Lula é um descuidado. Ou pelo menos foi quando telefonou para
Alexandrino Ramos Alencar, executivo da empreiteira Odebrecht, no dia 15
de junho último.
Eram 20h06. O telefone de Alexandrino estava grampeado pela Polícia Federal com autorização da Justiça. Uma voz de homem que se identificou como “Moraes” perguntou a Alexandrino se ele poderia atender “o presidente”. “Lógico”, respondeu Alexandrino. Que dali a quatro dias acabaria preso
pela Lava Jato que investiga a roubalheira na Petrobras.
Aqui, a transcrição da conversa.
Observem o tratamento de amigos, parceiros, íntimos conferido por Lula a
Alexandrino. Os dois já viajaram juntos ao exterior a serviço da
empreiteira. Observem também como Lula parecia preocupado com a acusação de que o BNDES poderia ter beneficiado a Odebrecht. Os dois não dizem, mas na época fora levantada a suspeita de que Lula,
lobista da Odebrecht, usara do seu prestígio para que o BNDES
financiasse negócios da empreiteira no exterior.
Lula deixa mal o ex-ministro Delfim Netto, seu amigo e assessor
informal de Dilma, ao mencionar artigo que ele publicaria no jornal
VALOR justificando os financiamentos dados pelo BNDES à Odebrecht. Não fica claro se Lula encomendou o artigo a Delfim. Mas fica parecendo algo combinado entre os dois.No artigo, Delfim disse a certa altura: “É abusivo dizer que o BNDES é
uma ‘caixa preta’ e é erro grave afirmar que deve dar publicidade às
minúcias das suas operações, o que, obviamente, revelaria detalhes dos
contratos de seus clientes que seriam preciosas informações para nossos
concorrentes e, portanto, contra o Brasil."
(Música aos ouvidos de Lula e de Alexandrino.)
Lula pergunta a Alexandrino como se comportaram os palestrantes do
seminário organizado pelo VALOR. E Alexandrino detalha a participação de
cada um. Todos, segundo Alexandrino, se saíram muito bem. O que estava em questão era o papel do BNDES nos negócios da Odebrecht. O Marcelo citado por Alexandrino é Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, que ainda não fora preso.
O Emílio que Lula afirma que pensara procurar é o pai de Marcelo. Essa é a primeira vez que Lula aparece em grampos da Lava Jato.
Em nota oficial, o BNDES lamentou as 'tentativas de manipular diálogo entre Lula e executivo'.
Nota sem sentido. Lula não é mais presidente da República. Assim, o
BNDES não está mais obrigado a sair em seu socorro. Por que saiu?
O cerco a Lula no caso da Lava Jato começa a se fechar.
Fonte: Blog do Noblat
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