Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador político. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador político. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Julgamento no TSE - Para incriminar Bolsonaro, acharam só cartão de vacina e reunião com embaixador - Alexandre Garcia

Vozes - Alexandre Garcia

Bolsonaro

O tão esperado julgamento de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral, na quinta-feira, foi interrompido ao meio-dia pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, sob o argumento de que os ministros tinham outros compromissos à tarde.  
Houve tempo para a defesa e a acusação falarem
A acusação, em nome do PDT, afirma que Bolsonaro atentou contra as instituições brasileiras e praticou crime de abuso de poder econômico e político, ao convidar embaixadores para uma preleção sobre as urnas eletrônicas, dizendo que era preciso haver comprovante do voto para garantir a credibilidade, se houvesse dúvida. 
Eu temo que a eleição municipal continue com urnas sem o comprovante do voto, e fique sempre a mesma dúvida.
 
O defensor de Bolsonaro chegou a alegar que nem havia sido no período eleitoral que ocorreu a reunião
E que Bolsonaro fez o mesmo que o ministro Edson Fachin, quando ele era presidente do TSE: na mesma época, convidou os embaixadores para dizer que o presidente do Brasil tinha de reconhecer o resultado da eleição, ou seja, já insinuando que Bolsonaro não reconheceria o resultado das eleições – no que se enganou, pois ele só não passou a faixa.
 
Na semana que vem teremos a continuação, com o voto do relator, aquele que foi saudado pelo presidente Lula com tapinhas no rosto, o ministro Benedito Gonçalves. 
Ele vai ler seu relatório e está todo mundo curioso para saber como os ministros vão conseguir tornar Bolsonaro inelegível. Eu vi nas redes sociais as pessoas dizendo que “estão crucificando o Bolsonaro” – e acertaram, porque, se o crucificarem, convertem-no em Cristo e dão mais força à liderança dele
Ele vai como vítima, como mártir, porque não encontraram sítio de Atibaia, nem tríplex, nem “Instituto Bolsonaro”, nem dinheiro de empreiteira, nem dinheiro de Petrobras, nem superfaturamento.  
Não encontraram nada disso; sobrou só o cartão de vacina e ter dito para os embaixadores isso e aquilo.
 
Deputados do DF ouvem Gonçalves Dias
Por falar em cartão de vacina, a ministra Cármen Lúcia está perguntando à CPI mista se o tenente-coronel Cid será investigado ou testemunha – se ele for investigado, tem o direito de ficar calado.  
O general Gonçalves Dias, que era do Gabinete de Segurança Institucional de Lula, foi ouvido na Assembleia Legislativa do Distrito Federal, onde também há uma CPI. Ele disse que não sabe se Anderson Torres, que foi preso e tudo o mais, tem alguma responsabilidade nisso. 
E disse que alterou, sim, um relatório antes de enviá-lo para o Congresso porque o nome dele aparecia lá de forma indevida, pois ele não sabia das informações enviadas pela Abin. Afirmou ainda que não facilitou a invasão do Palácio do Planalto, que as imagens são imprecisas e desconexas, que ele impediu a depredação e prendeu 182 pessoas. Gonçalves Dias só vai para a CPMI do Congresso em agosto.
 
Lula afaga Cuba, e Argentina traz o pires na segunda-feira
O presidente Lula, na quinta-feira, falou num festival de rock no Campo de Marte, em Paris. 
Pena que ele se esqueceu de lembrar para o mundo inteiro que foi lá que um brasileiro fez um avião decolar sozinho pela primeira vez, e que o Brasil é o campeão de aviação desse mundo. 
Depois, Lula se encontrou com o ditador cubano e disse que é preciso estreitar as relações com Cuba.  
Vai fazer isso agora, na reunião do Foro de São Paulo, em Brasília. 
E na segunda-feira vem a Brasília, de novo, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, pedir dinheiro. O BNDES está aí pra isso, né? 
Para compensar o fiasco econômico do governo socialista num país rico como a Argentina.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 3 de julho de 2022

O dia em que a corrupção foi redimida - Percival Puggina

Rápida leitura do passado recente permitiria antever o final da operação Lava Jato. Eu fiz essa leitura, mas não aceitei, nem como hipótese, entregar minha esperança de um país lavado e enxaguado à imundice dos fatos. Não adiantou coisa alguma. Fizeram tudo outra vez.

