O
problema não é se Eduardo Cunha continuará forte o suficiente para atanazar a
vida do governo mesmo
depois de denunciado ao Supremo Tribunal Federal por crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro. O problema é: ele terá tempo de agendar a votação de um pedido de impeachment da
presidente Dilma antes de começar a perder parte da força que ainda tem? É
isso o que de fato importa.
E para
tal pergunta a resposta é: de princípio, sim. Terá tempo. A senha
para o impeachment será dada em breve pelo Tribunal de Contas da União (TCU),
que julgará as contas do governo relativas a 2014. Se o TCU aprovar as
contas mesmo com mil ressalvas, o governo ganhará uma sobrevida mais
longa. Mas se ele as rejeitar, o provável é que a
Câmara dos Deputados também as rejeite e, em seguida, o Senado. Não é o
que quer a maioria dos brasileiros, segundo pesquisas de opinião pública? O
Congresso é sensível ao ronco das ruas.
Aí
um Eduardo ainda forte jogará um papel importante para a aprovação do
impeachment. É por
isso que a oposição não quer a cabeça dele. Uma vez que pule a fogueira do
julgamento das contas pelo TCU, a presidente sabe que seu destino será
regulado pela marcha da economia. A economia vai
mal. O ajuste fiscal fracassou. O
desemprego está em alta, e permanecerá em alta. E o mau humor
nacional, idem.
Hoje, Dilma
é rejeitada por 7 em cada 10 brasileiros. Não haverá por que a rejeição
dela diminuir até o fim do ano. Pelo contrário. O que será melhor para
o país? Que Dilma sangre no poder até o fim do
mandato? [jamais; Dilma pode até apodrecer, mas fora
do mandato. Foi por deixar Lula sangrando, na expectativa de que a sangria
fosse até o final do mandato, que o Brasil se danou todo e está na merda de
agora. ... E o autor do maldito conselho foi FHC.] Ou que dê a vez a quem possa
governar melhor e com base em um acordo nacional que ela parece incapaz de
liderar?
Caiu a
ficha de Michel Temer, o vice-presidente. Ele devolverá à Dilma a
coordenação política do governo que jamais pôde exercer direito. Aguardará, paciente, o que o futuro lhe reserva.
Fonte: Ricardo Noblat – Blog do Noblat
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