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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O promotor deveria ter ouvido o juiz - Augusto Nunes

 Revista Oeste

Por ter ignorado a voz da sensatez, Alexandre de Moraes desconhece a importância do comedimento

Foto: Shutterstock
 
Ennio Bastos de Barros tinha nome, jeito, cara e modos de juiz de Direito. Coerentemente, ele comandava a comarca de Taquaritinga nos tempos em que minha turma já encerrara a primeira infância mas ainda estava longe da adolescência. 
O uniforme coletivo era o imposto a todos os menores de 11 anos nas horas do dia em que não estávamos na escola ou dormindo: camiseta com a cor do time do coração, barata demais para incluir o distintivo no peito e um número nas costas, e aquele detestável calção improvisado pela mãe ou por alguma tia com a amputação, milímetros acima do joelho, das pernas de uma calça de adulto derrotada pelo tempo. 
 
Não havia no bando de moleques nenhum caso de polícia, tampouco delinquentes mirins em gestação
Mas, por via das dúvidas, convinha adotar medidas preventivas que nos mantivessem fora da mira dos homens da lei. 
O jogo de futebol na rua de terra, por exemplo, era interrompido assim que despontava na esquina da General Glicério com a Rio Barbosa, perto das 2 da tarde, aquele homem de terno e gravata, semblante grave, cada fio de cabelo em seu lugar, caminhando em direção ao fórum
Entrincheirados sob a parreira no corredor que levava ao quintal a casa dos meus pais, tanto os inocentes de carteirinha quanto os pecadores compulsivos, que nunca escapavam de pelo menos 80 ave-marias e 30 padre-nossos a cada escala no confessionário, uniam-se na reverência silenciosa.
 
(...)
 
Se tivesse um pouco mais de juízo, o promotor que acusava culpados e inocentes com a mesma convicção furiosa talvez virasse ministro do Supremo Tribunal Federal. Prender gente era a coisa que mais apreciava. Em contrapartida, o antigo juiz da comarca se sentiria tão à vontade no Pretório Excelso destes tempos estranhos quanto um Winston Churchill no Ministério do governo Lula. 
Primeiro nos fóruns de pequenas cidades interioranas, depois como desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, enfim como advogado, o jurista morto em fevereiro de 2017 sempre soube mostrar como é (e como age) um magistrado de nascença
Essa linhagem só tem vagas para quem condena ou absolve com base nos fatos — e somente nos fatos —, toma decisões amparado nos autos do processo, obedece sem hesitações ao que a lei determina, sabe que para quem julga a parcialidade é o oitavo pecado capital, ama a verdade acima de todas as coisas e tenta teimosamente transformar em 11º mandamento uma cláusula pétrea — “Todos são iguais perante a lei” — esquecida no baú das utopias constitucionais. Não é pouca coisa. 
 
Se ainda estivesse entre nós, o grande juiz certamente reprovaria o desempenho dos ministros que controlam o Supremo Tribunal Federal
Mas não é tudo. Juízes de nascença também aprendem ainda no berçário a tratar com carinho o idioma nacional. 
Autor de vários livros, bom orador, Ennio Bastos de Barros não se limitou a escrever e falar com exemplar elegância. 
Também fez o que pôde para impedir que a língua portuguesa fosse submetida a medonhas sessões de tortura por promotores de Justiça e advogados. 
 
Em março de 1968, por exemplo, ele trabalhava na 10ª Vara Cível de São Paulo quando recebeu um texto produzido pelo defensor do réu de uma ação de despejo. Inconformado com o que considerou uma prova veemente do “primarismo palmar” do bacharel, o magistrado resolveu que era hora de conter a disseminação de crimes contra o idioma praticados por doutores semialfabetizados.

(...)

Se ainda estivesse entre nós, o grande juiz certamente reprovaria o desempenho dos ministros que controlam o Supremo Tribunal Federal. Mas é improvável que se surpreendesse com o que anda fazendo Alexandre de Moraes há mais de quatro anos. 
O magistrado vocacional o conheceu em novembro de 1997, quando o promotor de 29 anos apenas esboçava o estilo que seria aperfeiçoado depois da chegada ao STF.  
À frente de um grupo de integrantes do Ministério Público, Moraes convocou uma entrevista coletiva para comunicar que havia denunciado Paulo Maluf por improbidade administrativa. Durante o falatório, responsabilizou Maluf pela compra superfaturada de frangos durante sua passagem pela prefeitura de São Paulo.
 
