Talvez – quem sabe? – o
inesperado faça uma surpresa. Mas se não fizer, Dilma governará até 31 de
dezembro de 2018, cedendo o lugar ao seu sucessor. Está escrito nas estrelas. Não estava. Mas foi escrito nos últimos 10 dias como
resultado de um acordo informal assinado por representantes das forças
políticas e econômicas que de fato importam no país. Que tal? Haverá ironia maior do que essa?
Para
se eleger pela primeira vez, governar apesar do escândalo do mensalão, se
reeleger, eleger Dilma e reelege-la, Lula
valeu-se do discurso de ser um perseguido pelas elites, coitadinho. E não
somente ele, mas também o PT e Dilma. Falso!
Lula pode posar de pai dos pobres, mas não pode negar que foi uma mãe para as
elites. Essas mesmas elites que, hoje, preferem Dilma ao desconhecido.
Foi como palestrante
exclusivo e lobista ativo das maiores empreiteiras brasileiras que Lula ficou rico de 2011 para
cá. Enriquecer não desmerece ninguém. Quantas
fortunas não se devem ao espírito empreendedor dos seus donos? À capacidade
deles de enxergar o futuro? Ocorre que a fortuna de Lula tem mais a ver com o passado do
que com o futuro. E aqui mora um problema. A Operação Lava Jato investiga as relações de Lula com as
empresas que mais lucraram superfaturando contratos com a Petrobras e
pagando propinas a agentes políticos.
Pois bem: a empresa de palestras de Lula arrecadou em
quatro anos R$ 27 milhões, sendo R$ 10 milhões de empreiteiras
envolvidas com a roubalheira que causou à Petrobras o maior prejuízo de sua
história. A empreiteira que mais se beneficiou
dos dois governos de Lula foi a Odebrecht. Foi
também a que mais pagou pelos serviços de Lula como palestrante e lobista - R$ 2,8 milhões.
Só por
uma palestra em maio de 2013, o
estaleiro Quip pagou a Lula R$ 378.209,00. Ou a
bagatela de R$ 13 mil por cada um dos 29 minutos de duração da palestra. Nascido
de uma associação entre as empreiteiras Queiroz Galvão, UTC, Iesa e Camargo
Corrêa, o estaleiro foi criado ainda no
período de Lula no poder para construir plataformas de petróleo destinadas
à Petrobras.
Lula apadrinhou o projeto do
estaleiro. Que logo
que pode lhe retribuiu, digamos assim, o favor. Para dizer o mínimo. Ou então
lavou dinheiro à custa dele. Há pouco
mais de dois meses, desconfiado de que seria preso
outra vez, o ex-ministro José Dirceu confidenciou a amigos: “Estamos no mesmo saco, eu, Lula e Dilma”. Dois
dias depois da nova prisão de Dirceu, Lula
reuniu-se com deputados do PT paulista e avaliou: nem uma possível melhora
da economia será suficiente para salvar o partido. E ele também.
Dirceu acertou na mosca.
Lula e o PT sobreviveram ao mensalão com a desculpa não confessada de que roubaram para
financiar a chegada deles ao poder. Somente
assim poderiam fazer o bem aos pobres. O
petrolão contém fortes indícios de enriquecimento pessoal dos envolvidos. Se
isso restar provado, qual narrativa inventar para enganar os bobos de sempre? Só apelando para que o inesperado faça uma
surpresa.
De resto,
os bobos de sempre estão aprendendo a serem menos bobos
desde que saíram às ruas em junho de 2013. Da primeira vez pediram da
redução do preço das passagens a um governo melhor. Dilma fingiu que não era
com ela. Ontem,
pediram fora Dilma, Lula, o PT e a corrupção.
O número de manifestantes diminuiu. Aumentou a rejeição a Dilma, a Lula e ao PT. Piorou
para eles, pois.
Fonte: Blog do Noblat – O Globo
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