 A corrupção foi redimida na quinta-feira 27 de fevereiro de 2014. Naquele dia, valendo-se da nova composição com o ingresso do ministro Roberto Barroso, o STF, por seis votos contra cinco, acolheu recurso em embargos infringentes e decidiu ora vejam só! que no mensalão não houve crime de formação de quadrilha.

No mesmo dia, na capital federal, contam alguns estudiosos das ciências da natureza, a grama deixou de ser verde e choveu para cima.

Toda a Ação Penal 470 foi organizada sobre três núcleos: o político, o bancário e o publicitário
Um precisava do outro, mas os dois últimos não existiram sem o interesse dos políticos. 
O núcleo formado por estes recebia os recursos e os fracionava entre parlamentares recompensando generosamente sua fidelidade ao governo petista; o núcleo publicitário provia os meios e o bancário os fazia chegar ao destino. Mas, segundo o Supremo, não havia nenhuma organização e mente criminosa alguma coordenara aquela intrincada operação.

O relógio dava a hora certa e o dinheiro caía pontualmente nas contas ou nos bolsos, mas as peças do relógio não conversavam entre si.

Ao acolher os embargos infringentes apresentados com essa estapafúrdia leitura dos fatos, o então decano Celso de Mello disse que “a corte não pode se deixar influenciar pelo clamor popular, nem pela pressão das multidões, sob pena de abalar direitos e garantias individuais”. Tem ouvido falar isso por aí?

Joaquim Barbosa pensava diferente e encerrou a sessão lamentando “a tarde triste” e aquela “maioria de circunstância”. 
Os políticos corruptos tiveram suas penas reduzidas e puderam cumpri-las em liberdade. 
O publicitário Marcos Valério, porém, envelheceu na cadeia!

Por essas e outras eu digo que Império da Lei, no Brasil, parece nome de escola de samba.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 14 de novembro de 2021

Cartada final para enquadrar Alcolumbre e acabar com sua carreira política

Evangélicos preparam cartada final para enquadrar Alcolumbre

Enquanto pressionam o senador, aliados de André Mendonça planejam derrotar o grupo do presidente da CCJ nas urnas em 2022 [o chamado 'grupo' do presidente da CCJ/Senado não merece sequer tal 'apelido'. É ínfimo, inclusive o irmão do senador, Josiel Alcolumbre, perdeu as eleições 2020 para prefeito de Macapá.]  

Os evangélicos andam muito irritados com o presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Há três meses e meio, o senador amapaense segura a indicação do pastor presbiteriano André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF), se recusando a marcar uma data para a sabatina do ex-advogado-geral da União — o que, na prática, paralisa todo o trâmite do processo, em sinal de retaliação à escolha do presidente Jair Bolsonaro. 

A postura de Alcolumbre também vem incomodando integrantes do STF (que, com um colega a menos na Corte, passaram a receber mais processos nos seus gabinetes) e provocou um apagão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que não possui quórum para se reunir, já que Alcolumbre também não marcou a sabatina de novos conselheiros. Em uma última cartada para ajudar Mendonça, lideranças evangélicas preparam uma nova estratégia para enquadrar Alcolumbre e convencê-lo a marcar a sabatina do advogado. “Está todo mundo se unindo contra o Alcolumbre, porque ele está abusando do poder dele com os colegas. Com essa postura, Alcolumbre está legislando em causa própria. Jamais imaginei que um judeu estaria contra um evangélico”, critica o líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), em referência à religião do senador. Em 20 de agosto, o gabinete de Cezinha pediu a Alcolumbre, por e-mail, uma visita de cortesia, da qual também participariam outros 20 lideres evangélicos do País. Quase dois meses depois, o senador ainda não enviou uma resposta. “Ele me esnobou até hoje”, reclama Cezinha.

