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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Os bispos se levantam contra a legalização do aborto pelo STF - Marcio Antonio Campos

Gazeta do Povo - VOZES

Vaticano, CNBB e Igreja Católica em geral.

ADPF 442

 O presidente da CNBB, dom Jaime Spengler (à direita) e o secretário-geral da conferência, dom Ricardo Hoepers (à esquerda), em foto de 19 de setembro de 2023.

O presidente da CNBB, dom Jaime Spengler (à direita) e o secretário-geral da conferência, dom Ricardo Hoepers (à esquerda).| Foto: CNBB/Flickr 
Como eu imaginei, logo a ADPF 442 estará na pauta do Supremo. 
No último dia 12, a ação que pretende legalizar o aborto no Brasil até a 12.ª semana de gestação foi liberada para julgamento pela relatora, Rosa Weber, que também é presidente do STF. [a ilustre ministra está exercendo uma faculdade do seu cargo e que certamente não a ajudará espiritualmente nem a isentará de eterna pesada punição - pessoalmente, defendemos que TODOS e TODAS, independentemente  do que sejam no mundo religioso ou profano, que defendem o aborto (assassinato covarde e vil de seres humanos inocentes e indefesos)  sejam  sumariamente EXCOMUNGADOS.]
Como ela se aposenta daqui a alguns dias, impossível que ela não quisesse iniciar logo o julgamento, para poder dar seu voto certo a favor do genocídio de pequenos seres humanos indefesos e inocentes. Felizmente, desde que a notícia da liberação da ADPF para julgamento veio a público, o episcopado brasileiro tem reagido de uma forma que vem dando gosto de ver. 
 
Primeiro, a nota da cúpula da CNBB, que, além de reafirmar o valor da vida desde o momento da concepção, denuncia o absurdo de se usar a via judiciária para resolver uma questão que cabe unicamente ao Poder Legislativo
A CNBB chamou a ação de “pauta antidemocrática”, porque é exatamente isso: um partido político nanico, incapaz de convencer o eleitor a endossar suas plataformas, resultando em uma bancada minúscula, deixa de lado a arena legislativa e quer vencer no tapetão. 
Além disso, a CNBB ainda publicou um vídeo em que seu assessor jurídico aponta vários erros da ADPF:
 

Bispos em todo o Brasil também já se manifestaram pelos mais diversos meios. O cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, tem usado bastante o X (ex-Twitter) a esse respeito.

Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo daqui de Curitiba, usou o Instagram, e, no Rio Grande do Sul, dom Antônio Carlos Rossi Keller, bispo de Frederico Westphalen, publicou uma excelente Nota Pastoral.

Trago aqui apenas três exemplos, mas temos bispos no país inteiro fazendo o mesmo. 
 Sem falar nos sacerdotes e leigos católicos com enorme audiência na internet, e que também estão fazendo a sua parte. 
Como a data exata para início do julgamento ainda não foi divulgada, ao menos até esta tarde de terça-feira, ainda há tempo para a CNBB e os bispos adotarem uma série de outras iniciativas. 
Eu sugeriria retomar imediatamente as orações nas missas, seguindo a sugestão que a CNBB fizera para o segundo domingo de agosto. Durante a semana não temos a oração dos fiéis, mas a Oração do Nascituro cabe perfeitamente antes da bênção final; aos domingos, quando o rito prevê a oração dos fiéis, que também seja incluída a prece:
“Está tramitando no STF – Supremo Tribunal Federal a ADPF 442 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) que tem como objetivo descriminalizar quem provoca ou consente com o aborto. 
Os deputados, representantes do povo, disseram não ao aborto, porém há uma força muito forte para que o STF paute este assunto para descriminalizar o aborto. 
Rezemos por aqueles que têm a missão de promover e defender a vida, para que não se deixem intimidar pelo poder da morte e por ideologias de exploração dos mais vulneráveis. V: Rezemos ao senhor.”

Ainda há tempo para a CNBB e os bispos adotarem uma série de outras iniciativas antes que comece o julgamento da ADPF 442

Dá para os bispos fazerem mais que isso? Como já afirmei outro dia, tenho certeza de que a CNBB está realizando intenso trabalho de bastidores. Mas eu não descartaria um uso educativo das penas canônicas. O bispo de Caruaru (PE), dom José Ruy Gonçalves Lopes, pediu explicitamente aos padres de sua diocese que não deem a comunhão a abortistas, e tem toda a razão, pois é exatamente o que está previsto no cânone 915 do Código de Direito Canônico: “Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto” – a defesa do aborto se encaixa direitinho no conceito de “pecado grave manifesto”. Se alguém tiver dúvida, vejam o que o então cardeal Joseph Ratzinger escreveu aos bispos norte-americanos em 2000, a respeito de políticos abortistas:

“Quando a cooperação formal de uma pessoa se torna evidente (entenda-se, no caso de um político católico, sua consistente defesa e votos em favor de leis permissivas sobre aborto e eutanásia), seu Pastor deve procurá-lo, instruí-lo sobre o ensinamento da Igreja, informá-lo de que ele não deve se apresentar para receber a Sagrada Comunhão até que encerre essa situação objetiva de pecado, e avisá-lo de que ele terá negada a Eucaristia. ‘Quando, porém, se apresentarem situações em que tais precauções não tenham obtido efeito (...), o ministro da distribuição da Comunhão deve recusar-se a dá-la’”.

