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domingo, 7 de janeiro de 2024

Bandido em saidinha de Natal consegue arma mais rápido que cidadão honesto - Alexandre Garcia

Vozes

Criminalidade 

 Bandido em saidinha de Natal consegue arma mais rápido que cidadão honesto
Bandido em saidinha de Natal consegue arma mais rápido que cidadão honesto
| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Terça-feira foi Dia Internacional da Polícia
Eu homenageei os policiais que deram a vida pela lei, na defesa de outras pessoas. 
E lembrei, no comentário anterior, que o Brasil deve ser o lugar mais perigoso do mundo para ser policial, talvez só comparável ao México ou à Colômbia. 
O crime está aí, os criminosos são soltos, já mencionei aqui o perigo dessas saidinhas de Natal. 
Vejam o que aconteceu agora no litoral de São Paulo: um motorista de aplicativo foi abordado por três pessoas, e depois entrou mais um passageiro; eles queriam pagar R$ 300 para ele levá-los ao litoral, mas em dinheiro, e não pelo aplicativo. 
Ele desconfiou, mas aceitou; viu que eles estavam fazendo sinais, um estava com uma dor na costela, perguntaram se havia barreira policial no caminho. 
Ele foi desconfiando, e a certa altura começou a entrar numa rua escura. 
A estratégia dele foi dirigir o carro como se fosse colidir com uma viatura da polícia; chamou a atenção da polícia, que abordou o carro. 
Um dos ocupantes conseguiu fugir, e encontraram uma metralhadora dentro do carro. Depois viram que era gente da saidinha de Natal.
 
O sujeito sai da prisão no Natal e já está com uma metralhadora. 
Aqui em Brasília o bandido saiu, já conseguiu uma arma e deu cinco tiros na mulher que não havia ido visitá-lo no presídio. 
Essas pessoas conseguem armas na hora, enquanto os atiradores, caçadores e colecionadores tiveram um ano de dificuldade em 2023: 43 mil deles perderam o emprego em clubes de tiro por causa de restrições àqueles que ficam legalizados, registrados – e que trazem medalhas de ouro para o Brasil, como aconteceu com a equipe brasileira em um campeonato de tiro na Tailândia, em dezembro. São as coisas da lei brasileira.

Se depender da esquerda e da imprensa, no Brasil não existe direita, só “extrema direita”

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu um jornalista de São Paulo, que por sinal tem nome judeu, mas que chamou os judeus de “ratos”. 
O Ministério Público mandou esse jornalista retirar as publicações em que fazia essa referência considerada antissemita, mas ela saiu em defesa dele. Na resposta, Gleisi falou do governo israelense de “ultradireita”.
 
Nos jornais eu nunca consigo ler “direita”, é sempre “ultradireita” ou “extrema direita”. Eu gostaria de saber dos jornalistas que escrevem isso: qual a diferença entre “direita”, “ultradireita” e “extrema direita”? 
Por que eles fazem essa qualificação? 
Que expliquem direito o que é “direita” e “extrema direita”, porque afinal usam um adjetivo ideológico que fica estranho. 
De repente, não existe “direita” no Brasil ou no mundo, só existe “extrema direita” ou “ultradireita”. 
Queria saber se isso é combinado, se há um concerto, uma ordem, para não chamarem mais a direita de “direita”, apenas de “extrema direita”.

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Ditadores comunistas seguem perseguindo a Igreja Católica, ontem e hoje
Falando de ideologia, está fazendo aniversário a excomunhão de Fidel Castro.  
Em 1962, o papa João XXIII teria excomungado Fidel Castro porque ele havia se declarado marxista-leninista, expulsado 135 padres de Cuba e fechado todas as escolas católicas do país ao assumir o poder, o que já dura uns 62 anos, considerando Fidel e seus substitutos. 
O papa João XXIII deve ter aplicado um decreto de 1949, do papa Pio XII, que diz que é automaticamente excomungado o católico que se unir ao comunismo e que se declarar adepto da “fé” – porque é uma questão de fé – marxista-leninista. 
Enquanto isso, do último Natal até o fim do ano, Daniel Ortega, ditador da Nicarágua que está no poder desde 2007, já prendeu 12 padres, e eu não vi nenhuma manifestação do papa Francisco sobre isso.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Os bispos se levantam contra a legalização do aborto pelo STF - Marcio Antonio Campos

Gazeta do Povo - VOZES

Vaticano, CNBB e Igreja Católica em geral.