Agora, a estratégia é aproveitar cada oportunidade para mobilizar as lideranças evangélicas — e infernizar a vida de Alcolumbre dentro do próprio Parlamento, em alto e bom som, já que a pressão nas redes sociais parece não ter surtido efeito. Parlamentares aliados de Mendonça planejam “invadir” sessões da CCJ e do plenário do Senado com faixas e fazer barulho, para forçar Alcolumbre a marcar a sabatina. O senador tentou submergir, depois que VEJA revelou que o amapaense foi artífice e beneficiário de um esquema de rachadinha que envolveu seis ex-funcionárias do gabinete do parlamentar. Outro problema no caminho de Mendonça é a PEC dos Precatórios, que também tem de passar pela comissão — e deve receber tratamento prioritário dos senadores, o que pode adiar ainda mais o desfecho da saga do ex-AGU pela vaga do STF.

Enquanto pressionam Alcolumbre nos bastidores e, agora, nos corredores — do Senado, apoiadores de Mendonça planejam derrotar o grupo político do senador nas urnas em 2022. Outrora aliado de Alcolumbre, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) conversou recentemente com lideranças evangélicas para tratar da composição de chapa nas eleições do ano que vem. Randolfe planeja disputar o governo do Amapá e ter um evangélico ao lado, seja como vice ou como senador na chapa. Apesar de ter articulado nos bastidores a eleição de Alcolumbre na presidência da Casa, em 2019, Randolfe se afastou do colega e agora se encontra num campo oposto no tabuleiro político local.  “É uma questão de honra derrotar Davi Alcolumbre na urnas lá no Amapá”, resume Cezinha.

O Amapá, convém ressaltar, é um dos Estados com maior proporção de evangélicos no país (cerca de 40%). Irritá-los pode não ser das melhores estratégias de um político, principalmente se ele busca a reeleição, como Alcolumbre.

 Rafael Moura - Política - VEJA


 

domingo, 29 de agosto de 2021

As garantias “pétreas” do artigo 5º da Constituição que levam ao atraso - Sérgio Alves de Oliveira

Sem dúvida o maior obstáculo que existe para o desenvolvimento e prosperidade do Brasil está no “endeusamento" que a esquerda faz do artigo 5ª da Constituição Federal de 1988, que ela inspirou e  escreveu, após o término do Regime Militar, cujos infindáveis dispositivos,com incisos,letras e parágrafos, superam em “tamanho” toda a constituição dos Estados Unidos, escrita em 1789, composta por 7 (sete) artigos,acrescidos de 27 emendas.
 
São raros os temas de alta relevância previstos tanto na constituição, quanto na legislação infraconstitucional, que precisariam ser mudados para que o país desse um salto  do estado de atraso em que está rumo à prosperidade, mas  que acabam “esbarrando”,de uma ou outra forma,no que chamam de “cláusulas pétreas”,ou seja,em dispositivos constitucionais proibidos de alteração pela própria constituição.
 
Mas na verdade não existe em toda Constituição a expressão “cláusula pétrea”, relativa a nenhum dos seus dispositivos. O que são, ou não, ”cláusulas pétreas”, constituem meramente “temas” elencados no parágrafo 4º do artigo 60 da Constituição, ou seja, 
(I) “a forma federativa de Estado”;
II) “o voto direto,secreto,universal,e periódico”;
(III) “a separação dos Poderes”;e, 
(IV) “os direitos e garantias individuais”, os  quais, portanto, não podem ser objeto de  emenda, e também outras cláusulas pétreas  pétreas, eventualmente “inventadas” pelo tribunal “intérprete” da constituição,na medida dos seus interesses em jogo.
 