Mais que isso, acho que só a excomunhão. [que é automática para a mãe assassina - aborto é assassinato de ser humano inocente e indefeso - e para  todos que agirem diretamente no processo de assassinato.] - Quem age diretamente em um aborto (gestante, médicos etc.) está excomungado automaticamente (cânone 1.398); não é nem mesmo necessário que o bispo local faça algum tipo de declaração, embora alguns, como dom José Cardoso Sobrinho, tivessem esse hábito para reforçar que havia uma pena canônica prevista para o aborto. 
Eu tenho minhas dúvidas quanto à excomunhão automática de um político ou juiz que votasse, no parlamento ou no tribunal, pela legalização do aborto ou pelo aumento das circunstâncias em que ele seria legal, mas absolutamente nada impede que neste caso ocorra a excomunhão ferendae sententiae, aquela que não é automática, mas ocorre por decisão da autoridade eclesiástica. 
Obviamente, neste caso uma ação estaria limitada aos ministros do STF que se declaram católicos até onde se sabe, é o caso de Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Nunes Marques (que também é maçom) e Cristiano Zanin.
 
Antes de terminar, quero lembrar que muito cruzadinho de internet já se apressou a dizer algo como “é, mas bispo Fulano fez o L, não fez?” ou coisa parecida. 
Sim, provavelmente ao menos alguns bispos que agora estão defendendo enfaticamente a vida deram seu apoio, explícito ou implícito, à eleição deste governo, que já tomou uma série de ações em favor do aborto, por exemplo no âmbito do Ministério da Saúde, com a revogação de uma boa Norma Técnica elaborada no governo anterior, ou no âmbito das relações exteriores, ao retirar o Brasil do Consenso de Genebra (ambas as atitudes, aliás, foram criticadas pela CNBB). 
Rezo para que um dia esses bispos se deem conta da colaboração que deram para a ascensão de um governo iníquo. 
Mas agora eles estão cobertos de razão. Guarde a crítica – que sempre tem de ser respeitosa – para depois; este é o momento de cerrar fileiras em torno dos nossos pastores.

[imperioso destacar que o atual governo está repleto de comunistas e que COMUNISMO e SATANISMO, COMUNISTA e SATANISTA se completam, precisam estar unidos para melhor servir a satanás, o senhor das trevas.

Para ler mais, CLIQUE AQUI e também AQUI.]

Marcio Antonio Campos, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 19 de setembro de 2023

Bioética - Por que ainda é preciso falar de aborto? - VOZES

Francisco Razzo  - Gazeta do Povo

aborto

Ação que legaliza aborto está liberada para julgamento no STF.| Foto: Unsplash

A renomada filósofa Hannah Arendt destacou que os seres humanos não são apenas mortais, mas também seres que nascem
O ser voltado para a morte é igualmente o ser voltado para a vida. 
No conceito de natalidade, encontra-se o verdadeiro “milagre da liberdade”; no ato de “nascer”, e não apenas no mero fato biológico de reprodução, reside o poder fundamental de “começar”, isto é, “que cada indivíduo representa um novo começo, pois através do nascimento ele traz ao mundo algo que não existia antes e que continuará após sua partida”. Isso é exatamente o que o suposto direito sexual e reprodutivo aniquila ao reduzir a mulher a uma mera reprodutora biológica. 
O direito ao aborto representa, de fato, um ataque à humanidade das mulheres, e não sua emancipação.

Como busquei elucidar em meu livro Contra o aborto, lançado em 2017, existe uma intrincada rede composta por entidades nacionais e internacionais, governamentais, intergovernamentais e não governamentais, que defende o aborto há pelo menos meio século. Alguns dos nomes mais proeminentes incluem Planned Parenthood, Ipas, Cfemea e, infelizmente, a própria ONU.

O termo “debate” – que deveria significar um confronto aberto e ponderado de ideias, guiado por regras claras de argumentação racional –, no contexto retórico de uma sociedade indulgente, passa a representar nada mais do que a “urgente necessidade de promover uma agenda” pró-aborto. Não há verdadeiro debate, mas sim proselitismo, e qualquer oposição é prontamente rotulada como extremista e radical, ou, em outras palavras, desumana.

    O direito ao aborto representa, de fato, um ataque à humanidade das mulheres, e não sua emancipação

O marco histórico crucial para essa mudança semântica em relação ao aborto pode ser rastreado até o caso Roe v Wade, quando a Suprema Corte dos EUA decidiu, em 1973, que a mulher tinha o direito de interromper a gravidez.