ADPF 442

 O presidente da CNBB, dom Jaime Spengler (à direita) e o secretário-geral da conferência, dom Ricardo Hoepers (à esquerda), em foto de 19 de setembro de 2023.

O presidente da CNBB, dom Jaime Spengler (à direita) e o secretário-geral da conferência, dom Ricardo Hoepers (à esquerda).| Foto: CNBB/Flickr 
Como eu imaginei, logo a ADPF 442 estará na pauta do Supremo. 
No último dia 12, a ação que pretende legalizar o aborto no Brasil até a 12.ª semana de gestação foi liberada para julgamento pela relatora, Rosa Weber, que também é presidente do STF. [a ilustre ministra está exercendo uma faculdade do seu cargo e que certamente não a ajudará espiritualmente nem a isentará de eterna pesada punição - pessoalmente, defendemos que TODOS e TODAS, independentemente  do que sejam no mundo religioso ou profano, que defendem o aborto (assassinato covarde e vil de seres humanos inocentes e indefesos)  sejam  sumariamente EXCOMUNGADOS.]
Como ela se aposenta daqui a alguns dias, impossível que ela não quisesse iniciar logo o julgamento, para poder dar seu voto certo a favor do genocídio de pequenos seres humanos indefesos e inocentes. Felizmente, desde que a notícia da liberação da ADPF para julgamento veio a público, o episcopado brasileiro tem reagido de uma forma que vem dando gosto de ver. 
 
Primeiro, a nota da cúpula da CNBB, que, além de reafirmar o valor da vida desde o momento da concepção, denuncia o absurdo de se usar a via judiciária para resolver uma questão que cabe unicamente ao Poder Legislativo
A CNBB chamou a ação de “pauta antidemocrática”, porque é exatamente isso: um partido político nanico, incapaz de convencer o eleitor a endossar suas plataformas, resultando em uma bancada minúscula, deixa de lado a arena legislativa e quer vencer no tapetão. 
Além disso, a CNBB ainda publicou um vídeo em que seu assessor jurídico aponta vários erros da ADPF:
 

Bispos em todo o Brasil também já se manifestaram pelos mais diversos meios. O cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, tem usado bastante o X (ex-Twitter) a esse respeito.

Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo daqui de Curitiba, usou o Instagram, e, no Rio Grande do Sul, dom Antônio Carlos Rossi Keller, bispo de Frederico Westphalen, publicou uma excelente Nota Pastoral.

Trago aqui apenas três exemplos, mas temos bispos no país inteiro fazendo o mesmo. 
 Sem falar nos sacerdotes e leigos católicos com enorme audiência na internet, e que também estão fazendo a sua parte. 
Como a data exata para início do julgamento ainda não foi divulgada, ao menos até esta tarde de terça-feira, ainda há tempo para a CNBB e os bispos adotarem uma série de outras iniciativas. 
Eu sugeriria retomar imediatamente as orações nas missas, seguindo a sugestão que a CNBB fizera para o segundo domingo de agosto. Durante a semana não temos a oração dos fiéis, mas a Oração do Nascituro cabe perfeitamente antes da bênção final; aos domingos, quando o rito prevê a oração dos fiéis, que também seja incluída a prece:
“Está tramitando no STF – Supremo Tribunal Federal a ADPF 442 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) que tem como objetivo descriminalizar quem provoca ou consente com o aborto. 
Os deputados, representantes do povo, disseram não ao aborto, porém há uma força muito forte para que o STF paute este assunto para descriminalizar o aborto. 
Rezemos por aqueles que têm a missão de promover e defender a vida, para que não se deixem intimidar pelo poder da morte e por ideologias de exploração dos mais vulneráveis. V: Rezemos ao senhor.”

