Presidente
da Câmara é recebido com festa pela Força Sindical e fala que ‘não há a menor
possibilidade’ de não continuar à frente da Câmara após denúncias
Recebido
com gritos de “Cunha guerreiro do povo brasileiro” num ato da Força
Sindical em São Paulo na manhã desta sexta-feira, o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descartou qualquer possibilidade de renúncia, um
dia depois de ter sido denunciado pela Procuradoria Geral da República por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. — Renúncia não faz parte do meu
vocabulário e nunca fará. Assim como a covardia — disse Cunha: — Não há a menor
possibilidade de eu não continuar à frente da Câmara dos Deputados. Ninguém vai
me constranger seja por editoriais ou artigos.
O encontro
com sindicalistas na capital paulista foi organizado pelo deputado federal
Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, aliado de primeira hora de
Cunha. O evento acabou virando um ato de apoio ao peemedebista, que, durante
discurso, lembrou que “esses processos são muito longos”, referindo-se
ao trâmite da denúncia, caso seja aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e
que por isso, “nada alterará meu comportamento e a forma como estou atuando
na Câmara”. — Não vou retaliar quem quer que seja, tampouco vou abrir mão
de qualquer direito ou dever que eu tenho — afirmou Cunha, dizendo estar “absolutamente
sereno” e chamando a denúncia de mera “ilação”.
Assim
como fez na noite de ontem em nota à imprensa, o deputado disse ser inocente e
usou o exemplo do colega de partido senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para
justificar sua permanência na Mesa Diretora da Câmara. Para ele, mesmo alvo de
uma denúncia, ele tem todas as condições de chefiar a Casa. — Não há uma única prova contra mim em todas as páginas da
denúncia. Sem fazer qualquer juízo de valor, o presidente do Senado
também sofreu uma denúncia. Ela (a admissibilidade pelo Supremo Tribunal
Federal) nem foi julgada ainda. Isso tem dois anos e ninguém diz que ele não
tem condição de comandar a Casa. Claro que ele tem condição — afirmou
Cunha.
Confortável
com as manifestações de apoio dos sindicalistas, o deputado fez até ironia com
a sua atual condição política: — Graças a Deus a gente não tem pena de morte
neste país porque senão tinham proposto a minha pena de morte — disse ele, para
risos da plateia.
Com
abotoaduras da marca de luxo Montblanc da linha Creative, Cunha, antes de comentar a
denúncia da PGR, discursou sobre direitos da classe trabalhadora e projetos votados
na gestão dele na Câmara, apelidados pelo governo de pautas-bomba. Ele também
agradeceu a recepção feita a ele pelos sindicalistas conduzidos por Paulinho.
GRITO
USADO PARA PETISTAS CONDENADOS NO MENSALÃO
[este grito usado pelos ladrões do PT é que pega mal ser usado pelos defensores do Cunha.]
[este grito usado pelos ladrões do PT é que pega mal ser usado pelos defensores do Cunha.]
A reunião
desta sexta-feira foi divulgada no início da tarde de quinta-feira, enquanto
ainda se aguardava a apresentação da denúncia contra Cunha e o senador Fernando
Collor de Melo (PTB-AL). O encontro foi convocado
oficialmente para debater projetos de interesse dos trabalhadores aprovados
recentemente pela Câmara e que voltam agora à Câmara para terem
apreciados vetos feitos pela presidente Dilma Rousseff. Mas, na
prática, o que prevaleceu foram palavras de incentivo e apoio a Cunha. O
deputado foi recebido na sede da Força Sindical por um grupo de sindicalistas
aos gritos de “Cunha guerreiro do povo brasileiro” e “Cunha é meu
amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo”. O grito “guerreiro do povo
brasileiro” é constantemente usado por simpatizantes dos petistas
condenados no escândalo do mensalão para saudá-los, como foi feito com o
ex-presidente do PT, José Genoino, e com o ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu, preso desde o início deste mês por suspeita de corrupção e lavagem de
dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato.
Em
discursos afinados minutos antes, poucos interlocutores se atreveram a falar
abertamente sobre a denúncia, limitando-se à manifestação de apoio
genéricas. Expressões como corajoso, homem público exemplar e pessoa correta
foram usadas para definir o convidado. As suspeitas foram apontadas como "falcatruas"
e "inverdades".
Eduardo
Cunha chegou a pé à central sindical depois de uma pequena caminhada nas
imediações da entidade, um gesto que foi usado em seu discurso, quando ele
disse que, diferentemente de muitos políticos, ele pode
caminhar tranquilamente pelas ruas do país. Gritos de “Fora Dilma” foram
entoados pelos sindicalistas durante a caminhada.
O
deputado Paulinho da Força incluiu o aliado num mesmo grupo em que colocou
Jesus Cristo, Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola. — Quem
defende os mais fracos são perseguidos. Isso vem lá de trás. Começou com Jesus
Cristo, e no Brasil aconteceu com Getúlio Vargas, João Goulart e Brizola. Você
tem coragem para enfrentar os poderosos — disse Paulinho.
Fonte: O Globo
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