No debate sobre o aborto, a proteção do direito à vida do nascituro foi obscurecida pelos ideais de liberdade sexual e direitos reprodutivos das mulheres. Surgiu uma falsa dicotomia entre dois direitos fundamentais: vida e liberdade. 
Como se o direito à vida do embrião fosse uma violação do sagrado direito de liberdade sexual da mulher. 
Contra esse cenário cultural, a defesa do status moral do embrião foi relegada a um mero apelo metafísico, justamente em uma era de desdém pela metafísica. 
A decisão Roe v Wade deve ser vista como um marco e entendida na perspectiva filosófica adequada: um sintoma da degradação moral que a década de 60 simboliza
A legalização do aborto não é a causa, mas um dos efeitos das profundas crises espirituais geradas pelo século 20.

É importante destacar que um dos documentos mais relevantes da Igreja Católica sobre natalidade foi publicado em 25 de julho de 1968, apenas dois meses após os movimentos estudantis sacudirem a Europa e os Estados Unidos. Refiro-me à encíclica Humanae Vitae, do papa Paulo VI. A primeira linha da encíclica define o tom de toda essa triste realidade. Paulo VI afirma: “O gravíssimo dever de transmitir a vida humana”. Pois é disso que se trata quando falamos em ser – homens e mulheres “parceiros” na transmissão da vida e na colaboração com Deus: um dever gravíssimo. 

A noção de direitos reprodutivos femininos subverte essa seriedade, criando a ilusão de que a vida humana é trivial.

Retoricamente, as entidades envolvidas na legalização do aborto no Brasil são imitações e extensões de suas contrapartes internacionais. 
As mais notórias e ativas são Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, Católicas pelo Direito de Decidir e o Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA). De alguma forma, todas essas entidades estão associadas à pressão que o Supremo Tribunal Federal tem enfrentado para legalizar o aborto, o que é um absurdo, já que o aborto deve ser tratado no âmbito do Poder Legislativo e não do Judiciário. 
Embora essas pessoas, como membros da sociedade civil, tenham todo o direito de se organizar e defender o que acreditam ser o melhor para a sociedade, o problema reside na estratégia empregada: dissimulação, manipulação de dados, desinformação e excesso de retórica.  
O pior de tudo é assistir a um Judiciário completamente comprometido com essa agenda.
 
Sinceramente, vejo a necessidade de adotarmos uma postura clara e racional no debate público sobre o aborto
Além de toda a retórica superficial do ativismo sensacionalista, é essencial entendermos o aborto não apenas como uma questão médica ou legal, mas como algo que diz respeito à nossa própria humanidade.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Francisco Razzo, colunista e filósofo - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 12 de fevereiro de 2023

Salve o planeta. Elimine a humanidade - Revista Oeste

  Dagomir Marquezi

Algumas correntes acham que o Homo sapiens já teve sua chance

Ilustração: Dotted Yeti/Shutterstock

No seu livro A Ordem das Coisas (1966), o filósofo e psicanalista Michel Foucault lançou a ideia de que a existência dos seres humanos não é eterna nem natural. Na última frase do livro, Foucault diz que “a humanidade será apagada, como um rosto desenhado na areia à beira do mar”.

A impressão que temos é que a humanidade sempre existiu e que continuará existindo infinitamente. O Homo sapiens reina sobre o planeta há 2,6 milhões de anos, segundo um cálculo aproximado da Enciclopédia Britânica. Esse período é chamado de Antropoceno — que significa “a recente era do homem”. Como a Terra tem 4,5 bilhões de anos, nossa existência aqui equivale a um instante fugaz, um flash de tempo. Chegamos, há pouco tempo, e absolutamente nada garante que duraremos para sempre. Pelo contrário, inventamos e disseminamos os instrumentos da nossa própria destruição.

Em 1800, havia 1 bilhão de habitantes na Terra. Hoje, somos 8 bilhões. Segundo estatísticas da ONU, poderemos chegar a 11 bilhões em 2050 e a 14 bilhões em 2100. São os cálculos mais alarmistas. Outros revelam que poderemos ter uma reversão desse crescimento, caindo para 5 bilhões em 2100. No fundo, ninguém tem a mínima ideia do que o futuro nos reserva. Temos o presente. Segundo a Britânica, um quinto da superfície da Terra é usado para a agricultura. Um décimo dessa superfície está transformado em áreas urbanas. E os oceanos estão sendo submetidos a um processo predatório fora de qualquer controle.

Para onde estamos indo? Seguiremos firmes no propósito de alimentar e cuidar de bilhões e bilhões de seres humanos, não importa o que seja necessário para isso?
Viveremos permanentemente ameaçados por armas químicas e biológicas que podem exterminar a vida humana em algumas poucas semanas? Temos o direito ético de acabar com a vida na Terra vida essa que não criamos — com uma chuva de armas nucleares disparadas num momento de crise?
Destruição da raça humana
Ilustração: Pictrider/Shutterstock

“O fim de todos os nossos projetos, valores e significados”

Não são questões simples de responder. Nem existem respostas certas ou erradas para elas. São questões profundas, que varremos para debaixo do tapete enquanto tocamos nossas vidas. Não estamos falando aqui de uma crise artificial e ideologicamente corrompida, como a das “mudanças climáticas”. Falamos de um futuro que ninguém pode prever e que pode trazer a redenção da espécie ou um grau inédito de sofrimento e letalidade na história da humanidade.