Ainda há tempo para a CNBB e os bispos adotarem uma série de outras iniciativas antes que comece o julgamento da ADPF 442

Dá para os bispos fazerem mais que isso? Como já afirmei outro dia, tenho certeza de que a CNBB está realizando intenso trabalho de bastidores. Mas eu não descartaria um uso educativo das penas canônicas. O bispo de Caruaru (PE), dom José Ruy Gonçalves Lopes, pediu explicitamente aos padres de sua diocese que não deem a comunhão a abortistas, e tem toda a razão, pois é exatamente o que está previsto no cânone 915 do Código de Direito Canônico: “Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto” – a defesa do aborto se encaixa direitinho no conceito de “pecado grave manifesto”. Se alguém tiver dúvida, vejam o que o então cardeal Joseph Ratzinger escreveu aos bispos norte-americanos em 2000, a respeito de políticos abortistas:

“Quando a cooperação formal de uma pessoa se torna evidente (entenda-se, no caso de um político católico, sua consistente defesa e votos em favor de leis permissivas sobre aborto e eutanásia), seu Pastor deve procurá-lo, instruí-lo sobre o ensinamento da Igreja, informá-lo de que ele não deve se apresentar para receber a Sagrada Comunhão até que encerre essa situação objetiva de pecado, e avisá-lo de que ele terá negada a Eucaristia. ‘Quando, porém, se apresentarem situações em que tais precauções não tenham obtido efeito (...), o ministro da distribuição da Comunhão deve recusar-se a dá-la’”.

Mais que isso, acho que só a excomunhão. [que é automática para a mãe assassina - aborto é assassinato de ser humano inocente e indefeso - e para  todos que agirem diretamente no processo de assassinato.] - Quem age diretamente em um aborto (gestante, médicos etc.) está excomungado automaticamente (cânone 1.398); não é nem mesmo necessário que o bispo local faça algum tipo de declaração, embora alguns, como dom José Cardoso Sobrinho, tivessem esse hábito para reforçar que havia uma pena canônica prevista para o aborto. 
Eu tenho minhas dúvidas quanto à excomunhão automática de um político ou juiz que votasse, no parlamento ou no tribunal, pela legalização do aborto ou pelo aumento das circunstâncias em que ele seria legal, mas absolutamente nada impede que neste caso ocorra a excomunhão ferendae sententiae, aquela que não é automática, mas ocorre por decisão da autoridade eclesiástica. 
Obviamente, neste caso uma ação estaria limitada aos ministros do STF que se declaram católicos até onde se sabe, é o caso de Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Edson Fachin, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Nunes Marques (que também é maçom) e Cristiano Zanin.
 
Antes de terminar, quero lembrar que muito cruzadinho de internet já se apressou a dizer algo como “é, mas bispo Fulano fez o L, não fez?” ou coisa parecida. 
Sim, provavelmente ao menos alguns bispos que agora estão defendendo enfaticamente a vida deram seu apoio, explícito ou implícito, à eleição deste governo, que já tomou uma série de ações em favor do aborto, por exemplo no âmbito do Ministério da Saúde, com a revogação de uma boa Norma Técnica elaborada no governo anterior, ou no âmbito das relações exteriores, ao retirar o Brasil do Consenso de Genebra (ambas as atitudes, aliás, foram criticadas pela CNBB). 
Rezo para que um dia esses bispos se deem conta da colaboração que deram para a ascensão de um governo iníquo. 
Mas agora eles estão cobertos de razão. Guarde a crítica – que sempre tem de ser respeitosa – para depois; este é o momento de cerrar fileiras em torno dos nossos pastores.

[imperioso destacar que o atual governo está repleto de comunistas e que COMUNISMO e SATANISMO, COMUNISTA e SATANISTA se completam, precisam estar unidos para melhor servir a satanás, o senhor das trevas.

Para ler mais, CLIQUE AQUI e também AQUI.]

Marcio Antonio Campos, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 27 de junho de 2023

Cresce sem parar a lista de “instituições democráticas” que o povo não pode criticar - J. R. Guzzo

VOZES - Gazeta do Povo 

Cúpula do Senado Federal.| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
 
Até pouco tempo atrás ninguém que estivesse bem da cabeça perdia o sono por causa das “instituições”.  
Quem podia levar a sério, por exemplo, os tribunais de contas? 
Ou as múltiplas procuradorias, que se multiplicam como cogumelos, custam cada vez mais caro e encontram cada vez menos o que procuram? Imaginem, então, o Senado Federal que a imensa maioria dos brasileiros não tem a menor ideia do que seja, nem se interessa em ter, embora pague cada tostão do sustento dos senadores; junto com a Câmara dos Deputados, os dois custam 14 bilhões de reais por ano ao pagador de impostos
Mais ou menos um bom terço dos seus membros está envolvido com o Código Penal.

