Dizem
os petistas que o senhor João Pedro Stédile é um homem culto, com pós-graduação
em universidades de ponta, além de poliglota. Ao que parece - o partido não é chegado ao idealismo burguês -, o referido senhor é
um intelectual de primeira linha. De fora a distância entre o que o PT diz e a realidade, vamos
aceitar que o homem é culto. Mas a
cultura que o reveste acentua ainda mais a rudeza do
seu pensar, sem falar na malignidade de
seus atos e pregações.
Outro dia - indignado com a outorga da
Medalha a ele conferida pelo chanceler da Comenda da Inconfidência, o mais alto
galardão do governo de Minas Gerais -, um
magistrado mineiro dizia vê-lo como fanático marxista, igual aos sectários da
guerra santa dos islamitas radicais.
Leitor e admirador de Marx e
Freud, dois
gênios, ousei rerratificar a fala do meu
interlocutor:
fanático, sem dúvida, mas do comunismo à moda de Lênin e Fidel, tirando
Marx da confusão, filósofo profundo que sequer chegou a ver em vida as
movimentações históricas dos partidos comunistas.
Quem leu o livro de Engels, amigo
íntimo de Marx e próspero industrial alemão, a origem da família, do
Estado e da propriedade, certamente está informado do significado da
dialética da história no conjunto da obra
de Marx, cujo livro mais citado é O capital, até
hoje profundo e polêmico.
Com acerto, o padre Jean Calvez, o mais honesto e profundo conhecedor da filosofia de Marx, dizia ser ele o autor da mais completa interpretação histórica do homem e do universo. Marx esteve baseado na dialética de Hegel, seu mestre e contemporâneo (ver Ludwig Feuerbach ou o Fim da filosofia clássica alemã), que utilizava a dialética do filósofo grego Heráclito para explicar a evolução do espírito absoluto (filosofia idealista alemã). Marx o botou com os pés no chão e usou a dialética para explicar o homem e a história, deixando de lado o tal espírito absoluto. O homo necessitudinis, ou seja, um ser de necessidades, é a tese. A antítese é a natureza sobre a qual o homem atua (homo faber) para satisfazer as necessidades de comer, defender-se, abrigar-se, procriar e sobreviver.
Com acerto, o padre Jean Calvez, o mais honesto e profundo conhecedor da filosofia de Marx, dizia ser ele o autor da mais completa interpretação histórica do homem e do universo. Marx esteve baseado na dialética de Hegel, seu mestre e contemporâneo (ver Ludwig Feuerbach ou o Fim da filosofia clássica alemã), que utilizava a dialética do filósofo grego Heráclito para explicar a evolução do espírito absoluto (filosofia idealista alemã). Marx o botou com os pés no chão e usou a dialética para explicar o homem e a história, deixando de lado o tal espírito absoluto. O homo necessitudinis, ou seja, um ser de necessidades, é a tese. A antítese é a natureza sobre a qual o homem atua (homo faber) para satisfazer as necessidades de comer, defender-se, abrigar-se, procriar e sobreviver.
A síntese é a história humana sob
a face da Terra. Ao
redor dessa contradição básica (ou seja,
tese versus antítese = síntese), Marx chega aos
tempos modernos pregando que só haveria igualdade e liberdade plenas com
o desaparecimento do Estado e das classes sociais antagônicas e a mais-valia do
trabalho, com a vitória do proletariado e a coletivização da propriedade (todos por um e um por todos), um belo
sonho que ele chamou de materialismo histórico a terminar num paraíso terreal
elevado e científico, a ombrear, como diz o padre Calvez com a parusia cristã,
ou seja, o paraíso após a morte (o fim de
todas as contradições da história dos homens e de cada homem particularmente).
Embora a
sociologia marxista seja ferramenta imprescindível para a compreensão da
história humana, especialmente pelos lados social e político, a faticidade
sociológica que processou a evolução das sociedades modernas nos mostrou, à
saciedade, o fracasso dos modelos socialistas
supostamente marxistas-leninistas. Rússia e China, os dois gigantes do
socialismo dito científico, o trocaram por economias de
mercado e modelos democráticos de gestão (o PC chinês tem vários partidos no seu âmago). Comunistas remanescentes temos somente dois
países: Cuba, pressurosa em se modernizar, e Coreia do Norte, secretamente ávida de unir-se à Coreia do Sul.
Causa espécie que, apesar da sua cultura, o senhor
Stédile não tenha percebido as mutações da história contemporânea, apegando-se a avelhantados slogans tipo "luta contra o imperialismo
norte-americano", ou de cara com o sucesso do agronegócio, a alardes
contra "a exploração do latifúndio
improdutivo"... Stédile não passa de um agitador político, com alta dose de desequilíbrio socioafetivo, apegado a teses
esquizoides dissociadas da realidade que vivemos no Brasil. O PT inteiro,
aliás, inventa uma luta de classes que
ninguém enxerga e alardeia defender os pobres contra os ricos. Ora, não
há quem sendo rico deixe de desejar o aumento do poder aquisitivo do povo,
garantia de mais progresso, pois terá a quem vender produtos e serviços.
A luta
contra a pobreza, o desejo de educar o povo, o resgate da desigualdade
histórica que assola as sociedades latino-americanas é desejo de todos os
brasileiros e povos irmãos do continente. Não
existem "banqueiros
perversos", "latifundiários
exploradores" nem "burgueses
despolitizados". Os "movimentos
sociais" não passam de "caricaturas"
ridículas de "imaginárias
revoluções", massa de manobra de políticos
populistas, espertalhões e psicopatas
sociais, como o senhor Stédile, com todos os seus inúteis diplomas.
Por: Sacha
Calmon - Correio Braziliense
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