Existem grupos que propõem soluções radicais para essas questões. A última edição da revista The Atlantic publicou uma reportagem de Adam Kirsch aprofundando essa questão. “Até o mais radical pensador do século 20 não vai até o fim com a perspectiva da extinção real do Homo sapiens, o que significaria o fim de todos os nossos projetos, valores e significados”, escreve Adam Kirsch. “A humanidade pode estar destinada a desaparecer um dia, mas quase todo o mundo concordaria que esse dia seria adiado o máximo possível, assim como a maioria das pessoas geralmente tenta adiar o inevitável fim de sua própria vida.”


Mas existe um grupo — ainda pequeno de pessoas que não só admite o fim da espécie humana como deseja que isso aconteça. Não formam um movimento, mas uma corrente de pensamento, uma filosofia. Não formam partidos políticas nem ONGs. São formas de pensar e agir sobre o futuro.

Segundo os anti-humanistas, para salvar a complexa teia de vida da Terra, seria necessário eliminar a causadora de toda destruição, toda exploração, todo desequilíbrio — a humanidade

A primeira, segundo a reportagem da Atlantic, é chamada de anti-humanista. Ambientalistas visam a melhorar as condições para que humanos convivam harmoniosamente com outras espécies e o meio ambiente. Segundo os anti-humanistas, para salvar a complexa teia de vida da Terra, seria necessário eliminar a causadora de toda destruição, toda exploração, todo desequilíbrio — a humanidade.

Parte desses radicais se tornou “antinatalista”. Eles propõem simplesmente que os humanos parem de se reproduzir. O maior guru do antinatalismo é o filósofo sul-africano David Benatar, para quem o desaparecimento da humanidade não retiraria do Universo qualquer coisa única ou valiosa. “A preocupação de que os humanos não existirão em algum tempo futuro é ou um sintoma da arrogância humana ou algum sentimentalismo fora de lugar.”

Benatar diz que nós desenvolvemos um senso de autoimportância e que julgamos nossa própria situação no mundo em regime de autointeresse. Nós mesmos, segundo o filósofo, determinamos que somos imprescindíveis. “As coisas serão um dia do jeito que deveriam ser — não haverá gente.” Alguns filmes e documentários já imaginaram cenas de grandes metrópoles tomadas por plantas e animais selvagens, sem nenhum ser humano à vista.

Para reforçar sua ideia, Benatar cita uma pilha de estatísticas, do tipo “tumores malignos matam 7 milhões de pessoas por ano; 310 mil humanos morreram em consequência de conflitos armados em 2000; 107 pessoas morreram por minuto em 2001” — e por aí vai. Segundo ele, se essas vítimas não tivessem nascido, não sofreriam tudo o que esses números mostram. Outro antinatalista, Karim Akerma, inclui todos os outros animais nessa doutrina e propõe uma esterilização total e universal: “Esterilizando animais, nós podemos libertá-los de serem escravos de seus instintos e de trazerem mais e mais animais cativos nesse ciclo de nascer, contrair parasitas, envelhecer, adoecer e morrer; comer e ser comido”.


Upload do pensamento

O antinatalismo não é nenhuma novidade. Alguns dos grupos iniciais do cristianismo seguiam essa linha, como os marcionitas do século 2, para os quais o “mundo visível” seria uma criação de Ievé, o Deus descrito no Velho Testamento. Em oposição a Ievé, as pessoas deveriam abandonar este mundo. E evitar que mais humanos nascessem. Na mesma época, os encratitas também acreditavam na interrupção da procriação humana. Outras seitas em diferentes épocas e lugares concluíram que o nascimento de uma pessoa condenava uma alma a ficar aprisionada num corpo material maligno, que levaria essa alma a se afastar do bem. Muitos acreditam também que o budismo tinha um sentido antinatalista, pois pregava que o sentido da vida é sofrer. Ao não nascer, essa alma evitaria o sofrimento.

A outra corrente, os transumanistas, não quer o fim da humanidade, mas a nossa transformação radical, através de avanços na engenharia genética e da inteligência artificial. Apostam num segundo estágio da civilização, através da colonização de outros corpos celestes. Acreditam numa interação profunda entre os homens e seus computadores e na colonização de outros corpos terrestres. Para os transumanistas, a humanidade não seria extinta, mas transformada num novo conceito de vida, misturando vida biológica com computadores. Nossa consciência se transformaria numa espécie de arquivo mental espiritual, que poderia ser transferida para uma nuvem de consciências sem corpos físicos. (As condições tecnológicas para esse salto não estão tão longe quanto possam parecer.)