Advogado do ex-prefeito, o desembargador aposentado foi à réplica: “Ao dar como certo o que ainda lhe caberá provar, o promotor não guarda o necessário comedimento”.  
Segundo os dicionários, comedimento quer dizer austeridade, autocontrole, circunspecção, compostura. Todos os termos combinam com Ennio. Nenhum rima com Moraes, confirmou a reação do impetuoso promotor: “Nenhuma ameaça vai impedir que o Ministério Público continue seu trabalho técnico de defesa do patrimônio público”, caprichou na redundância. Em público, de novo. Enxergando ameaças imaginárias, como sempre. Maluf acabou ganhando a causa.
 
 (...)
 
O desempenho do centroavante rompedor do Timão da Toga atesta que Moraes preferiu ignorar a voz da razão. Essa decisão infeliz condenou o jovem promotor nada comedido a tornar-se um ministro cinquentão sem compostura.
 
Leia também “Haja covardia”
 
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Coluna Augusto Nunes - Revista  Oeste

 

 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

O gol contra de Moraes - Revista Oeste

Augusto Nunes

Ministro corintiano não vê diferenças entre uma questão judicial e um jogo de futebol 

Rosa Weber, Alexandre de Moraes e Rodrigo Pacheco, em entrevista coletiva sobre as eleições | Foto:  Antonio Augusto/Secom/TSE

Rosa Weber, Alexandre de Moraes e Rodrigo Pacheco, em entrevista coletiva sobre as eleições | Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE  

“Eu sou corintiano, como todos sabem”, começou o mais curto, surpreendente e destrambelhado pronunciamento de Alexandre de Moraes desde que descobriu os superpoderes concedidos a titulares do Timão da Toga. Sem esclarecer a abrangência do pronome indefinido plural — todos os parentes, todos os amigos, todos os demais torcedores ou todos os brasileiros? —, o governador-geral das eleições partiu para a evocação do trauma, sofrido quando tinha 8 anos de idade, que explica a origem do seu estilo tiro-porrada-e-bomba: “Até hoje eu contesto a vitória do Internacional contra o Corinthians em 1976, aquela bola que bateu na trave e bateu fora e foi dado o gol”.

Feito o misterioso preâmbulo, chutou de bico no pau de escanteio: “Só que eu fico com a minha contestação pra mim mesmo. É assim que o Tribunal Superior Eleitoral vai tratar quem contestar as eleições”.  
Enfim se soube que um gol que Moraes tenta digerir há quase 50 anos poluiu a cabeça baldia com certezas tão esquisitas quanto um baile a rigor no meio do Deserto do Saara.

Para o presidente do TSE, por exemplo, não há diferenças entre uma questão judicial no Brasil do século 21 e um jogo de futebol de antigamente. Mais: o despacho injusto de quaisquer excelências do alto comando do Judiciário é tão definitivo e inapelável quanto decisões desastradas dos juízes que suavam nos gramados trajados de preto e calçando chuteiras.

Alguma alma piedosa precisa contar à sumidade em matéria eleitoral que foi para reduzir ao mínimo o volume de erros que os dirigentes do mundo do futebol decidiram socorrer os árbitros com a criação do Video Assistant Referee, o VAR. 
 Caso tivesse ocorrido neste outubro, o gol que segue atormentando o ministro decerto seria anulado pela revisão das imagens. Mas Moraes prefere um TSE sem VAR ou qualquer outro instrumento de correção. A usina de decisões monocráticas, frequentemente sem pé nem cabeça, não admite contestações protagonizadas por quem se considera prejudicado. E vive perdendo a paciência com quem constata que os doutores a serviço da Justiça Eleitoral são tão imparciais como mãe de candidata a miss na noite do desfile final.
 
“Seremos implacáveis com divulgadores de fake news”, recita Moraes desde a festa de posse em que foi aplaudido de pé por meia dúzia de reputações ilibadas e uma imensidão de prontuários.  
Mas só quem vota em Jair Bolsonaro comete esse pecado capital, informa a enxurrada de punições impostas a quem publica notícias que possam prejudicar o ex-presidente Lula. 
Até os bebês de colo sabem que o chefe do Mensalão e do Petrolão passou meses engaiolado em Curitiba. 
Mas o TSE proíbe que o qualifiquem de ex-presidiário. 
Até napoleões de hospício compreendem que as mortes ocorridas durante a pandemia foram causadas por um vírus chinês em todos os países do mundo. 
Menos no Brasil, concorda o tribunal. Aqui só se morreu de Bolsonaro, singularidade que libera adversários do candidato à reeleição para acusá-lo de “genocida”.

Ninguém errou tanto quanto os pajés do Datafolha e do Ipec. Nenhum voltou a agir com a rapidez do velho Ibope com novo codinome

Como comprova J.R. Guzzo na análise do tema de capa desta edição de Oeste, a Gazeta do Povo foi censurada por registrar que Lula é um velho amigo de Daniel Ortega o ditador nicaraguense que, depois de prender um a um todos os que ousaram inscrever-se como candidato numa eleição de araque, agora deu de prender padres, freiras e bispos católicos. 
Não pode, resolveu o juiz Paulo de Tarso Sanseverino, outro impetuoso artilheiro do TSE. 
O companheiro Ortega e o companheiro Lula só se conhecem de vista. Quem acha o contrário quer induzir o eleitorado a acreditar que, se Lula conseguir regressar ao palco dos crimes incontáveis, vai declarar guerra ao Vaticano, estatizar igrejas e transformar púlpito em palanque. Às favas a liberdade de imprensa, os fatos, a sensatez, a verdade e a Constituição.
O batalhão de advogados, chefiado pelo inevitável Cristiano Zanin, consegue 11 decisões favoráveis a cada dez pedidos de remoção de notícias incômodas. 
E vence 101 a cada 100 ações destinadas a vetar o conteúdo ou interditar peças de propaganda eleitoral concebidas pela equipe de Bolsonaro. Alguém aí se surpreendeu? 
Zanin obrigou Gilmar Mendes a consumir barris de água para não desandar na choradeira exigida pelo desempenho de um advogado disposto a tudo para libertar o cliente bandido. 
Tão comovido quanto o decano do Supremo, Lula vai infiltrar Zanin no Pretório Excelso se alcançar um terceiro mandato.  
Para adular um possível colega, Moraes delegou ao ministro Benedito Gonçalves, aquele que Lula contempla publicamente com tapinhas no rosto, a missão de irritar Bolsonaro com o atrevimento dos antigos juízes de futebol.

Gonçalves proibiu a primeira-dama Michelle Bolsonaro de aparecer com destaque no horário eleitoral, proibiu o marido de gravar lives na residência oficial do casal, proibiu o presidente da República de documentar com imagens a presença no funeral de Elizabeth II em Londres, proibiu a reprodução de trechos do discurso na sessão de abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque. Haja insolência. E haja esperteza, berra a impunidade dos mais ativos parteiros de mentiras deste ano eleitoral: os donos das lojinhas de porcentagens disfarçadas de “institutos de pesquisa”.

Lula vai liquidar a disputa no primeiro turno, mentiram em 1º de outubro apresentadores de telejornais e redatores de primeiras páginas, todos amparados em pesquisas divulgadas por sete das nove empresas em ação no Brasil. 
No dia seguinte, a apuração dos votos escancarou em 21 das 27 unidades da federação diferenças de proporções siderais entre os prognósticos dos videntes de galinheiro e a verdade das urnas
 Além de atropelados pela ascensão de Bolsonaro, os fabricantes de índices foram espancados pela desmoralizante inversão de posições nas disputas por governos estaduais e vagas no Senado. Ninguém errou tanto quanto os pajés do Datafolha e do Ipec. Nenhum voltou a agir com a rapidez do velho Ibope com novo codinome.

Neste 5 de outubro, os vigaristas da estatística reapareceram com mesma fantasia. Segundo o Ipec, Lula está na frente, Bolsonaro corre arfante quilômetros atrás. O TSE não vê nada de mais. O favorito se fecha em casa, o azarão mobiliza multidões. Os doutores em eleição fecham os olhos ao que acontece na margem esquerda do rio. Só vigiam o outro lado. Mas não percebem que o povo se move à direita. Tampouco sabem que o povo pune.

Leia também “Abraço de afogado”  

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste

 

sábado, 2 de outubro de 2021

De peito aberto, Luciano Hang domina a arena da CPI - VOZES

Alexandre Garcia

A CPI da Covid teve seu ibope máximo nesta quarta-feira (29). O empresário Luciano Hang atraiu muita atenção para a CPI e ele dominou o ambiente, como se fosse um jogo de futebol de um contra sete. Inclusive dominando o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e o relator Renan Calheiros (MDB-AL). Ele chegou a chamar os dois pelo primeiro nome.


Luciano Hang prestou depoimento à CPI da Covid no Senado nessa quarta-feira (29)| Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

E aí alguns senadores se deram conta disso, de que se não parassem com isso Hang dominaria a sessão inteira. E, claro, protestaram no grito, como sempre. É óbvio que o que perguntaram para Luciano Hang não tinha nada a ver com a CPI. O objetivo da CPI é investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia, o colapso da saúde no estado do Amazonas e a aplicação de recursos federais por estados e municípios no combate à pandemia. Ou seja, nada a ver com o Luciano Hang.

Mas o empresário aproveitou para protestar contra o tratamento desrespeitoso — ele chamou até de vil — com que a senhora mãe dele foi mencionada lá na CPI. E vejam só: Renan fez um discurso sugerindo que Luciano Hang é o "bobo da corte", mesmo tendo afirmado lá no início, quando assumiu a relatoria da CPI, que trataria todos sem valorizações pessoais, numa investigação técnica e despolitizada. [com certeza Renan após o 'banho' que levou do Hang, deve ter procurado um espelho para reconhecer o verdadeiro, o autêntico, o real bobo da corte.]

Agora o próprio Renan, em um momento de infelicidade, fez uma alegoria sobre circo durante a CPI. Disse que lembrava quando o circo chegava na cidade dele, com mágicos de capa e cartola, tirando coelhos, trapezistas, marmelada, fantasia, globo da morte, picadeiro, malabaristas, marionetes, anões, saltimbancos, domadores de pulgas.  Falavam em circo mambembe e palhaços maltrapilhos. Que alegoria, hein? É como falar de corda em casa de enforcado. Ele se referia a quem? Eu não preciso nem responder.

[Mais sobre Luciano Hang no Circo Covidão e os mil dias do governo Bolsonaro]

Covidão ganha um novo alento com a ida do empresário, dono das lojas Havan. Parece que foi por insistência do relator Renan Calheiros (MDB-AL), que está muito preocupado com a eleição do ano que vem e precisa de audiência; por isso, insistiu em convocar Luciano Hang.

Os outros senadores estavam meio receosos porque, afinal, o empresário não vendeu ou comprou nenhuma vacina; não vendeu nenhum respirador através de loja de vinho ou de outra empresa duvidosa. Inclusive não vendeu e não entregou nada para o Consórcio Nordeste, não superfaturou hospital de campanha, ou seja, não tem nada a ver com a pandemia.[caso queiram atualizar a folha corrida... ops., os currículos do trio 'dono' da covidão-19, especialmente do relator Calheiros, cliquem aqui.]

Inaugurações nos mil dias
O presidente Jair Bolsonaro finalmente comemorou, como ele gosta, os mil dias de governo, cercado pelo povo. Foi na Bahia e em Alagoas, onde os governadores são de oposição ao governo federal: Rui Costa (PT) e Renan Filho (MDB), filho de Renan Calheiros, respectivamente.

Bolsonaro esteve em Teixeira de Freitas (BA), onde entregou um centro poliesportivo; duas duplicações de BRs importantíssimas, a 116 e a 101; e entregou títulos de terra. Depois, em Teotônio Vilela (AL), ele entregou 200 casas populares. Foi uma apoteose nas ruas, do jeito que Bolsonaro gosta. Ele tem um prazer enorme de contrariar as pesquisas de opinião.

