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terça-feira, 21 de junho de 2016

Beltrame: informação sobre plano de resgate no hospital chegou incompleta - bandido só deve ser atendido em Unidade Penal, não havendo vagas que aguarde. Se não conseguir aguardar e morrer, a sociedade agradece

Secretário de Segurança diz que ‘se houvesse mais policiais, poderia ocorrer carnificina’

O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que não houve falha na comunicação entre as polícias e a inteligência da secretaria sobre a necessidade de reforço na custódia do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family, no Hospital Souza Aguiar. Segundo ele, a informação sobre a possibilidade de resgate do bandido chegou de maneira incompleta, na última quinta-feira, e que, de imediato, cinco policiais, por turno, passaram a fazer a guarda do traficante.  — Só neste fim de semana, a PM tinha 10 custódias para fazer, sendo que, em dois casos, havia a possibilidade de resgate. Um preso num hospital é um policial a menos nas ruas num estado que já está carente em seu efetivo. Se houvesse mais policiais, poderia ocorrer uma carnificina — enfatizou Beltrame, que anunciou que a custódia passará a ficar a cargo da unidade que prender o bandido, e não mais do batalhão onde é localizado o hospital, como ocorre atualmente.

POLICIAIS SERÃO INVESTIGADOS
Beltrame determinou ainda que fosse instaurada uma averiguação para ver se não houve facilitação na fuga do traficante por parte dos policiais militares:  — Tentamos transferir o bandido desde que ele deu entrada no hospital, mas os médicos disseram que ele teria que ser submetido a uma cirurgia na segunda-feira (ontem) — disse Beltrame.

Em nota, a Secretaria municipal de Saúde desmentiu que o traficante não tivesse condições de transferência: “Em nenhum momento o Hospital Municipal Souza Aguiar recebeu solicitação da Polícia Militar para transferir o paciente custodiado, que estava com quadro estável e sem restrições clínicas para a remoção para outra unidade". Ainda segundo o documento, “para continuidade do tratamento havia indicação de cirurgia eletiva, que poderia ser realizada posteriormente e em outra unidade”. Segundo o jornal “Extra”, a direção do Hospital Souza Aguiar ligou, na última quarta-feira, às 9h06m, para a direção da UPA Dr Hamilton Agostinho Vieira de Castro, em Bangu, pedindo a transferência do preso, mas a direção da unidade penal teria dito que não poderia receber o traficante porque não tinha possibilidade de operá-lo.

O resgate do traficante Fat Family expôs a precariedade do sistema de saúde das penitenciárias do Rio. Ontem, outros 12 presos permaneciam internados em unidades hospitalares dos município. Desses, 11 tinham condições clínicas para transferência, mas segundo médicos não havia vagas na UPA penal, única unidade hoje para tratamento ambulatorial dos 50 mil internos do sistema penitenciário.

Beltrame sugeriu a instalação de um hospital de campanha dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó para atendimento dessas emergências. A finalidade seria evitar situações de risco como a que ocorreu no fim de semana.


Fonte: O Globo




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