Portanto em matéria de cláusulas pétreas o que temos é uma constituição “escorregadia”, à mercê dos “Supremos Ministros”. Mas o “constituinte” de 1988 tem muita culpa por essa verdadeira “confusão” que provocou,e que em última análise forneceu  as “armas” para o Supremo “intérprete” da Constituição (STF) fazer dela o que bem entendesse, ”roubando”  os poderes naturais do Legislativo, e mesmo do poder constituinte derivado, sob o pretexto do poder exclusivo de “interpretá-la”.
A verdadeira “confusão” que fez o constituinte de 88 sobre essa matéria começa pela impropriedade da terminologia que escolheu. 
O inciso 4 do parágrafo 4ª do artigo 60 da Constituição, que preceitua que não podem ser objeto de emenda constitucional os “direitos e garantias individuais”,  não “fecha” com o Capítulo I, do Título II da CF, que se refere extensivamente  “aos direitos e deveres individuais e coletivos”. Não há como “separar”,  nas disposições do artigo 5º, o que são “direitos individuais”   do que são   “direitos e deveres coletivos”, não protegidos pela proibição de emenda. 
Portanto impõe-se a indagação: deveres individuais são cláusulas pétreas? E “direitos coletivos”? Seriam menos que os “direitos individuais”?
 
Mas além dessa “confusão” constitucional, volta e meia o Supremo “inventa” outras “cláusulas pétreas”, não protegidas pelo inciso IV do parágrafo 4º do artigo 60 da CF, sob a alegação de serem cláusulas pétreas “implícitas”. A confusão reinante em matéria constitucional é tão grande que não é nada raro o Supremo não gostar de uma lei qualquer e por esse motivo julgá-la ”inconstitucional”, sempre dependendo da “autoria” da provocação judicial, se parte  de um “aliado, ou não. Os partidos de esquerda “deitam e rolam” com essas medidas.
 
Quanto aos três primeiros incisos (I a III) do parágrafo 4ª do artigo 60 da CF, os mesmos não merecerão abordagem nesse texto porque são temas alheios à discussão em curso. Portanto absolutamente nada do que desejarem mudar relativamente  ao  artigo 5ª da CF será possível fazer sem ferir alguma “cláusula pétrea”. E sem que se mexa radicalmente nesse conteúdo constitucional, que só garante “direitos”, e não cobra nenhum “dever”, ou “obrigação”, numa legítima disposição  constitucional tradicionalmente de esquerda, do ~atraso~, jamais o país sairá do atoleiro político, moral, social e econômico em que se encontra. Por isso o “balanço” constitucional será sempre deficitário  em relação à prosperidade social e econômica, e concomitantemente “superavitário” em matéria de “assistencialismo”.  
 
Esse aspecto  deveria ser do maior interesse no projeto de nova constituição que está em andamento por iniciativa Deputado Federal  (SP) Luiz Philippe de Orleans e Bragança, descendente dos Imperadores Dom Pedro I e II, que por suas vezes devem estar dando cambalhotas nos seus túmulos em face do que os políticos “republicanos” que os sucederam fizeram do Brasil.
 
Mas tem uma saída para que se supere constitucionalmente essas “travas” sobre as cláusulas pétreas do artigo 5ª da CF. 
Bastaria a iniciativa  e a coragem de “riscar” da Constituição, mesmo que por meio de “emenda constitucional”, o inciso IV, do parágrafo 4ª,do artigo 60, da CF.     
Não se mexeria na “pedra” propriamente dita, no dispositivo constitucional “petrificado”, porém  no fundamento da “petrificação”, no agente “petrificador”. E não me venham, tanto a esquerda, quanto os “seus” Supremos Ministros, com o argumento “besta” de que essa mudança  estaria ferindo uma cláusula pétrea “implícita”. 
Valesse esse argumento, não haveria uma só “vírgula” na constituição capaz de fugir do risco de ser declarada “inconstitucional”,por estar protegida por cláusula pétrea.
 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O silêncio não vai salvar você - Revista Oeste

