Durante a Guerra Fria,
o KGB era um Estado dentro do Estado. Agora, o
KGB, rebatizado como FSB, é o Estado. Em 2003, mais de 6 mil ex-agentes do
KGB estavam nos governos locais e federal russos, e quase metade das mais altas
posições de governo são ocupadas por ex-oficiais do KGB. A União Soviética tinha um agente do KGB para cada 482 cidadãos.
Em 2004, a Rússia de Putin tinha um
oficial do FSB para cada 297 cidadãos.
É simbólico dessa nova era da
história russa o assassinato bárbaro do desertor do KGB
Alexander Litvinenko, em Londres, em 2006, depois de ele ter sido enquadrado como "inimigo da Rússia", por expor em seu livro - "A Rússia prestes a Explodir: o Plano
Secreto para Reavivar o Terror do KGB" – crimes domésticos cometidos pela administração de Putin. A
Inteligência britânica documentou que o crime fora cometido por Moscou; que se
tratava de um assassinato patrocinado pelo Estado e orquestrado pelos serviços
de segurança russos, e que fora
perpetrado com polônio 210 produzido pelo governo russo.
O suspeito de ter
cometido o assassinato, o cidadão russo Andrey Lugovoy, foi filmado por câmeras
no aeroporto de Heathrow quando entrava em Londres, carregando consigo a arma usada no assassinato: polônio 210. No
dia 22 de maio de 2007, o Serviço Judicial da Coroa pediu a extradição de
Lugovoy para a Inglaterra com base em acusações de assassinato. No dia 5 de
julho de 2007, a Rússia declinou de
extraditar Lugovoy.
Também em
2007, o KGB/FSB assassinou Ivan Sofronov, um
especialista em força militar russa da revista Kommersant, e fez sua morte
parecer suicídio, para impedir que ele publicasse uma matéria explosiva
sobre a venda secreta pelo Kremlin de
caças SU-30 para a antiamericana Síria. Safronov foi o vigésimo primeiro jornalista crítico do Kremlin a ser morto
desde que a prole da polícia política de Andropov tomou o Kremlin, em 31
de setembro de 1999. Mais de 120
jornalistas russos foram assassinados desde então.
Mais
ainda: a janelinha para os arquivos do
KGB que tinha sido aberta a pesquisadores russos pelo ex-presidente Boris
Yeltsin, foi discretamente fechada. O destino das dezenas de milhões de pessoas enquadradas e
mortas pelo KGB está guardado em segurança atrás dos muros da Lubyanka. O envolvimento do KGB na guerra contra a
religião - todas
as religiões – de igual modo,
permanece encoberto por um véu de segredo.
No dia 5
de dezembro de 2008, morreu Aleksi II, o
décimo quinto patriarca de Moscou e de toda a Rússia, e Primaz da Igreja
Ortodoxa russa. Ele tinha trabalhado para o KGB sob
o codinome de "Drozdov" e
tinha recebido o Certificado de Honra, do KGB,
como foi revelado pelos arquivos deixados para trás, na Estônia, quando os
russos foram postos para fora de lá. Pela
primeira vez na história a Rússia tinha a oportunidade de conduzir a
eleição democrática de um novo patriarca, mas isso não seria assim.
Em 27 de
janeiro de 2009, os 700 delegados do Sínodo, reunidos
em Moscou, receberam a lista de três candidatos:
o Metropolita Kirill, de Smolensk – membro
secreto do KGB, sob o codinome de "Mikhailov", o Metropolita Filaret, de Minsk, que havia trabalhado para o KGB sob o codinome de
"Ostrovsky", e o Metropolita Kliment, de
Kaluga, também do KGB sob o
codinome de "Topaz".
Quando os
sinos da Catedral de Cristo Salvador dobraram para anunciar que um novo
Patriarca havia sido eleito. Kirill ("Mikhaylov") foi anunciado
como vencedor. Indiferentemente de se era o melhor
líder para a sua Igreja, ele certamente estava em melhor posição para
influenciar o mundo religioso no exterior, do que os outros candidatos. Em
1971, o KGB mandar Kirill para Genebra como
representante da Igreja Ortodoxa Russa naquela máquina de propaganda
soviética, o Conselho Mundial de Igrejas (WCC).
Em 1975, o KGB o infiltrou no Comitê Central do WCC,
que se tornou um peão do Kremlin. Em 1989, o KGB
também o designou diretor de relações internacionais do Patriarcado Russo.
Em seu
discurso de aceite, como novo Patriarca, "Mikhaylov"
anunciou que planejava fazer uma viagem ao Vaticano em
um futuro próximo. Também falou sobre sua intenção de estabelecer canais
de televisão religiosos na Rússia, que também transmitiriam para o exterior. Na
Rússia, quando mais as coisas mudam,
mais parecem ficar na mesma.
A ciência da
DESINFORMAÇÃO se tornou uma arma tão encantadora, que os russos permanecem
viciados nela. Não há fim à vista para a manipulação das religiões pelo
Kremlin, este com o objetivo de consolidar o seu próprio poder, ampliando as distâncias entre cristianismo, judaísmo e
islamismo.
PS: O texto acima é o resumo de um
dos capítulos do livro "Desinformação", escrito pelo Tenente-General Ion Mihai Pacepa – foi
chefe do Serviço de Espionagem do regime comunista da Romênia. Desertou para os
EUA em julho de 1978, onde passou a escrever seus livros, narrando importantes
atividades do órgão por ele chefiado, e que influenciaram diretamente alguns
momentos históricos do Século XX -, e pelo professor
Ronald J. Rychlak - advogado, jurista, professor de Direito
Constitucional na Universidade de Mississipi, consultor permanente da Santa Sé
na ONU, e autor de diversos livros -. "Desinformação"
foi editado no Brasil em novembro
de 2015 pela Vide Editorial.
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