Podemos considerar as três concepções (anti-humanismo, antinatalismo e transumanismo) ridículas, absurdas, irreais, ilógicas, insanas e tudo que a gente quiser. Mas seria um erro tentar encaixar essas visões de mundo nas caixinhas mentais “esquerda” e “direita”. Elas tratam de questões existenciais, fundamentais e perenes. E servem — no mínimo — para nos tirar do berço esplêndido das certezas imutáveis.

Leia também “A ditadura das big techs”

Dagomir Marquezi, colunista - Revista Oeste


sábado, 5 de dezembro de 2020

Hipócritas desmascarados (e aglomerados)

Guilherme Fiuza

O governador da Califórnia é simpático, sorridente, bem apessoado, alto, magro, aparência atlética nos seus 50 e poucos anos de idade, democrata, politicamente correto, a favor do meio ambiente, das minorias, do bem e da felicidade. Na pandemia, se apresentou como um grande defensor de vidas. Sua exuberante bondade só tem um defeito: é falsa.

Gavin Newsom impôs à Califórnia um lockdown severo. Como toda autoridade que adotou políticas de restrição extrema, afirmou que esta era a forma recomendada pela ciência para salvar seres humanos da covid. No entanto, os estados americanos que trancaram mais suas populações não conseguiram números de óbitos mais baixos, como já atestado por estudo feito na UCLA – Universidade da Califórnia em Los Angeles. Mas o governador bondoso não se abalou.

Com a aproximação das festas de fim de ano, ele decidiu como será a ceia dos californianos. Limitou o número de pessoas por residência e decretou que a celebração pode ter no máximo duas horas. E que ninguém pode cantar. Talvez você tenha se distraído, então vamos recapitular: não estamos falando da União Soviética, nem do Afeganistão. Estamos falando do estado mais “progressista” da maior democracia do mundo.

Gavin Newsom é a personificação da bondade, mas não é de ferro: depois de toda essa engenharia implacável de controle sanitário e social, foi visto (e fotografado) numa alegre confraternização em ambiente fechado sem máscaras, nem distanciamento. Na sua doce aglomeração estavam presentes vários médicos e um lobista.

Não perca seu tempo dizendo que o governador fofo da Califórnia é um hipócrita. Isso já está carimbado na testa dele para sempre (se os Senhores da Verdade não derem um jeito de apagar). O que você precisa constatar é que Gavin Newsom não é um suicida. Você acha que ele se ajuntou com sua turminha desmascarada para brincar com a morte num ritual satânico?

Não, né? Pois é. Então é o seguinte: o hipócrita de Beverly Hills não vê na pandemia o risco que diz ver – e que embasa suas medidas ditatoriais, que por sua vez não são para salvar ninguém, senão o companheiro Newsom não colocaria o seu corpinho na reta, certo? Então responda: Você acha que o governador da Califórnia deveria responder criminalmente pela gravidade dos seus atos?
Você acha que as demais autoridades, inclusive no Brasil, que submeteram os cidadãos a restrições abusivas com o pretexto de segurança sanitária também deveriam responder criminalmente por 
isso?

Você acha que autoridades que lacraram lojas e soldaram portas deveriam ter de explicar à Justiça a necessidade inescapável dessas medidas brutais?
Ou você acha que os cidadãos arrebentados pelo fascismo sanitário devem só arcar com o prejuízo e lamber suas feridas?
Você acha que uma autoridade pode proibir hospitais públicos e privados de realizar cirurgias sem precisar demonstrar matematicamente o risco de colapso da rede por internações de

covid?
Você acha que autoridades podem determinar o trancamento de populações inteiras sem demonstrar a eficácia disso para a proteção aos grupos de risco?
Você acha normal que essas mesmas autoridades passem a falar em obrigatoriedade de vacinação da população inteira sem que a taxa de letalidade da covid aponte essa necessidade? [uma certeza temos: que pode até demorar mas todas as autoridades que cometeram os abusos citados acima, incluindo outras que podaram poderes de algumas autoridades e empoderaram outras terão que prestar contas. Pode demorar um pouco mas serão julgadas e punidas.]

Somos muito inocentes para suspeitar que isso tudo seja uma questão de poder e dinheiro. O ser humano não pode ser tão miserável assim. Vamos buscar as explicações
Mas não é contar história triste para imprensa amiga. 
Essa história tem que ser contada à Justiça. Ou à polícia – quem for mais atencioso.

O diretor regional da Organização Mundial da Saúde na Europa, Hans Kluge, declarou que o lockdown deve ser evitado. E que as escolas devem funcionar. Gavin Newsom, o rei do lockdown, disse que sua festinha californiana foi “um erro”.

Vamos ajudá-lo a entender melhor a situação. Prezado Newsom, você não cometeu um erro. Você é um erro. Da sua afetação politicamente correta à sua suposta defesa da saúde humana, nada é verdadeiro. Se a humanidade não desistiu de vez da democracia, você e seus comparsas de boa aparência vão ter que desistir do seu surto ditatorial. E pagar por isso.