O fracasso da elite liberal em defender J. K. Rowling é lamentável

Imagine se o escritor norte-americano Philip Roth, quando estava vivo, tivesse sido submetido à violência antissemita todo santo dia. Imagine se multidões cheias de ódio o tivessem bombardeado com insultos e ameaças. 
Imagine se ele não pudesse nem ao menos ligar o computador sem ser xingado de escória, de filho da puta, de merda, e algumas pessoas chegassem ao extremo de lhe mandar imagens pornográficas bastante explícitas e ameaças de violência. Imagina-se que haveria alguma reação, certo? A Casa Branca com certeza teria se pronunciado — afinal, Roth era uma das figuras do universo cultural mais conhecidas e um ganhador da National Humanities Medal. O mundo literário teria se mobilizado. Colunistas teriam manifestado seu horror diante da perseguição obscena a um homem que tanto contribuiu para a cultura norte-americana.

No entanto, vamos saltar para 2021. Uma figura literária está sendo agredida, insultada e ameaçada todos os dias, e de boa parte do establishment político, midiático e literário só há silêncio. J. K. Rowling não chega a ser um Philip Roth, mas, mesmo assim, é uma escritora de grande importância. Ela é talvez a figura do universo cultural mais importante do Reino Unido nos últimos 20 anos. E está sendo incessantemente submetida a uma violência misógina horrível, a ataques odiosos que não seriam reproduzidos nem mesmo em uma publicação que acredita numa discussão livre e honesta como esta revista. “Se mate.” “Vou matar você, sua vadia.” “Morra, vadia.” “Essa mulher é imunda.” “Cale a boca.” “Vou encher você de porrada.” [aqui no Brasil um jornalista já desejou que o presidente Bolsonaro morresse, um outro sugeriu que o presidente se suicidasse. Nada foi feito. Sendo que a sugestão de suicídio é uma forma de indução ao suicídio - que no Brasil é crime.] Essas são as mensagens que Rowling tem recebido. Existem muitas, muitas outras, algumas bem piores.

O crime verbal de Rowling, claro, é acreditar que o sexo biológico é real

Como é possível que a autora mais vendida no Reino Unido, uma mulher considerada responsável por encorajar uma geração inteira de crianças a ler mais livros, seja submetida a uma violência tão baixa e a ameaças de assassinato e, mesmo assim, o primeiro-ministro não dizer nada? E a cena literária seguir comentando como o Hay Festival do mês passado foi divertido, fingindo não notar os milhares de pessoas xingando um de seus membros de bruxa velha e nojenta, que deveria ser forçada a fazer sexo oral em estranhos ou, ainda melhor, assassinada com uma bomba caseira? É porque a nossa é uma era de covardia moral. De corações frágeis e fracotes. Uma era em que muitos fizeram o cálculo mais covarde — “se eu não falar nada, talvez não sobre para mim”.

O crime verbal de Rowling, claro, é acreditar que o sexo biológico é real.  
Ela acha que existem diferenças biológicas entre homens e mulheres. 
E que, se você nasce homem, você é homem, e não deve adentrar espaços criados apenas para mulheres: vestiários, presídios femininos, abrigos para as vítimas de violência doméstica. 
Cinco anos atrás essas eram opiniões totalmente normais para ter e expressar. Mas, se você as mencionar hoje, será perseguido, demonizado, terá sua plataforma revogada, poderá ser demitido, receberá mensagens de “chupe meu pau” e talvez até seja provocado com a possibilidade de uma bomba caseira ser enviada para sua casa, como aconteceu com a autora nesta semana.
 
Ninguém que acredite em liberdade, razão e igualdade pode ficar parado vendo isso acontecer. Observar enquanto a realidade do sexo é apagada por ativistas trans que promovem a visão mágica de que alguns homens têm “cérebro feminino”. 
E enquanto palavras como mulher, mãe e amamentação são riscadas de documentos oficiais para não ofender o número infinitesimalmente pequeno de militantes que acreditam que seus sentimentos importam mais do que a linguagem comum. 
 
E enquanto escritoras, colunistas, professoras e ativistas são censuradas e ameaçadas apenas por discutir sexo e gênero. E enquanto J. K. Rowling é transformada em inimiga da decência que merece uma completa destruição stalinista de sua reputação e sua vida.
E, no entanto, nada é o que muita gente está fazendo. Quando três jogadores ingleses negros, incluindo o herói nacional Marcus Rashford, receberam mensagens racistas nas redes sociais — felizmente em menor quantidade, e muitas vindas de outros países —, isso virou primeira página do noticiário por dias. A elite do Twitter não falou de quase mais nada. Políticos se acotovelaram para brandir suas cartas de repúdio sob o nariz do público. 
E, mesmo assim, essas são as mesmas pessoas que estão quietas sobre a difamação muito mais intensa e violenta da antiga heroína nacional J. K. Rowling. O primeiro-ministro não disse uma palavra. O secretário de Cultura (Oliver Dowden) parece ter ficado mudo. A brigada da gentileza deve estar de férias.

Claro, existem honrosas exceções. Alguns colunistas defenderam Rowling. Algumas feministas fizeram pôsteres que diziam “I Love J. K. Rowling” (um, na estação de trem de Waverley, em Edimburgo, foi retirado por ser “ofensivo”. A multidão misógina venceu mais uma vez.) Mas muitos dos chamados progressistas e liberais não disseram absolutamente nada. Ou, pior, ajudaram a aumentar a animosidade deturpada contra Rowling. A incessante estigmatização por parte de esquerdistas radicais de que qualquer mulher que questione a ideologia da transgeneridade é preconceituosa ou uma radfem uma palavra do século 21 para “bruxa” — é a base sobre a qual boa parte desse ódio indizível por mulheres céticas como J. K. Rowling é construído.

Quando cede a uma multidão, você a torna mais poderosa, mais insaciável

De muitas formas, o silêncio da elite liberal sobre as agressões contra a autora é pior do que as agressões em si. As mensagens ameaçadoras e cheias de ódio vêm de pessoas que claramente perderam o contato com a moral, que foram tão corrompidas pelo narcisismo da política identitária e pelas desilusões do lobby transgênero que passaram a ver aqueles que questionam sua visão de mundo essencialmente como um lixo sub-humano e devem, por isso, ser humilhados ritualisticamente e excomungados da sociedade normal. Mas pessoas que ficam quietas nos mundos político e literário estão cometendo um erro moral muito maior. Porque elas sabem que o que está acontecendo é errado, e terrível, mas preferem não se manifestar porque querem evitar atrair a atenção da multidão. Assim como os algozes identitários de Rowling, elas colocam os próprios sentimentosnesse caso, seu desejo mesquinho de uma vida sem complicações — acima de fazer o que é certo.

Elas acreditam que vão salvar a própria pele. Como estão erradas. Deveria estar claro para todo mundo a esta altura que fazer vista grossa para a maneira como as multidões descoladas se voltam contra quem pensa ou fala o que não deve não diminui a necessidade febril dessas pessoas de perseguir quem as ofende. Ao contrário, isso as incentiva. Vamos considerar a experiência da atriz Sarah Paulson. Ela vergonhosamente ficou ao lado da multidão anti-Rowling, retuitando um homem que mandou a autora “calar a boca” e a chamou de “escória completa”. Só que, longe de se proteger da fúria da multidão trans, Paulson atraiu sua atenção. Usuários do Twitter se voltaram contra ela recentemente por não incluir seus pronomes na biografia da rede social. Sério. A manchete “Sarah Paulson dá início a uma guerra no Twitter por causa da ausência de seus pronomes na bio” de fato foi publicada. “Então seus pronomes são burra/vagabunda”, “ela é uma filha da puta”, “que pessoa de merda” são algumas das mensagens que a atriz recebeu.

Sua aliança pouco solidária com a multidão sexista que persegue J. K. Rowling não a protegeu porque, quando você cede a uma multidão, você a torna mais poderosa, mais insaciável. Da mesma forma, o silêncio não vai proteger você. As forças da falta de razão, do não liberalismo e da denúncia estão no centro do ativismo woke, e o transativismo em especial não pode ser enfrentado se as pessoas ficarem quietas. Ele não vai desaparecer. Essas pessoas precisam ser confrontadas, energicamente, com argumentos claros em favor da liberdade de expressão, da discussão racional sobre os direitos das mulheres.  

É o Teste de Rowling — você vai ou não se manifestar contra a perseguição misógina a J. K. Rowling e outras figuras declaradas culpadas de crimes de opinião pelos tribunais arbitrários do regime regressivo da cultura woke?  
Neste momento, muitos estão sendo reprovados no teste. Por completo.
 
 

Leia também “Agora querem queimar os livros de J. K. Rowling”

Revista Oeste - Brendan O'Neill, da Spiked 

 

sexta-feira, 11 de junho de 2021

A REAÇÃO DO VESPEIRO - Percival Puggina

Meus leitores, habituados a dedicar alguns minutos de seu tempo a estas ponderações, sabem que ideologias totalitárias e revolucionárias não se coadunam com o cristianismo cultural e, menos ainda, com o cristianismo em sua essência religiosa. Alguns filósofos do século XIX viram a fé religiosa como um lenitivo às amarguras da existência, enquanto outros, revolucionários, levaram essa ideia para o lado oposto. Passaram a ensinar que “a religião é o ópio do povo” e que a revolução exigia a derrubada de todo poder, fosse religioso, coroado, eleito ou financeiro.

A partir daí, a filosofia da destruição, lançou as bases de uma empreitada que se foi consolidando e já na segunda metade do século XX, esse trabalho alcançava êxitos infiltrando-se nos setores sociais (órgãos de imprensa, sindicatos, Igrejas, educação, cultura). De modo simultâneo com o desastre político e econômico dos totalitarismos, multiplicavam os sucessos da estratégia montada para derrubar os pilares da civilização ocidental. Seu objetivo permanente: reduzir a importância da família e do cristianismo na transmissão dos valores através das gerações. Mas vão além: da culinária ao clima, nada lhe escapa. Seus agentes são missionários de uma religião laica.

O desmanche do império soviético acabou sendo bom para os comunistas. Sumiu das vistas o mau exemplo que proporcionava e o Ocidente sentiu-se livre de suas até então piores ameaças. Até no extremo oriente, os países que ocidentalizaram suas economias e instituições, prosperaram, enquanto a mentalidade revolucionária ressurgia como pandemia, numa segunda onda, atacando as bases da civilização ocidental.

Aqueles que pressentiram o problema, entre os quais peço licença para me incluir, reconheceram a importância da vitória do exótico Trump em 2016 e viram com tristeza a roda do poder virar para a esquerda nas eleições de 2020. É nos EUA que mais fortemente se trava o combate pela preservação dos valores do Ocidente.

Em 2018, o Brasil assistiu o produto de um despertar. Veio tarde, mas não tarde demais. Nos dois ou três anos anteriores, a sociedade brasileira acordou para o despenhadeiro moral, social, político e econômico a que estava sendo conduzida. Entendeu o jogo de cena em que foi levada a optar entre dois partidos de esquerda, PT e PSDB. Um quarto de século entregue ao absoluto desleixo político de conservadores e liberais!

Nunca, na história de nossa república, um governante suscitou tão orquestrado clamor interno e externo como Bolsonaro. Se é verdade que a alguns desses clamores ele mesmo dá causa, também é verdade que as reações não guardam proporção com os fatos. O que todos vemos tem como único motivo ser, o Brasil, o grande baluarte em que um candidato com pauta não “progressista”, não revolucionária, fez 57 milhões de votos e derrotou a esquerda. Isso não é aceitável.

