Brasil tem nota rebaixada e fica a um passo de perder grau de investimento
Agência rebaixa nota do Brasil, mas mantém grau de investimento
Decisão da Moody's já era esperada pelo mercado. País está apenas uma nota acima do nível especulativo
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de
crédito do Brasil de Baa2 para Baa3, o que mantém o país ainda no grau
de investimento, mas apenas uma nota acima do nível especulativo. A
decisão já era esperada. Além do rebaixamento, a perspectiva (outlook)
foi alterado de negativo para estável — a expectativa é que fosse
mantido o negativo, já vislumbrando a perda do grau de investimento no
curto prazo.
De acordo com a Moody’s, uma performance da economia abaixo do
esperado é uma das razões para esse rebaixamento. “Um desempenho
econômico mais fraco que o esperado, uma tendência de crescimento de
gastos públicos e uma falta de consenso politico sobre as reformas
fiscais impedirá que as autoridades alcancem um superávit primário alto o
suficiente para segurar e reverter a tendência de alta da dívida este e
no próximo ano”, justificou.
Para a agência, o aperto fiscal e a política monetária vão fazer com
que o PIB caia em 2015, fique estagnado em 2016 e só comece a se
recuperar no ano seguinte, com uma taxa anual de crescimento de 2% em
2017 e 2018. As investigações da Lava Jato também foram consideradas. “A
baixa capacidade de utilização, a fraca confiança dos empresários e os
desdobramentos relacionados à Petrobras afetarão negativamente as
perspectivas de investimentos neste ano e no próximo”, afirmou em nota.
A Moody’s deixa claro, no ainda, que o país precisa desse crescimento
na segunda metade do governo Dilma e do superávit primário (economia
para o pagamento dos juros) de ao menos 2% do PIB nesse período. Essa decisão de sinalizar que o Brasil deve continuar como grau de
investimento foi vista como uma espécie de segunda chance para o Brasil
e, por isso mesmo, foi bem recebida. — O rebaixamento em só uma nota e a perspectiva neutra foi ótima. A
grande preocupação era perder o grau de investimento — disse Pablo
Spyer, diretor da Mirae Asset.
Se a perspectiva fosse negativa, a sinalização era de que, já na
próxima revisão, a probabilidade do Brasil perder o grau de investimento
seria alta.
DECISÃO ERA ESPERADA DESDE JULHO
Em meados de
julho, técnicos da agência visitaram o Brasil para analisar as contas
públicas do país. Com a deterioração fiscal e a dificuldade de aprovar
as medidas de ajuste fiscal no Congresso Nacional, cresceu a aposta de
que o Brasil teria a sua nota cortada pela Moody’s. Essa expectativa
aumentou após o Ministério da Fazenda, em 22 de julho, reduzir de 1,1%
do PIB para 0,15% do PIB a meta de superávit primário para esse ano, o
que dificulta o controle e redução da relação entre dívida pública bruta
e o PIB.
No comunicado divulgado no final da tarde desta terça-feira, a
Moody’s afirma que a dívida pública terá uma piora em 2015 e 2016 acima
do esperado anteriormente pela agência. A expectativa é de uma
estabilidade no nível da dívida apenas no final de 2018. A justificativa
para a nota Baa3 é que, apesar dessa piora, o Brasil tem capacidade de
resistir a choques externos devido ao estoque de reservas
internacionais, baixa exposição à dívida externa e economia
diversificada.
No último dia 28, a Standard & Poor’s mudou a perspectiva do
Brasil de estável para negativa, mas manteve a nota em BBB-, ainda grau
de investimento e também só uma nota acima do nível especulativo. Na
ocasião, a agência sinalizou que a falta de avanços nos ajustes fiscais
durante o próximo ano “poderia levar a um rebaixamento do rating”, ou
seja, a perda do grau de investimento.
Na outra grande agência de classificação de risco, a Fitch, o Brasil segue duas notas acima do nível especulativo. Os investidores internacionais olham as notas das agências de
classificação de risco para saberem onde vão alocar os seus recursos.
Quanto pior a nota, mais alta tende a ser os juros pagos pelos emissores
- além de governos, as empresas que emitem títulos de dívida também
contratam essas agências.
Fonte: O Globo
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