Guilherme Fiuza, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo

 

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Acidente grave perto do Hran fecha parcialmente o Eixão

Um grave acidente perto do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) deixou três vítimas, uma delas, uma criança de apenas 7 anos. Segundo os bombeiros, apesar da gravidade da colisão, os pacientes que necessitaram de atendimento apresentam quadro estável. Por conta do caos no trânsito provocado pela Marcha das Margaridas, a equipe de socorro teve que acionar o helicóptero da corporação para chegar mais rápido ao local, onde quatro carros se envolveram na colisão.

O acidente por volta das 9h30 desta quarta-feira (14/8), no Eixão Norte, altura da quadra 102/302, abaixo do estacionamento do Hran. Dois dos carros envolvidos, estão com as frentes bem danificadas. 
 
[Brasília está sem governo, a bagunça é total e parece até que GDF tem interesse em complicar o trânsito para dificultar o acesso das vítimas aos hospitais - que já não prestam um atendimento que seres humanos merecem.
A tal marcha é realizada no Eixo Monumental, começou as oito horas de hoje e interdita todas as seis faixas do  Eixo Monumental Sul.
 
Pouca vergonha, omissão do governo, conivência com a bagunça e a desordem, onde se viu em plena Capital da República se interditar seis faixas de rolamento de uma via, deixando milhares de veículos sem condições de acessar o centro de Brasília e a Esplanada dos Ministérios?
 
É uma vergonha o que essas tal de 'margaridas' estão fazendo e com certeza não são trabalhadoras rurais - não sabem a diferença entre uma foice e uma roçadeira.]

Eixão fechado
Para socorrer as vítimas, o Eixão sentido Norte está totalmente bloqueado para os veículos. E para quem segue no sentido Sul, vai ter problemas, porque a pista ficará parcialmente fechada. 
Segundo o Departamento de Estrada de Rodagens (DER), outros dois acidentes foram registrados. Na altura da Vila Telebrasília, houve uma colisão entre uma moto e um ônibus, depois do Viaduto Camargo Corrêa. A faixa central foi bloqueada e a perícia chamada para apurar as circunstâncias da batida. 

No acesso à marginal da EPTG, chegando no viaduto da Epia, um carro e um caminhão colidiram. Ainda não há informações sobre os feridos.  
 
Correio Braziliense
 
 

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

'Chuveirinho' instalado em marquise causa polêmica em Copacabana

Sistema serviria para afastar moradores de rua de prédio em cima do cinema Roxy

Uma espécie de “chuveirinho”, instalado na marquise do edifício do cinema Roxy, em Copacabana, causou polêmica neste fim de semana. O síndico afirma que o dispositivo foi instalado para regar um futuro jardim que será construído no local, mas, de acordo com alguns moradores, o equipamento foi instalado para afastar o tumulto causado por pessoas em situação de rua que se abrigam debaixo do prédio de número 45 da Rua Bolívar. Presidente da Sociedade Amigos de Copacabana e morador do bairro há 50 anos, o advogado Horácio Magalhães filmou os canos aspergindo água do teto na sexta-feira e postou um vídeo na página da associação no Facebook.

Até a noite de ontem, mais de 18 mil pessoas já tinham visto a cena. Enquanto exibia a calçada toda molhada, Horácio criticou a falta de ação da prefeitura para a retirada de moradores de rua:  “Se a prefeitura não resolve o problema, o cidadão resolve. Estamos em frente ao cinema. Foi instalado um dispositivo: molha a calçada, e a população de rua não se concentra. É a solução que o cidadão encontra quando o poder público não resolve o problema. Infelizmente, a nossa situação na cidade e no nosso bairro está dessa forma. A prefeitura não toma providência, e o cidadão acaba tomando. É isso aí. Onde vamos parar”, disse Horácio no vídeo.

Ao GLOBO, ele disse não concordar com a instalação da engenhoca, mas que entende o motivo.  — Claro que isso não é o tipo de atitude que a gente encoraja, mas a gente entende o que motivou. População de rua virou um problema crônico. Muitas pessoas ficam receosas de passar na calçada, não sabem se vão pedir esmola ou ser assaltados. Essa discussão é macro, com vários aspectos. Tem um aspecto social, mas tem a da segurança. Chegou ao ponto de ter um pedinte em quase toda esquina. Muitos ficam postados em frente aos bancos. Mulher e idoso ficam receosos. Eu fico com um pouco de receio porque eu não sei se ele vai me pedir (dinheiro) ou se vai me roubar — afirmou Horácio.