Eis o motivo pelo qual nosso país e seu governo estão sob ataque desse barulhento vespeiro que se sente ameaçado em suas posições. Ouça-o e verá que nada lhe é mais execrável, ninguém merece mais ser ferroado, do que o inimigo que tinham por destruído. Seja quem for, fosse quem fosse, sentado naquela cadeira que a esquerda tinha por propriedade sua, estaria sujeito aos ataques do mesmo vespeiro.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O FLAGRANTE CONTRA A DEMOCRACIA e Ricardo Barros: “O STF criou um constrangimento para a Câmara” - CRUSOÉ

O ANTAGONISTA

A prisão do deputado Daniel Silveira, que ofendeu ministros do STF num vídeo, é mais um capítulo da avacalhação da democracia brasileira. Afanaram a razão de todos os lados, como mostra a Crusoé nesta semana. Sobraram interpretações extravagantes da lei que afundam o país num lodaçal institucional.


Leia um trecho da reportagem da revista:

 “O mandado de prisão foi expedido no âmbito do inquérito do fim do mundo, inconstitucional na origem, já usado para obter informações sobre investigações da Lava Jato que miravam ministros e para censurar Crusoé

Um inquérito que dividiu a própria corte — mais adiante, os ministros que se opuseram acabaram por aceitá-lo, alguns deles a contragosto, para não se curvarem à grita das hordas bolsonaristas. Com todos esses elementos, o desenlace do caso Silveira era óbvio: sem saída, assim como quando chancelaram o inquérito inconstitucional, aos demais ministros restou encobrir mais um excesso de Moraes. À unanimidade, eles confirmaram a ordem de prisão. A Câmara ficou sem saber o que fazer, na dúvida entre afrontar os onze do Supremo, onde boa parte dos parlamentares responde a processos, e referendar uma medida que apanhou um dos seus. 

 

Ao fim, o país teve de assistir ao longo da semana a um triste espetáculo em que ninguém tem razão, tendo como protagonistas um deputado que se arvora o direito de atentar contra as instituições, ministros do Supremo que se pretendem imunes a críticas e baixam ordens que contrariam o próprio ordenamento jurídico e um Congresso mais preocupado em jogar o jogo do poder, para dele obter o maior número de vantagens possível. 

O problema é que, de excesso em excesso, de absurdo em absurdo, o país corre o risco de mergulhar cada vez mais em descrédito institucional e jurídico – para além do já evidente descrédito político.

 

Compartilhe esse conteúdo utilizando as ferramentas de compartilhamento oferecidas na página ou pelo link: https://crusoe.com.br/edicoes/147/afanaram-a-razao/.
Nossos textos, fotos, artes e vídeos são protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. Não reproduza o conteúdo da revista em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização da Mare Clausum Publicações Ltda.

"Daniel de que"? na sessão que confirmou a ordem de prisão [resultado combinado, segundo declarações do ministro Marco Aurélio] - Fux e os colegas demonstraram desprezo pelo parlamentar fluminense. Faltou reconhecer que o erro foi geral.

  

Ricardo Barros: “O STF criou um constrangimento para a Câmara”

O deputado Ricardo Barros, líder do governo Jair Bolsonaro, afirmou que o STF criou um constrangimento à Câmara ao decidir pela manutenção da prisão de Daniel Silveira.

“Não existe mandado de prisão em flagrante no nosso ordenamento jurídico, mas o STF tomou uma posição política ao votar por 11 a 0, criando um constrangimento para a Câmara dos Deputados”, disse em entrevista à CNN Brasil.

Eu não posso concordar com o que ele {Daniel Silveira]} falou, mas também não posso aceitar decisão do STF que não tem nenhum fundamento jurídico e legal. Foi uma excepcionalidade que não podemos aceitar.” [talvez o excesso de autoritarismo, a falsa impressão de que é realmente supremo, tenha provocado um apagão do notório saber jurídico.]

Crusoé, - Bolsonaro acredita que Mourão quer a cadeira dele a revista que fiscaliza TODOS os poderes.