Na mesma linha, é claro que ninguém jamais desperdiçou seu tempo com o TSE ou com os seus 27 TREs, a não ser, ocasionalmente, quando eles aparecem no noticiário policial por problemas na construção dos seus palácios absurdos pelo Brasil afora — aquelas coisas de Terceiro Mundo que só a alta burocracia nacional consegue botar de pé, na crença de que estão sendo chiques e modernos.

Não está mais assim. Desde que o Supremo Tribunal Federal e o resto da justiça superior do Brasil decidiram formar uma sociedade político-comercial para governar o Brasil em parceria com o Sistema Lula-PT, não se pode mais abrir a boca para falar mal das “instituições”. Todo esse aparelho de custo exorbitante — só a “justiça eleitoral” custa 10 bilhões de reais por ano, mesmo nos anos em que não há eleição nenhuma — tornou-se, para Lula, a esquerda e a maioria da mídia brasileira, mais sagrado do que o Santíssimo Sacramento. 

A mínima crítica é automaticamente denunciada como crime de “extremo direitismo”, “fascismo”, “bolsonarismo” e daí para baixo.  
As urnas eletrônicas dos ministros do TSE, um negócio só usado pelo Butão e Bangladesh no resto do mundo, por exemplo; trata-se de um equipamento mecânico como outro qualquer, mas é proibido dizer que seus componentes poderiam ser modernizados, ou de alguma forma melhorados, hoje ou em qualquer dia do futuro. 
O “tribunal”, gritam todos na hora, é uma “instituição democrática”.  
É obrigatório dizer que o TSE, os ministros e o seu sistema eletrônico são perfeitos. 
Quem não elogiar está praticando um “ato contra a democracia”; quer dar “um golpe” e acabar com o “estado de direito”.

Só a “justiça eleitoral” custa 10 bilhões de reais por ano, mesmo nos anos em que não há eleição nenhuma

A mesma excomunhão é reservada a qualquer observação crítica sobre a indicação do advogado pessoal de Lula para o STF – um ato de favoritismo frontal, mal-intencionado e rasteiro. 
Uma coisa dessas jamais seria aceita, nem como piada, nas Inglaterras, Itálias e Franças onde Lula faz diplomacia turística com a mulher e tenta passar por “estadista latino-americano” se hospedando em hotéis com diárias próximas aos 40.000 reais. [os adoradores do presidente petista podem ficar tranquilos que o ídolo petista está planejando uma viagem para se oferecer - pessoalmente, ao vivo e a cores - para 'mediar', com sua inexistente capacidade de estatista, o 'golpe de estado' que não houve,no ultimo final de semana na Rússia.
Afinal, se existe uma coisa que o Brasil - especialmente o apedeuta atual presidente e seu séquito de esquerdistas entendem e muito é de 'golpe de estado' só imaginado na ente dos esquerdistas. 
A contrariar o estadista mor, só tem um FATO: o hipotético golpe de estado já foi resolvido - NÃO OCORREU - e o petista estadista foi esquecido por todos os líderes mundiais= nenhum se lembrou dele para pedir ajuda.]
Não se pode abrir a boca para dizer que os senadores que fizeram a “sabatina” do novo ministro tomaram parte numa palhaçada grosseira - que não sabatinou coisa nenhuma e não serviu para absolutamente nada a não ser legalizar a vontade de Lula. 
Eis aí outra “instituição” intocável, o Senado – seus membros foram eleitos democraticamente, dizem os discursos da esquerda, e colocar em dúvida a sabedoria, patriotismo e honestidade de qualquer decisão que tomam é negar a “democracia representativa”.  
Até o Senado, e ainda por cima com o presidente que foram arrumar? 
Até o Senado. São os chiliques do Brasil democrático do consórcio Lula-STF.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Ataques à Jovem Pan afrontam a liberdade de expressão - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

O crime da emissora, para os que querem calar a sua voz, é não se submeter ao pensamento único que a esquerda quer impor a todos os brasileiros

A Rádio Jovem Pan, e especialmente o programa jornalístico “Pingos nos Is”, estão sofrendo um ataque direto, rancoroso e desprovido de qualquer justificativa séria nos fatos, por parte de forças que não admitem pontos de vista diferentes dos seus – e, por conta disso, se colocam contra a liberdade de expressão na imprensa. Não é a primeira vez que episódios como esse acontecem – mas, em geral, os agressores estão no aparelho de repressão dos governos.

Presidente Jair Bolsonaro participa do programa 'Os Pingos nos Is' Foto: Reprodução/JN
 

O que chama a atenção, no caso, é que os autores da agressão são justamente quem deveria estar a favor da livre manifestação do pensamento – jornalistas e órgãos de comunicação
A emissora está sendo acusada por alguns deles de praticar, simplesmente, delito de opinião e uso ilícito da liberdade de informar.

Um dos ataques afirma que a Jovem Pan é “a voz do bolsonarismo”. O outro relaciona a emissora com o que chama de “golpe”. A rádio desmente as duas afirmações – e tem a sua grade de programação, que obviamente é pública, para fundamentar com fatos o que diz. Mas o ponto que interessa, no episódio, realmente não é esse.

A questão-chave, do ponto de vista das liberdades públicas e da verdadeira democracia, é: “E se Jovem Pan e o seu programa condenado forem mesmo a favor do presidente Jair Bolsonaro – ou de qualquer outro personagem da cena pública, ou de qualquer posição política?”

Qual seria o problema? Por acaso é proibido ser a favor de Bolsonaro? Ou ser contra os seus adversários?  
É isso, exatamente, o que propõem os autores da agressão: um veículo de comunicação, segundo eles, não tem o direito de publicar aquilo que os seus editores decidem levar ao público, conforme lhes está garantido na Constituição Federal.

A liberdade de imprensa, na sua maneira de ver as coisas, não pode existir para todos. Veículos como a Jovem Pan, o programa “Pingos nos Is” e os colegas que ali trabalham são tidos como algum tipo de delinquente, gente fora-da-lei que deve ser denunciada e, em consequência dos seus delitos, proibida de se manifestar.

O crime da Jovem Pan, para os que querem calar a sua voz, é não se submeter ao pensamento único que a esquerda quer impor a todos os brasileiros.  
Virou uma religião, com pecado mortal, excomunhão e o castigo do inferno. Trate de obedecer – caso contrário, você será denunciado por subversão da ordem politicamente sagrada.[sem intenção de  misturar religião com política, especialmente com a maldita esquerda, lembramos que a esquerda é maldita na própria Bíblia
Sagrada = ficarão à esquerda os condenados ao inferno; no mundo profano a palavra esquerda não tem bons sinônimos, 'sinistra' é um dos sinônimos para a palvra amaldiçoada.]

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo 
 
 

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Rumo ao nada - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Os que desfilam por aí não são candidatáveis a candidatura nenhuma, não na vida real

A imprensa brasileira desenvolveu ao longo das décadas, como a teoria da evolução garante que acontece com as espécies ao longo dos séculos, uma habilidade única. Mantém com vida artificial dentro do noticiário político, respirando por aparelhos, eventos de importância prodigiosa que têm uma característica muito simples entre si: não existem. É o que se poderia chamar de “não fato” – ou, mais precisamente, lendas que vão sendo repetidas de redação em redação, hoje em dia em tempo real, e que não têm nenhuma relação com qualquer tipo de coisa que possa ser certificada como realidade. É como o ar do pastel: está lá dentro, mas não serve para nada.

Você sabe o que é. Há uns 40 anos, ou por aí, aparece regularmente nas manchetes de jornal e no horário nobre da TV a seguinte frase:
 “MDB pensa em deixar o governo”. Precisa dizer mais alguma coisa? Um “não fato” como esse é provavelmente o melhor que se pode obter no gênero, mas há concorrentes. “Deputados estudam formação de frente comum”, por exemplo. 
Um clássico, sempre, são as CPIs. “CPI disso ou daquilo pretende investigar isso ou aquilo.” 
Há também a “apuração rigorosa”, o “novo estudo” e a “mobilização da oposição” – ou da “tropa de choque”. Nunca se apura nada, nem o estudo resulta em alguma coisa de útil, nem alguém se mobiliza para outra finalidade que não seja a de se aproveitar do erário ou fugir do Código Penal.
Mas e daí? Essas miragens sempre enchem páginas que correriam o risco de ficar em branco, ou minutos que poderiam passar em silêncio; pode ser inútil para o público, mas é útil para preencher espaço e tempo. 
Para sorte de comunicadores e veículos, a disposição do leitor em ser informado sobre fatos que não estão acontecendo é normalmente muito generosa; ele lê, esquece o que leu e acaba lendo outra vez. Passa um tempinho, e lá vem de novo: “MDB pensa em deixar o governo”. Nunca deixou, e não vai deixar nunca, mas a notícia volta. É a vida.
O duplo zero do momento são as matérias dando conta do que diz, do que faz e até mesmo do que pensa meia dúzia de cidadãos, ou mais, descritos pela mídia como “candidatáveis” à Presidência da República nas eleições de 2022. Não se para de falar deles, a propósito de tudo. Assinam manifestos. Fazem reuniões entre si
 