'ELES FUMAM CRACK, CHEIRAM COLA, FAZEM SEXO À LUZ DO DIA', DIZ CONDÔMINO
Três moradores do Edifício Roxy confirmaram a informação de que os “chuveirinhos” foram instalados pelo próprio condomínio para afastar os moradores de rua. A secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, Teresa Bergher, esteve no local neste domingo para apurar as denúncias e disse que vai acionar a Secretaria municipal de Urbanismo para multar o condomínio, caso a irregularidade seja comprovada. A Gerência de Licenciamento e Fiscalização da Zona Sul informou que fará hoje uma vistoria no local e, se necessário, “tomará medidas, como notificar o proprietário".  — Isso é um absurdo, uma irresponsabilidade e falta de humanidade. A lei nos impede de agir, porque permite que essas pessoas deixem os abrigos e voltem a dormir debaixo das marquises. Não vou aceitar nenhuma violência contra os moradores de rua — disse Teresa Bergher. [é sempre assim no Brasil atual, Brasil da bagunça;
a turma dos 'direitos humanos' está sempre a postos para conceder direitos aos que estão errados - as PESSOAS DE BEM que se danem.]
 
Um morador do Edifício Roxy, que preferiu não se identificar, disse que antes de instalar o equipamento foram feitas várias reclamações à prefeitura. Mas a situação ficou insustentável.  — Já fizemos várias reclamações. Então, todo mundo concordou em instalar. Um pouquinho de água não mata ninguém. A gente não quer incomodá-los, mas temos que tomar alguma providência. Eles fumam crack, cheiram cola, fazem sexo à luz do dia, brigam toda a noite e não deixam ninguém dormir — contou.
Nem todos os moradores da região, no entanto, concordaram com o equipamento.


— Isso é surreal, desumano, radical e completamente errado — criticou o aposentado Jorge Coelho Neto, de 71 anos. — Os moradores de rua não estão aqui porque gostam. São seres humanos iguais a gente. Não tem que matá-los, mas cuidar deles.
Um dos gerentes do cinema Roxy disse não saber quem instalou os canos. Já o síndico do edifício informou à prefeitura que o sistema foi feito para um futuro canteiro de plantas. O GLOBO entrou em contato com o síndico, mas ele não quis comentar o assunto.

 Fonte: O Globo



sexta-feira, 22 de julho de 2016

Aborteiras que morram, são elas que procuram a morte quando decidem assassinar seres humanos inocentes e indefesos e que são seus próprios filhos



A dor silenciosa
Quinta maior causa de morte materna no Brasil, o aborto permanece ilegal no país, com raras exceções. A restrição põe em xeque a saúde pública de cerca de 800 mil mulheres por ano, e pode ficar ainda mais severa [e justa já que preserva a VIDA DE SERES HUMANOS INOCENTES
E INDEFESOS e permitirá que as MÃES ASSASSINAS e seus cúmplices sejam punidos com rigor, desestimulando a prática de um dos crimes mais hediondos que existe: o ABORTO.] se projetos de lei no Congresso forem aprovados. 

Maria (nome fictício para preservar a fonte) nunca se esquecerá de agosto de 2010. Depois de terminar um relacionamento abusivo de dois anos com seu namorado, ela, que sofria inúmeras agressões físicas e psicológicas durante brigas e que, por três vezes, teve de impedi-lo de cometer suicídio, descobriu que estava grávida de três semanas.

Confusa, com medo de retaliações por parte do ex-companheiro e preocupada com o futuro dela e da criança, Maria, aos 22 anos de idade, tomou a decisão que considerou mais difícil de sua vida: retirar o feto. “Seis anos se passaram e ainda me lembro de cada segundo, foi um momento muito marcante que nunca esquecerei”, diz. “Foi a única saída. Se continuasse com a gravidez, as consequências seriam gravíssimas. Talvez eu não estivesse mais viva.” 
 [manter relacionamento com um indivíduo mentalmente perturbado, com índole assassina ela aceitou; mas, quando engravidou optou por assassinar o próprio filho, ainda em sua barriga, totalmente inocente e indefeso.

Para ela seria mais fácil matar o seu algoz – certamente seria absolvida. Mas, matar um feto é bem mais fácil e não oferece riscos à assassina.]

Por ser ilegal no Brasil – exceto em casos de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal –, com penas previstas na Constituição de um a três anos de regime fechado para as gestantes, Maria, então, se expôs ao risco de uma prática abortiva considerada por médicos como insegura. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma mulher morre a cada dois dias no Brasil vítima de um aborto mal realizado. Essa é a quinta maior causa de morte materna no país. [uma certeza existe: para cada assassina que morre durante ou logo após a prática do crime hediondo do aborto, resta a garantia que aquele ser infame, aquela mão assassina,  não mais matará outros filhos.]

Embora tenha recebido apoio de pessoas próximas, foi difícil para a jovem conter o pânico ao ler relatos de outras mulheres na internet, principalmente pelas consequências. Segundo Thomaz Gollop, obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein e membro da equipe médica do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, do Pérola Byington, um procedimento inseguro causa sobretudo infecção, perfuração de órgãos como útero e, eventualmente, intestino, esterilidade e hemorragia. [convenhamos que a perda do útero ou esterilidade de uma aborteira é algo que não causa nenhum prejuízo à sociedade; afinal, para que uma aborteira quer útero ou permanecer fértil? Para gerar mais vítimas para saciar seu instinto de assassina?]  