LEIA TAMBÉM: Ambientalistas, MP e Supremo são culpados por eletricidade cara no Brasil

Biden ignorou o conselho de generais
No Capitólio, em Washington, uma comissão do Senado ouviu generais sobre o processo de retirada das tropas americanas do Afeganistão. Eles disseram ter aconselhado o presidente Joe Biden a deixar algumas tropas naquele país para não acontecer o que aconteceu, aquele vexame todo registrado na desocupação. 

Mas Biden não os ouviu. Achou que tinha que fazer pela opinião pública e saiu todo mundo de uma só vez. Deixaram para trás milhares de fuzis, helicópteros, aviões e veículos para os terroristas do Talibã, tudo pago pelo contribuinte americano. Foi um vexame! [sem pressa;  Biden vai ter oportunidade para produzir mais vexames, que se somarão aos muitos que sua vice também cometerá, e os americanos vão aprender que o MAIOR DE TODOS OS VEXAMES foi eleger Biden e Kamala.

Só alguém gravemente afetado em sua capacidade pensante é capaz de autorizar a retirada de tropas antes da retirada dos civis e do material bélico.]

O peso do ICMS
Na Câmara dos Deputados, o presidente Arthur Lira (PP-AL) disse que quer votar um projeto para botar um ICMS fixo sobre o litro do combustível. Porque aquela média ponderada do preço final, que incide sobre tudo, é ICMS sobre tudo, sobre impostos anteriores também, e sobre um preço final dos combustíveis que é alterado quinzenalmente.

Tem estados hoje, como o Rio de Janeiro, que o ICMS é 34%, no Rio Grande do Sul é 30%, Minas Gerais é 31%, Maranhão é 30,5%, Mato Grosso do Sul e Goiás são 30%, Piauí é 31%. 
Como é que Santa Catarina, São Paulo, Acre, Amapá, Amazonas, Roraima, Mato Grosso podem cobrar 25%? 
Então é isso, ICMS pesa sim muito no preço de combustível. [a propósito: será que o maior todos os ladrões, aproveitou o tempo em que esteve acomodado no 'resort' da PF em Curitiba e aprendeu o que quer dizer CIDE?] 
 
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Moraes presta queixa depois de ser xingado por frequentadores de clube

Ministro do STF não estava presente, mas soube das supostas ofensas por meio de seus seguranças 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), registrou um boletim de ocorrência contra pessoas que supostamente o ofenderam dentro do Clube Pinheiros, em São Paulo, na madrugada de sexta-feira 3. As informações são do site Poder360.

O detalhe curioso é que o magistrado sequer estava presente no local. [põe curioso nisso; o ministro não estava e seus seguranças estavam? prestando segurança a quem? ou a praxe é o ministro ir a um local, se retirar e seus seguranças ficarem de olho para identificar o nível de popularidade da Excelência que protegem? no caaso qual foi o crime cometido pelos autores das supostas ofensas? ] Ele tomou conhecimento das supostas ofensas por meio de seus seguranças, que prestaram a queixa em seu nome. O B.O. foi registrado no 14º Distrito Policial (DP) da capital paulista, no bairro de Pinheiros, zona oeste da cidade.

Moraes é sócio e frequentador assíduo do clube. Integrantes de sua escolta pessoal sempre ficam nas imediações do local. O ministro do STF mora na região.  De acordo com o boletim, “vigilantes particulares” avisaram um integrante da escolta pessoal de Moraes que “indivíduos embriagados no interior do Clube Pinheiros” estariam “proferindo ameaças e injúrias à pessoa da vítima”. Um dos seguranças do ministro “constatou da calçada, e, por meio da grade do clube, quatro indivíduos em uma mesa falando alto e ingerindo bebidas alcoólicas”.

Leia também: “Bolsonaro: ‘Um ministro do STF está contaminando a democracia’”

Ainda segundo o boletim, dois dos homens que teriam xingado Moraes foram embora depois de um funcionário do local pedir que “cessassem os insultos”. O sócio do Pinheiros Alexandre da Nova Forjaz, que se apresenta como agente publicitário, foi identificado como uma das pessoas que teriam insultado Moraes. Segundo relatos, ele teria proferido os xingamentos quase em frente ao edifício em que mora o magistrado. Entre as ofensas, Forjaz teria chamado Moraes de “careca ladrão” e “advogado do PCC”.

Um dos seguranças do ministro, então, “acionou apoio da Polícia Militar, que o apoiou na condução do investigado” até a delegacia. Diante dos policiais, Forjaz negou que tivesse ameaçado Moraes e disse que estava assistindo a um jogo de futebol “e que havia várias mesas insultando a pessoa da vítima [Alexandre de Moraes], contudo, que desconhece as qualificações dessas pessoas”. [e o Forjaz foi liberado ou preso por acusação de suposto xingamento? alguém gravou, ou pelo menos ouviu, os alegados xingamentos? ou fez leitura labial? ]

Leia também: “Zé Trovão desafia Alexandre de Moraes: ‘Venha me prender’”

Revista Oeste

 


segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Por segurança, Bolsonaro tem até provador de comida no Alvorada - VEJA



O presidente Jair Bolsonaro mudou-se para o Palácio do Alvorada quando assumiu o governo, em janeiro deste ano. O palácio estava vazio desde 2017. O último inquilino, Michel Temer, havia morado lá por apenas uma semana. Nesse curto período, disse que ouvia ruídos estranhos, não conseguia dormir à noite e desconfiava que fantasmas rondavam o lugar. Bolsonaro gosta do Alvorada, mas também tem seus fantasmas — e eles o assombram permanentemente. O presidente vive cercado por seguranças, as instalações do palácio são vigiadas por militares do Exército e, ainda assim, ele não se sente totalmente seguro. Teme ser alvo de um novo atentado. A gente contraria o interesse de muita gente”, justifica. Bolsonaro revela que, por precaução, dorme com uma pistola carregada ao alcance da mão. “E ainda tem outras arminhas que ficam guardadas por aí”, diz.

Tamanha preocupação, segundo o presidente, não é fruto de paranoia. Até hoje ele não engole a versão de que o atentado a faca que sofreu durante a campanha foi obra exclusiva de um desequilibrado mental. “Houve uma conspiração”, afirma. Provas, ele não tem, mas sua teoria agora conta com mais um ingrediente intrigante (e provavelmente falso). Bolsonaro acredita que, além do ex-garçom Adélio Bispo dos Santos de Oliveira, autor da facada, uma figura do seu staff de campanha estaria envolvida de alguma forma no plano para matá-lo. O presidente não revela a quem se refere, mas, ao longo da entrevista, vai fornecendo detalhes que apontam para um ex-ministro. O motivo da traição seria uma vingança por ele não ter escolhido o ex-assessor como candidato a vice.

O Palácio da Alvorada está localizado em um terreno de 225 000 metros quadrados à beira do Lago Paranoá. Dispõe, ao todo, de oito quartos, quatro deles suítes. Os salões são decorados com obras de arte e tapeçaria de artistas famosos, e há cerca de quarenta serviçais de plantão todos os dias. Mesmo assim, Bolsonaro se sente só e se considera um prisioneiro dentro de toda essa suntuosidade. Observado de perto por dois seguranças, ele recepciona a equipe de VEJA na imponente biblioteca (que utiliza para receber uns poucos visitantes) e a leva à sala de cinema (que usou uma única vez para assistir a um jogo de futebol), à cozinha (onde costuma almoçar na companhia dos funcionários), à piscina (que teve o aquecimento cortado) e ao jardim (onde às vezes faz uma rápida caminhada).

Ele não vê TV, não promove festas, não bebe e raramente recebe visitas. A área reservada à família foi a única que preferiu não mostrar. O presidente mora com a primeira-dama, Michelle, a enteada Letícia e a filha Laura, de 9 anos. Bolsonaro também pediu que não fossem fotografados os funcionários do palácio, especialmente os taifeiros. Teme que possam ser reconhecidos por inimigos e, sob ameaça, coagidos a fazer alguma loucura. Há sempre alguém destacado para experimentar as refeições antes de elas serem levadas ao prato do presidente.
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VEJA - Política


segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Uma vez, o Flamengo - Fernando Gabeira

Blog do Gabeira

Congresso deveria seguir o Flamengo 

Raramente escrevo sobre esporte. Lembro-me de ter escrito um artigo comparando o Flamengo e o Brasil.  Dizia na época que ambos eram meio caóticos e não cumpriam a promessa de grandeza, apesar de todo o potencial.  Pois bem, o Flamengo deu a volta por cima. O ensinamento dessa virada não deveria, creio eu, limitar-se a um aprendizado apenas no futebol. O Flamengo começou por ajustar suas finanças, o que lhe deu condições de montar uma infra melhor e investir em grandes nomes.

A chegada do técnico Jorge Jesus foi resultado dessa capacidade de investir. Sua filosofia de trabalho acabou dando um sentido maior a todo o esforço. O futebol brasileiro parecia entediante perto do europeu, jogado com intensidade do princípio ao fim da partida. Jesus quer que o time siga atacando até o final, independentemente de estar vencendo com folga. Não era essa a atitude frequente. De um modo geral, os times faziam um, dois gols e tentavam administrar o resultado, ganhando tempo. Com isso, o espetáculo acabava antes do fim regulamentar.

Imagine se um espírito de trabalhar com eficácia todo o tempo fosse transportado para a máquina do governo. Nada se parece mais com o futebol brasileiro do que a burocracia. Muitas jogadas laterais, falta de objetividade, o tempo sentido como a algo a se matar e não uma oportunidade de fazer cada vez melhor. Outro aspecto da filosofia de trabalho de Jesus é impulsionar os limites, algo que existe também no esporte de ponta. Havia um tabu segundo o qual um time que joga na quarta descansa no domingo, ou vice-versa, dando lugar aos reservas.  Por que não jogar duas partidas por semana, com as técnicas de recuperação que existem? Todos temiam o fracasso do Flamengo pela exaustão. E os jogadores seguiram correndo até o final de todas as partidas.

Imagine essa ideia transportada para um Congresso com gana de trabalhar todo o tempo, sem grandes hiatos entre um e outro projeto relevante. O potencial do Flamengo estava na sua grande torcida. Na medida em que o time parecia jogar com seriedade, os espectadores aumentaram. O investimento foi alto, mas o retorno maior ainda da torcida.  Se ampliamos a ideia para um país, vamos compreender um pouco por que os estádios da política andam vazios. O investimento bem aplicado chega na ponta e a resposta das pessoas impulsiona mais ainda.

No caso do derramamento de óleo na costa do Nordeste, esse potencial é visível. Enquanto o governo acusa o Greenpeace, [atualizando: greenpixe ou green piche] centenas de voluntários enchem as praias retirando o óleo, inclusive sem equipamento adequado.  Certos bons jogadores do Flamengo, no passado, não eram escalados sob o argumento de que ocupavam o mesmo espaço no campo. Jesus trouxe a ideia do movimento e flexibilidade e com ela a chance de usar o melhor elenco possível.

Um pequeno preconceito tático impedia a busca do melhor elenco. Se olhamos para a política então os preconceitos se multiplicam. Há centenas de argumentos para impedir que os melhores atuem em conjunto em busca do melhor resultado. Desde a guerra dos egos ao sectarismo ideológico, tudo conspira contra a escalação de um time dos sonhos para buscar uma sucessão de vitórias.  Não sou ingênuo a ponto de supor que um país seja simples como um jogo de futebol. Para começar o esporte tem regras definidas, o campo da política é mais fluido, as próprias regras estão em constante debate.

Mas não é de todo impossível encontrar países, em certos momentos históricos, onde há um grande esforço no sentido de avançar, romper obstáculos.
De qualquer forma, Flamengo e Brasil eram para mim promessas não cumpridas. Ficou faltando o Brasil. Não se sabe ainda quando vai parar de jogar para o lado, perder seus preconceitos, unir talentos, enfim deixar de apenas ser um sonho para o futuro. Imersos no torpor dos trópicos, às vezes precisamos de gente de fora para enxergar o óbvio e, realmente, começar a jogar.

Blog do Gabeira - Fernando Gabeira, jornalista
 

Artigo publicado no jornal O Globo em 28/10/2019