Solidarizam-se uns com os outros. Dão entrevistas. Lançam bulas de excomunhão contra o governo, o tempo todo. Falam para o Brasil. Falam para o mundo. Tudo bem, mas o que, no fim das contas, poderia ser um “candidatável”? Uma coisa é certa: os que desfilam por aí não são candidatáveis a candidatura nenhuma, não na vida real. Supõe-se que, para ser mesmo um “candidatável”, segundo o entendimento comum que se tem dessa palavra, o sujeito precisa ser capaz de se transformar num candidato de verdade – ou seja, em alguém que tem alguma chance de ser eleito, um dia, para algo de importância. Ou é isso, ou não é nada. Os “candidatáveis” de hoje não são nada.

Nenhum dos nomes que frequentam o noticiário de todos os dias tem a mais remota chance de chegar à Presidência da República – podem, com sorte, arrumar alguma coisa em seus Estados (deputado, por exemplo, não é difícil), mas ficam por aí. Se não são candidatos sérios a presidente, porque jamais serão eleitos, também não são “candidatáveis”. O Brasil tem dois candidatos a presidente, Jair Bolsonaro e Lula. O resto é o resto. [temos alto apreço pelas sábias manifestações do Guzzo, mas, pegou pesado - ou está brincando - quando cogita do principal resto do resto ser candidato a alguma  coisa. 

Outro absurdo é alguém acreditar que a CPI da covid-19, vai gerar alguma coisa = está mais para o famoso 'inquérito do fim do mundo' que a cada três meses é prorrogado pelo STF.

A CPI vai ciscar, ciscar e nada produzir. Alguma coisa pode até surgir, desde que leve o tema para um hipotético genocídio; só que por não haver a mínima condição de prosperar com acusações ao presidente Bolsonaro (outros poderão ser acusados) e não acusando o nosso presidente o interesse some. 

É igual a tal reunião do esquerdista que preside os Estados Unidos e sobre ela, Elio Gaspari com o brilhantismo que lhe é habitual, se manifestou,em O Globo:   
" Madame Natasha faz qualquer coisa pelo meio ambiente, mas não participa de queimadas do idioma. Na quinta-feira, não houve reunião de cúpula de chefes de Estado. 
Houve, quando muito, um vídeo muito chato.
Desde sempre, as reuniões de cúpula reúnem governantes que às vezes discursam, mas sempre conversam reservadamente. Essa é a parte útil dos encontros. Na cúpula de Biden, houve só a parte inútil."] 
 
O Irã, condenado oficialmente pela ONU por causa do tratamento abominável que dá às mulheres, ganhou um lugar no conselho que defende “a mulher”, nessa mesma ONU. Espera-se, agora, o manifesto de apoio das feministas brasileiras. 
 

J. R.  Guzzo, jornalista - O Estado de S. Paulo


domingo, 5 de maio de 2019

Descarados e malevolentes

Conquanto o desejo e a luxúria fossem tratados com excessivas curiosidades, havia um cenário geral para todas as faltas: os sete pecados capitais


Deonísio da Silva
O que há por trás desta vontade de homens públicos de esconder o que são, levando-os a censurar ou ao menos controlar o que deles se diz? Esta vontade só não é maior do que a de parecer o que não são em entrevistas, declarações e outras estratégias e táticas de ocultar algumas coisas para proclamar outras.  É tão importante atuar em nome dos outros que talvez fosse recomendável aos nossos homens públicos instalar confessionários onde cada qual pudesse contar os pecados contra o público, antes de alguns poucos serem revelados por jornalistas.
Diversas religiões consolidaram usos e costumes constantes de lições ministradas há muitos séculos. Atos importantes requerem purificação prévia, como de resto toma-se um bom banho, acrescido das providências de praxe antes de qualquer convívio, cerimonioso ou privado.

Mas confessar-se a quem? A um dos pares? Neste caso, não poderia ser confissão em privado, mas confissão pública. Como começou a confissão, este ato sublime, que estabelece uma rede de confiança mútua entre confessores e confitentes? Se quebra houvesse no sigilo da confissão, seria punida com excomunhão, a mais grave das penalidades, a ponto de constituir-se num dos mais irreparáveis insultos chamar alguém de excomungado.

No início, ao formalizar os ritos da confissão, a Igreja teve alguns problemas. Foi, então, providenciada uma nova tecnologia, obra de competente e imaginoso marceneiro para atender à encomenda eclesiástica. Assim, o mesmo século que descobriu o Brasil, também descobriu o confessionário. O móvel do confessionário é um recurso estratégico do barroco e da contrarreforma, contexto histórico e artístico no qual o Brasil foi descoberto e formado.

Antes, sentado numa cadeira simples, ao lado de um banco onde estavam os fiéis, o confessor atendia os confitentes um a um. Aos cochichos, para não ser ouvido pela fila dos aguardantes, muito menos por toda a igreja, cada qual desfiava os seus pecados. Alguns acabavam por confessar também os dos outros, dadas as eficientes perguntas do manual dos confessores.

A confissão, formalizada pelo Concílio de Latrão em 1215, deixou de ser optativa e passou a obrigatória. Como nem todos os padres sabiam alugar as orelhas adequadamente, surgiram os manuais. Entre os Séculos XV e XVI, na grafia do português antigo temos o Tratado de Confissom e o Breve Memorial dos pecados e cousas que pertencem ha confissam. Quanto aos manuais, inicialmente escritos em latim, ganharam depois edições em línguas vernáculas.

Tal como se faz hoje em sistemas judiciários de todo o mundo, inclusive no Brasil, as penas eram negociadas também: “vós me contais, eu vos perdoo”, restava entredito em diálogo mudo. A Igreja fazia dos confessores seus bastantes procuradores para ouvir e repassar às autoridades, não as identificações, mas as faltas, com o fim de rever seu planejamento. Esta prática de bisbilhotagem das almas foi sempre antecedida do ato de contrição. A etimologia da palavra contrição não deixa dúvidas sobre a tarefa: mais do que espremer, consiste em triturar, apertar, fazer com a pessoa o que se faz com o trigo a fim de transformá-lo em farinha.

Cada um deveria ser o moleiro de si mesmo e preparar-se para despejar a farinha dos pecados nos ouvidos do confessor, entretanto oculto atrás de uma treliça, pequeno tapume de ripas de madeira destinadas a filtrar os pecados ditos em sussurro e a impedir o reconhecimento do pecador. Resta dizer que, conquanto o desejo e a luxúria, isto é, os pecados de sexo, fossem tratados com excessivas curiosidades, vindas de perguntas feitas por homens castos em busca de usufruir pelo menos as respostas, sobretudo de mulheres, havia um cenário geral para todas as faltas: os sete pecados capitais.

Por serem tantos, eram resumidos na sigla SALIGIA: soberba, avareza, luxúria, inveja, gula, ira e acédia. Este último pecado consolidou-se com outro nome, preguiça, em virtude de acídia ou acédia designar no grego e no latim antigos o mal-estar dos funerais, o luto imobilizante sobrevindo com a morte de alguém muito querido.  Os manuais demoravam-se em alguns pecados, mais graves do que outros. Um dos mais frequentes neste campo, ontem como hoje, era a soberba, que consiste em vangloriar-se de feitos que não são seus, em parecer o que não é, pondo-se acima dos outros, inatingível, ofendendo a Deus e ao próximo.

E assim os cronistas, ontem como hoje, ao contar as coisas como as coisas são, fazem o perfil de alguns homens públicos que tentam esconder-se de qualquer modo.
*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
http://portal.estacio.br/instituto-da-palavra



Transcrito do Blog do Augusto Nunes