Após dias pesquisando sobre a melhor forma de interromper a gravidez, Maria encontrou uma pessoa de confiança que fornecia o medicamento Cytotec (misoprostol). O remédio é proibido no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por induzir o aborto até a nona semana de gestação e ter comprovação científica de 90% de chances de sucesso. “Há muita gente vendendo remédios falsificados, tive a sorte de encontrar alguém em quem pudesse confiar”, afirma. O procedimento em si custou R$ 600 à jovem.

Drama disseminado
A história de Maria não é algo isolado no Brasil. Estima-se que anualmente, em média, 800 mil mulheres praticam o aborto inseguro por essa intervenção não ser legalizada no país. Desse total, segundo o Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 200 mil mulheres são internadas em hospitais da rede para fazer a curetagem. Por ser um procedimento caro (na cidade de São Paulo, por exemplo, o valor pode variar de R$ 500 a R$ 6.000), as mulheres de baixa renda são as que mais sofrem consequências.

Para a antropóloga Debora Diniz, professora de direito da Universidade de Brasília e responsável por vários estudos sobre o aborto no Brasil, esse tema, que é propriamente reativo à saúde das mulheres, não é compreendido como tal no país. “O direito ao aborto é uma necessidade em saúde pública e um direito da mulher, não é uma prática que se possa banalizar”, diz. [doutora Debora se todos forem atender suas necessidades se valendo de meios criminosos a situação no Brasil vai ficar pior que já está.
Afinal quem vai a um hospital com dores intensas, causadas na maior parte das vezes por uma doença que o paciente sequer sabe o que é, e não recebe atendimento, não tem o direito de sacar uma arma e obrigar um médico a atendê-lo.
Então o que dá direito a uma mãe de, irresponsavelmente engravidar, e alegando necessidade em saúde pública assassinar o filho? Tem mais: o atendimento a uma aborteira que corra risco de vida após a prática delituosa não deve ser considerado prioritário em nenhum estabelecimento de saúde.]

A falta de acompanhamento especializado às mulheres que se submetem ao aborto insegu­ro também gera aos cofres públicos um gasto em torno de R$ 150 milhões por ano. [a aborteira que procura um hospital público deve ter o mesmo tratamento de um bandido que é ferido ao assaltar alguém: ser atendido, mas, antes algemado e após receber o tratamento emergencial ser encaminhado ao Distrito Policial para ser preso, processado e condenado. É preciso lembrar que a mãe aborteira é mais covarde que o assaltante, o homicida.] 

Para Debora, o acesso à informação e um diá­logo amplo sobre os direitos sexuais e reprodutivos poderiam reduzir a demanda por abortos. 

Ela reitera, porém, que o direito de escolha deve ser da mulher. “As complicações decorrentes da tentativa de um aborto inseguro demandam mais do sistema de saúde do que os procedimentos necessários para o aborto legal.” [não deve existir aborto legal, sob nenhum pretexto e as criminosas que praticarem o aborto ou quem de alguma forma colaborar  para sua realização, devem ser considerados autores e coautores de crime hediondo.

A pena para a mãe que pratica o aborto e para os bandidos que auxiliam deveria ser a aplicada a crimes hediondos e cumprida com todo o rigor – alcançando desde o que vende alguma substância ou instrumento capaz de produzir o aborto, os que efetuam o procedimento e a maior criminosa: a mão que autoriza o aborto.]

Entre 2010 e 2016, os abortos legais no Brasil foram autorizados para 9.469 mulheres, ao custo de R$ 1,99 milhão. “O argumento de que o SUS não tem dinheiro para cuidar dessa situação é completamente falho, no momento em que cuida dessa situação depois que a mulher já fez o aborto”, observa Gollop. Com um Congresso mais conservador desde a volta do Brasil à democracia, ao menos dois projetos recentes de lei tramitam na Câmara para restringir ainda mais a possibilidade de abortos legais. Em fevereiro, o deputado Anderson Ferreira (PR-PE) apresentou o projeto de lei no 4.396, que pretende mudar o código penal para elevar de um terço até a metade da pena a prática de aborto em razão da microcefalia ou qualquer anomalia do feto.

Antes dele, em outubro de 2015, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o projeto de lei nº 5.069, de 2013, que prevê penas mais rígidas e específicas a gestantes que usarem remédios abortivos, além de passar a exigir exames de corpo de delito e comunicação à autoridade policial se a mulher alegar ter engravidado por estupro. A proposta de lei foi feita pelo então presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e outros líderes do governo, como André Moura (PSC-SE).

Se aprovada, a lei pode dificultar a interrupção de gestações como a do emblemático caso de abuso sexual em Pernambuco. Em 2009, médicos do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros descobriram a gravidez de gêmeos de uma menina de 9 anos, após ser estuprada pelo padrasto, Jaílson José da Silva, de 23 anos. “Avalio que todos os dispositivos que visam dificultar o acesso da mulher a um aborto seguro – no caso dos já autorizados por lei – podem ser contestados à luz da Constituição”, diz Luciana Boiteux,  professora de direito penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro.