGE, 17 registraram resultados positivos. A principal influência positiva foi registrada por veículos automotores, reboques e carrocerias, que avançou 9,0%,
influenciado, em grande parte, pela maior fabricação de automóveis e
caminhões, de acordo com o órgão.
Outras contribuições positivas importantes sobre o total da
indústria vieram de produtos alimentícios (2,7%) e de perfumaria,
sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (4,0%).
Entre os seis ramos que reduziram a produção nesse mês, os
desempenhos de maior relevância para a média global foram assinalados
por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,2%) e
produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,6%). Essas atividades
apontaram taxas positivas no último mês de abril: 1,9% e 13,9%,
respectivamente.
O sucesso obtido em algumas etapas das reformas já levou a uma queda dos riscos
A
aprovação da PEC que fixa as despesas em termos reais é um primeiro
passo na trajetória iniciada pelo governo de Michel Temer. Mas, ao impor
a obediência a uma rígida restrição orçamentária – inscrita na
constituição –, introduziu uma racionalidade nas decisões que havia sido
perdida nos últimos anos. O governo teve a coragem de atacar a fonte
mais importante do desequilíbrio – o crescimento dos gastos – propondo
uma solução eficaz, e não apenas um paliativo, e a nossa obrigação é
apoiar essa decisão.
Há um longo caminho à frente, no qual, além
da reforma da Previdência, deverão ocorrer outras, inclusive no campo
microeconômico, como no complexo de óleo e gás e na infraestrutura, para
citar apenas dois exemplos. Mas bastou o reconhecimento da
competência da equipe econômica e da articulação política para que
crescesse o otimismo, expresso tanto na valorização dos ativos quanto
nos índices de confiança dos empresários.
Ambos têm sido interpretados
como uma indicação de que estaríamos próximos da retomada do
crescimento. Mas, contrariamente a essa previsão, os dados mais recentes
apontaram para queda do PIB no terceiro trimestre, crescendo a
probabilidade de que isso se repita no quarto trimestre. Infelizmente,
corremos o risco de que esta será a recessão mais profunda e mais longa
dos últimos 25 anos.
Nada disso seria uma surpresa para quem
evitasse fazer previsões sobre o PIB dando um peso excessivo aos índices
de confiança, em vez de ponderar as perspectivas das exportações, do
consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo. Com as
exportações mundiais e os preços de commodities em queda, não podemos
esperar que as exportações brasileiras impulsionem a retomada do
crescimento. Nem o consumo das famílias poderá exercer essa função nos
próximos trimestres, quer porque, após o encerramento da recessão o
nível de emprego e os salários ainda sofrerão quedas, quer porque os
bancos deverão continuar retraídos na concessão de crédito. Resta
esperar que a retomada do crescimento venha dos investimentos em capital
fixo, mas, na grande maioria dos setores, há uma enorme capacidade
ociosa, e assistimos a um número recorde de empresas em recuperação
judicial.
O sucesso obtido em algumas etapas das reformas já
levou a uma queda dos riscos, e esta é uma condição necessária para a
elevação dos investimentos. Mas será que é, também, condição suficiente?
Na ausência de estímulos de natureza fiscal – as despesas em termos
reais estão congeladas –, a única força que lentamente pode estimular a
economia é a queda da taxa de juros. Não teríamos apenas o benefício
intrínseco de uma retomada mais rápida do crescimento, mas também da
melhora do crescimento das receitas tributárias e da dinâmica da dívida
pública, contribuindo para o ajuste fiscal.
O temor de alguns é
que a aceleração dos cortes de juros coloque em risco a convergência da
inflação para a meta. Contrariamente a essa advertência, contudo, não
vejo nas atuais circunstâncias o risco de uma perda de controle da
inflação. Apesar da queda do PIB potencial temos, atualmente, um
enorme hiato negativo do PIB, constituindo-se em importante força
desinflacionária, e por isso vivemos uma situação oposta à ocorrida em
2012, quando o corte da taxa de juros ocorreu com um hiato do PIB
fortemente positivo e com crescimento na inflação corrente e nas
expectativas. Aquele erro levou o mercado financeiro à conclusão de que o
Banco Central tinha uma “meta implícita” de inflação maior do que 4,5%,
provocando o crescimento da inércia e a desancoragem das expectativas.
Nas
atuais circunstâncias, a queda mais intensa da taxa de juros traria o
benefício de produzir o retorno à meta de inflação com um custo menor em
termos de perda de produto e emprego. O único risco corrido pelo Banco
Central seria o de não aprovação no Senado da PEC que fixa os gastos
reais, e talvez no dia 29 de novembro comecemos, graças à competência
política do governo, a superar a barreira que vem limitando a sua
decisão de acelerar os cortes.
Fonte: Affonso Celso Pastore - Ex-presidente do Banco Central - O Estado de S. Paulo
Governo prepara proposta do Orçamento do ano que
vem com a previsão de elevação da carga tributária, e com isso retardará a
retomada do crescimento
Demonstra
ter enorme resistência a deletéria tradição da administração pública federal de
formular propostas orçamentárias irreais. Mesmo durante uma conjuntura de grave
crise como a atual, situação em que a credibilidade do governo é chave, o
Planalto prefere encaminhar ao Congresso um Orçamento em bases equivocadas,
revelou o jornal “Valor Econômico”.
E não só
por fazer uma aposta em total contramão à dos analistas do mercado —o governo
trabalha com a hipótese de um crescimento de 0,5% em 2016, para efeito
orçamentário, enquanto a média das projeções profissionais aponta para a
persistência da recessão já em curso.
Um grave
erro de percepção do estado da economia, cometido no projeto de Orçamento para
2016, é também prever mais aumento de impostos. Isso significa, entre outras
coisas, que a presidente Dilma não consegue se desapegar da ideia de um Estado
ativo nas despesas, quando a crise fiscal exige uma postura de sentido oposto.
Esta configuração do próximo Orçamento confirma que, para o Planalto, o peso da
carga tributária não é um problema.
Tem-se a
mesma percepção diante da elevação do custo trabalhista sobre as empresas,
decorrente da reoneração da folha de salários recém-aprovada no Senado como último
item desta primeira fase do ajuste fiscal.
O mesmo
acontece com relação à reforma da fusão entre PIS e Cofins, com a criação de
uma alíquota única. A mudança é positiva por ser simplificadora, mas embute
alto risco para empresas, por exemplo, do setor de serviços, que têm pouco ou
nenhum crédito a abater do novo imposto, por não utilizar insumos em larga
escala. Conhecendo-se a voracidade do Estado brasileiro por impostos, é forte
aposta que o governo Dilma aproveitará esta reforma para aumentar a arrecadação.
Mais uma
vez, como acontece desde o Plano Real, em 1994, um governo tenta fechar as
contas pelo aumento da coleta de impostos — e corte nos investimentos, outra
praxe — e não por redução e racionalização das despesas bilionárias.
Neste
sentido, PSDB e PT estão juntos. Os dois sufocaram o contribuinte. No período
de seus governos, a carga tributária saiu de 25% do PIB para cerca de 35%, o
mais elevado índice entre as economias emergentes, superior mesmo a alguns
países desenvolvidos — mas com serviços públicos deploráveis.
Como esta
previsão de mais impostos ocorre em meio à séria crise, caso a intenção do
Planalto se confirme o governo irá retardar a própria recuperação da economia. Um tiro
no pé de elevado calibre,cujas vítimas serão os demitidos que já aumentam as
filas às portas das delegacias do Ministério do Trabalho e de agências da Caixa
Econômica, em busca do seguro-desemprego.